quinta-feira, 25 de junho de 2020

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (VI)


CASULA

É a veste que o sacerdote coloca pela cabeça, caindo pela frente e por detrás até quase aos pés, para celebrar o sacrifício da Missa. É o último ornamento que veste. É sinal da caridade que deve revestir inteiramente o sacerdote, da caridade que nos faz compadecer das misérias alheias, cobrindo-as com um manto de misericórdia que as oculte aos olhos dos homens, como a casula oculta todos os outros ornamentos. Antes de ser usada deve ser benzida.

CATACUMBAS 

Dá-se este nome aos antigos cemitérios subterrâneos, onde os cristãos sepultavam os seus mortos. Durante as perseguições que os cristãos sofreram nos três primeiros séculos, também as catacumbas serviam de lugar de refúgio para aí se reunirem e celebrarem os atos do culto divino. As mais célebres são as catacumbas romanas, que ainda existem no campo dos arredores de Roma.

CATECÚMENOS 

São as pessoas adultas que se preparam com a instrução religiosa para receberem o sacramento do batismo.

CELIBATO 

É o estado das pessoas que renunciam ao sacramento do matrimônio. Uns renunciam ao matrimônio para entrarem no sacerdócio; outros para abraçarem a vida, religiosa; outros para dedicarem a sua vida ao exercício da piedade e da caridade; outros por motivo de incapacidade para os deveres matrimoniais, como é a doença do corpo ou do espírito; outros por motivo de egoísmo, para gozaram plena liberdade de afeições, mesmo criminosas. O celibato eclesiástico, religioso e piedoso é de vocação divina. O celibato de incapacidade é de defeito natural. O celibato de egoísmo é de defeito moral.

CATOLICIDADE 

É um dos quatro caracteres da Igreja, e exprime a sua universalidade. A Igreja é universal quanto aos seus adeptos, os quais habitam em todas as nações conhecidas e em obediência ao mesmo Chefe, que é o Papa. É universal quanto à doutrina, porque em toda a parte ensina a mesma doutrina e condena os mesmos erros. É universal quanto à sucessão, porque abraça todos os tempos desde os Apóstolos, isto é, começou com os Apóstolos e, desde então, não se pode dizer que a Igreja Católica tenha principiado em algum lugar da terra, como se diz de cada seita religiosa aparecida em tal ou tal tempo.

CIBÓRIO 

Também chamado PÍXIDE, é um vaso largo com pé, feito de ouro, de prata ou de outros metais, mas o interior é sempre dourado, para conter as hóstias consagradas, que se guardam no sacrário para se dar a comunhão fora da missa e para Jesus Sacramentado estar entre os cristãos. Deve ser benzido com a bênção litúrgica e é coberto com um véu branco quando contém o Santíssimo.

CÍNGULO

É um cordão de linho ou de cânhamo, que aperta a alva na cintura do sacerdote quando se paramenta para algum ato litúrgico. Deve ser benzido e é branco ou da cor dos paramentos. Lembra ao sacerdote que deve ter em volta dos rins um cinto de inocência e pureza, a fim de conservar a virtude da castidade. Em certas associações piedosas também se usa um cíngulo, como o cíngulo da Milícia Angélica ou de Santo Tomás de Aquino para se obter a pureza.

CÍRIO PASCAL

É uma vela grande e muito grossa que se benze durante as cerimônias de Sábado Santo e que se conserva junto do altar do lado do Evangelho, para ser aceso durante as missas até ao dia da Ascensão de Jesus. O círio é o símbolo de Jesus Cristo ressuscitado e ainda entre nós.

CÍRIOS 

São cortejos religiosos que se fazem por ocasião de uma festa religiosa, nos quais é levada uma bandeira com mais ou menos solenidade. Não se podem fazer sem licença do bispo, requerida pelo superior da igreja ou pelos interessados. É proibida qualquer festa religiosa por ocasião da qual haja tal cortejo sem a licença devida, que tem de ser requerida com grande antecedência.

CISMA

É a separação voluntária dos católicos da unidade da Igreja, recusando obediência ao Romano Pontífice.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)

quarta-feira, 24 de junho de 2020

NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA


Além dos dias consagrados aos nascimentos de Jesus e de Maria, apenas o nascimento de João Batista (24 de junho) é comemorado pela Santa Igreja Católica (todos os demais santos são venerados pelas datas de suas mortes), glória ímpar para aquele que foi aclamado, pelo próprio Cristo, como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11).

'Houve um homem mandado por Deus. Seu nome era João… Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz' (Jo 1,6-8)

'Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente. Ele preparará o teu caminho diante de ti' (Mt 11,7).

'Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo' (Lc 1,41)

'Eu sou a voz que clama no deserto: aplainai o caminho do Senhor' (Is 40,3)

'Eu vos batizo com água, mas vem Aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo' (Lc 3, 16) 

terça-feira, 23 de junho de 2020

SE PROCURAS UM EXEMPLO...

