quarta-feira, 9 de abril de 2014

SÃO FRANCISCO DE SALES E AS ALMAS DO PURGATÓRIO


1 – As almas vivem ali uma contínua união com Deus.

2 – Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.

3 -Purificam-se de forma voluntária, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4 – Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5 – São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 – Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7 – São consoladas pelos anjos.

8 – Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9 – As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10 – Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11 – O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.

(Ensinamentos de São Francisco de Sales sobre o Purgatório, excertos da obra 'O Breviário da Confiança', de Mons. Ascânio Brandão)

terça-feira, 8 de abril de 2014

A FÉ EXPLICADA (XIII)

Podem existir várias religiões que sejam igualmente boas?

Não; porque não pode haver senão uma única religião verdadeira. Assim como não existe mais que um único Deus, não há mais que uma única forma verdadeira de honrá-lo; e esta religião obriga todos os homens a conhecê-la.

1. Uma religião, para ser boa, deve agradar a Deus. Mas como Deus é a verdade, uma falsa religião não poderia agradá-lo, Ele não poderia aprovar uma religião fundamentada na mentira e no erro.

2. Não pode existir mais que uma única verdadeira religião,  pois a religião é o conjunto de nossos deveres para com Deus; e estes deveres são os mesmos para todos os homens. E, de fato, esses deveres surgem a partir das relações entre a natureza de Deus e a natureza do homem. Mas como a natureza de Deus é uma só, e a natureza humana é a mesma em todos os homens, é evidente que os deveres têm de ser os mesmos para todos. Portanto, a verdadeira religião tem de ser única e não pode ser múltipla. As formas sensíveis de culto podem variar; a essência do culto, não.

3. Toda religião compreende três coisas: dogmas de fé, uma moral a ser praticada e um culto de adoração a Deus. Se duas religiões são igualmente verdadeiras, elas terão de ter os mesmos dogmas, a mesma moral, o mesmo culto e, então, não serão distintas.

Se são distintas, somente podem ser por ensinar doutrinas diferentes em relação a uma dessas matérias; neste caso, já não são igualmente verdadeiras. Por exemplo, pergunta-se 'Jesus Cristo é Deus?' 'Sim', diz um católico. 'Pode ser', diz um protestante racionalista. 'Não', contesta um judeu. 'É um profeta como Maomé', acrescenta um turco... Estes quatro homens não podem estar todos certos; obviamente, um único manifestou a verdade. Então, as religiões que admitem ainda que uma única verdade dogmática diferente, não podem ser igualmente verdadeiras.

O que dissemos do dogma, afirma-se também à moral: não existe mais que uma única moral, uma vez que esta deve estar firmada na mesma natureza de Deus e do homem, que não mudam. O mesmo deve ser dito do culto, ao menos em suas práticas fundamentais.

Quando os protestantes dizem: 'nós servimos o mesmo Deus que os católicos e logo, a nossa religião é tão boa quanto a deles', contestamos: 'certamente você adoram o mesmo Deus, uma vez que Ele é único, porém não O adoram da mesma forma que nós, não O adoram como Ele quer ser adorado. Eis aí a diferença ... Deus é o Senhor , e o homem deve submeter-se à Sua Vontade.

Aqueles que dizem que todas as religiões são boas, não vêem na religião mais que um tributo em homenagem a Deus, e pensam equivocadamente que qualquer tributo a Ele é valoroso. Esquecem que a religião encerra verdades para serem acreditadas, deveres a serem cumpridos e um culto a ser praticado. E, obviamente, não podem existir várias religiões com crenças contraditórias e práticas antagônicas, porque a verdade é uma só, e Deus não pode aprovar o erro.

Primeira Objeção: Todas as religiões são boas.

Acaso todas as moedas são iguais? Não se tem que distinguir entre as verdadeiras e as falsas? O mesmo se sucede com a religião. Como as moedas falsificadas pressupõem a moeda verdadeira, da qual não são mais do que imitações criminosas, da mesma forma, as falsas religiões pressupõem uma religião verdadeira.

