quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A CIÊNCIA DE DEUS (VI)


A Bíblia não é um livro de ciências da natureza e os escritores sagrados não pretendiam ensinar, nos textos bíblicos, a natureza primordial das coisas do universo visível. Elementos simbólicos e figurados constituem abordagens inerentes à literatura bíblica e é, neste contexto, que devem ser analisados e interpretados os três primeiros capítulos de Gênesis, que sintetizam verdades fundamentais sobre Deus, a criação e a humanidade.

Santo Agostinho, por exemplo, não interpretou os 'Seis Dias' da criação como uma sequência real de tempo. Em vez disso, ele sustentou que o universo foi criado em um instante, com base em um processo gradual e natural de desenvolvimento por meio do desdobramento de potencialidades que Deus originalmente implantou na sua criação, e que existiam, em estado latente, na própria textura dos elementos originais do universo físico.

O significado teológico dos 'Seis Dias' do primeiro relato da criação em Gênesis expressa essencialmente que a sabedoria de Deus deu ao mundo criado ordem e propósito. Deus é a fonte do existir de todas as coisas; que ele criou livremente e com sabedoria divina. Nos três primeiros 'dias', as várias partes do mundo foram estabelecidas; nos três 'dias' seguintes, os vários seres vivos foram criados em sequência, culminando na humanidade; e finalmente chegou-se ao sétimo 'dia', tempo de descanso e adoração. Essa sequência simboliza que o universo físico foi feito para a vida, com ênfase especial de domínio no ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus com naturezas corpórea e espiritual, pelo que fomos criados para a comunhão e glória de Deus, em quem encontraremos consolo, descanso e a paz eterna.