Todo aquele que derramar o sangue humano terá seu próprio sangue derramado pelo homem, porque Deus fez o homem à sua imagem (Gn 9,6).
Deus permite a aplicação da pena de morte e deu autoridade ao governo formal para a sua aplicação:
Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação. Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal (Rom 13, 1-4).
Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana, quer ao rei como a soberano, quer aos governadores como enviados por ele para castigo dos malfeitores e para favorecer as pessoas honestas (I Pe, 2, 13-14).
A Lei do Antigo Testamento impunha a pena de morte a todos os que cometessem assassinato (Ex 21,12); sequestro (Ex 21, 16), deitar-se com animais (Ex 22, 19), adultério (Lev 20, 10), homossexualismo (Lev 20, 13), incesto (Lev 20, 14), falso profetismo (Deut 13, 5) e vários outros crimes.
Jesus, diante das ofensas do mau ladrão e da súplica do bom ladrão no Calvário, não se pronunciou contra a morte deles na cruz pelos crimes cometidos, fato inclusive reconhecido e acatado como justo e merecido pelo bom ladrão (Lc 23, 41). Mas Jesus concedeu a ele, como fruto de sua misericórdia, o perdão destes pecados e a salvação eterna de sua alma (Lc 23, 43). Esse ato extremado de misericórdia de Jesus não prescindiu do ladrão arrependido a morte na cruz, como expiação pelos crimes cometidos.
Assim, a Igreja aplica essa mesma misericórdia ao mais vil dos pecadores diante do patíbulo ou do cadafalso, diante do pelotão de fuzilamento ou na cadeira elétrica, seja qual for a forma da aplicação da pena de morte, não no sentido de detê-la ou de contestá-la, mas na súplica a Deus pela conversão, no limite máximo da vida humana, de uma alma criada pela glória de Deus desde a eternidade. Do mesmo modo e segundo o mesmo exemplo do Bom Jesus no Calvário.