Se todas as religiões são boas, então se pode ser católico em Roma, anglicano em Londres, protestante em Genebra e muçulmano em Constantinopla muçulmano, idólatra em Pequim e budista na Índia. Não é isso ridículo? Não se trata de afirmar que o sim ou o não são igualmente verdadeiras no mesmo caso? Dizer que todas as religiões são boas é um absurdo palpável, uma blasfêmia contra Deus, um erro fatal para o homem. 

1. Um absurdo. É verdade que, nas diferentes religiões, existem algumas verdades que são aceitas por todos, tais como: a existência de Deus, a espiritualidade da alma, vida após a morte, com as recompensas e as punições eternas. Mas elas se contradizem em outros pontos fundamentais. O católico, por exemplo, argumenta que a missão da Igreja é explicar a palavra de Deus contida na Bíblia, ao passo que o protestante afirma que todo cristão deve interpretar por si mesmo a palavra divina e forjar uma religião à sua própria maneira ...

Poderíamos citar indefinidamente as diferenças conflitantes entre as várias religiões. Mas é claro que duas coisas contraditórias não podem ser verdadeiras, porque a verdade é única, como Deus, e não pode se contradizer. Se a Igreja recebeu de Cristo a missão de explicar a Bíblia, não cabe à vontade de cada cristão interpretá-la à sua maneira ... É um absurdo dizer que o sim e o não podem ser igualmente certos sobre o mesmo ponto. Mas, como o que não é verdadeiro, não é bom, porque a mentira e o erro de nada valem, devemos concluir que não podendo ser verdadeiras todas as religiões, todas as religiões não podem ser igualmente boas. Se alguém chega a conhecer a religião católica, importa ser absolutamente necessário, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.

2. Uma blasfêmia contra Deus. Dizer que todas as religiões são boas, não se trata somente de contradizer o senso comum, mas blasfemar contra Deus. É tomar a Deus por um ser indiferente à verdade e ao erro. Supõe-se que Deus possa amar, com amor igual, ao cristão que adora o seu Filho Jesus Cristo e ao maometano, que O insulta; que deve amar igualmente o Papa, que condena a heresia , e a Lutero, Calvino e Henrique VIII, que se rebelaram contra a Igreja; que abençoe o católico que adora Jesus Cristo presente na Eucaristia, e sorria para o calvinista que zomba desse mistério ... Atribuir a Deus semelhante conduta é negar seus atributos divinos, isto é, é tratar a mentira como verdade, o mal como o bem, e aceitar, com a mesma complacência, o culto e o insulto ... Não é isto uma blasfêmia estúpida?

3. Um erro fatal para o homem. Para alcançar a felicidade eterna, o homem deve seguir o caminho até ela e somente a verdadeira religião é o caminho que conduz ao Céu. Não é uma grande desgraça errar o caminho? ... E se, ao menos, ao término da jornada, se pudesse refazer os passos! ... Mas se se erra pela própria culpa, ter-se-á perdido por toda a eternidade. A indiferença, de se proclamar que podem ser seguidas igualmente todas as religiões, pretende alijar o homem da religião verdadeira, do único meio de  alcançar sua meta. É, portanto, um erro fatal.

Segunda Objeção: Um homem honesto não deve mudar de religião e deve seguir a religião de seus pais. 

Cada um pode e deve seguir a religião de seus pais, se esta religião for verdadeira; mas se for falsa, tem a obrigação de renunciar a ela para abraçar a verdadeira. Assim, quando se tem a boa dita de nascer sob a verdadeira religião, não se precisa realmente de mudar suas crenças; e deve-se estar pronto para derramar até a última gota de sangue antes de se apostatar dela. Porém, quando não se teve a boa fortuna de nascer sob a verdadeira religião, e se vem a conhecê-la, é absolutamente imperativo, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.

