sexta-feira, 5 de maio de 2017

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque durante a oitava da festa de Corpus Christi de 1675...

         'Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra'.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

LUZ NAS TREVAS DA HERESIA PROTESTANTE (XII)

Oitava, Nona e Décima Objeções* do crente: apresentar um texto das Sagradas Escrituras que prove que o vinho da Ceia do Senhor deve ser tomado apenas pelos padres, que prove a existência da Missa Romana e que prove que os padres têm o poder de mudar o pão em corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo.

O crente, no afã de produzir objeções, confunde tudo e tudo mistura. Prova que ele mesmo não compreende o que está ensinando. Na 8ª objeção, fala no vinho da ceia; na 9ª, da missa romana e na 10ª, do poder dos padres de mudar o pão e o vinho no corpo e no sangue do Senhor. Não vê que tudo isso é uma só e mesma coisa! É como quem perguntasse: O que é uma casa? É uma morada? Uma habitação? Um prédio? Uma vivenda? Tudo isso é mais ou menos a mesma coisa! Uma tal mixórdia mostra que tais crente vão copiando um dos outros estas objeções, sem lhes compreenderem a significação.

Pois bem, escute, amigo crente, eu vou por em ordem lógica as suas elucubrações e fazer brilhar nesta balbúrdia obscura uma luz tão clara, que, não tapando os olhos com os dois punhos, há de distinguir a verdade e será obrigado (se o seu orgulho o permitir) a exclamar: 'O Padre tem razão'! e 'Eu estou enganado!' ou melhor: 'Eu não sabia, porém agora sei, compreendo, prostro-me de joelhos, e adoro o que estava blasfemando'.

Para não deixar subsistir a mínima dúvida ou obscuridade, tenho de provar-lhe aqui quatro coisas importantíssimas, todas quatro negadas pelos protestantes.
1. Jesus está verdadeiramente presente na Eucaristia.
2. A missa foi instituída por Jesus Cristo.
3. O padre tem o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo.
4. Basta a comunhão de uma espécie.

Eis o resumo pleno e completo das três objeções 8,9, 10 e mais qualquer coisa, que não soube objetar porque o ignorava. Podia limitar-me em citar simplesmente o texto pedido, porém, escrevendo, tanto para robustecer a fé dos católicos, quanto para refutar os erros protestantes, quero fazer uma exposição sucinta, clara e insofismável, do mais belo e mais sublime mistério da nossa santa religião: a sagrada, a divina Eucaristia.

I. A presença real

A palavra Eucaristia provém de duas palavras gregas eu e cháris: ação de graças e designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob as aparências de pão e vinho. Os protestantes hodiernos, pelas suas contínuas mudanças, são milhares de divisões em seitas, não acreditam mais na presença de Jesus na hóstia sagrada.

Lutero, menos tolo que seus netinhos, sempre acreditou na presença real de Cristo na Eucaristia, e encarregou-se de responder ele mesmo às objeções de seus degenerados filhos. Em carta a seu amigo Argentino (De euch. Dist. I, art.) falando sobre o texto evangélico 'Isto é o meu corpo', ele diz: 'Eu quereria que alguém fosse assaz hábil para persuadir-me de que na Eucaristia não se contém senão pão e vinho: esse me prestaria um grande serviço. Eu tenho trabalhado nessa questão a suar; porém confesso que estou encadeado, e não vejo nenhum meio de sair daí. O texto do Evangelho é claro demais' (Textus Evangelicus est nimis apertus).

O mesmo Lutero diz ainda: 'Que me apresentem a sua Bíblia, e mostrem-me onde se acham estas palavras: 'Isto é o sinal do meu corpo!' Uns torturam o pronome isto; outros apegam-se ao verbo é; um terceiro dilacera a palavra corpo; outros, enfim, tratam como algoz o texto inteiro (alii totum textum excarnificant) (In Ap. Com. Dom. V, 17, p. 100).

II. A negação desta verdade

Escutai o vosso pai, ó protestantes, só esta desviação e mudança é uma prova clara de que estais fora da verdade. A verdade não muda: O vosso ensino mudou e muda; está, pois, errado. Escutai ainda Lutero refutar a vossa ousadia: 'A despeito de todos os meus desejos' – diz ele – 'e de todos os meus esforços, jamais pude impelir o meu espírito a essa negação atrevida' (Ep. Cor. amic.). Em outra parte ele diz: 'A negação da presença real é uma evidente blasfêmia, uma negação da veracidade divina'. Ele chama aqueles que a negam: 'Um bando de miseráveis endiabrados'.

