Após a invocação do Espírito Santo, façamo-nos três perguntas:
1.º Quem é que sofre? É um homem, um príncipe, um rei? É um anjo, um querubim, um serafim? Não, é mais ainda, é um Deus, o eterno, o infinito, o Criador de todas as coisas, o soberano do céu e da terra. Não nos é um estranho, pois que é nosso amigo, o nosso benfeitor, o nosso irmão, o nosso Pai por excelência. Que motivo para nos compadecermos de seus tormentos!
Detenhamo-nos em cada um destes pensamentos para melhor deles nos compenetrarmos.
2.º O que Ele sofre? No seu corpo: a flagelação, a coroação de espinhos, o esgotamento de suas forças no caminho do Calvário, na crucifixão. Na sua alma: temores, desgostos, tristeza no jardim das Oliveiras, angústias indizíveis até a morte por causa dos nossos pecados e da perdição das almas.
Figuremo-nos sofrer nós mesmos todos esses suplícios, e nos compadecermos melhor das dores do Redentor.
3.º Como Ele sofre? Com calma, paciência, submissão perfeita à vontade de seu Pai... Com o desejo de glorificá-lo e de salvar o gênero humano perdido... Praticando todas as virtudes num grau sublime e divino.
Consideremos pormenorizadamente essas virtudes; unamo-nos às intenções e disposições do Homem-Deus que as praticava nas mais difíceis circunstâncias.
(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano', de R.P. Bronchain, Tomo I, Ed. Vozes, 1949)