O dever mais sagrado do homem é seguir a verdade desde o instante que a conhece: antes de tudo, temos de obedecer a Deus. Abandonar a falsa religião para seguir a verdadeira é acatar a Vontade de Deus e, portanto, cumprir o mais sagrado dos deveres. Certamente nada merece tanto respeito quanto as crenças de nossos pais; mas este respeito tem os seus limites, os limites da verdade. Ninguém está obrigado a copiar os defeitos dos pais. Se os pais são ignorantes, é necessário por acaso que, por respeito, os filhos permaneçam ignorantes como eles? A salvação é uma questão pessoal, individual, da qual cada um é responsável diante de Deus .

As razões pelas quais se negligencia abraçar a verdadeira religião são: o respeito humano, os interesses temporais e o desejo de seguir as próprias paixões; mas, obviamente, essas causas são ruins em si e devem, portanto, ser sacrificadas para fazer cumprir a Vontade de Deus e salvar a alma.

(Excertos da obra 'La Religión Demostrada', de P. A. Hillaire)

domingo, 6 de abril de 2014

'EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA'


Páginas do Evangelho - Quinto Domingo da Quaresma

Há tantas belas lições a serem consideradas no Evangelho deste Quinto Domingo da Quaresma! Tomemos algumas delas e situemos no tempo e no espaço o desenrolar dos acontecimentos deste evento extraordinário da ressurreição de Lázaro: 'Lázaro, vem para fora!' (Jo 11, 43). Jesus frequentava, com alguma periodicidade, a propriedade dos irmãos, Lázaro, Marta e Maria, e sentia por eles especial predileção. E, diante da doença do irmão e das súplicas das duas irmãs, aparentemente vai ser movido por uma indiferença inexplicável: 'Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava' (Jo 11,6). E, que assombro não teria tomado Marta e Maria diante da morte do irmão e da resposta de Jesus aos enviados delas: 'Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela' (Jo 11, 4).

As nossas aflições e sofrimentos expressam em nós e por nós a manifestação da glória de Deus. Como almas aflitas, imploramos a misericórdia de Deus diante do infortúnio, da doença, do sofrimento, da dor. Como Marta e como Maria. A resposta de Deus não segue a direção do apelo humano;  reverbera nos Céus e encontra eco nos imponderáveis desígnios de Deus que paga um bem com bem infinito, confiança com graças infinitas, a oração contrita e humilde com infinita misericórdia! Jesus não vai apenas curar a doença de Lázaro, vai ressuscitá-lo e, com isso, converter muitos outros e torná-lo, assim, muito acima da doença, um instrumento maior da glória de Deus.

Nossa oração de aflitiva comoção deve ser humilde, confiante, perseverante, fervorosamente despojada na misericórdia do Pai. Como Marta e Maria, podemos ficar sucumbidos pela dúvida e pela inquietação diante o sofrimento: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido' (Jo 11, 21). E comovido profundamente e movido de compaixão, 'Jesus chorou' (Jo 11, 35). Nesta pequena oração do Evangelho, perpassa todo o amor do Coração de Infinita Misericórdia de Nosso Senhor. Jesus chora e se comove com Lázaro, Jesus chora e se comove com todos os seus filhos, e será capaz de operar portentosos milagres para buscar, seja onde for, uma ovelha perdida.

Quando Lázaro sai do túmulo, não é o Lázaro enterrado há quatro dias, ainda que totalmente enfaixado e sem possibilidade humana de se locomover por si mesmo. Lázaro se move pela glória de Deus, Lázaro retorna da morte para a glória de Deus, muitos outros (não todos, pela inacreditável soberba humana) creram para a glória de Deus, manifestada por Jesus naquele dia com palavras de vida eterna: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais' (Jo 11, 25 - 26). 

sábado, 5 de abril de 2014

O SERMÃO DA QUARESMA

'Há muitas batalhas dentro de nós: a carne contra o espírito, o espírito contra a carne. Se, na luta, são os desejos da carne que prevalecem, o espírito será vergonhosamente rebaixado de sua dignidade própria e isto será uma grande infelicidade; de rei que deveria ser, torna-se escravo.