Mas então, ó protestantes, qual é a vossa religião? Não é a da Bíblia. Pois a Bíblia diz o contrário. Não é de Jesus Cristo, pois Cristo diz o contrário. Não é a da Igreja católica, ela também diz o contrário. Não é a de Lutero, pois o próprio Lutero diz o contrário. Donde vem a vossa religião? De onde? Se não vem nem de Deus, nem dos homens? De onde vem? Respondei: só sendo do demônio!

Pobres protestantes, a vós, também, Cristo poderia repetir as palavras que dirigiu aos fariseus (Jo 8, 43-45): 'Por que não podeis ouvir a minha palavra? Vós tendes por pai o demônio, e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque não há verdade nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas a mim, quando falo a verdade, não credes'. Eis o que Cristo vos brada. Ele afirma que está presente e vós o negais. Lutero, vosso pai, apesar de seu desejo de negar este mistério, declara ser impossível fazê-lo, porque o evangelho é claro demais – e entretanto vós, protestantes, tendes a ousadia de fazer tal negação. Só o demônio: Vos ex patre diabolo estis (Jo 8,44).

III. Os culpados do erro

Tenho dó e compaixão dos pobres ignorantes, iludidos pelos pastores satânicos, que enganam por interesse ou orgulho; porém sinto a indignação invadir-me contra aqueles que Lutero chama 'um bando de miseráveis endiabrados'. Notai isso, pastores! O epíteto não é meu, é um mimo do vosso pai Lutero. Vós, pastores, ou sois ignorantes estupendos, ou sois perversos desavergonhados.

No primeiro caso, precisais estudar para conhecer a verdade; no segundo caso, é preciso ter sinceridade para não enganar os pobres cristãos, que fazeis apostatar, renegar a fé de seus pais, para adotar uma seita em que vós mesmos não acreditais, nem podeis acreditar. Um homem inteligente não pode acreditar no protestantismo, porque é uma balbúrdia, um labirinto sem saída, uma pura negação.

Sois vós os culpados, ó pastores, vós que vos intitulais 'ministros', sem missão e sem autoridade. Vós que explicais a Bíblia, dizendo ao mesmo tempo que a Bíblia não precisa de explicação, porque é clara como a água cristalina. Sois vós os culpados! Ó fariseus, sois bem aqueles mestres mentirosos, que introduzem seitas de perdição, dos quais predisse São Pedro (2 Ped 2,1) e que depois, reconhecendo o erro – pois é impossível que um homem de bom senso não o reconheça – sustentais este erro por orgulho ou por sórdido interesse.

Se São Paulo ainda estivesse na terra, vos escreveria com mais veemência ainda do que escrevia aos Romanos (2, 19-23). Confiais, ó pastores, que sois guias dos cegos, e luz dos que estão nas trevas; instruidores dos néscios, mestres de crianças, que tendes a forma da ciência e da verdade na lei. Vós, pois, que ensinais aos outros, não vos ensinais a vos mesmos? Vós que pregais, que vos gloriais na lei, desonrais a Deus pela transgressão da lei.

IV. Quem tem razão?

A Igreja Católica, apoiada sobre a palavra positiva de Cristo, diz: 'Jesus Cristo está verdadeiramente presente na Eucaristia'. O protestante hodierno diz: 'Cristo não está presente, porque eu digo que não está'; é a única razão da negação. Quem dos dois terá razão: Cristo-Deus – ou o protestante revoltoso?
Vamos examinar o fato, não somente com um texto, mas com uma série de textos, que o crente (se ainda acredita na Bíblia) terá a bondade de verificar e de meditar, porque é uma página divina, que vou citar aqui, a qual se devia ler de joelhos e em atitude de adoração.

Eis, em São João, os termos de que Jesus Cristo serviu, falando a primeira vez deste grande sacramento (6, 48-59): 'Eu sou o pão da vida: vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo, que desci do céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente, e o pão que eu darei é a minha carne, para a vida do mundo'. Que clareza nestas palavras! Que quer dizer isso, ó crente: 'Eu sou o pão vivo – o pão que eu darei é a minha carne. É ou não é a carne de Cristo? É ou não é Cristo que será o pão que deve ser comido? Deixe de cegueira e compreenda a palavra de Deus. Deus sabia falar e compreendia a significação das palavras! Ou o amigo quer dar a Cristo uma lição de gramática ou sintaxe?

