quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CARTAS A MEU PAI (IV)

Pai:

Há muitos de nós que perderam o caminho; seguem suas vidas moldadas pelas dimensões do tempo e do mundo dos homens, sem estranhamento algum em relação às questões que realmente importam, da salvação e da eternidade. Numa discussão hoje cedo na universidade, um sustentou acaloradamente que Vós sois uma miragem e um espectro intangível da capacidade humana de encontrar culpados para todas as suas faltas e ações. Outro julgou 'pertinente' que o senhor possa existir, conquanto não tenha nenhuma influência sobre a vida de ninguém. Um terceiro admitiu que deus possa ser algo menos que uma obra de imaginação, mas que os 'deuses' de tantos podem passar perfeitamente bem alheios aos que não os evocam. No meio daquela gente, alguém ousou lembrar dos passos do Vosso Filho, da obra de redenção nascida do Calvário. Em vão. O argumento preferido nestas plagas é que todas as religiões são intrinsecamente ruins, e que Deus não passa de uma grande quimera.

Foi o momento em que vi, pela primeira vez na vida e de forma tão contundente, os chamados anjos recolhidos. Sim, os anjos da guarda deles estavam recolhidos, mantidos a uma relativa distância dos homens de ciência e de tão pouca fé, e não se moviam nem exalavam brilho especial, juntados em um pequeno círculo circunspecto, pesarosos do encontro, como que vergastados pelas palavras profanas, pela insensatez dos que diluem no próprio pecado os pecados de todos, sempre uma vez mais. Eu já havia visto muitos anjos da guarda de muitas pessoas, alguns mesmo prostrados pelo pecado de algum. Mas a imagem dos anjos recolhidos chocou-me, Pai, pois, ainda que eles não abandonem nunca aqueles que nasceram para o seu zelo e proteção, eles também, de alguma forma, padecem a dor da criação inteira por um só pecado e, muito mais profundamente, daqueles que negam o próprio Criador.

Ah quanta coisa não se saberá no outro mundo...quando, enfim, os olhos se abrirão para as verdades definitivas e incomensuráveis de Deus, de uma forma infinitamente mais clara e brilhante que a minha visão de agora, por especial privilégio de Vossa graça. Como ansiei me intrometer naquela conversa e abrir-lhes o coração diante de tanta rudeza e perda de fé. Mas o livre arbítrio é fruto da Vossa Santa Vontade e não da minha inquietude humana. E o grupo se dispersou em seguida para as suas tarefas diárias; se ao menos soubessem que as suas palavras foram escritas a fogo no livro dos mortos e ai deles se tiverem que prestar conta delas por toda a eternidade. A imagem dos anjos recolhidos se diluiu e cada qual tomou o rumo dos passos de cada um.

A imagem ficou e ainda continua comigo até o final desse dia, Pai, como que marcando e assinalando todos os meus passos. Que a Vossa infinita misericórdia possa tornar um dia estes homens dignos de Vossa Presença, sob a tutela de anjos zelosos e sempre de pé. E eu, Senhor, Vos prometo que, esteja em quaisquer grupos de pessoas, mais ou menos numerosos, minhas palavras estarão sempre atentas sob o jugo suave de Vossa Santa Lei e, nunca, nunca mesmo, permitirei que anjos recolhidos tenham que ficar debruçados diante de nós, vergados pelo lastro doloso de nossas palavras. Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição me sustente e referende por toda a minha vida esse santo propósito de vida interior. Amém. 

E isso é tudo por hoje, na vida de um filho vosso no meio do mundo. Boa noite, Pai. Com a vossa bênção, R.

('Cartas a Meu Pai' são textos de minha autoria e pretendem ser uma coletânea de crônicas que retratam a realidade cotidiana da vida humana entranhada com valores espirituais que, desapercebidos pelas pessoas comuns, são de inteira percepção pelo personagem R. As pessoas e os lugares, livremente designados apenas pelas suas iniciais, são absolutamente fictícios).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

CONSOLAÇÃO PELOS QUE PERDEMOS

Se perdemos os nossos parentes e amigos, não devemos entristecer-nos muito; porque nada há no mundo pelo que devemos desejar que aqueles que amamos aqui permaneçam muito tempo, e ele é tão miserável que devíamos antes louvar a Deus quando os leva e não nos afligirmos. Assim convém que uns após outros deles saiamos, segundo a ordem que Deus estabeleceu; os primeiros que saem são os que estão melhor, quando viveram com cuidado da sua salvação. E depois, na eternidade, tais perdas são reparadas, e a nossa sociedade, desfeita pela morte, será restaurada.

Uma consolação bem suficiente aos filhos de Deus, é quando seus parentes e amigos têm recebido os remédios eficazes dos santos sacramentos antes de morrer, o que lhes devem procurar sem demora. Repousemos os nossos corações sem amargura; mas tenhamos a coragem, tão necessária neste estado, de fechar os olhos ao nosso querido moribundo, dando-lhes o ósculo da paz. Depois disto, façamos-lhe as honras que o costume cristão exige, segundo o estado e condição de cada um. Porém, mais do que tudo, ordenemos que o mais cedo possível se façam com exatidão por intenção do falecido as orações, e outros exercícios piedosos, com medo que ele tenha precisão de alguma expiação, segundo a severidade do juízo divino; e que ainda esteja privado do gozo da plena e gloriosa liberdade, e que tenha a alma ainda condenada à estada por algum tempo no fogo do purgatório, por um segredo inescrutável de Deus, antes de ser recebida no céu entre os braços da divina bondade. Nesta sociedade, as amizades e sociedades começada neste mundo continuar-se-ão para não haver mais separação.

