segunda-feira, 3 de junho de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XIII)


61. Onde encontramos a expressão da santidade de José? 

Sua santidade tornou-se lúcida na singular união e intimidade que teve com Maria e Jesus e tudo isso transformou-se numa constante resposta de amor a Deus e na aceitação simples e generosa de sua vontade. Sua santidade é expressa também pelo denominativo que Mateus (Mt 1,19) lhe dá: 'homem justo', ou seja, um homem que possuía a perfeição de todos as justiças e, deste modo, pode-se, como afirma Oliver, 'testemunhar de modo visível a perfeição admirável de Deus Pai'. 

62. Se José é justo segundo a designação da Bíblia, pode ele ter sido santificado antes de nascer? 

O qualificativo 'justo', que lhe é atribuído, é reservado no Novo Testamento somente a Deus e este é o juízo de apreciação que os evangelhos fazem sobre José. Naturalmente muitos defenderam a alta santidade de José, inclusive alguns como Gerson e Bernardino de Bustis chegaram a defender a sua santificação no seio materno, prerrogativa esta que teve o profeta Jeremias: 'Antes de saíres do seio de tua mãe, eu te santifiquei' (Jr 1,5) ou também João Batista 'será cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe' (Lc 1,15). Outros pensadores, como o Cardeal Lepiciér, defenderam a sua impecabilidade durante toda a vida e, com isso, admitem consequentemente que foi isento da concupiscência. Porém, esta não é posição defendida pela Igreja até hoje. 

63. Se a santidade de uma pessoa exprime-se numa vida virtuosa, quais foram as virtudes fortes em José? 

Todas as virtudes a começar por aquelas teologais. A fé, que foi o distintivo de todas as suas ações na realização da vontade de Deus. Toda a sua vida interior teve base na fé, pois 'o homem justo vive da fé' (Rm 1,17); ela é o elemento fundamental da santidade. José demonstrou sua fé quando lhe foi pedido que aceitasse ser esposo de uma Virgem, a qual daria à luz um filho, do qual ele seria o pai. Ele acreditou na concepção virginal de Maria, embora não compreendesse todo o mistério. Também a esperança permeou a vida de José, mantendo-se ele calmo e cheio de esperança, em Belém, nas circunstâncias difíceis em que Maria estava para dar à luz. O mesmo deu-se quando teve que fugir para o Egito e lá viver por alguns anos ou ainda quando perdeu Jesus em Jerusalém, onde o procurou com diligência. A caridade é o parâmetro da santidade e José amou com o máximo grau de amor Jesus e Maria; e quem ama Deus ama também o próximo. Além das virtudes teologais, destacamos nele também aquelas morais tais como: a prudência, guardando com fidelidade o segredo da encarnação de Jesus no seio de sua esposa; a justiça, tributando a Maria toda a sua confiança e dando tudo o que lhe era devido assim como a Jesus; a fortaleza, sendo valoroso, trabalhando corajosamente contra todas as dificuldades com que se deparou e a temperança, vivendo humildemente como artesão em Nazaré. 

64. O que dizer da virtude do silêncio em José? 

Esta foi uma virtude caracteristicamente sua juntamente com a humildade. Ele é o homem do silêncio, tanto é verdade que os evangelhos não relatam sequer uma palavra sua, quase a dizer que o silêncio foi a sua característica, a sua marca pessoal. Basta lembrar que, quando percebeu a gravidez de sua esposa, viveu em silêncio esse problema que o dilacerava. Quando o Anjo lhe ordenou de tomar consigo Maria, ele simplesmente no silêncio obedeceu, numa atitude dócil ao cumprimento da vontade divina. O mesmo se deu nos acontecimentos do nascimento de Jesus e da sua apresentação no templo, quando de sua boca não saiu nenhuma palavra. Quando encontrou o Menino sentado entre os doutores no pátio do Templo de Jerusalém, deixou a palavra para Maria. 

65. Como compreender o silêncio de José? 

Seu silêncio não é pobreza de espírito; aliás ele viveu profundamente uma riqueza interior ao lado de Maria e de Jesus. Seu silêncio era meditativo, uma maneira de melhor viver o seu amor profundo por Jesus e Maria; era um silêncio atento à presença significativa destes dois tesouros em sua companhia. Em virtude de seu silêncio ele foi destinado por Deus, conforme exprimia o Papa Paulo VI, para ser como 'uma sombra opaca ao redor de Jesus, mais para ocultar os raios daquele sol divino do que para ser iluminado por ele, mais para absorvê-los do que para refleti-los'.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)