quinta-feira, 6 de março de 2014

O PENSAMENTO VIVO DE BERNANOS (I)

Nossa Igreja é a Igreja dos santos. Quem dela se aproxima com desconfiança julga ver apenas portas fechados, barreiras e guichês, uma espécie de gendarmeria espiritual. Mas nossa Igreja é a Igreja dos Santos. Para ser santo, que bispo não daria seu anel, sua mitra, seu báculo; que cardeal não daria sua púrpura; que pontífice não daria sua veste branca, seus camareiros, sua guarda suíça e todo o seu aparato temporal? Quem não gostaria de ter a força para correr esta admirável aventura? Porque a santidade é uma aventura; é, na realidade, a única aventura... Deus não fez a Igreja para a prosperidade dos santos, mas que ela transmitisse a sua memória, para que não fosse perdida, com o divino milagre, uma torrente de honra e poesia... A quem confiaria a guarda desse seu rebanho de anjos? A história apenas, com seu método sumário, seu realismo estreito e duro, tê-los-ia quebrado. Nossa tradição católica os carrega sem feri-los, no seu ritmo universal... Eles viveram, eles sofreram como nós, eles foram tentados como nós. Carregaram um fardo bem pesado e mais de um... Toda essa construção de força, sabedoria, de flexível disciplina, de magnificência e de majestade, não é nada em si mesma se não estiver animada pela caridade'