Se, ao contrário, o espírito se submete ao seu Senhor, põe sua alegria naquilo que vem do céu, despreza os atrativos das volúpias terrestres e impede o pecado de reinar sobre o seu corpo mortal, a razão manterá o cetro que lhe é devido de pleno direito, nenhuma ilusão dos maus espíritos poderá derrubar seus muros; porque o homem só tem paz verdadeira e a verdadeira liberdade quando a carne é regida pelo espírito, seu juiz, e o espírito governado por Deus, seu Mestre.

É, sem dúvida, uma preparação que deve ser feita em todos os tempos: impedir, por uma vigilância constante, a aproximação dos espertíssimos inimigos. Mas é preciso aperfeiçoar essa vigilância com ainda mais cuidado, e organizá-la com maior zelo, nesta época do ano, quando nossos pérfidos inimigos redobram também a astúcia de suas manobras.

Eles sabem muito bem que esses são os dias da santa Quaresma e que passamos a Quaresma castigando todas as molezas, apagando todas as negligências do passado; usam então de todo o poder de sua malícia para induzir em alguma impureza aqueles que querem celebrar a santa Páscoa do Senhor; mudar para ocasião de pecado o que deveria ser uma fonte de perdão.

Meus caros irmãos, entramos na Quaresma, isto é, em uma fidelidade maior ao serviço do Senhor. É como se entrássemos em um combate de santidade.

Então preparemos nossas almas para o combate das tentações e saibamos que quanto mais zelosos formos por nossa salvação, mais violentamente seremos atacados por nossos adversários. Mas Aquele que habita em nós é mais forte do que aquele que está contra nós. Nossa força vem d’Aquele em quem pomos nossa confiança.

Pois se o Senhor se deixou tentar pelo tentador foi para que tivéssemos, com a força de seu socorro, o ensinamento de seu exemplo. Acabaste de ouvi-Lo. Ele venceu seu adversário com as palavras da lei, não pelo poder de sua força: a honra devida a sua humanidade será maior, maior também a punição de seu adversário se Ele triunfa sobre o inimigo do gênero humano não como Deus, mas como homem.

Assim, Ele combateu para que combatêssemos como Ele; Ele venceu para que também nós vencêssemos da mesma forma. Pois, meus caríssimos irmãos, não há atos de virtude sem a experiência das tentações, a fé sem a provação, o combate sem um inimigo, a vitória sem uma batalha. 

A vida se passa no meio das emboscadas, no meio dos combates. Se não quisermos ser surpreendidos, é preciso vigiar; se quisermos vencer, é preciso lutar. Eis porque Salomão, que era sábio, dizia: 'Meu filho, quando entras para o serviço do Senhor, prepara a tua alma para a tentação' (Ecl. 2,1).

Cheio da sabedoria de Deus, sabia que não há fervor sem combate laborioso; prevendo o perigo desses combates, anunciou-os de antemão para que, advertidos dos ataques do tentador, estivéssemos preparados para aparar seus golpes.'


(Dos Sermões de São Leão Magno)

REVELAÇÕES DE JESUS À SANTA GEMMA GALGANI


'Minha filha, quanta ingratidão e maldade há no mundo! Os pecadores vivem aferrados aos seus pecados com teimosa obstinação e meu Pai não suporta mais. As almas covardes e débeis não impõem qualquer esforço para dominar a sua carne; as almas atribuladas se desorientam e se desesperam; e as fervorosas se entediam cada vez mais ... meus servidores do santuário ... a indiferença cresce a cada dia e ninguém se corrige. 

