segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

PROPÓSITO PARA A TERCEIRA SEMANA DO ADVENTO


'Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!' (Mt 11,6)

A vigilância perseverante e a conversão sincera nos convidam a viver em plenitude a alegria cristã. Não aquela feita das frivolidades do mundo, superficial e passageira, mas aquela que nos inunda a alma de esperança e de confiança na certeza de que o Senhor está prestes a chegar. Uma alegria que nos ilumina interiormente pela presença salvadora de Deus que vem ao nosso encontro.

Felizes somos nós que cremos, que esperamos, que amamos e adoramos o Senhor da vida. Que nos desapegamos dos risos fáceis e vazios e nos rejubilamos em Cristo; preparando o coração com simplicidade e confiança, aprendemos a reconhecer que o Natal não é apenas uma data a celebrar, mas um mistério a acolher: Deus que vem para permanecer conosco.

A alegria cristã pressupõe a santa alegria da comunidade cristã e, assim, o retrato mais fiel da aleria cristã é a caridade. São João Batista, figura central deste tempo litúrgico, exorta-nos a preparar os caminhos do Senhor com gestos reais de justiça, partilha e humildade. A verdadeira alegria cristã se revela quando o coração se desapega do egoísmo e se abre ao amor.

Maria, Mãe do Advento, infundi em nossos corações a alegria que vivenciastes quando o Filho de Deus estava prestes a habitar entre nós, uma alegria bela e santa, enraizada na fé, sustentada pela esperança e compartilhada no amor ao próximo.

E que, nesta Terceira Semana do Advento, tenhamos o firme propósito de viver em plenitude a virtude da feliz caridade para com nossos irmãos. Um gesto de perdão, uma palavra de consolo, uma ação concreta em aliviar o sofrimento alheio ou um tempo dedicado aos mais necessitados tornam-se sinais concretos de que a alegria cristã, que antecede a vinda do Salvador do mundo, já habita entre nós.

CARTÕES DE NATAL (I)

 
Prostrado diante de vós, ó Maria, 
eu adoro Jesus Cristo oculto no vosso ventre!

domingo, 14 de dezembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

  

'Vinde Senhor, para salvar o vosso povo!(Sl 145)

Primeira Leitura (Is 35,1-6a.10) - Segunda Leitura (Tg 5,7-10) -  Evangelho (Mt 11,2-11)

  14/12/2025 - TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

'ÉS TU AQUELE QUE HÁ DE VIR?'


Eis o Advento do Senhor: depois da vigilância e da conversão, vivenciados nos domingos anteriores, segue agora o ressoar das trombetas da legítima alegria cristã neste terceiro domingo. Sim, alegria cristã, alegria plena do amor de Cristo, proclamada pelo livro do Profeta Isaías: 'Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos; cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto' (Is 35, 10). Neste deleite da graça, esparge-se a luz do entendimento da fé e amolda-se suavemente a paz divina ao coração humano que palpita inquieto enquanto não repousar definitivamente em Deus.

É neste sentimento de alegria, nascida e vivenciada numa fidelidade extrema ao amor de Deus, que exulta João Batista, ainda que na prisão. Uma alegria de tal plenitude de confiança e de graça, que vai merecer o elogio jubiloso do próprio Jesus: 'Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista' (Mt 11,11). João Batista não está nos palácios reais, aturdido pelos prazeres do mundo; João Batista não se move pelo respeito e pelas condescendências humanas, na inconstância de 'um caniço agitado pelo vento' (Mt 11,7). No deserto ou na prisão, o primado de João é o da plenitude inabalável da fé cristã; nele como se fecha a sucessão dos profetas e se abre o novo tempo da missão dos apóstolos.