No entanto tenhamos paciência e esperemos com coragem que soe a hora da nossa partida, para irmos para onde já estão os nossos amigos; e já que cordialmente os amamos, continuemos a amá-los; façamos por amor deles o que eles desejariam que fizéssemos e o que agora por nós almejam. Entretanto não vos direi: 'Não choreis', não, porque é justo que choreis um pouco em testemunho do afeto sincero que tendes aos vossos queridos defuntos. Isto será imitar a Jesus Cristo, que chorou por um pouco a Lázaro, seu bom amigo; mas com condição de serem moderadas estas demonstrações exteriores, e que esses suspiros e gemidos não sejam tantas lágrimas de pesar como sinais de compaixão e ternura.

Não choremos como os que pertencendo completamente a esta miserável vida, não se lembram de que caminhamos para a Eternidade, onde, se vivemos bem neste mundo, nos reuniremos às pessoas queridas para nunca mais a deixarmos. Não poderíamos impedir que o nosso pobre coração sentisse a perda dos que aqui eram os nossos amáveis companheiros; mas convém que não desmintamos a solene resolução que fizemos de ter a nossa virtude inseparavelmente unida a de Deus, e que não cessemos de dizer à Divina Providência: 'Sim, vós sois bendita, porque tudo o que vos agrada é bom'.

Eu choro em tais ocasiões; e o meu coração, que é de pedra nas coisas do céu, funda-se em lágrimas por tais acontecimentos. Esta insensibilidade imaginária dos que não querem que estejamos homens, pareceu-me sempre que era uma quimera; mas também, depois de ter pago o tributo à parte inferior da nossa alma, é preciso prestar as honras à superior, onde brilha, como em um trono, o espírito da fé, que nos deve consolar em nossas aflições e por elas próprias.

Bem aventurados os que se alegram por estarem aflitos e convertem o absinto em mel! Deus seja louvado! É sempre com tranquilidade que eu choro, sobretudo com um grande sentimento de amor para com a Providência de Deus; porque depois, que Nosso Senhor amou a morte e a deu por objeto ao nosso amor, não posso querer mal a morte por me levar minhas irmãs ou qualquer outra pessoa, contanto que morra no amor da santa morte do Salvador. Tenho em tão pouca conta esta vida frágil, que nunca me volto para Deus com mais sentimento de amor do que quando me fere, ou permite que eu seja ferido.

Estimo que tenhais tanta caridade e temor de Deus, que, vendo o seu agrado e a sua santa vontade, a ele vos acomodeis e odieis o vosso desprezo pela consideração do mal deste mundo. Não podemos evitar ter muita pena com a separação dos nossos amigos, e este desgosto não nos é proibido contanto que o moderemos pela esperança que temos de não nos separarmos deles senão no pouco tempo que medeia até os seguirmos ao céu, lugar do nosso repouso, se Deus nos fizer essa graça.

Alongai muitas vezes a vossa vista até ao céu e vede que esta vida não é senão uma passagem para a eternidade. Quatro ou cinco meses de ausência passarão depressa. Se o nosso costume e os nossos sentidos, entretidos em estimarem este mundo e esta vida, nos fazem sentir o que nos é contrário, corrijamos muitas vezes este defeito pela claridade da fé que nos deve fazer julgar por muito felizes os que em poucos dias terminarem a sua viagem.

Oh! como é desejável a eternidade comparada com as vicissitudes deste mundo! Todos os dias a minha alma se abrasa em amor e estima das coisas eternas. Deixemos correr o tempo, com o qual corremos a pouco e pouco para nos transformarmos na glória dos filhos de Deus. Quanto incomparavelmente mais amável não é a eternidade, cuja duração não tem fim, com os dias sem noite e os contentamentos invariáveis! Oh! se de uma vez compenetrássemos bem os nossos corações nesta santa e bem aventurada eternidade! 'Ide', diríamos nós a todos os nossos amigos, 'ide para este Rei da eternidade: nós nos reuniremos a vós', e já que o tempo só para isso nos foi concedido e que o mundo só se povoa para povoar o céu, façamos tudo o que pudermos para disso nos tornarmos dignos.

Sim, com certeza, a passagem de nossos amigos para uma vida melhor é estimável, pois que se faz para povoar o céu e engrandecer a glória do nosso Rei; um dia juntar-nos-emos a eles e, entretanto, aprendamos o cântico do santo amor, para o cantarmos com mais perfeição na eternidade. Bem aventurados os que não confiam na vida presente e que só a julgam como uma tábua para passarem à vista celeste, na qual unicamente devemos colocar as nossas esperanças!