Se procuras um exemplo de caridade: 'Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos' (Jo 15,13). Assim fez Cristo na cruz. E se ele deu sua vida por nós, não devemos considerar penoso qualquer mal que tenhamos de sofrer por causa dele.

Se procuras um exemplo de paciência, encontras na cruz o mais excelente! Podemos reconhecer uma grande paciência em duas circunstâncias: quando alguém suporta com serenidade grandes sofrimentos, ou quando pode evitar os sofrimentos e não os evita. Ora, Cristo suportou na cruz grandes sofrimentos, e com grande serenidade, porque atormentado, não ameaçava (1Pd 2,23); foi levado como ovelha ao matadouro e não abriu a boca (Is 53,7; At 8,32).

É grande, portanto, a paciência de Cristo na cruz. Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia (Hb 12,1-2).

Se procuras um exemplo de humildade, contempla o Crucificado: Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer.

Se procuras um exemplo de obediência, segue aquele que se fez obediente ao Pai até à morte: como pela desobediência de um só homem, isto é, de Adão, a humanidade toda foi estabelecida numa condição de pecado, assim também pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça (Rm 5,19).

Se procuras um exemplo de desprezo pelas coisas da terra, segue aquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, no qual estão encerrados todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), e que na cruz está despojado de suas vestes, escarnecido, cuspido, espancado, coroado de espinhos e, por fim, tendo vinagre e fel como bebida para matar a sede.

Portanto, não te preocupes com as vestes e riquezas, porque repartiram entre si as minhas vestes (Jo 19,24); nem com honras, porque fui ultrajado e flagelado; nem com a dignidade, porque tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em minha cabeça (Mc 15,17); nem com os prazeres, porque em minha sede ofereceram-me vinagre (Sl 68,22).

Na verdade, a paixão de Cristo é suficiente para orientar nossa vida inteira. Quem quiser viver na perfeição, nada mais tem a fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na cruz e desejar o que ele desejou. Na cruz, pois, não falta nenhum exemplo de virtude.

(São Tomás de Aquino)

segunda-feira, 22 de junho de 2020

PALAVRAS DE SALVAÇÃO

'Deus não te pede muitas coisas porque, por si mesma, a caridade é o pleno cumprimento da Lei (Rm 13,10). Mas este amor é duplo: amor a Deus e amor ao próximo. Quando Deus te manda amar o próximo, não te diz: ama-o com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente; mas diz-te: ama o teu próximo como a ti mesmo. Portanto, ama a Deus com todo o teu ser, porque Ele é maior do que tu; ama o teu próximo como a ti mesmo, porque ele é como tu. Mas, se há três objetos do nosso amor, porque é que há apenas dois mandamentos? Vou dizer-te: Deus não julgou necessário encarregar-te de te amares a ti próprio porque não há ninguém que não se ame a si mesmo. Mas muita gente se perde porque se ama mal. Ao mandar-te amá-Lo com todo o teu ser, Deus deu-te a regra segundo a qual deves amar. Queres amar-te? Então ama a Deus com todo o teu ser. Com efeito é nele que te encontrarás, evitando assim perderes-te em ti. Deste modo é-te dada a regra segundo a qual deves amar-te: ama Aquele que é maior do que tu e amar-te-ás a ti mesmo.
(Santo Agostinho)

domingo, 21 de junho de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'O pecado entrou no mundo por um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram... A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos' (Rm 5, 12.15)

sábado, 20 de junho de 2020

TESOURO DE EXEMPLOS (1/3)


1. 'MENINA, LEVANTA-TE!' 

Jairo, o presidente de uma das sinagogas de Cafarnaum, está angustiadíssimo. Sua filhinha de doze anos acha-se gravemente enferma, e sua cura é desesperadora. Como última e extrema solução recorre a Jesus. Sabe que Ele acaba de regressar de Gerasa e vai ao seu encontro. 'Senhor' diz-lhe com voz angustiada, 'minha filha está morrendo. Vem, impõe a tua mão sobre ela para que sare e viva'. 

O Mestre, sempre misericordioso e amicíssimo das crianças, acede e imediatamente se põe a caminho; mas a multidão o rodeia e o aperta de tal forma, nas ruas estreitas da cidade, que o detém mais tempo do que Jairo o quisera e a enfermidade da menina o permitiria. Por isso, antes de chegarem a casa, encontram-se com alguns criados, que dão ao seu amo a fatal notícia da morte da pequena. Pobre pai! Cheio de esperanças recorrera ao Redentor; no caminho vira crescer seu otimismo com a cura milagrosa da hemorroíssa, mas agora todas as suas ilusões se desmoronam. 

