quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A ERA DOS MÁRTIRES: AS DEZ PERSEGUIÇÕES ROMANAS

PRIMEIRA PERSEGUIÇÃO: ANO 67 

A primeira perseguição da Igreja ocorreu no ano 67 de nossa era, movida por Nero, sexto imperador de Roma, incluindo as mais atrozes barbaridades. Entre outros caprichos diabólicos, ordenou que a cidade de Roma fosse incendiada (incêndio que se delongou por anos), com centenas de mortos. As brutalidades foram refinadas ao extremo cometidas contra os cristãos pelos motivos mais torpes; foi durante esta perseguição que foram martirizados São Pedro e São Paulo. Mártires da Segunda Perseguição: Erasto, tesoureiro de Corinto; Aristarco, o macedônio; Trófimo de Éfeso, convertido por São Paulo e seu colaborador; José, comumente chamado Barsabé e Ananias, bispo de Damasco.

SEGUNDA PERSEGUIÇÃO: ANO 81

A segunda perseguição foi suscitada pelo imperador Domiciano. Entre as suas loucuras, ordenou a execução de todos os descendentes da linhagem de Davi. Entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição estavam Simeão, bispo de Jerusalém, que foi crucificado, e São João, que foi fervido em óleo e depois desterrado a Patmos. Mártires da Segunda Perseguição: Dionísio, o areopagita, ateniense de nascimento, bispo de Atenas; Nicodemos; Protásio e Gervásio; Timóteo, o célebre discípulo de São Paulo, bispo de Éfeso, morto a golpes de paus.

TERCEIRA PERSEGUIÇÃO: ANO 108

Iniciada pelo imperador Trajano e continuada pelo seu sucessor, o imperador Adriano. A matança de cristãos era diária e tão brutal, que levou os próprios romanos (como Plínio, o Jovem) a interceder por eles, sem sucesso.  Mártires da Terceira Perseguição: o bem-aventurado mártir Inácio, bispo da Antioquia e sucessor de Pedro; Alexandre, bispo de Roma, e seus dois diáconos;  Quirino e Hermes, com suas famílias; Zeno, um nobre romano; Eustáquio, um valoroso comandante romano convertido; Faustines e Jovitas, irmãos e cidadãos da Bréscia.

QUARTA PERSEGUIÇÃO: ANO 162

A quarta perseguição foi suscitada pelo imperador Marco Aurélio Antonino. Alguns dos mártires eram obrigados a passar, com os pés já feridos, sobre espinhas, pregos, aguçadas conchas, etc., colocados em ponta; outros eram açoitados até a morte. Mártires da Quarta Perseguição: Germânico, entregue às feras; Policarpo, bispo de Esmirna, queimado vivo; Metrodoro e Pionio, também queimados vivos; Agatônica; Felicitate, virtuosa dama romana, junto com os seus sete filhos: Enero, o mais velho, flagelado e prensado; Felix e Felipe, mortos a pauladas;  Silvano, lançado de um precipício; e os três filhos menores, Alexandre, Vital e Marcial, foram decapitados e com a mesma espada a mãe foi depois decapitada; Justino, o célebre filósofo, que, aos trinta anos de idade, se convertera ao cristianismo, açoitado e decapitado. As catacumbas de Roma são um mostruário absurdo das milhares de vítimas destas primeiras perseguições aos cristãos.

QUINTA PERSEGUIÇÃO: ANO 192

Por volta do ano 192 de nossa era, o avanço do cristianismo alarmava os pagãos e reavivou-se a calúnia de se imputar aos cristãos as responsabilidades pelas desgraças eventualmente ocorridas. Mártires da Quinta Perseguição: Vitor, bispo de Roma; Leônidas, pai do célebre Orígenes, decapitado; Plutarco e Sereno, irmãos, outro Sereno, Herón e Heráclides, todos decapitados; Rhais, sua irmã Potainiena e sua mãe Marcela; Basflides, oficial do exército convertido; Irineu, bispo de Lyon; Perpétua, Felicitas, Revocato, Saturnino, Secúndulo e Satur, executados no dia 8 de março do ano 205 d.C.; Esperato e outros doze foram decapitados, mesmo destino de Andrócles, na França. Cecília, uma jovem dama de uma nobre família de Roma, casada com Valeriano, converteu seu marido e irmão e o oficial responsável pela sua execução, todos decapitados; Calixto, bispo de Roma, sofreu martírio em 224 d.C., mas não se tem o registro da forma de sua morte; Urbano, bispo de Roma, em 232 d.C.