Deixemos chorar Davi a morte do seu Absalão enforcado e perdido; mas na morte do que tomou por vontade, que recebeu os remédios eficazes da Igreja antes de morrer, há mais ocasião para nos consolarmos do que para nos entristecermos; porque, tendo vivido bem, não morreu, mas salvou-se da morte; porque os homens virtuosos não morrem, vivendo no céu pela magnifica recompensa de seus méritos, e na terra pela gloriosa memória de seus benefícios.

Oh! se ouvíssemos as doces e amáveis palavras de algum falecido já bem aventurado, ele nos diria: 'Meus amados, peço-vos que noteis que estou no lugar que desejo, e que me consolo dos meus passados trabalhos que me conquistaram esta gloriosa imortalidade! Por que não consolais comigo? Quando eu estava convosco nesse mundo, era vosso empenho vos regozijardes comigo em todas as minhas consolações, até mesmo caducas e ilusórias. Ah! não sou eu mesmo? Por que vos afligis para com minha morte visto ter-me Deus dado tanta glória? Não, eu desejo de vós coisas bem diferentes desses vossos pesares! Se tendes lágrimas, guardai-as para chorar as desgraças do vosso século e conjuntamente os vossos pecados. Não sabeis que os males desta vida miserável em que viveis são tais, que devereis antes louvar a Deus por delas vos livrar, do que afligir-vos? Os primeiros que dela saem são os mais felizes, contanto que tenham vivido bem. Um só pesar sinto agora; é que desprezeis, estando em vossos corpos, as coisas de que não necessitais não as possuindo; e que vivais por tal forma, entre as prosperidades da vida, que não temais as adversidades, confiando que em breve vos unireis aos vossos caros defuntos para os não deixardes por toda a eternidade'.

Prouvera a Deus que todos os filhos de Adão pensassem bem nestas verdades! Decerto não estariam tão ardentes e ásperos para os prazeres e vaidades, porque conheceriam perfeitamente que tudo o que agora amaram não era senão um nada, despojo da morte, o fruto de satanás e o engodo do inferno; e por este conhecimento claro, junto a uma resolução firme e sólida, tirariam da morte temporal auxílio e socorro para evitar a eterna.

(Excertos da obra 'Pensamentos Consoladores de São Francisco de Sales')

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

GLÓRIAS DE MARIA: IMACULADA CONCEIÇÃO


'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.

(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)

Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição. Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer  pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.

A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez).

O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. A confirmação do dogma, a partir de manifestações que remontam os primeiros Padres da Igreja, foi ratificada muitas vezes pela própria Mãe de Deus, em várias aparições:

'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!' foi a mensagem que Nossa Senhora pediu que fosse inscrita na Medalha Milagrosa,  mediante recomendação expressa a Santa Catarina Labouré em 1830 (24 anos antes da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Eu sou a Imaculada Conceição!' assim Nossa Senhora se apresenta à pequena vidente Bernadette Soubirous em Lourdes, no dia 25 de março de 1858 (apenas 4 anos depois da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!mensagem de Nossa Senhora em Fátima sobre a devoção ao seu Coração Imaculado.

Excertos da Bula INEFFABILIS DEUS de Pio IX
                       Pio IX
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
Escolha da Santíssima Mãe

2. Em vista disso, desde todos os tempos, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho, na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado. E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complacência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade, mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito.

Com efeito, era conveniente que tão venerável Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando, assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15). E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo. Deu-Lho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, também, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe. Ela é, enfim, a criatura de quem o Espírito Santo quis que o Filho, do qual procede, fosse concebido e nascido por obra sua. [...]
Pedidos para a Definição

33. Aqui a razão por que, desde os tempos remotos, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ordens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervorosos memoriais à Sé Apostólica, em prol da definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogma da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram-se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à atenção de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa memória, e a Nós mesmo, não só por bispos, mas também pelo clero secular, comunidades religiosas, por legisladores de nações e pelos fiéis. [...]
O Consistório

39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conveniente e reto, a exemplo de Nossos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a Nossos Irmãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a maior alegria espiritual ao ouvi-los suplicarem promulgássemos a definição do dogma da Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus.

40. Por isso, tendo plena confiança no Senhor de que já chegou o tempo oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Mãe de Deus, que as Divinas Escrituras, a veneranda Tradição, o desejo incessante da Igreja, o singular consentimento dos Bispos católicos e dos fiéis, e os atos e constituições assinalados dos Nossos antecessores ilustram e proclamam; havendo considerado diligentemente todos os acontecimentos e tendo dirigido a Deus solícitas e sinceras preces, Nós  julgamos não devermos fazer tardar por mais tempo a ratificação e definição, por Nossa autoridade suprema, da Imaculada Conceição da Virgem, satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho.
A Definição Infalível

41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo. Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invocamos o Paráclito. Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.

42. Em conseqüência, se alguém ousar – o que Deus não permita – pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto  incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabelecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por  outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima.
Frutos da Imaculada Medianeira

43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmagou a cabeça envenenada do mais cruel dragão, trazendo ao mundo a salvação; Ela é a glória dos Profetas e dos Apóstolos, a honra dos Mártires, a coroa e delícia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amparo de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo. Ela é a suma glória e ornamento, a fortaleza inexpugnável da Santa Igreja. Pois Ela destruiu todas as heresias e livrou os povos e nações fiéis de todas as calamidades gravíssimas. Também a Nós livrou-Nos de tantos perigos que nos assediavam. Temos, pois, confiança e esperança absolutas e totais de que a Bem-aventurada Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, fará com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erros dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa florescer, sempre mais, entre todas as nações e povos e possa espalhar seu reino “de mar a mar, do rio até aos confins da terra” (Sl 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade. Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanho e um só pastor.

