terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

Rezar é falar com Deus, rezar é louvar a Deus, rezar é dizer a Deus que o amamos; rezar é contemplar Deus; rezar é ter o espírito e o coração ligados a Deus; rezar é pedir perdão a Deus; rezar é chamar Deus em nosso socorro; rezar é pedir a Deus para nós e para todos a santidade e a salvação… Ora, o amor tem o efeito necessário de dizer que se ama e de repeti-lo sob todas as formas, de louvar o que se ama sem fim e sem medida… Portanto a prece é inseparável do amor, a ponto de que nossas preces serão, de alguma maneira, a medida do nosso amor…

(Beato Charles de Foucauld – O Espírito de Jesus).

COMO SE DEVE REZAR

As palavras e as súplicas dos que oram devem ser disciplinadas, serenas, contidas e respeitosas; tenhamos em conta que estamos na presença de Deus. Devemos ser agradáveis aos olhos de Deus tanto pela atitude do corpo como pela moderação da voz, pois se é próprio do despudorado rezar aos gritos, ao homem discreto convém orar modestamente. Além disso, no seu magistério, o Senhor preceituou-nos que rezássemos em segredo, em lugares afastados e recolhidos, e até no próprio quarto, pois é o que mais convém à fé; assim temos presente que Deus está em toda a parte, que nos ouve e vê a todos, e que a imensidão da sua majestade penetra nos lugares mais recônditos e ocultos, tal como está escrito: 'Eu sou um Deus que se aproxima, não um Deus longínquo. Se o homem se ocultar em lugares ocultos, por acaso não o verei? Não preencho o céu e a terra?' (Jer 23,23-24). E em outra passagem: 'Os olhos do Senhor estão em todo o lugar, contemplando os bons e os maus' (Prov 15,3).

Da mesma forma, quando nos reunimos com os nossos irmãos, e oferecemos os sacrifícios divinos pelas mãos do sacerdote de Deus, devemos lembrar-nos da modéstia e da disciplina e não proferir as nossas orações com palavras destemperadas nem enunciar com tumultuada loquacidade as súplicas que deveríamos confiar modestamente a Deus, porque Deus não escuta as palavras, mas aquilo que sai do coração; não podemos dirigir-nos aos brados Àquele que conhece os pensamentos dos homens, como assegura o Senhor ao dizer: 'Por que pensais mal em vossos corações?' (Mt 9,4). E em outro lugar: 'E todas as igrejas saberão que eu sou aquele que perscruta os rins e os corações' (Ap 2,23).

Isto mesmo é o que nos ensina e transmite – como vemos no primeiro livro dos Reis – aquela Ana que prefigura a Igreja, pois não rogava a Deus com clamorosa petição, mas dirigia-se a Ele calada e tranquilamente no íntimo do seu peito. Falava-lhe às ocultas, mas manifestava a sua fé; falava, não com a voz, mas com o coração, porque sabia que desse modo o Senhor lhe daria ouvidos e que assim conseguiria com maior eficácia aquilo que dessa forma lhe pedia com maior fé. É o que declara a Escritura quando diz: 'Falava no seu coração e moviam-se os lábios, mas não se ouviam as suas palavras, e o Senhor a escutou' (1Rs 1,13). O mesmo lemos nos Salmos: 'Falai no vosso interior e retirai-vos para os vossos aposentos' (Sl 4,5). E o Espírito Santo sugere-nos a mesma ideia ao falar pela boca de Jeremias: 'Deves adorar a Deus no teu íntimo' (Jer 5,6; Bar 6,5).

(Excertos da obra 'De oratione dominica', de São Cipriano de Cartago)

domingo, 26 de janeiro de 2014

PESCADORES DE HOMENS

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo do Tempo Comum


Com a prisão e morte de João Batista, tem fim a Era dos Profetas e começa a pregação pública de Jesus sobre o Reino de Deus: 'Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo' (Mt 4, 17). O reino de Deus é o reino dos Céus, e não um império firmado sobre as coisas deste mundo. Cristo, rei do universo, começa a sua grande jornada pelos reinos do mundo para ensinar que a pátria definitiva do homem é um reino espiritual, que se projeta para a eternidade a partir do coração humano.