E' tarde. Morrera a criança. Têm razão seus criados: para que incomodar e cansar mais o Mestre? Jesus, porém, consola-o, dizendo: 'Não temas, crê e tua filha será salva'. Chegam à casa coberta de luto. Ali estão a exercer o seu ofício mercenário as carpideiras e os flautistas funerários - importação pagã introduzida nos costumes judeus - e também os parentes e amigos rodeiam a família. 

'Por que chorais e estais alvoroçados?' - pergunta-lhes Jesus. 'A menina não está morta, mas dorme'. Os que o ouvem falar assim riem-se dele, pois viram o cadáver e têm a certeza de que está morta. Não sabem que, para o Senhor da vida, aquela morte é um breve sono, cujo despertar está próximo. Jesus ordena que aquela gente se retire e penetra na câmara mortuária, acompanhado só dos pais da defunta e de três dos seus discípulos. 

Sobre o leito, estendem-se rígidos e frios os membros pálidos do cadáver. Jesus se aproxima e toma, entre as suas, a mão pálida da menina, e ordena com autoridade: talitha, cumi! 'menina, levanta-te!' E com grande espanto de seus pais, a menina levanta-se e começa a andar. Ressuscitou? Sim; não só ressuscitou mas está, além disso, completamente curada; tanto assim que logo começa a alimentar-se. Operado o milagre, Jesus retira-se, ordenando silêncio, porque quer evitar aclamações e demonstrações de entusiasmo. Apesar disso, como seria natural, a notícia do prodígio espalhou-se por toda aquela região.


2. O FILHO DA VIÚVA 

Naim, aldeia situada na encosta setentrional do Pequeno Hermon, a trinta e oito quilômetros aproximadamente de Cafarnaum, foi teatro de um dos maiores milagres de Jesus. Caía a tarde. O sol estava a ponto de esconder-se atrás das montanhas, quando o Salvador, acompanhado de seus discípulos e de uma multidão que não podia separar-se dele, subia pelo estreito caminho que dava acesso ao lugar. 

Próximo à porta da aldeia, a multidão teve de ceder o passo a outro cortejo que dali saía em direção contrária. Era um enterro. Sobre um esquife, sem caixão, conduziam o cadáver de um jovem, envolto num lençol. Atrás vinha, com os parentes e amigos, a mãe muito triste e desolada. Era viúva e o defunto, quase menino ainda, era o seu único filho e seu futuro arrimo. 

O filho morrera. Que seria dela dali em diante? Informado do que se passava, Jesus, sempre misericordioso e compassivo, disse àquela viúva inconsolável: 'Não chores, filha'. E, aproximando-se do féretro, fez sinal para que parassem e deitassem o esquife no solo. Toda gente se apinhou ao redor do Salvador. Que iria acontecer? Os entusiastas do divino Taumaturgo estavam acostumados a vê-lo operar estupendos milagres; mas, com um morto, que era já levado à sepultura, o que poderia Ele fazer? 

Os olhos daquela gente, arregalados pela curiosidade, não perdiam os menores movimentos do Mestre. Jesus, olhando para o cadáver daquele rapaz, pálido e rígido pelo frio da morte, ordenou-lhe em tom imperativo: 'Moço, eu te digo, levanta-te!' Um calafrio da emoção eletrizou os circunstantes. Não havia dúvida, o morto ressuscitara. Todos podiam ver como o cadáver se movia e a sua cor lívida desaparecia; os olhos brilhavam, os lábios abriam-se; o defunto falava. Já não estava morto. Vive e vive sua vida plena. E Jesus, tomando-o pela mão, entrega-o à mãe que, derramando lágrimas de comoção e de alegria, prostra-se por terra para dar graças ao Senhor da vida e da morte.

3. A CURA DE UM CRIADO

Depois do sermão da Montanha, entrou Jesus em Cafarnaum. Achava-se ali um centurião que, embora gentio, simpatizava com os judeus a ponto de edificar-lhes, à sua custa, uma sinagoga. Certamente ouvira talar de Jesus, e é muito provável que o conhecesse de vista e até tivesse ouvido, mais de uma vez, suas pregações e presenciado algum milagre. 

Cai-lhe enfermo um servo 'a quem amava muito'. Sofre um ataque de paralisia e está quase à morte. O centurião, que o ama deveras, deseja a todo custo a sua cura e, ao inteirar-se de que Jesus está no povoado, pensa poder alcançar dele o que, por meios naturais, parece impossível. E' humilde e não se atreve a ir em pessoa ter com o Mestre. 

Como pretender um tal favor, sendo ele um gentio? Mas, como está bem relacionado, envia uma comissão de pessoas principais do lugar. Estas, apresentando-se diante o Salvador, transmitem a Ele o pedido do centurião. E, para mais pesarem o ânimo do benfeitor, elogiam o centurião e enumeram os benefícios recebidos. Jesus, todo atenção e bondade, acolheu amavelmente os representantes do militar, dizendo: 'Eu irei e o curarei'. E pôs-se imediatamente a caminho. 