Diante da indagação dos discípulos de João Batista: 'És Tu, aquele que há de vir?' (Mt 11,3), Jesus manifesta a glória de Deus e a Vinda do Messias: 'Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados' (Mt 11, 4-5). É como se lhes proclamasse aos corações: 'Nos sinais de tantos portentos e milagres, alegrai-vos, pois a Luz do Mundo está entre vós'. E Jesus vai exortá-los à alegria eterna dos Filhos de Deus: 'Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!' (Mt 11,6).

Eis a felicidade eterna trilhada por João Batista, e também a de todos os santos e santas de Deus, que percorreram igualmente a mesma via de santificação. Louvado seja o homem que recebeu do próprio Cristo elogio de tal honra e glória; louvores muito maiores sejam dados aos homens e mulheres que se consumiram de alegria na mesma via de santidade e habitam para sempre as moradas do Pai, porque mesmo 'o menor no Reino dos Céus é maior do que ele' (Mt 11, 11), o maior dentre todos os homens nascidos até então. Nascidos para a eternidade, e herdeiros da Visão Beatífica, no Céu todos se tornam ainda maiores que o João Batista do mundo.

sábado, 13 de dezembro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (65/68)

 

65. A DOR ABATE O ORGULHO

Já vistes um touro no curral? Altivo, bravio, dominador, conserva a cabeça erguida como se desafiasse o céu e a terra. Quem será capaz de sujeitá-lo? Como soberano, move impaciente de um lado para o outro a formidável arma de seus chifres afilados e reluzentes.

Mas, de repente, silva no ar um laço forte que se lhe enrosca na cabeça como uma serpente. O laço puxa-o fortemente e ele, relutando embora, tem de chegar a estaca fincada no chão e da qual pende a argola do sacrifício. O touro resiste, esperneia, ruge, mas afinal tem que ceder e baixar a cabeça, apresentando a nuca ao punhal do sangrador...

Há também homens que, na prosperidade, levantam orgulhosos a cabeça e parecem desafiar ao próprio Deus. Entretanto, um belo dia, silva o laço da dor, prende-os a argola do sacrifício e, então, não há remédio, curvam a cabeça e oferecem a cerviz ao punhal do sacrificador.

66. NA BALANÇA DA CARIDADE

Uma vez, uma pobre viúva, desfeita num mar de lágrimas, pediu a um pio sacerdote que lhe desse cem escudos para fazer casar uma filha cuja honestidade corria perigo. Afligiu-se muito o santo por não possuir aquela quantia; mas, lembrando-se de um rico negociante, seu amigo, tomou uma tirazinha de papel e nela escreveu estas palavras: 'Meu caro senhor, pelas entranhas da misericórdia de Deus, peço a V. Sa. que dê a essa pobre senhora, para uma grave necessidade que padece, tantas moedas quanto pese este papel'.

Leu o negociante o bilhete e pensou consigo: 'Se não preciso dar mais moedas do que pesa este papel, com bem poucas socorrerei a pobre'. Mas, como conhecia a santidade de seu amigo, pôs o papel no prato da balança, que, imediatamente, caiu até em baixo. Começou a por moedas no outro prato: uma, duas, cinco... e o prato com o papel não subia. Foi pondo mais e mais até que, inteirando cem escudos, a balança ficou no fiel. A viúva foi socorrida e espalhou por toda a parte a fama do prodígio.

Por aí se vê quanto pesa na balança de Deus tudo que se faz em favor dos pobres.

67. QUANTO PODE A VIRTUDE

A alma que se entrega toda a Deus e ao serviço divino não conhece fraqueza, antes é capaz das ações mais heroicas. Eis um exemplo recente. No meio dos horrores da passada guerra mundial, alguns fugitivos armênios chegaram a Roma para visitar o Papa. O chefe deles, o venerando bispo de Trapezunda, narrou ao Vigário de Cristo uma cena horrível, porém heroica.

