Origem e Proposição: heresia de natureza protestante que prega que, pouco antes da grande tribulação descrita no Livro do Apocalipse, os cristãos fieis serão 'arrebatados' por Cristo antes do julgamento final e, assim, ficarão livres dos castigos e eventos terríveis da grande tribulação [o chamado arrebatamento pré-tribulação].
'Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem. Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Todo o que procurar salvar a sua vida irá perdê-la; mas todo o que a perder irá encontrá-la. Digo-vos que naquela noite dois estarão em uma cama: um será tomado e o outro será deixado; duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado' (Lc 17, 30-36).
Contraposição Católica: O texto bíblico refere-se diretamente à Segunda Vinda de Jesus, enfatizando a necessidade de se estar vigilante e preparado para o dia em que o Filho do Homem se manifestar em sua vinda gloriosa. E o texto alerta que esta Segunda Vinda ocorrerá de forma súbita e inesperada, como nos tempos de Noé e Ló, quando tudo parecia seguir sem sobressaltos a rotina dos tempos. Quando o Filho do Homem se manifestar então, a humanidade será dividida em dois destinos antagônicos e irremediáveis: 'um será levado e o outro deixado'.
A heresia do arrebatamento nasce da livre interpretação do texto: 'um será levado e o outro deixado': neste contexto, de duas pessoas próximas, uma seria arrebatada ao Céu e a outra seria deixada para trás, como personagens parceiras, mas como testemunhas completamente distintas dos eventos da grande tribulação (os arrebatados estariam seguros e isentos deste período singular da humanidade). Essa interpretação é absurda, porque o próprio Senhor nos alertou que este tempo de provação extremada seria imposto a todos os homens, sem distinção alguma entre 'mulheres grávidas' ou 'criaturas':
Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentarem naqueles dias! Rogai para que vossa fuga não seja no inverno, nem em dia de sábado; porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será. Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas, por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados (Mt 24,19-22).
Mais ainda: exatamente por causa dos escolhidos, os dias da tribulação serão diminuídos para que os escolhidos possam se salvar [durante e sob os tremendos eventos da grande tribulação e não por meio de um arrebatamento prévio]. Os justos não serão salvos antes da tribulação, mas estes tempos serão abreviados para que possam ser salvos. Ou seja, todos os homens e mulheres serão igualmente testemunhas destes eventos espantosos, porém, com destinos finais muito distintos: aqueles que perderam as suas vidas pelo evangelho [contra o mundo] serão salvos e aqueles que tentarem salvar suas vidas [sem o evangelho] perderão a vida eterna.
'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia irão apoderar-se das nações pelo bramido do mar e das ondas. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. Então, verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. Quando começarem a acontecer essas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação' ( Lc 21, 27-28).
A Igreja Católica professa que Cristo voltará para julgar os vivos e os mortos, no fim dos tempos, de forma visível e gloriosa, mediante a ressurreição dos cristãos já falecidos e pela transformação gloriosa dos fieis em vida, sendo só então todos levados - arrebatados - ao encontro do Senhor para com Ele desfrutar da vida eterna. Ou seja, a comunhão visível da humanidade fiel com Cristo é o último capítulo do fim dos tempos e este 'arrebatamento' é o fruto final da ressurreição [dos justos falecidos de todos os tempos] e da transfiguração [dos escolhidos vivos do fim dos tempos].
'Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor' (1Ts 4,15-17).