Avisado de que o Salvador se dirigia a sua casa, e assustado com a grandeza do favor, o centurião enviou-lhe alguns amigos que lhe dissessem: 'Senhor, não te incomodes. Não sou digno de que entres em minha casa; dize, pois, uma só palavra e meu servo ficará curado'. E explicou mais claramente o seu pensamento, dizendo que, embora fosse um simples oficial subalterno, bastava dar uma ordem a seus inferiores que estes lhe obedeciam. Não poderia Jesus, sem o incômodo de ir à sua casa, ordenar que a enfermidade cessasse? Jesus mostrou-se admirado ao ouvir tais palavras e disse aos que o seguiam: 'Em verdade, em verdade vos digo que nem em Israel encontrei tamanha fé'. Em seguida, operou o milagre à distância e, naquele momento, o servo que estava em perigo de morte curou-se instantaneamente.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)

ver PÁGINA: TESOURO DE EXEMPLOS

sexta-feira, 19 de junho de 2020

UM ANJO CHAMADO ANNE-GABRIELLE CARON


A vida de Anne-Gabrielle Caron durou 8 anos (2002 - 2010). E, como poucas, foi um testemunho extraordinário de fé e de santificação cotidiana. Desde tenra idade, já manifestava especial predileção pelos sofrimentos alheios. E esta predileção haveria de se tornar o ideal de toda a sua curtíssima vida. Aos seis anos, com fortes dores em uma das pernas, foi diagnosticada com câncer ósseo, extremamente agressivo e que evoluiu rapidamente por todo o seu corpo.

Diante dos sofrimentos crescentes e das intermináveis sessões de quimioterapia, aceitou convictamente todas as provações por amor a Jesus ('Embora eu não goste de estar doente, tenho sorte porque posso ajudar o bom Deus a trazer as pessoas de volta a Ele. Quero ajudar aqueles que sofrem') e no foco de seguir Santa Teresa de Lisieux, sua santa de predileção ('quero ser santa como ela'). 


Em março de 2009, expressou vivamente o desejo de fazer a Primeira Comunhão: 'Gostaria de fazer minha primeira comunhão para poder fazer ainda mais sacrifícios'. E se preparou para isto: 'Quero receber Jesus. Você percebe que Ele vai entrar no seu coração.' Sua primeira comunhão estava marcada para um domingo, dia 07 de junho de 2009, em Toulon, mas mesmo nisso ela foi submetida a uma grande provação.

Dois dias antes, sua condição de saúde piorou consideravelmente e ela teve que ser internada às pressas num hospital de Marselha (cerca de 50 km de Toulon). Ela pediu então a intercessão de Nossa Senhora para lhe permitir participar da primeira comunhão. E foi atendida. Recuperando uma condição estável, recebeu alta do hospital no domingo pela manhã. Vestiu sua roupa branca da comunhão e seu pai fez o trajeto Marselha-Toulon o mais rápido que pôde, e rezaram à Virgem pelo caminho para chegar a tempo. Não contavam, porém, com o tráfego intenso que encontraram na entrada da cidade. Superando todos estes imprevistos, chegaram à igreja quando a missa havia terminado e as crianças se preparavam para sair em procissão final. Em prantos, a menina entrou correndo na igreja, momento em que o coro interrompeu o canto e o sacerdote fez parar o cortejo. Naquele momento, Anne recebeu a sua primeira comunhão e ficou recolhida com o seu Jesus, diante de uma igreja lotada e em absoluto silêncio.

(Anne-Gabrielle em sua primeira comunhão)

A partir daí, sua saúde se deteriorou rapidamente e a menina passou a receber a eucaristia em casa. Nas suas últimas semanas, ela viveu sua própria paixão e, por fim, após 30 horas de agonia, morreu em 23 de julho de 2010. No seu funeral, o padre Dubrule disse: 'Ver Anne-Gabrielle era como estar vendo o próprio Deus'. Sua mãe, Marie-Dauphine Caron, deu o seguinte testemunho: 'a perda de um filho é terrível, ver o sofrimento de um filho também é terrível porque você se sente impotente', mas 'a minha filha me mostrou o caminho para o céu'.

Seu testemunho de vida saiu de Toulon e viajou pelo mundo: seu exemplo tem ajudado muitas famílias a superar as provações impostas por doenças e sofrimentos que afligem crianças e pessoas muito jovens. Muitas outras famílias se esmeraram muito mais na oferta e preparação dos seus filhos para a recepção da primeira comunhão e para a sagrada eucaristia. No próximo dia 12 de setembro, a diocese de Fréjus-Toulon dará início à abertura oficial do processo de beatificação de Anne-Gabrielle Caron.