44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras. Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confiança a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[...]
Publicação da Definição

45. Para que, finalmente, esta Nossa definição da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.

Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de Dezembro do ano de 1854 da Encarnação de Nosso Senhor, 9º ano de Nosso Pontificado.




    Pio IX, PAPA

domingo, 7 de dezembro de 2014

TEMPO DE CONVERSÃO

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Advento
Neste segundo domingo do Advento, a Igreja, à espera do Senhor Que Vem, celebra, após um primeiro tempo de vigilância, o tempo de conversão, mediante a proclamação na história dos tempos de dois grandes profetas das revelações messiânicas: Isaías e João Batista. 

Isaías é o profeta messiânico por excelência, o precursor dos evangelistas. É Isaías quem declara que Jesus será da estirpe de Davi, é Isaías quem profetiza o nascimento de Cristo através de uma virgem, são de Isaías as profecias sobre a Paixão e Morte do Senhor, sobre a Santa Igreja de Deus e sobre a pregação de João Batista. É Isaías que anuncia a libertação dos judeus do exílio na Babilônia: 'Consolai o meu povo, consolai-o, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida' (Is 40, 1-2). Esta manifestação profética, entretanto, extrapola os limites da Antiga Aliança e assume um caráter messiânico: pela conversão, o homem do pecado há de se tornar digno de contemplar a própria glória de Deus. 

E eis que surge então outro profeta, o maior de todos, maior que Isaías, Moisés ou Abraão, aquele que foi aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11), que vai fazer o anúncio definitivo da chegada do Messias ao mundo: 'Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias' (Mc 1, 7). Como precursor imediato e direto do Messias e arauto desta revelação divina ao povo judeu, João vai se autoproclamar como 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo. 

E o deserto de hoje não é ainda mais árido, muitíssimo mais árido, do que nos tempos do Profeta João Batista? O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. A Igreja de Cristo não se pode sustentar sobre as areias frouxas do deserto das almas tíbias, do ateísmo e da indiferença religiosa. Eis, portanto, a imperiosa necessidade de tempos de conversão. E, nesse sentido, João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida, agora como arauto do Senhor da Segunda Vinda: 'Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo' (Mc 1, 8).

sábado, 6 de dezembro de 2014

HORA SANTA DE DEZEMBRO


Aí O tendes; admirai-O com fé viva: esse é Jesus... Nessa Hóstia Divina o viu sua serva Margarida Maria. Ela ouviu sua voz arrebatadora, seus lamentos, os soluços de seu Coração, despedaçado pelos tormentos do amor e da ingratidão humana. Aí O tendes; admirai-O. Esse é Jesus, o Deus terno, doce e misericordioso de Paray-le-Monial. Transportemo-nos em espírito a este lugar humilde e misterioso, e, em companhia da predestinada Margarida Maria, com a face por terra e com a alma cheia de fervores do céu, adoremos a Jesus Cristo, que nos quer falar, nesta Hora Santa, dos anseios, das tristezas, das vitórias e das divinas promessas de seu Sagrado Coração. Aí O tendes, admirai-O com fé viva: esse é Jesus! 

(Pausa) 

(Nesta Primeira Sexta-feira, a última do ano, pedi-Lhe que perdoe muitas faltas, muitas infidelidades, muita indiferença; mas agradecei-Lhe, ao mesmo tempo, em união com Margarida Maria, as inúmeras graças com que vos acumulou seu amável Coração). 

Voz de Jesus 

Primeira Petição: a Comunhão Reparadora 

Levantai os Olhos, filhinhos Meus, e ainda que, confundidos porque sois culpados, olhai-Me sem receio; não temais, pois sou Jesus, que vos ama perdoando. Vinde, quero sentir o calor de vosso abraço; comungai, em nome de tantos que jamais comungam. Se soubésseis que desolação imensa sente Minha alma quando percorro os caminhos frequentados pelos homens, e, com a mão estendida como um mendigo, vou reclamando um coração que se nega! E volto então só com minha angústia a Meu Sacrário. E Me oculto nele, sentindo mil rejeições! Ah! Mas Meu Coração de Bom Pastor, jamais se desencanta dos homens. Saio novamente, rogo e suplico que Me ofereçam uma hospedagem. Às vezes, ao cair do dia, destroçados já Meus pés, encontro um menino, um pobre, que aceita um assento no banquete eucarístico. Almas queridas, é este desamor o que Me fere mortalmente. Quantos são os que vivem uma longa vida sem ter jamais saboreado as delícias de uma comunhão! A Hóstia é, no entanto, a herança, o céu antecipado e exclusivo dos homens.