Tropas árabes e turcas - disse ele - reuniram, nas proximidades de Erzerum, na Ásia Menor, todas as donzelas e senhoras de uma aldeia e conduziram-nas ao pequeno planalto de Kemakh. A meseta (planalto) termina num abrupto precipício e no fundo do abismo veem-se pedras enormes que o ímpeto das águas arrasta do alto da montanha. Aí chegadas, disseram os turcos às pobres prisioneiras:
➖ Agora escolhei: ou ides voluntariamente para os nossos haréns ou sereis arrojadas ao fundo deste precipício.

Lá embaixo, no abismo, bramiam as águas furiosamente. Que fazer naquela conjuntura? De repente, adianta-se uma das mais jovens prisioneiras, uma donzela de porte distinto. Em seus olhos arde o fogo da decisão tomada. Diante de sua alma brilha a visão divina de Cristo. Com voz firme e clara pronuncia as palavras: 'Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo' e, fazendo ao mesmo tempo o sinal da Cruz, atira-se corajosamente ao abismo.

Foi como uma voz de comando. Quando os ferozes turcos, que se tinham afastado, aproximaram-se da meseta, não encontraram ali nenhuma mulher. Todas se tinham lançado ao abismo, preferindo perder a vida, a perder a honra e o céu.

68. AS CONVERSAS LEVIANAS

São Edmundo, que mais tarde foi arcebispo de Cantuária (Inglaterra), evitava cautelosamente a companhia de jovens levianos. Estando, de uma feita, com alguns companheiros, cujas conversas iam tomando um rumo perigoso, afastou-se deles no mesmo instante. Quando ia caminhando, eis que se encontra com um jovem de formosura encantadora, em cuja fronte se lia em letras de um brilho incomparável o nome de Jesus. Disse-lhe a visão: 'Pois que te apartaste daqueles, venho eu fazer-te companhia'.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

ORAÇÃO: ANTRA DESERTI TENERIS

Antra Deserti Teneris - Dos tumultos humanos fugiste é a segunda parte do Hino de Louvor a São João Batista que compreende ainda outras duas partes: a primeira parte Ut Queant Laxis e a terceira parte O Nimes Felix, composição do século VIII atribuída ao beneditino Paulo, o Diácono, da Abadia de Montecassino (Itália). No rito romano,  o hino é cantado no Ofício Divino em 24 de junho, Festa da Natividade de São João Batista (partes I, II e III cantadas, respectivamente, nas Vésperas, Matinas e Laudes da Liturgia das Horas). A tradução apresentada do hino não é literal, mas constitui a versão oficialmente adotada no Brasil.


Antra deserti teneris sub annis,
civium turmas fugiens, petisti,
ne levi saltem maculare vitam
famine posses.

Praebuit hirtum tegimen camelus
atubus sacris, strophium bidentes,
cui latex haustum, sociata pastum
mella locustis.

Ceteri tantum cecinere vatum
corde praesago iubar affuturum;
tu quidem mundi scelus auferentem
indice prodis.

Non fuit vasti spatium per orbis
sanctior quisquam genitus Ioanne,
qui nefas saecli meruit lavantem
tingere lymphis.

Sit decus Patri genitaeque Proli
 et tibi, compar utriusque virtus
 Spiritus semper, Deus unus, omni 
temporis aevo. Amen.


Dos tumultos humanos fugiste,
no deserto te foste esconder,
para a vida guardar reservada
da ganância da posse e do ter.

O camelo te deu roupa austera,
das ovelhas com lã te cingiste;
e com leite, bebida modesta,
gafanhotos e mel te nutriste.

Os profetas cantaram apenas
o profeta futuro, o Esperado;
tu, porém, vais à frente, mostrando
quem do mundo apaga o pecado.

Entre os homens nascidos na terra,
não se encontra um mais santo que João.
O que lava o pecado do mundo
ele, em água, o lavou no Jordão.

Seja dada glória ao Pai
e ao Filho por Ele gerado,
e a vós, Espírito, que dos dois procedeis, único Deus,
por todos os séculos eternos. Amém.