terça-feira, 11 de outubro de 2016

GRAUS DA PERFEIÇÃO

1. Por nada deste mundo cometer algum pecado, nem mesmo venial com plena advertência, nem imperfeição conhecida.

2. Procurar andar sempre na presença de Deus, real, imaginária ou unitiva, segundo se coadune com as obras que está fazendo.

3. Nada fazer nem dizer coisa de importância, que Cristo não pudesse fazer ou dizer se estivesse no estado em que me encontro e tivesse a idade e a saúde que eu tenho.

4. Procure em todas as coisas a maior honra e glória de Deus.

5. Por nenhuma ocupação deixar a oração mental que é o sustento da alma.

6. Não omitir o exame de consciência, sob pretexto de ocupações, e, por cada falta cometida, fazer alguma penitência.

7. Ter grande arrependimento por qualquer tempo não aproveitado ou que se lhe escapa sem amar a Deus.

8. Em todas as coisas, altas e baixas, tenha a Deus por fim, pois de outro modo não crescerá em perfeição e mérito.

9. Nunca falte à oração e quando experimentar aridez e dificuldade, por isso mesmo persevere nela, porque Deus quer muitas vezes ver o que há na sua alma e isso não se prova na facilidade e no gosto.

10. Do céu e da terra busque sempre o mais baixo lugar e o ofício mais ínfimo.

11. Nunca se intrometa naquilo de que não te encarregaram, nem discuta sobre alguma coisa, ainda que esteja com a razão. E, no que lhe for ordenado, se lhe derem a unha (como se costuma dizer) não queira tomar também a mão, pois alguns, nisto se enganam, imaginando que têm obrigação de fazer aquilo que, bem examinado, nada os obriga.

12. Das coisas alheias não se ocupe, sejam elas boas ou más, porque além do perigo que há de pecar, essa ocupação é causa de distrações e amesquinha o espírito.

13. Procure sempre confessar-se com profundo conhecimento de sua miséria e com sinceridade cristalina.

14. Ainda que as coisas de sua obrigação e ofício se lhe tornem dificultosas e enfadonhas, nem por isso desanime, porque não há de ser sempre assim, e Deus, que experimenta a alma simulando trabalho no preceito (Sl 93,20), daí a pouco lhe fará sentir o bem e o lucro.

15. Lembre-se sempre de que tudo quanto passar por si, seja próspero ou adverso, vem de Deus, para que assim nem num se ensoberbeça nem no outro desanime.

16. Recorde-se sempre de que não veio senão para ser santo e assim não consinta que reine em sua alma algo que não o leve à santidade.

17. Seja sempre mais amigo de dar prazer aos outros do que a si mesmo e, assim, com relação ao próximo, não terá inveja nem predomínio. Entenda-se, porém, que isso se refere ao que for segundo a perfeição, porque Deus muito se aborrece com os que não antepõem o que lhe agrada ao beneplácito dos homens.

(São João da Cruz)

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

QUANDO É PRECISO SER HOMEM... DE FÉ!

Há um indiferentismo religioso tão disseminado, tão generalizado, que quase mais nada produz qualquer reação, qualquer espanto. Pelo contrário, cada vez mais toda malícia, todo mal, toda iniquidade, tendem a se tornar banais. Nada é blasfêmia, nada mais é aberração litúrgica, nada mais é ofensivo à fé cristã. Quando todos se tornam fábulas de si mesmos, o horror do inexplicável pode ser moldado como um conto de fadas. Sem medos ou remorsos. Sem comentários.


(Terceiro Dia de Novena - Entrada de Nossa Senhora Aparecida - 05/10/2016)


FOTO DA SEMANA

'Quanto a nós, só vivemos durante esta vida, e depois da morte, nem mesmo nosso nome nos sobreviverá' (Eclesiástico 48, 12)


domingo, 9 de outubro de 2016

OS DEZ LEPROSOS

Páginas do Evangelho - Vigésimo Oitavo Domingo do Tempo Comum 


Num dado lugar, entre a Samaria e a Galileia, dez leprosos vieram ao encontro de Jesus e, seguindo as normas de conduta daqueles tempos, depararam-se a uma distância segura e gritaram: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!' (Lc 17, 11). Os leprosos eram tomados como homens ímpios e imundos; a terrível doença era a simples manifestação externa de pecados gravíssimos ocultos. A exclusão social os exilava em grupos fora das cidades; o temor e o desprezo dos homens acompanhavam as suas chagas visíveis e outras muito piores que não se revelavam fisicamente. As vestes imundas tentavam esconder a lepra do corpo, mas atestavam de forma cristalina a impureza da alma.

Dez leprosos. Dez homens, excluídos e condenados pelos próprios homens, aproximaram-se de Jesus para implorar compaixão. Confiança e resignação no mesmo propósito; demonstração de fé e de retidão no gesto de todos de se aproximar do Mestre e, ao mesmo tempo, dEle ficar afastado de segura distância, em estrita observância aos preceitos da lei. Jesus, movido de compaixão, determinou-lhes: 'Ide apresentar-vos aos sacerdotes' (Lc 17, 14), impondo-lhes também o que era prescrito pela lei para que se comprovasse formalmente a condição de um homem suspeito ser leproso ou não. E os dez cumpriram fielmente as palavras do Mestre. E os dez foram curados pela mesma fé e a mesma confiança na misericórdia de Deus.

