terça-feira, 11 de outubro de 2022

QUANDO TUDO PRECISA SER 'NÃO'


Vivemos os tempos em que tudo deve ser normalizado, aceito, liberado, prescrito e aclamado. Tudo pode ser qualquer coisa. Impõe-se sedimentar as diferenças, propor a unidade, confrontar os pensamentos antagônicos, aniquilar os posicionamentos críticos. Não existe bem ou mal, maioria ou minorias, não existe algo melhor ou pior: tudo é bom sob pontos de vista distintos; tudo é possível quando se pratica a boa subserviência dos princípios, da moral e da alma. É preciso acatar a miséria dos instintos em nome do bom mocismo das crenças. Somos forjados à degradação de todos os costumes em favor do oráculo da unidade. E - sob a mais diabólica das mentiras - tudo isso para nos garantir a paz. A paz do mundo tomado pela iniquidade; a paz vendida pelos vendilhões do tempo; a paz forjada pelo escarcéu do próprio inferno.

Vivemos os tempos memoráveis quando, mais do que tudo, tudo precisa ser NÃO. Os tempos de NÃO a tudo. Contra o relativismo, contra a unidade de sepulcros caiados, contra a farsa dos reconciliados pela mentira e pela covardia. Um NÃO a um mundo devorado pela insensatez e pela loucura, a uma catolicidade insípida e morna, a uma vivência cristã de tibiezas e frouxidão. Um NÃO aos que clamam por paz tangidos pela covardia, aos que temem as batalhas por medo da luta, aos que ensinam uma paz travestida de fugas e escondimentos. Tempos do NÃO que pedem soldados e cruzados, espadas e estandartes, coragem e martírio. Um NÃO ao mundo.

É preciso dizer NÃO. Um NÃO. Sem meios termos, sem concessões, sem lantejoulas. Um NÃO.

Precisamos de Homens de NÃO. Homens sem meias palavras, homens sem trejeitos e momices, homens sem relativismos e eufemismos. Homens de NÃO.

Precisamos de Católicos de NÃO. Católicos de uma só doutrina, de um só Evangelho, de uma única missão: levar o mundo a Deus, fazer o mundo glorificar o Criador. Católicos que não temam palavras, não temam ameaças, não temam o martírio. Católicos que sejam capazes de enfrentar o mundo inteiro em nome de Deus. Católicos que não desfaleçam ou se corrompam diante o mundo. Católicos de NÃO.

Precisamos de Sacerdotes de NÃO. Homens além dos homens. Católicos além dos católicos. Que amem a Igreja como único primado; que vivam a fé como único sustento; que tenham na salvação das almas o seu único propósito. Sacerdotes que não cuidem do resto. Sacerdotes que não se percam em obras comezinhas. Sacerdotes feitos de graça, recolhimento e amor a Cristo. Sacerdotes que sigam Jesus nos passos de Nossa Senhora. Sacerdotes que não sejam homens comuns. Sacerdotes que não sejam escravos de tarefas cotidianas. Sacerdotes que não vendam o seu tempo ao mundo. Sacerdotes que vivam, pulsem e respirem o sacerdócio de Cristo. Sacerdotes de NÃO.

Precisamos de uma Igreja de NÃO. Uma igreja que não se amedronte diante a avalanche dos males. Que não se ensoberbeça de ser apenas instrumento da graça divina. Uma Igreja que não se quebre diante as insanidades do mundo e que não se perturbe frente às marés da iniquidade. Uma Igreja que não se dobre vacilante; que não se submeta ao desvario ecumênico; que não se fragmente em pautar dogmas apenas como modelos; que não se contamine com o modernismo ou o relativismo das crenças vadias. Uma Igreja que não compartilhe sementes de confusão, ramos de servilismo e nem os frutos amargos da indiferença. Uma Igreja plantada na terra mas não eivada de terra; uma Igreja Militante que não tenha atributos de atalhos e descaminhos; uma Igreja forjada pela santidade e pela santificação das almas. Uma Igreja no mundo, mas fora do mundo, como reflexo, fundamento, caminho e ponte para os Céus. Uma Igreja de NÃO.

Até quando Deus vai esperar o nosso NÃO ao mundo?