SEXTA PERSEGUIÇÃO: ANO 235

No ano 235 começou, sob Maximino, uma nova perseguição. O governador da Capadócia, Sereiano, fez tudo o possível para exterminar os cristãos daquela província. Mártires da Sexta Perseguição: Pontiano, bispo de Roma; Anteros, grego; Pamáquio e Quirito, senadores romanos, junto com suas famílias inteiras; Simplício, também senador; Calepódi, Martina, donzela e Hipólito, prelado cristão morto ao ser arrastado por um cavalo. Em 249 d.C., após a morte de Maximino, irrompeu ainda uma cruenta perseguição na região de Alexandria, mas de caráter local e não instigada pelo seu sucessor.

SÉTIMA PERSEGUIÇÃO: ANO 249

A Sétima Perseguição foi implantada pelo imperador Décio no ano 249, em face dos recentes avanços do cristianismo e apesar das inúmeras dissensões presentes. Mártires da Sétima Perseguição: Fabiano, bispo de Roma, decapitado; Juliano, nativo da Cilícia, enfiado num saco de couro, junto com várias serpentes e escorpiões e lançado ao mar. Pedro, ainda jovem, decapitado; Nicômaco; Denisa, decapitada; André e Paulo, dois companheiros de Nicômaco, sofreram o martírio por lapidação; Alexandre e Epímaco, de Alexandria, queimados e outras quatro mulheres, decapitadas; Luciano e Marciano, pagãos convertidos, foram queimados vivos; Trifão e Respício, queimados e decapitados; Ágata, mártir virgem, resistiu aos assédios de Quintiano, governador da Sicilia, e foi morta a mando dele em 5 de fevereiro de 251; Cirilo, bispo de Gortyna, preso e morto por ordens de Lúcio, governador local. Na Ilha de Creta, as execuções foram sumárias e particularmente violentas: Babylas, bispo de Antioquia, decapitado, junto com três dos seus alunos; Alexandre, bispo de Jerusalém; Juliano e Cronião; Maximiano, Marciano, Joanes, Malco, Dionísio, Seraiáon e Constantino, soldados do próprio imperador, confinados numa caverna; Teodora e Dídimo, decapitados; Cornélio, bispo cristão de Roma, e seu sucessor Lúcio, em 253 (já sob o jugo do imperador Gálio, sucessor de Décio).

OITAVA PERSEGUIÇÃO: ANO 257

Esta perseguição começou sob Valeriano, no mês de abril de 257 d.C. e continuou durante três anos e seis meses. Os mártires que caíram nesta penosa perseguição foram inúmeros, e suas torturas e mortes foram variadas e terríveis. penosas. Mártires da Oitava Perseguição: Rufina e Secunda, irmãs e filhas de um iminente cavaleiro em Roma; Estevão, bispo de Roma, decapitado; Saturnino, bispo ortodoxo de Toulouse, trucidado;  Sixto, sucessor de Estevão como bispo de Roma, morto com seis de seus diáconos; Lourenço, que, ao ser inquirido a apresentar os tesouros da Igreja, ofereceu ao imperador uma legião dos pobres de Deus, foi queimado sobre uma grelha de ferro incandescente. Na África, a perseguição rugiu com uma violência inaudita: Cipriano, bispo de Cartago, foi decapitado em 258 d.C; os discípulos de Cipriano, martirizados nesta perseguição, foram Lúcio, Flaviano, Vitórico, Remo, Montano, Juliano, Primelo e Doniciano; em Utica, trezentos cristãos foram lançados num forno de cozimento de cerâmica; Fructuoso, bispo de Tarragona, na Espanha, e seus dois diáconos, Augúrio e Eulógio, foram queimados; Alexandre, Malco e Prisco,cristãos da Palestina e mais uma mulher foram condenados às feras; Máxima, Donatila e Secunda, três moças de Tuburga, foram duramente flageladas e decapitadas. O imperador Valeriano teve um triste fim: morreu esfolado vivo um dos mais tirânicos imperadores de Roma.

NONA PERSEGUIÇÃO: ANO 274

A Nona Perseguição começou sob o jugo do imperador Aureliano em 274, teve um período de paz e recomeçou com Diocleciano em 284. Mártires da Nona Perseguição:  Felix, bispo de Roma, decapitado; Agapito, jovem cavaleiro, também decapitado (sob Aureliano);  Feliciano e  Primo, irmãos; Marco e Marceliano, irmãos gêmeos e naturais de Roma, foram martirizados em estacas com os pés traspassados por pregos e finalmente mortos por lanças; Zoe, a mulher do carcereiro que teve sob seu cuidado os mártires mencionados, convertida por eles, foi martirizada e teve o corpo lançado num rio; o incrível extermínio de toda a chamada Legião Tebana, constituída por seis mil setecentos e seis homens e tendo Mauricio, Cândido e Exupernio como comandantes, a mando do imperador Maximiano, pela recusa de prestar juramento à ordem de extirpação do cristianismo das Gálias (evento ocorrido em 22 de setembro de 
286); Alban, primeiro mártir britânico, decapitado junto ao seu carrasco, subitamente convertido ao cristianismo; Fé, uma mulher cristã da Aquitânia, queimada em grelha e decapitada; Quintino, cristão natural de Roma, brutalmente martirizado nas Gálias.

