sábado, 24 de fevereiro de 2018

OS TRÊS FRUTOS RUINS DA CF 2018

A Campanha da Fraternidade de 2018 tem como tema 'Fraternidade e Superação da Violência'. Não há dúvida alguma da relevância do tema e da sua inserção direta no conjunto dos problemas sociais mais graves da atual realidade do Brasil. Mas, muito provavelmente, vai ter o mesmo destino das outras recentes campanhas da fraternidade no Brasil: muito barulho por nada. Por um motivo muito simples: a CNBB há décadas abriu mão de sua atuação social primária de evangelização pela aventura de praticar proselitismo político e ideologia partidária pura e simples, com resultados pífios em termos de evangelização. Um exemplo disso é que este tema permeou a CF de 2009 - 'Fraternidade e Segurança Pública' e, no entanto, de lá para cá, a escalada da violência só se fez aumentar exponencialmente e, então, pelos frutos, podemos avaliar que a árvore plantada foi ruim (Mt 7, 17).

Três aspectos específicos permitem inferir este comprometimento de resultados da CF 2018, baseados em três grandes equívocos assumidos pela CNBB, tomados como premissas no texto-base da campanha e impostos aos católicos em geral como verdades absolutas. 

O primeiro equívoco da CNBB é se alinhar tacitamente à política do desarmamento por desconhecer um conceito essencial subjacente aos temas da segurança pública e do combate à violência: o chamado princípio da subsidiariedade. A prevenção à violência deve começar pelo cidadão, que pode e deve tomar todas e quaisquer medidas em relação à sua proteção pessoal, de sua família, de sua casa, seja instalando fechaduras eletrônicas na porta da casa, câmeras de vigilância, muros altos ou adotando práticas de defesa pessoal. Somente após exauridas estas iniciativas no âmbito privado, o cidadão deve estar submetido ao controle de políticas públicas de segurança, em que o estado passaria a intervir somente onde os limites da segurança privada (principalmente por limitações financeiras) foram ultrapassados. Caso contrário, por mais policiais treinados e ainda que muito bem remunerados, a polícia seria sempre uma minoria da minoria e a violência assumiria um ônus incontrolável.

O segundo equívoco está na sustentação irresponsável de uma manutenção da maioridade penal nos termos atuais que, acobertada pela vitimização e estatutos infames, alimenta o fogo da violência com gasolina. É estarrecedor eximir de responsabilidades os 'menores de idade' como artífices da violência cotidiana quando a própria Igreja Católica defende e assume que adolescentes com 15 ou 16 anos têm plena consciência para definir e ratificar a sua fé católica pelo sacramento da Crisma. A CNBB neste caso não tem dois pesos e duas medidas; ela não tem ponderação alguma quando se inclina diante de ideologias estranhas à fé católica.

O terceiro equívoco da CF 2018 da CNBB é generalizar e subverter ao mesmo tempo o conceito de violência. O texto-base buscou ser bastante eclético neste sentido: lá se faz referência à violência urbana, à violência contra a mulher, a violência de gênero (!), a violência doméstica, a violência no trânsito, a violência das drogas... Mas a principal forma de violência não está lá no texto-base da CF 2018. É a violência incomensurável que resulta da perda e da omissão de uma verdadeira e segura orientação espiritual que deveria ser dada aos fieis católicos neste tempo especial, subjugada por uma avalanche de temas sociais nada doutrinários, que corrompem os bons costumes, imprimem a tibieza, alicerçam o indiferentismo religioso e roubam às centenas, e dezenas de vezes mais, ovelhas do rebanho de Cristo: 'É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas?' (Mt 7, 16).