Do Céu derramo graças e mais graças sobre todas as criaturas; sobre a Igreja, luz e força; sobre a sua Cabeça, força e poder, sabedoria e firmeza; às almas que me devem seguir, graças de todos os tipos aos justos e até mesmo aos pecadores ocultos em suas mais tenebrosas masmorras; até mesmo ali envio a minha luz e mesmo ali toco os seus corações no esforço de convertê-los... E o que eu ganho com tudo isso? Que resposta recebo de minhas criaturas, que eu tenho tanto amado? A ninguém interessa mais o meu amor, meu coração está esquecido, parece que eu nunca tive amor por eles, que eu nunca sofri por eles, que sou para eles um desconhecido. 

Meu coração está cheio de tristeza, estou praticamente sozinho nas igrejas, e muitos vêm a elas por bem diferentes razões, e Eu tenho que resignar-me a ver a minha igreja convertida em lugar de dissipação. Há muitos que, com aparências hipócritas, me atraiçoam com comunhões sacrílegas'.

Jesus se mostrava muito comovido; detendo-se por um momento, prosseguiu docemente:

'Minha filha, tenho sede de almas que ofereçam ao meu coração um conforto diante da dor que me causa um sem número de criaturas. Tenho necessidade de vítimas, de vítimas fortalecidas. Para apaziguar a justa ira de meu Pai do Céu, preciso que se apresentem almas cujos sofrimentos, tribulações e incômodos superem a maldade e a ingratidão dos pecadores.

Ah, se eu pudesse mostrar a todos quão indignado está com o mundo o meu Pai Celestial! Nada é capaz de conter a sua ira! Um espantoso castigo está preparado contra a raça humana! Quantas vezes tenho buscado aplacar a sua ira! Mas agora, nem a visão da minha cruz, nem o calvário dos meus sofrimentos são suficientes  para deter o seu braço... 

Em outros tempos, Eu o apaziguava apresentando a Ele algumas almas muito queridas, vítimas generosas de verdade. Suas penitências, suas tribulações e seu atos heroicos eram suficientes para conter sua ira; mas agora, ao lhe mostrar novamente tais almas, Ele responde: "Não posso, não posso mais!". Como vê, minha filha, já não me servem mais essas almas, porque são muito poucas em número'. 

Em seguida, encarregou Santa Gemma de comunicar algumas recomendações ao seu Diretor Espiritual, para que fossem retransmitidas ao papa e continuou: 

'Meu Pai Celestial está profundamente indignado; mas garanto-lhe que se erguer em Lucca* uma nova casa de religiosas passionistas, seu coração ficará satisfeito e, crescendo o número de vítimas consagradas, posso apresentá-las a Meu Pai e apaziguar sua ira. Faça chegar este meu desejo a seu Diretor para que ele, ao ir a Roma, manifeste ao papa que me faltam vitimas consagradas para deter o grande castigo que ameaça a humanidade'.

* cidade italiana onde viveu a santa

(Excertos das 'Cartas e Êxtases de Santa Gemma Galgani' ao Pe. Germano Di San Estanislao, religioso passionista e Diretor Espiritual da santa)

PRIMEIRO SÁBADO DE ABRIL


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O DRAMA DO FIM DOS TEMPOS (V)

DOS ESCRITOS PROFÉTICOS DO Pe. R. P. EMMANUEL 

QUINTO ARTIGO: OS PREGADORES DO ANTICRISTO (julho de 1885*)

I

Os livros santos, que entram em tantos detalhes sobre o homem do pecado, nos fazem conhecer um misterioso agente de sedução que lhe submeterá a terra. Este agente, ao mesmo tempo um e múltiplo, é, segundo São Gregório, uma espécie de corpo eS PREGADORES DO sinante que propagará por toda parte as perversas doutrinas da Revolução.