Tenho sede de amor. Tenho sede abrasadora de ser amado neste Sacramento de amor. Tenho sede infinita de entregar-Me dia a dia a milhares de almas em Minha sacrossanta Eucaristia. Vinde, Meus preferidos, e compensai a ausência de tantos que menosprezam este dom supremo; comungai vocês com comunhão reparadora; deem vós o amor que Me negam; estreitai-Me em nome dos que fogem de Meus braços; aprisionai-Me, fazei-Me todo vosso, em desagravo da culpada ausência de inumeráveis filhos que, atordoados pelo mundo, esquecem que neste Tabernáculo está seu Deus, sob as aparências do Maná sacramentado. Mais do que vosso alento, mais do que vosso sangue, bem mais do que 
vossa alma, Eu, Jesus-Eucaristia, quero ser eternamente vosso. Oh! Vinde sem mais demora, Vinde depressa ante Meu altar e prometei-Me sempre o grande consolo da comunhão reparadora, muito frequente. Sereis insensíveis a meu amor e a meus lamentos? Filhos Meus, respondam-Me... 

(Pausa) 

(Um Deus está bebendo de nossos lábios; respondamos-Lhe com paixão da alma) 

As almas 

Como a corça sedenta procura a fonte das águas, assim, apaixonados pelo Vosso Coração, lançamo-nos a Vós, ó Fonte! Ó Vida! Ó Paraíso, Jesus-Eucaristia! Não é uma mera palavra, Senhor, não: é uma solene promessa a que fazemos nesta Hora Santa, a de viver de Eucaristia em desagravo da ausência dolorosa de tantos filhos Vossos que jamais comungam. Aceitai, pois, nossa prece e, nesse altar, sorri, consolado, ó amável Prisioneiro do Sacrário! Vem... Nós Vos Adoramos, Jesus, neste querido Sacramento. 

(Todos, em voz alta) 

Inflamai nossas almas de sede de Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de amor. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de doçura. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento santificador. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de fortaleza. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de consolo. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de divina esperança. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de vida eterna. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de suavidade infinita. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de paz inefável. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de luz. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de celestiais delícias. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento, oferenda de glória inacessível. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 

(Pausa) 

(Não esqueçais: o que acabamos de dizer não é uma palavra que se desvanece com o entusiasmo de um momento: é uma resolução; é uma grande promessa de comungar com suma frequência em espírito de desagravo). 

Jesus 

Segunda Petição: a Celebração de Todas as Primeiras Sextas-feiras 

Vosso amor ardoroso Me alenta. Sinto-Me reconfortado com vossa promessa, e já que ela é tão fervorosa e sincera, atendei ainda, filhos de Meu Coração, um segundo pedido de vosso Deus e Mestre. Quero que Me dediqueis um dia de especial consolo. Quero sentir-vos nele mais perto de Meu Coração Divino; em beneficio vosso, quero acumular-vos nesse dia privilegiado daquelas graças que reservo aos muito fiéis, aos muito que são Meus. Que esse dia de amor e de zelo, de reparação e de consolo, seja a primeira sexta-feira. 

Dedicai-Me este dia com especial carinho, celebrai-o em Meu louvor com particular fervor. Sim, vós todos, que Me compreendeis melhor do que o mundo. Vinde cada primeira sexta-feira à comunhão, vinde visitar-Me, com o amor dos serafins, em Minha Santa Eucaristia, e tomai aí o assento de João, Meu predileto, e falai-Me aí as palavras de Margarida Maria, Minha venturosa confidente. E depois, em silêncio, recolhidos ante o altar, procurando o calor do Meu peito, postos a alma e os lábios na ferida de Meu lado, falai-Me de tudo o que vos aflige e interessa, nomeai-Me aos que amais e que não Me amam, contai-Me vossas ambições de santidade e vossas misérias, confiai-Me vossas amarguras, dizei-Me tudo, tudo.

A primeira sexta-feira será dia de graça até a consumação dos tempos; dia de grande misericórdia.Recolhei-a superabundante para o lar querido, para os pecadores; ah! E neste dia pedi-Me especialmente pelos Meus sacerdotes e apóstolos, rogai por eles, que sejam santos e que santifiquem as almas que lhes confiei. E agora, escutai: Vou dar-vos Minha palavra em garantia de uma infinita recompensa: 'No excesso de Minha misericórdia, prometo-vos, a todos os que comungueis nove primeiras sextas-feiras consecutivas, a graça da penitência final; se isto fazeis, não morrereis em Minha desgraça, nem sem receber os Sacramentos, e, em vossa última hora, encontrareis asilo seguro em Meu Divino Coração' Que respondeis amados Meus a esta palavra que esgota a Minha onipotência, entregando-vos, para o tempo e a eternidade, meu Coração? 

(Pausa) 

(Ainda que nem no céu poderemos pagar tanta generosidade, comecemos ante o altar nossa eterna ação de graças. Falemos a Jesus com palavras de fogo) 

As almas 

Ó, Jesus, por cumprir com o dever de Vos amar, Vós nos podeis oferecer o céu, pois sois Deus. Mas nós, pobrezinhos, que podemos dar-Vos em troca de haver-nos amado gratuitamente e até o excesso da Cruz e da Eucaristia? Quem dera, Jesus, termos neste instante os incêndios de São João, de Madalena e de São Pedro; os heroísmos de holocausto de Margarida Maria, e a caridade incomparável de Vossa Mãe, para saciar- nos de amar, para enlouquecer de amar, para morrer de amor entre as chamas de Vosso 
doce e adorável Coração.