V. Uma página divina

E não é só isso! Cristo continua, cada vez mais positivo e mais claro: 'Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. O que comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna. Porque a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida. O que come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele. O que me come viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. O que come este pão, viverá eternamente'.

Quanta página divina! Oh! Diga-me, pobre crente, trata-se do corpo de Cristo feito pão para ser comido ou não? Ou trata-se simplesmente de um pedaço de pão de padaria? Minha carne é comida – o que me come... Não é isso o próprio Jesus Cristo feito pão para ser comido? Como se pode interpretar isto de outro modo? Ou o amigo não acredita na Bíblia, na palavra de Cristo, ou deve confessar que Cristo se deu verdadeiramente como comida aos homens, na sagrada eucaristia. Então: ou rasgue a sua bíblia ou se faça católico! Não há logicamente outra saída. Protestante não pode ficar! Ou ateu ou católico. Ou não acredite em nada ou tem de acreditar no ensino católico!

VI. Cristo e o protestante

Cristo afirma, repete, reafirma, e explica que o pão que ele vai dar é o seu próprio corpo – que seu corpo é uma comida – que seu sangue é uma bebida – que é um pão celeste que dá a vida eterna. E tudo isso é positivo, repetido mais de 50 vezes, sem deixar subsistir a mais leve hesitação. E tu, ó protestante, tens a audácia de dizer: 'Cristo não está na Eucaristia! O corpo de Cristo não é comida. Tudo isso é uma imagem, é uma representação, é uma ceia, onde se come um pedaço de pão em lembrança de Cristo'.

Pobre, pobre protestante! Tu és um cego, ou um ímpio – ou tu és mais que o próprio Deus, ou tu és Satanás. Cristo diz: 'Este pão é o meu corpo'. O protestante exclama: 'Não, Senhor, é um pedaço de pão!' Cristo ajunta: 'Minha carne é verdadeiramente comida'. O protestante objeta: 'Não, Senhor, este pão não é tua carne!' Cristo completa: 'O que me come...viverá por mim'. O protestante insiste: 'Não, Senhor, não comemos a ti, é simplesmente um pedaço de pão!' Cristo repete: 'O que come a minha carne, fica em mim'. O protestante blasfema: 'Não, Senhor, não é a tua carne, porque eu não o quero; é uma ceia, uma simples lembrança! Tu estás enganado, ó Cristo, não entendes a bíblia. De tudo o que tu afirmas, nada é verdade. Este pão do céu não existe. Este pão não é o teu corpo. Este vinho não é o teu sangue. Teu corpo não é comida. Teu sangue não é bebida'.

VII. Pobre protestante

E se Cristo, num gesto de infinita compaixão para o louco protestante, lhe perguntasse: 'Mas por que não o é? Eu, que sou Deus onipotente, eu digo que é, como podes tu dizer o contrário?' O protestante responderia: 'Não, este pão não é o teu corpo, teu corpo não é comida porque eu não o quero!' Pobre protestante! Reflete um instante, e compreenderás que estás em revolta contra Deus. Fazes da tua Bíblia um ídolo que adoras, e desprezas as verdades que a Bíblia ensina.

Oh! como São Paulo teve razão quando escreveu aos Romanos (1, 21-22): 'Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, antes desvaneceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos'. Ó homens de bom senso, cujo coração não está ainda obcecado, dizei quem tem razão: nós, os católicos, que aceitamos a palavra de Deus em seu sentido óbvio, natural e positivo, ou o pobre protestante que a deturpa, violenta ou rejeita?

Quem diz a verdade: Jesus Cristo, que é Deus, ou o protestante, que é um revoltoso? Quem conhece melhor a bíblia: Cristo que afirma ou o protestante que nega? Oh! deixa de graças, pobre crente, deixa de blasfemar contra Deus, sê maometano, sê budista, ou judeu, se quiseres, porém deixa de dizer-te discípulo de Cristo, renegando e insultando o ensino do mesmo Cristo. Um tal procedimento revolta o bom senso, a lealdade, a consciência humana.

Se Cristo voltasse à terra, com que veemência ele repetiria em frente das vossas casas de culto, dirigindo-se aos vossos falsos ministros: 'Ai de vós, fariseus hipócritas, que fechais aos homens o reino dos céus, porque nem vós entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam' (Mt 23,13). 'Ai de vós, hipócritas, porque percorreis mar e terra para fazer um prosélito, e depois de o ter ganho, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós' (Mt 23,15). Viva Cristo: ele só possui a verdade! Abaixo os blasfemadores e protestantes, que, com Judas, beijam Cristo na fronte para melhor atraiçoá-lo e vendê-lo! Vai! O brasileiro é católico e não vende nem a sua fé e nem a sua alma!