O Anticristo terá seus ajudantes de ordem e seus generais; possuirá um inumerável exército. Mal se ousa tomar ao pé da letra o número que São João nos dá falando de sua cavalaria (Ap 9, 16). Mas ele terá sobretudo a seu serviço falsos profetas como ele, iluminados do diabo, doutores de mentiras; inimigo pessoal de Jesus Cristo, macaqueará o divino Mestre, cercando-se de apóstolos ao contrário. Falemos então, segundo São João, destes doutores ímpios que chamaremos pregadores do Anticristo.

II

São João, no capítulo XIII de seu Apocalipse, descreve uma visão parecida com a de Daniel. Ele vê surgir do mar um monstro único, reunindo em si mesmo uma horrível síntese de todos os caracteres das quatro bestas vistas pelo profeta. Este monstro parece o leopardo; tem pés de urso, goela de leão; tem sete cabeças e dez chifres.

Ele representa o império do Anticristo, formado por todas as corrupções da humanidade. Ele representa o próprio Anticristo que é o nó de todo esse conjunto violento de membros incoerentes e díspares. Chega-se a ver o impostor, com o cortejo de cristãos apóstatas, muçulmanos fanatizados, judeus iluminados, que o seguirá por toda parte.

Ora, enquanto São João considerava esta Besta, viu uma das cabeças ferida de morte; depois a chaga mortal foi curada. E toda a terra se maravilhou com a Besta. Os intérpretes vêm nisto um dos falsos prodígios do Anticristo; um de seus principais ajudantes de ordem ou talvez ele mesmo, aparecerá ferido gravemente, acreditar-se-á que morreu, quando de repente, por um artifício diabólico, se recuperará cheio de vida. Esta impostura será celebrada por todos os jornais, muito crédulos nesta ocasião; o entusiasmo irá ao delírio.

'Então, continua São João, os homens adorarão o dragão que deu o poder à Besta, dizendo; quem é semelhante a ela, e quem poderá pelejar contra ela?' Assim, tanto o diabo será adorado como o Anticristo; e não será um duplo culto, o primeiro sendo adorado no segundo. São João nos faz assistir em seguida à perseguição contra a Igreja.

'E foi dada à Besta uma boca que proferia coisas arrogantes e blasfêmias; e foi-lhe dado o poder de fazer guerra durante quarenta e dois meses'. Esta é a mesma palavra de Daniel e designa o tempo da perseguição no seu paroxismo. Quarenta e dois meses, é justo três anos e meio.

'E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e os que habitam no céu'. 'E foi-lhe permitido fazer a guerra aos santos e vencê-los. E foi-lhe dado poder sobre toda tribo, e povo, e língua, e nação'. 'E adoraram-na todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, que foi imolado desde o princípio do mundo'. 'Se alguém tem ouvidos, ouça!'. 'Aquele que levar para o cativeiro, irá para o cativeiro; aquele que matar à espada, importa que seja morto à espada. Aqui está a paciência e a fé dos santos' (13, 3-11).

É assim que o apóstolo bem amado descreve a terrível perseguição. A todas as ameaças se juntam todas as seduções; disto resultará um fanatismo delirante que lançará o mundo inteiro aos pés da Besta. Mas todos os assaltos do inferno fracassarão diante da 'paciência e a fé dos santos'.

III

São João nos pinta em seguida o grande agente de sedução que dobrará os espíritos dos homens ao culto da Besta. 'E vi outra besta que subia da terra e que tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, mas que falava como o dragão'. 'E ela exercia todo o poder da primeira besta na sua presença; e fez que a terra e os que a habitam adorassem a primeira besta, cuja ferida mortal tinha sido curada'. 'E operou grandes prodígios, de sorte que até fez descer fogo do céu sobre a terra à vista dos homens'.


