Páginas do Evangelho - Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum
É preciso primeiro buscar as coisas do Alto. Os legítimos interesses humanos devem ser pautados pelo equilíbrio e pela moderação, para não ser instrumentos de afeições desmedidas e descontroladas, sementes de ganância. Jesus é enfático neste conselho: 'Tomai cuidado contra todo tipo de ganância' (Lc 12, 15). A abundância de bens é uma fonte de preocupações contínuas e a soberba do possuir é mera vaidade: 'Tudo é vaidade' como diz o Livro do Eclesiastes (Ecl 1,2).
Para ilustrar a insensatez do homem que busca acumular tesouros na terra, Jesus apresenta, então, a parábola do homem rico. Entusiasmado por uma farta colheita, planeja em detalhes multiplicar sua riqueza com a construção de celeiros muito maiores, armazenar grandes quantidades de trigo, viver uma vida de gozo e tranquilidade. Mas, tolo entre tolos, não cuida que seus dias estão contados e não terá usufruto algum de tanta riqueza acumulada: 'Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo' (Lc 12, 21). A ganância de querer sempre mais e a ânsia de ser ainda mais rico aviltam a legitimidade do bem possuído aos domínios da cobiça mórbida.
Deus não tem lugar no coração abrasado de poder de tal homem porque o nosso coração permanecerá inquieto enquanto não repousar em Deus. A paz interior nasce da partilha, no ato de compartilhar os bens e os dons disponíveis com todos. Dispor o que se recebe, repartir o que se tem: eis a regra de ouro para se almejar as heranças eternas e acumular tesouros nos Céus. A verdadeira riqueza é aquela que se guarda no Coração de Deus.