VIII. Promessa da Eucaristia

Para não deixar subsistir a mínima dúvida a respeito de sua presença real, na sagrada Eucaristia, Jesus Cristo permite que haja oposição da parte dos judeus e como escândalo da parte dos seus próprios apóstolos. As palavras que ele acaba de proferir: 'Minha carne é verdadeiramente comida. O que me come, vive por mim' (Jo 6, 56-58) são tão positivas e tão claras que os judeus não são iludidos. Eles entendem que se trata verdadeiramente da carne de Cristo, que deve ser comida, e a prova é que se revoltam.

'Como', dizem eles, 'pode este dar-nos a sua carne a comer?' (Jo 6,53). Jesus ouve, compreende e sabe que os judeus vão afastar-se dele por não poderem suportar uma verdade tão nova e inverossímil. Retiram-se murmurando. é duro demais, quem pode ouvir uma tal linguagem! (Jo 6,61). Até no meio dos discípulos está se produzindo uma divisão: 'Desde então, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele' (Jo 6,67). Que fará Jesus? Irá buscá-los? Se fosse simplesmente uma comparação, uma figura, um tropo, não devia ele dissipar o equívoco?

Entretanto nada disso. Vira-se do lado dos seus apóstolos, e num tom que não admite réplica, pergunta a queima-roupa: 'E vós também quereis abandonar-me?' (Jo 6,68). É como se dissesse: 'É tomar ou deixar! A verdade é esta, e não muda. E foi nesta hora que São Pedro lançou este sublime brado de fé: 'Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós cremos e conhecemos que tu és Cristo, o Filho de Deus!' (Jo 6, 67-70).

IX. Crer ou blasfemar

Como tudo isso é sublime e divino! É a cena da promessa da Eucaristia, não é a instituição ainda, porém vê-se como Jesus preparava o espírito dos seus apóstolos para a cena inaudita da instituição deste divino sacramento. Ó pobre protestante, seja sincero e diga-me: seria possível Cristo ser mais claro e mais positivo? E de outro lado, seria possível – seria o extremo do ridículo! Seria possível Cristo empregar palavras tão majestosas, para prometer-nos simplesmente um pedaço de pão, que devemos comer em sua lembrança?

Não sentes, ó crente, que seria indigno de Deus!? Fazer um tal discurso, expor-se a perder seus discípulos fiéis, escandalizar judeus e apóstolos, unicamente por causa de um pedaço de pão! Não! É impossível! Jesus Cristo fala aqui de seu próprio corpo, que deve, na sagrada eucaristia, ser o alimento vivo das nossas almas. O erro é impossível, não há outra saída senão a revolta e a blasfêmia.
É o que disseram os discípulos infiéis, é o que estais fazendo, pobres protestantes! Crer ou blasfemar! Não quereis crer na palavra divina e por isso blasfemais a mais sublime das invenções do amor de Deus repetindo, em pleno século de luz, o brado revoltoso dos fariseus do Evangelho: Não é a carne de Cristo, é simplesmente um vulgar pedaço de pão.

X. A instituição

O espírito dos apóstolos estava admiravelmente preparado para receber o dom da Eucaristia. Por isso, na última ceia, não há mais nem discussão, nem contestação, nem admiração. Os apóstolos conhecem o coração do divino Mestre; conhecem o seu poder; sabem o que ele vai fazer. Calam-se e adoram. Leia as palavras da instituição, tudo é de uma simplicidade divina e de uma clareza mais divina ainda.
O dia está escolhido; é a véspera da sua morte, em meio das ternuras lacerantes do adeus, neste momento onde, deixando aqueles que se amam, fala-se com mais coração e com mais firmeza, porque, estando para morrer, não se estará mais para explicar ou interpretar as próprias palavras. Neste momento, pois, num festim preparado com solenidade (Lc 22,12), impacientemente desejado (Lc 22,15), eis que se passa:

Quando estavam ceando, Jesus tomou o pão, benzeu- e partiu-o, e deu-o a seus discípulos, dizendo: 'Tomai e comei, isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim' (Lc 22,19). E tomando o cálice, deu graças, e o deu a eles, dizendo: 'Bebei deste todos, porque isto é o meu sangue do novo testamento, que será derramado por muitos, para a remissão dos pecados' (Mt 26, 27-28). Que simplicidade e que precisão nos termos, que ausência de frases; sente-se em cada palavra uma autoridade divina!