E esta proclamação vai começar por Cafarnaum e nos territórios de Zabulon e Neftali, localizada na zona limítrofe da Síria e da Fenícia, e povoada, em sua larga maioria, por povos pagãos. Em face disso, esta região era a chamada 'Galileia dos Gentios', e seus habitantes, de diferentes raças e credos, eram, então, objeto de desprezo por parte dos judeus da Judeia. E é ali, exatamente entre os pagãos e os desprezados, que o Senhor vai proclamar publicamente a Boa Nova do Evangelho do Reino de Deus: 'O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz (Mt 4, 16).

Nas margens do Mar da Galileia, Jesus vai escolher os seus primeiros discípulos num chamamento imperativo e glorioso: 'Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens' (Mt 4,19). Aqueles pescadores, acostumados à vida dura de lançar redes ao mar para buscar o seu sustento, seriam agora os primeiros a entrarem na barca da Santa Igreja de Cristo para se tornarem pescadores de homens, na gloriosa tarefa de conduzir as almas ao Reino dos Céus.  

Eis a resposta pronta e definitiva dos primeiros apóstolos ao chamado de Jesus: 'Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram' (Mt 4, 20) e 'Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram' (Mt 4,22). Seguir a Jesus implica a conversão, pressupõe o afastamento do mundo, pois Jesus nos fala do Reino dos Céus. No 'sim' ao chamado de Jesus, nós passamos a ser testemunhas e herdeiros deste reino 'que não é desse mundo', e nos abandonamos por completo na renúncia a tudo que é humano para amar, servir e viver, prontamente, cotidianamente, o Evangelho de Cristo.

sábado, 25 de janeiro de 2014

SE EU VOS CONDENAR...


Chamais-me Mestre, e não me ouves;
Chamais-me Luz, e não me vedes;
Chamais-me Caminho, e não me segues;
Chamais-me Vida, e não palpitas com Meu Coração;
Chamais-me Sábio, e não me obedeceis;
Chamais-me Adorável, e não me adorais;
Chamais-me Providência, e não me pedis;
Chamais-me Eterno, e não me procurais;
Chamais-me Misericordioso, e não confias em Mim;
Chamais-me Senhor, e não me servis;
Chamais-me Todo-Poderoso, e não me receais;
Chamais-me Justo, e não vos justificais;

Se Eu vos condenar, não me culpeis, só a vós culpai!

(de uma inscrição existente na Catedral de Lübeck, na Alemanha)

24 DE JANEIRO - SÃO FRANCISCO DE SALES


Patrono da ordem salesiana (fundada por São João Bosco) e doutor da Igreja, São Francisco de Sales nasceu em 21 de agosto de 1567 na Saboia (atual França), de família nobre e abastada. Abandonando uma carreira promissora, ordenou-se sacerdote e diretor espiritual de grande renome, tornando-se, mais tarde, bispo de Genebra (1602). Fundou a Ordem da Visitação com a sua orientada espiritual, Santa Joana de Chantal, em 1604. Entre as obras por ele escritas destacam-se o 'Tratado do Amor de Deus', que lhe valeu o título de Doutor da Igreja, e 'Introdução à Vida Devota - Filoteia', obra na qual descreveu que a santidade é algo não apenas possível, mas constitui o propósito de Deus para cada vida humana. Desta forma, todo homem estaria destinado à santidade na plenitude do amor a Deus: 'A medida de amar a Deus consiste em amá-Lo sem medida'. Faleceu aos 56 anos de idade, em 28 de dezembro de 1622. Foi canonizado em 1655 pelo Papa Alexandre VII e, em 1867, foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX. O seu dia é celebrado em 24 de janeiro.

Excertos da obra 'Introdução à Vida Devota - Filoteia':

Sobre a Oração:

'Começa tua oração, seja mental, seja vocal, sempre pondo-te na presença de Deus; nunca negligencies esta prática e verás em pouco tempo os seus resultados ... Não te deixes levar pela pressa infundada de fazer muitas orações, mas cuida de rezar com devoção; um só Pai Nosso, rezado com piedade e recolhimento, vale mais que muitos recitados precipitadamente.'