DÉCIMA PERSEGUIÇÃO: ANO 303

É a chamada Era dos Mártires, ocasionada em parte pelo aumento no número dos cristãos e pelo ódio da esposa e do filho adotivo de Diocleciano contra o povo cristão. A sangrenta perseguição teve início em 23 de fevereiro de 303 (o dia da Terminalia, em que os cristãos deveriam ser dizimados por completo), com a destruição de igrejas, queima de livros religiosos e martírio de qualquer um que professasse a fé cristã. A perseguição foi estendida a todas as províncias romanas, principalmente as do leste, e durou cerca de dez anos, sendo impossível determinar o número de mártires e as várias formas de martírio. Ao final de tanta matança, o martírio consistiu em manter os cristãos vivos, mas aleijados, torturados e padecentes de toda sorte de sofrimentos. Mártires da Décima Perseguição: Sebastião, nascido em Narbona, nas Gálias e depois oficial da guarda do imperador em Roma, foi executado com flechas, recuperou-se e submetido a novo flagelo até a morte, agora por espancamento brutal; Vito, siciliano de uma família de alta linhagem, foi sacrificado pelo próprio pai Hylas; Vitor, oriundo de Marselha, martirizado por esmagamento; Taraco, Probo e Andrônico, mortos a espada a mando de Máximo, governador da Cilícia; Romano, natural da Palestina e diácono da igreja de Cesaréia, foi flagelado brutalmente de várias formas;  Susana, sobrinha de Caio, bispo de Roma, foi decapitada; Dorotéu e Gorgônio, torturados e estrangulados; Pedro, um eunuco que pertencia ao imperador, foi queimado em grelha incandescente; Cipriano e Justina da Antioquia, decapitados; Eulália, espanhola, queimada viva; Vicente, diácono de Tarragona, martirizado sob tormentos terríveis. A perseguição de Diocleciano tornou-se ainda mais diabólica a partir do ano 304: Saturnino, um sacerdote de Albitina, cidade da África, foi deixado morrer de fome, a exemplo dos seus quatro filhos; Dativas, um nobre senador romano; Telico, um piedoso cristão; Vitória, jovem dama de uma família nobre; Ágape, Quiônia e Irene, irmãs queimadas, quando a perseguição de Diocleciano chegou à Grécia; Agato,  Cassice, Felipa e Eutíquia; Marcelino, bispo de Roma; Vitório, Caorpoforo, Severo e Seveano, irmãos, açoitados até a morte; Timóteo, diácono de Mauritânia, e sua mulher Maura, crucificados; Sabino, bispo de Assis. 

Com a ascensão ao poder de Galério, filho adotivo de Diocleciano, as perseguições aumentaram ainda mais no Império Romano do Oriente, produzindo muitos mártires: Anfiano, discípulo de Eusébio; Julita, mulher licaônia de régia linhagem, foi flagelada bestialmente, vendo a morte do próprio filho diante dela; Hermolaos e Pantaleão; Eustrátio, secretário do governador de Armina, foi lançado num forno de fogo; Nicander e Marciano, dois destacados oficiais militares romanos, decapitados; no reino de Nápoles, foram flagelados Januaries, bispo de Beneventum; Sósio, diácono de Misene; Próculo, que também era diácono; Eutico e Acutio, Festo, diácono, e Desidério, todos decapitados; Quirínio, bispo de Siscia, afogado; Pânfilo, natural de Fenícia; Marcelo, bispo de Roma; Pedro, décimo sexto bispo de Alexandria, foi martirizado em 25 de novembro de 311; Inês, de apenas treze anos, decapitada; São Jorge, o santo patrono da Inglaterra e nascido na Capadócia, torturado e decapitado. As grandes perseguições romanas chegavam ao seu final (em 313 d.C.), com a futura ascensão de Constantino.

Compilação resumida da obra: 'O Livro dos Mártires', de John Fox, escrito originalmente no século XVI (muitos nomes no texto estão grafados erroneamente na tradução brasileira disponível)

 Santo Estêvão, primeiro mártir* da Santa Igreja, rogai por nós!
                                                                                                                                            * morte por apedrejamento