terça-feira, 9 de outubro de 2012

DOS 'MANUSCRITOS DO PURGATÓRIO'

No Purgatório, nossa única consolação, nossa única esperança, é Deus... aqui, todas as almas estão abismadas em Deus, na vontade divina e só Deus pode aliviar a dor que padecem...Todas as almas são torturadas, cada uma segundo a culpa que têm, mas todas têm uma dor comum que ultrapassa todas as outras: a ausência de Jesus, que é nosso alimento, nossa vida, nosso tudo! E estamos separados Dele por nossa própria culpa.

... Deus ama muito as almas simples. É preciso ir a Ele com grande simplicidade... deveis proceder para com Jesus como uma criancinha com a sua mãe, confiando na bondade Dele, entregando nas mãos divinas todos os vossos interesses espirituais e corporais... procurá-Lo sempre em tudo, agradá-Lo em tudo sem vos preocupardes com qualquer outra coisa.

Deus não olha tanto as grandes ações ou os atos heroicos, mas as ações simples, pequenos sacrifícios, desde que estas ações sejam feitas com amor. Quantas vezes um pequeno sacrifício, conhecido somente por Deus e pela alma que o praticou, torna-se muito mais meritório que outro que foi aplaudido! É mister sermos bem interiores, para não tomarmos para nós os elogios que nos fazem!

Deus procura almas vazias de si mesmas, para enchê-las de seu divino amor. Encontra muito poucas, porque o amor próprio não deixa lugar para Jesus. Não deixeis passar nenhuma ocasião sem vos mortificar... Nunca compreendereis bem a bondade de Deus; se alguém refletisse bem sobre isso algumas vezes, tornar-se-ia santo, mas não se conhecem bem a misericórdia e a bondade do Coração de Jesus neste mundo! Cada um as mede segundo o seu modo de ver... e, por isso, se reza tão mal.  

Sim, poucas pessoas sabem rezar como Jesus o quisera. Falta-se à confiança e, no entanto, Jesus só nos ouve depois do ardor dos nossos desejos e na medida do nosso amor. Eis porque muitas das graças que se pedem ficam sem efeito. É preciso ver tudo como provindo da bondade de Jesus: o que aflige como o que consola. É o Amor que tudo faz para o nosso bem...Deus quer de nós o nosso amor apenas.

(O Manuscrito do Purgatório: revelações de uma alma do Purgatório - tradução do francês pelo Mons. Ascânio Brandão, Edições Paulinas, 1953).