'E seduziu os habitantes da terra com os prodígios que lhe foi permitido fazer diante da besta, persuadindo os habitantes da terra que fizessem uma imagem da besta, que tinha recebido um golpe de espada e conservou a vida'. 'E foi-lhe concedido animar a imagem da besta, de modo que falasse; e forçar a todos os homens, sob pena de morte, a adorar a besta'. 'E fará que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tenham um sinal em sua mão direita, ou nas suas frontes; e que ninguém possa comprar ou vender, exceto aquele que tiver o sinal ou o nome da besta, ou o número de seu nome. 'É aqui que está a sabedoria. Quem tem inteligência, calcule o número da besta. Porque é número de homem; e o número dela é seiscentos e sessenta e seis' (Ap 13, 11-18).

Tal é a segunda parte da profecia de São João. São Gregório interpreta esta misteriosa passagem no sentido, como dissemos, de que o Anticristo terá seu colégio de pregadores e de apóstolos ao contrário. E esses doutores da mentira serão qualquer coisa como nossos sábios modernos, misto de mágico ou espírita. Eles terão a aparência do Cordeiro. Adotarão na aparência as máximas evangélicas de paz, de concórdia, de liberdade, de fraternidade humana; e debaixo dessas aparências propagarão o ateísmo mais desavergonhado.

Eles terão a aparência do Cordeiro. Apresentar-se-ão como agentes de persuasão, respeitosos para com as consciências; e depois, farão morrer entre tormentos aqueles que se recusarem a ouvi-los. 'Seus ouvintes', diz fortemente São Gregório, 'serão todos réprobos; sua tática, diz ele ainda, consistirá em proclamar que o gênero humano, durante as épocas de fé, estava mergulhado nas trevas; e saudarão o advento do Anticristo como a aparição do dia e o despertar do mundo' (Mor. in Job. lib. XXXIII).

Essas pregações serão apoiadas por falsos prodígios. Instruídos pelo diabo e por seu agente a respeito de segredos naturais ainda desconhecidos, os missionários do Anticristo espantarão e seduzirão as multidões com toda espécie de sortilégios; farão descer fogo do céu, e farão falar as imagens do Anticristo que terão erigido.

Mas isso não é tudo. Forçarão os homens, sob pena de morte, a adorar essas imagens falantes. Obrigarão os homens a levarem na mão direita ou na testa, o número do monstro. E aquele que não tiver esse número não poderá nem comprar nem vender. Aí aparece o terrível requinte da suprema perseguição. Aquele que não levar a estampilha do monstro estará por isso mesmo fora da lei, fora da sociedade, passível de morte. Mas não vemos desde o presente se desenhar alguns ensaios dessa tirania?

O que são todos esses mestres do ensino sem Deus, senão os precursores do Anticristo? A Revolução quer ter seu corpo ensinante, encarregado oficialmente de descristianizar a juventude, e de imprimir na testa de todos, pequenos e grandes, pobres e ricos, a estampilha do Deus-Estado. O ensino obrigatório e leigo não tem outro fim. Já se preparam leis para interditar a entrada nas carreiras públicas de quem não tenha recebido a assinatura das escolas do Estado. No dia em que essas leis abomináveis passarem, pode-se pôr luto pela liberdade humana. Estaremos sob uma tirania sombria, sufocante, infernal. O Anticristo poderá chegar.

Esperemos, a consciência pública é ainda bastante cristã e não suportará tal tortura. Também procura-se, de todas as maneiras possíveis, adormecê-la. Além disso, que os fiéis se consolem! Todos esses extremos só servirão, nos desígnios de Deus, ao brilho da paciência e fé dos santos.

(Excertos da obra 'O Drama do Fim dos Tempos, do Pe. R.P. Emmanuel, prior do Mosteiro de Mesnil-Saint-Loup, Ed. Permanência, 2004)

Foi no ano anterior (1884) que o Papa Leão XIII escreveu sua famosa oração de exorcismo pela intercessão de São Miguel Arcanjo, em face de sua profética visão sobre a ação futura do inferno sobre a Santa Igreja)