Sobre os Bens Temporais:

'… os bens que temos não nos pertence e Deus, que os confiou à nossa administração, quer que os façamos frutuosos; é, portanto, prestar um serviço agradável a Deus cuidar deles com diligência; mas este cuidado há de ser muito mais acurado e maior que o das pessoas do mundo, porque elas trabalham por amor delas mesmas e nós devemos trabalhar por amor de Deus. Ora, como o amor de si mesmo é um amor inquieto, turbulento e violento, o cuidado que dele procede é cheio de perturbação, pesar e inquietação; mas o cuidado que procede do amor de Deus, que enche o nosso coração de doçura, tranquilidade e paz, é necessariamente suave, tranquilo e pacífico, mesmo quanto aos bens temporais. Tenhamos sempre um espírito calmo e uma tranquilidade de vida inalterável, em conservando e aumentando os bens deste mundo segundo as verdadeiras necessidades e ocasiões justas que nos ocorrem; porque, enfim, Deus quer que nos sirvamos destas coisas por seu amor'.

Sobre a Comunhão Frequente:

'Se o mundo te perguntar porque comungas tão frequentemente, deves responder-lhe que é para aprender a amar a Deus, purificar-te de tuas imperfeições, livrar-te de tuas misérias, procurar consolo em tuas aflições e fortificar-te em tuas fraquezas. Dize ao mundo que duas espécies de pessoas devem comungar muitas vezes: os perfeitos, porque, estando bem preparados, fariam muito mal de não se chegarem muitas vezes a esta fonte de perfeição, e os imperfeitos, a fim de aspirarem à perfeição; os fortes, para não enfraquecerem, e os fracos, para se fortificarem; os sadios, para se preservarem de todo o contágio, e os doentes, para se curarem. E acrescenta que, quanto a ti, que és do número das almas imperfeitas, fracas e doentes, precisas receber muitas vezes o Autor da perfeição, o Deus da força e o Médico das almas'.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

COMO ENCONTRAR A VERDADEIRA IGREJA?

'Se eu não fosse Católico e estivesse procurando a verdadeira Igreja no mundo de hoje, eu iria em busca da única Igreja que não se dá muito bem com o mundo. Em outras palavras, eu procuraria uma Igreja que o mundo odiasse. Minha razão para fazer isso seria que, se Cristo ainda está presente em qualquer uma das igrejas do mundo de hoje, Ele ainda deve ser odiado como o era quando estava na terra, vivendo na carne.

Se você tiver que encontrar Cristo hoje, então procure uma Igreja que não se dá bem com o mundo. Procure por uma Igreja que é odiada pelo mundo como Cristo foi odiado pelo mundo. Procure pela Igreja que é acusada de estar desatualizada com os tempos modernos, como Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e nunca ter aprendido. Procure pela Igreja que os homens de hoje zombam e acusam de ser socialmente inferior, assim como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré. Procure pela Igreja que é acusada de estar com o diabo, assim como Nosso Senhor foi acusado de estar possuído por Belzebu, o príncipe dos demônios.

Procure a Igreja que em tempos de intolerância (contra a sã doutrina,) os homens dizem que deve ser destruída em nome de Deus, do mesmo modo que os que crucificaram Cristo julgavam estar prestando serviço a Deus.

Procure a Igreja que o mundo rejeita porque ela se proclama infalível, pois foi pela mesma razão que Pilatos rejeitou Cristo: por Ele ter se proclamado a si mesmo A Verdade. Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo assim como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens. Procure a Igreja que em meio às confusões de opiniões conflitantes, seus membros a amam do mesmo modo como amam a Cristo e respeitem a sua voz como a voz do seu Fundador.

E então você começará a suspeitar que se essa Igreja é impopular com o espírito do mundo é porque ela não pertence a esse mundo e uma vez que pertence a outro mundo, ela será infinitamente amada e infinitamente odiada como foi o próprio Cristo. Pois só aquilo que é de origem divina pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, essa Igreja é divina'.

Arcebispo Fulton J. Sheen, Radio Replies, Vol. 1, p IX, Tan Publishing (tradução de Gercione Lima)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014