Pedi-nos, Senhor, a celebração de um dia. Quereis que consagremos em especial as primeiras sextas-feiras. Sim, Jesus, ó, sim! Todas elas serão Vossas: da alvorada até o anoitecer, em cada batida de nossos corações haverá para Vós uma palavra, um afeto, um suspiro de gratidão e de consolo. Não Vos pedimos, Mestre muito amado, senão uma graça, que sigais sendo benigno e paciente em suportar-nos, não obstante as muitas e constantes misérias de nossa vontade, tão frágil. Tende piedade, Senhor! Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 

(Todos, em voz alta) 

Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nos desmaios do coração, ao sentir que nos esfriamos em Vosso amor... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nas inevitáveis tentações em que desfalece e vacila nossa fé.. 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nas fadigas que sustentam uma vida de luta e de incessante sacrifício... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, na exasperação que produzem as grandes e cruéis dores da vida... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nos desalentos que provocam certos desenganos dolorosos e inteiramente inesperados... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nas horas de perplexidade, na angústia de uma penosa incerteza... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, à nossa casa para suavizar pesares íntimos e desgraças que ninguém pode remediar... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, como o Bom Samaritano, ao leito de um enfermo da alma, que precisa de Vossa grande misericórdia... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando, enfim, Vos chamamos, Jesus, em nossa última hora para dar-Vos, na Hóstia Divina, nosso último abraço na terra, vinde sem demora, trazendo-nos a vida eterna... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 

(Breve pausa) 

E como nos pedistes, Senhor, queremos rogar por Vossos sacerdotes, pelos ministros de Vosso altar e Vossos apóstolos. Dai-lhes, amado Salvador, a luz de uma fé muito viva. Dai a eles o dom de uma caridade sem limites. Dai a eles o tesouro de uma humildade a toda prova. Dai a eles, Jesus, resolução de santidade e paixão, zelo ardente por Vossa glória. E já que a messe é grande, aumentai, Jesus, os seguidores realmente santos do campo de Vossa Igreja, e enviai à Vossa messe operários segundo o Vosso Coração. 

(Pedi pelo Soberano Pontífice e oferecei as boas obras da Primeira Sexta-feira de manhã, em especial pela verdadeira santificação dos sacerdotes. E que siga Jesus revelando-nos os Seus desejos; Sua voz, que extasia os anjos do Santuário, assinala-nos um caminho para o Seu Coração. Ouçamo-lO! 

(Pausa) 

Jesus 

Terceira Petição: a Hora Santa 

Todos os que estais aqui, todos vós Me sois particularmente queridos. Vossas almas apaixonadas e compassivas Me ofereceram mel e néctar na hora mais horrenda e angustiante de minha Paixão: em minha agonia do Getsêmani! Eu vos vi então, entre as sombras do Horto. Vós Me amais, ó sim! Amais-Me, certamente, bem mais do que tantos outros irmãos vossos. E por isto tendes um direito maior à minha confiança: sois tão meus ao compartilhar os tédios, abandonos e as torturas de Meu Coração agonizante na Hora Santa! Que consolo imenso Eu sinto ao ver que não se perdeu no esvaziamento a súplica que fiz à minha Esposa Margarida Maria, quando lhe pedi esta hora de intimidade amorosa, em petição de meu reinado e pela conversão dos pobres pecadores! 

Fazei-Me sempre esta guarda de honra e de desagravo. Amai-Me, orai, velai comigo, lavrai meu triunfo na Hora Santa. Fazei-a sempre, fazei-a com fervor de caridade, fazei-a com amor de sacrifício. Quereis abandonar-Me na hora das traições, no momento de saborear o mais amargo de Meu cálice? Não tenho de chamar a legião dos anjos, não: quero chorar o sangue de Minhas veias, rodeado por Meus redimidos, sustentado entre os braços de Meus amigos fidelíssimos. Meu Coração ferido, Meu Coração que chora, o Coração agonizante de vosso Irmão Primogênito, é herança vossa, que não vos será jamais arrebatada, Jamais! Fazei-Me, pois, Cativo vosso na Hora Santa; encadeai-Me a vossas almas, e levai-Me prisioneiro a vossas casas. Para isso vos chamei, amados Meus; com esse objetivo chegastes ante este altar. Avançai! Eu sou Jesus de Nazaré. Aqui tendes as Minhas mãos, Meus pés... Encadeai-Me com gestos de amor. Aqui tendes, tomai Meu Coração: encerrai-o para sempre nos Vossos. E agora, consoladores Meus, que mais quereis, que mais pedis? 