Dez homens foram movidos pela mesmo fervor na súplica pela cura da doença maligna. Livres do mal, certamente ansiaram por buscar os sacerdotes para receberem a confirmação oficial de suas restituições ao meio social, ao mundo dos homens a que estavam tão brutalmente excluídos. Mas um deles, um samaritano, afastou-se da direção do mundo que o receberia de volta e caminhou ao encontro de Cristo, assim que se viu curado, atirando-se aos pés de Jesus e glorificando a Deus em alta voz.

E, mais que os outros nove, será o personagem do portentoso milagre do perdão dos seus pecados e da salvação de sua alma: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou' (Lc 13, 19). O mal físico que devora o corpo pode ser mortalmente perigoso. Mas é o pecado que inocula uma lepra na alma que nos priva da graça santificante, das virtudes e bens espirituais, que nos exclui não por um tempo da sociedade dos homens, mas que pode nos exilar eternamente das bem aventuranças da vida em Deus. Na súplica diária para não nos afligir a doença do pecado, esforcemos por nos colocar sempre, como o leproso samaritano, na santa presença de Deus com a eterna gratidão dos que estão curados e santificados pela infinita misericórdia do Pai.

sábado, 8 de outubro de 2016

POEMAS PARA REZAR (XXI)

QUISERA...


Quisera
fazer da minha súplica neste momento de oração 
o instante em que Deus vai tomar como medida
a medida do meu eterno coração.

Quisera, Jesus, quisera
que o meu eu se esvaísse como pó e fumaça
no incêndio de amor irradiado do peito chagado
da Vossa misericordiosa graça.

Quisera, ouso pedir, quisera
que no silêncio profundo do meu recolhimento
minha alma fosse moldada para todo o sempre
como a fotografia gerada neste momento.

E ainda quisera
que a luz de Deus velasse agora nos vales e abismos
mais profundos e íntimos do meu coração humano 
e lá pausasse e se tornasse eterna.

Quisera, meu Deus, quisera
que o meu nome fosse proclamado na memória
da multidão que Vos louva em cânticos de glória
e que eu fosse senhor no céu de uma morada.

Quisera, ó como quisera,
que esta oração fosse contada como chumbo e ouro
como lastro singular e moeda de excepcional tesouro
no juízo particular dos meus talentos.

E, por fim, quisera 
pedir à minha mãe, Nossa Senhora, velar comigo
no derradeiro instante do homem que inda terei sido
e, após, no infinito minuto com o meu Deus.

(Arcos de Pilares)




sexta-feira, 7 de outubro de 2016

GLÓRIAS DE MARIA: NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

A palavra Rosário vem do latim Rosarium, que significa 'Coroa de Rosas'. Nossa Senhora é a Rosa das rosas, Rainha das rainhas, sendo chamada, então, Rosa Mística (como é invocada na Ladainha Lauretana), Rainha das Rosas de todas as devoções, Nossa Senhora do Rosário. Se, a cada Ave Maria, adorna-se a Mãe de Deus com uma rosa espiritual, o Rosário adorna Maria com uma Coroa de todas as Rosas.

O Santo Rosário é a oração mais perfeita e o instrumento mais poderoso que nos é concedido pela Divina Providência para vencer o pecado e as tentações diabólicas. Com o rosário, recordamos o memorial da Paixão de Jesus Cristo e meditamos os mistérios de gozo, dor e glória de Jesus e Maria. Pelo Rosário, a terra se une aos céus, e nós a Nossa Senhora, no louvor ao Senhor nosso Deus. Com o Rosário, alcançamos a paz de coração e a salvação eterna da alma. Pelo Rosário, obtemos a remissão pela culpa e pela pena dos nossos pecados, tornamo-nos herdeiros dos méritos infinitos da Paixão de Jesus e invocamos sobre nós e nossas famílias as graças extraordinárias da Misericórdia Divina. 

A origem do Rosário é antiga, mas se formalizou por meio de uma famosa aparição de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão. No seu ferrenho combate e conversão dos seguidores da seita herética dos albigenses, São Domingos defrontou-se com terríveis dificuldades e perseguições, devido à dureza espiritual daquelas almas. Retirou-se, então, em oração, para um lugar ermo situado nos arredores de Toulouse e suplicou a intercessão da Virgem Maria para os bons propósitos de tão dura missão. 

As suas preces extremadas foram atendidas e o santo recebeu uma aparição de Nossa Senhora que lhe entregou o Rosário (também chamado Saltério de Maria, em referência aos 150 salmos de Davi), ensinando-o como rezá-lo e assegurando ser esta a arma mais poderosa para se ganhar as almas para o Céu. Este evento, respaldado por numerosos documentos pontifícios, é narrado na obra 'Da Dignidade do Saltério', do Bem-Aventurado Alain de la Roche (1428 – 1475), célebre pregador da Ordem Dominicana. Com o Rosário em punho, São Domingos pregou incansavelmente na França, Itália e Espanha a devoção que a própria Senhora do Rosário lhe havia ensinado, convertendo os hereges e os tíbios, e erradicando por completo naqueles países a heresia albigense.


Graças, louvores e indulgências sem conta estão associadas à oração devota do Santo Rosário. Rezai-o sempre, rezai-o todos os dias! O maior milagre que o Rosário pode nos proporcionar é nos fazer plenamente dignos das promessas de Cristo e nos elevar de criaturas humanas na terra a herdeiros diretos do Céu ainda nesta vida.

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.