sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

POEMAS PARA REZAR (VII)

Noche Oscura
                                                              (São João da Cruz)


1. En una noche oscura, 
con ansias, en amores inflamada, 
¡oh dichosa ventura!, 
salí sin ser notada, 
estando ya mi casa sosegada. 

2. A escuras y segura, 
por la secreta escala, disfrazada, 
¡oh dichosa ventura!, 
a oscuras y en celada, 
estando ya mi casa sosegada. 

3. En la noche dichosa, 
en secreto, que nadie me veía, 
ni yo miraba cosa, 
sin otra luz y guía 
sino la que en el corazón ardía.

4. Aquésta me guiaba 
más cierto que la luz del mediodía, 
adonde me esperaba 
quien yo bien me sabía, 
en parte donde nadie parecía. 

5. ¡Oh noche que guiaste! 
¡Oh noche amable más que el alborada! 
¡Oh noche que juntaste 
Amado con amada, 
amada en el amado transformada! 

6. En mi pecho florido, 
que entero para él solo se guardaba, 
allí quedó dormido, 
y yo le regalaba, 
y el ventalle de cedros aire daba.

7. El aire de la almena, 
cuando yo sus cabellos esparcía, 
con su mano serena 
en mi cuello hería 
y todos mis sentidos suspendía.

8. Quedéme y olvidéme, 
el rostro recliné sobre el Amado; 
cesó todo y dejéme, 
dejando mi cuidado 
entre las azucenas olvidado.

vídeo : 'noche escura'



Noite Escura

1. Em uma noite escura, 
De amor em vivas ânsias inflamada, 
Oh! ditosa ventura! 
Saí sem ser notada, 
Já minha casa estando sossegada. 

2. Na escuridão, segura, 
Pela secreta escada, disfarçada, 
Oh! ditosa ventura! 
Na escuridão, velada, 
Já minha casa estando sossegada. 

3. Em noite tão ditosa, 
E num segredo em que ninguém me via, 
Nem eu olhava coisa, 
Sem outra luz nem guia 
Além da que no coração me ardia.

4. Essa luz me guiava, 
Com mais clareza que a do meio-dia 
Aonde me esperava 
Quem eu bem conhecia, 
Em sítio onde ninguém aparecia. 

5. Oh! noite que me guiaste, 
Oh! noite mais amável que a alvorada;
Oh! noite que juntaste 
Amado com amada, 
Amada no Amado transformada! 

6. Em meu peito florido 
Que, inteiro, só para ele se guardava, 
ali quedou-se adormecido, 
E eu o regalava, 
E o leque dos cedros refrescava. 

7 . Da ameia a brisa amena, 
Quando eu os seus cabelos revolvia, 
Com sua mão serena 
Em minha fronte tocava, 
E todos meus sentidos suspendia.

8. Esquecida, quedei-me, 
O rosto reclinado sobre o Amado; 
Tudo cessou. Deixei-me, 
Largando meu cuidado 
Por entre as açucenas olvidado.