(Todos respondem em voz alta)

Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Esqueceis então vossos interesses terrenos? Que quereis que vos dê, como suprema recompensa? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Não quereis bens temporários de fortuna ou de saúde? Falai-me, que pedis em troca desta Hora Santa? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Filhinhos Meus, tão amados, vossa generosidade me comove profundamente. Não temais; dizei, que posso dar-vos, que tesouro pedis em galardão por vosso generoso esquecimento de si? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Essa é, almas queridas, a linguagem dos santos. Com ela me vencestes. Falai, pois; dizei o que solicitais sem mais demora... 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Ao responder-Me assim vos abandonais sem reserva em Meus braços. Aqui tendes o Meu Coração; disponde Dele. Expressai-Lhe qual é vosso íntimo desejo... 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Mas em tantas penas e dissabores da terra, no desengano do amor das criaturas, não tendes alívio e consolo que pedir-Me? Que alívio, que bálsamo quereis que vos dê? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
E por esse grande desejo de amar-Me, por essa ânsia de dar-Me imensa glória, que pagamento antecipado de justiça Me reclamais aqui na terra? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Procurei consoladores e os encontrei em espírito e em verdade. Mas na hora de vossa agonia, quando estejais já por despedir-vos da terra, que Me pedis por ter consolado na Hora Santa a vosso Deus em sua agonia? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 

(Oferecei ao Sagrado Coração fazer durante toda a vossa vida o belíssimo exercício da Hora Santa, e prometei propagar esta prática salvadora) 

(Pausa) 

Jesus 

Quarta Petição: o Culto ao Seu Coração Divino 

Os inimigos vos cercam, a tempestade vos açoita com furor, filhinhos Meus, a tempestade daquele abismo em que se amaldiçoa a Mim e em que se condenam, com infortúnio eterno, os que quiseram lutar sem os auxílios de Minha graça. Ruge violento e cresce esse furacão, imerso em cólera satânica, que procura a morte das almas. Mas não temais, pois Eu venci ao mundo e o inferno. Ficai em paz. Trago-vos agora um sinal seguro de bonança. Uma certeza de vitória: Meu Coração Divino! Caí de joelhos e tremendo de amor imenso, aceitai-O primeiro. E depois adorai-O, sim, adorai-O pois é o Coração de vosso Deus e Salvador, que vos amou até a loucura do Calvário e da Hóstia.

Suas palpitações de misericórdia e de perdão são as palavras. São os gemidos com que vos suplica que O ameis acima de todas as coisas do céu e da terra. E por Sua cruz e pelos Seus espinhos que O coroa e, sobretudo, pela larga e sangrenta ferida que O tem lacerado, conjura-vos que lhe deis imensa glória. Que O façais conhecer e amar por tantos infelizes, que precisam desta fonte milagrosa de ressurreição.

(Lento e cortado) 

Vinde, pois, os desterrados de um paraíso terreno. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis a paz da alma que almejais. Vinde os enganados pelas miragens de um deserto sempre traiçoeiro. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis as santas realidades de Meu amor, que mata toda sede. Vinde os peregrinos de um caminho, rodeado de abismos de erro e de infortúnio. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis consolos e esperanças, que vos reserva um Deus, que é todo caridade. Vinde os infortunados da vida, que sois tantos, os decepcionados do dinheiro e do apreço dos homens. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis luz, calma e delícias ignoradas, no meio de todos os desânimos.

Vinde, vinde logo, Vós que tendes amargurada a alma nos prazeres envenenados da terra, não demoreis; entrai em Meu lado em plena juventude; entrai nele, no entardecer da existência; entrai, não saiais, senão na última hora da vida. E encontrareis aí, recobrando para sempre, um paraíso de eterna paz e de amor eterno. Vinde! São Longuinho (o soldado) abriu as portas de Meu Coração. Eu rasguei mais ainda essa ferida redentora. E chamo os justos, os pecadores, os ingratos, os afligidos e lhes ofereço, nessa chaga, a todos, uma mansão da felicidade eterna. Quem se consagra ao amor de Meu Coração, terá a vida! 

(Pausa) 

As almas 

Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes a vitória aos que combatessem com o lábaro de Vosso Sagrado Coração... 

(Todos, em voz alta) 

Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes a paz aos lares que entronizaram com amor a imagem de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes converter os mais empedernidos pecadores com a misteriosa força de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes santificar as almas dos bons que se consagraram com fé viva ao Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes adoçar as penas das almas afligidas que reclamassem os consolos de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes desfazer o gelo da indiferença religiosa, inflamando o mundo nos ardores de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai, sobretudo, que oferecestes fazer dormir entre Vossos braços, em sonho de aprazível e santa morte, os amigos, os consoladores e os apóstolos do Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 

(Se tiverdes alguma intenção particular importante e grave, apresente-a) 

Jesus 

Quinta Petição: o Estabelecimento de uma Festa Soleníssima em Honra ao Seu Sagrado Coração) 

Sabeis, filhos de Meu Coração, por que vos amo tanto e por que Me inclino, com maravilhoso transbordamento de ternura a vós? Ah! Ouvi-Me: por causa da vossa pequenez e miséria, porque a vossa orfandade, pobreza e infortúnio, devo ao vosso irmão... Jesus! O abismo do vosso nada e da vossa culpa atraiu o da Minha misericórdia, e para ele e por ele foi criado assim, de carne, como o vosso, Este Coração que é todo ternura e infinita piedade. Era preciso, pois, que os meninos, os pobres, os tristes, os desamparados, os rejeitados da terra e Este vosso Salvador tivéssemos um dia próprio, um dia grande e único, um dia de regozijos celestiais, em que celebraríamos nossa eterna união por nosso casamento eterno. 

Esse dia incomparável será a sexta-feira seguinte à oitava de Corpus, e será chamado o dia de Meu Sagrado Coração. É Minha vontade que seja esta a grande festa da terra, a festa genuína dos mortais, dos que sofrem, dos que vivem comigo no deserto: vossa festa, filhinhos Meus! Celebrai nessa sexta-feira a grande Páscoa de Minhas misericórdias; celebrai a conquista de uma terra ingrata com as lágrimas e o perdão de vosso Deus. Cantai a Mim nesse dia regozijos de alegria. Cantai a Mim, Rei amável de vossos lares. Ah, sim: cantai a Mim, triunfador da paz e da humildade pelas inesgotáveis ternuras de Meu benigno Coração! 

(Pausa) 

(Prometei celebrar, com íntimo regozijo, ante o altar e em vossos lares, como festa de família, a grande festa do Sagrado Coração) 

As almas 

Oh, sim! Jesus. Queremos cantar agora em Sião, aqui na terra, um hino de ação de graças, um cantar de Eucaristia, que os anjos não saberiam entoar a Vós, porque nem pecaram, nem sofreram. Nem jamais comungaram. Nós, os perdoados, banhados em pranto de amargura e de reconhecimento, queremos dizer-Vos, com os discípulos de Emaús, ao terminar esta Hora Santa e feliz: Ficai conosco, Coração de Jesus! 

(Todos, em voz alta) 

Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos pecadores resgatados. E quando nossa fraqueza e as tentações queiram expulsar-Vos da consciência destes filhos Vossos, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos tristes consolados. E quando o tentador de inevitáveis penas venha a ferir-nos cruelmente, com licença Vossa, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos pobres fortificados em Vossa esperança. E quando as asperezas da vida a façam cansada e muito penosa, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos desvalidos, alentados por Vossas promessas. E quando a terra nos brindar seus frutos naturais de espinhos, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos decepcionados, felizmente alumiados por Vossa graça. E quando a ingratidão nos despedaçar a alma e nos desenganar das criaturas, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos caídos e enfermos, regenerados por Vossa caridade. E quando nossas fragilidades queiram arrastar-nos à morte, não nos deixe, Mestre ! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, por tantos moribundos redimidos salvos na última hora. E quando a agonia nos advirta que se aproxima à hora da justiça inexorável, ó não nos deixe, Redentor e Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 

Sim, ficai nesse instante de supremo pesar, quando desaparecerem todas as ilusões mentirosas da terra, ao resplendor pavoroso de um tribunal infalível e inapelável. Ah, para essa hora Vos damos procuração, Jesus, recordamo-Vos, desde agora, Vossas promessas, e Vos suplicamos que leiais nossa sentença decisiva naquele livro de amor em que escrevestes, segundo a Vossa palavra, nossos nomes; sentenciai-nos com a benignidade e a ternura de Vosso doce Coração! 

Pai Nosso e Ave Maria, pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria, pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria, pedindo Reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino!

Invocação para a Agonia 


Amado e Divino Agonizante do Getsêmani, Jesus Sacramentado, tenho aqui as testemunhas fidelíssimas de Vosso pesar mortal do Horto, que vêm em demanda de uma graça suprema aos consoladores e apóstolos de Vosso entristecido Coração. Senhor, não Vos pedimos saúde, tesouros, nem uma longa vida; suplicamos-Vos que, na dor mortal da agonia, estendei-nos os braços, mostrai-nos a chaga aberta do lado e, ao morrer, nos deixeis exalar, Jesus, o último suspiro de amor, de adoração e de desagravo na ferida celestial de Vosso Sagrado Coração.



Quando nessa hora de recordações se apresente, à nossa mente, a infância, a juventude, a vida inteira com todas suas fraquezas, Jesus amado, recordai-nos Vossas promessas, assinaleis a ferida abrasadora do lado, nos revelais Vosso Coração para aquietar aos que agonizam e aos que, nesse momento decisivo, queremos uma âncora segura e desejamos abraçar Vossa Cruz, pedir-Vos perdão entre gemidos, chamar Santa Maria em nosso socorro e balbuciar Vosso nome! Se nossos lábios não puderem pronunciar Vosso Nome; Vós, Jesus, que trocastes Vossa vida por nossas vidas; Vós, que nos abraçastes na mesa da comunhão; Vós, que nos sorristes consolado na Hora Santa, aproximai-Vos dulcíssimo, oferecendo-nos a ferida abrasadora do Vosso lado, revelando-nos Vosso Coração para aquietar os que agonizamos. 

Lembrai-Vos Jesus de quanto quisemos amar-Vos e não de nossas indiferenças... 
Lembrai-Vos de quanto oramos para salvar almas para Vós, e não de nossos pecados... 
Lembrai-Vos de nossos desejos em entronizar-Vos, como Rei de amor, e não de nossas ingratidões... 
Lembrai-Vos que nossos nomes os escrevestes aí onde ninguém jamais poderá apagá- los... 


Não Vos pedimos gozos da terra, nem afagos de glória, nem amor humano. Suplicamo-Vos que, na hora mortal da agonia, mostrai-nos a chaga aberta do lado e nos deixeis, Jesus, exalar o último suspiro de amor, de adoração e de desagravo na ferida celestial de Vosso Sagrado Coração. Agora e na hora de nossa morte: Venha a nós o Vosso reino! 


Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Dezembro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)