O original grego é mais forte ainda: 'Isto é o meu corpo, meu próprio corpo, o mesmo que é dado por vós. Isto é o meu sangue, meu próprio sangue da nova aliança, o sangue derramado por vós em remissão dos pecados'. E no texto siríaco, tão antigo como o grego, feito no tempo dos apóstolos, diz-se: O que se nos dá 'é o próprio corpo de Jesus, seu próprio sangue'. Que simplicidade! Ainda uma vez. Leia isso, pobre crente, e veja se há jeito de dar a estes textos outro sentido senão o da presença real do corpo e do sangue de Cristo, no pão e no vinho eucarísticos!

Se Jesus quisesse dar um simples sinal, ele o teria dito. Quando ele usa de parábolas, de tropos ou similitudes, ele o faz de modo que todos o compreendam. Aqui, sem nada explicar, nem antes, nem depois, Jesus diz: 'isto é o meu corpo'. Ó Jesus! Que precisão e, ao mesmo tempo, que autoridade! Quanto poder nestas palavras: 'Lázaro, sai do sepulcro!' E Lázaro sai imediatamente. 'Mulher, estás curada'! E ela fica curada. 'Isso é meu corpo'! E esse é o corpo do Cristo.

Estas palavras, diz Melanchthon, um dos fundadores do protestantismo, têm o brilho do relâmpago, e o espírito nada lhes pode objetar. (De verit. Corpo. Christi in 1 Ep. ad. Cor.). Eis a verdade, meu caro crente, a verdade clara, positiva, irrefutável, a verdade fulgurante como o relâmpago, imponente como a majestade divina. Ainda uma vez – pois é a conclusão que se impõe: ou crer ou blasfemar! Ou aceitar a verdade católica, ou tornar-se um miserável ímpio. Medita isso e tem coragem de escutar a tua consciência e a voz de Deus, e de repetir com a Igreja Ctólica: Cristo está verdadeiramente presente no santíssimo sacramento do altar! Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé!

XI. Uma conclusão necessária

Que tal, amigo crente, não basta ainda textos da Sagrada Escritura, para provar as verdades que tens ousadia de atacar? Já citei uns vinte textos, que provam explicitamente que Jesus Cristo está verdadeiramente presente na sagrada Eucaristia. Podia duplicar estes 20 textos e citar muitos outros, podia até perfazer um total de 100 textos, porém, pedindo apenas um, e tendo já citado uns vinte, para que serviria a lista comprida e necessariamente fastidiosa de tantos textos que provam a mesma verdade? Tantos textos, caro amigo, provam clara e publicamente as seis seguintes verdades:

1° que o amigo não conhece a Bíblia;
2° ou que está de má fé, conhecendo tais textos, e não lhes dando crédito;
3° ou que é escravo do respeito humano, e não tem coragem de voltar à Igreja Católica, na qual nasceu;
4° ou não sabe o que está pedindo; e, neste caso, não passa de um louco;
5° ou está agindo sob a influência de qualquer analfabeto endinheirado e, neste caso, é um vulgar vendido;
6° ou, enfim, está na boa fé e procura conhecer a verdade; e, neste último caso, conhecendo a verdade exposta nestas linhas, deve abraçá-la e voltar ao grêmio da Igreja verdadeira, que é a de São Pedro, ou de Roma.

O resultado há de provar a qual destas categorias pertence: e qual o epíteto que merece. Para completar a grande verdade exposta por São Mateus, São Marcos e São Lucas, eis mais uns textos do grande São Paulo, cujos escritos os protestantes apreciam. Para não abusar da paciência de ninguém, citarei apenas este trecho da 1ª Epístola aos Coríntios (11, 23-30):

'Eu recebi do Senhor... que, na noite em que foi traído, tomou o pão. E tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei: isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Esta é a nova aliança no meu sangue, fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que come este pão ou beber o cálice indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para si mesmo sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem' (o sono da morte).

XII. Refutação do erro protestante

Vamos lá agora, meu amigo crente, e diga-me, com sinceridade: acredita na Sagrada Escritura, ou não acredita? Qual é o sentido óbvio dos textos citados? São Paulo diz, com esta lógica que lhe é peculiar: 'Quem comer este pão indignamente, será culpado do corpo do Senhor' (1 Cor 11,27) – e ainda no mesmo sentido: 'O que come indignamente, come a sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor' (1 Cor 11,29). O que quer dizer isso? Uma criança é capaz de responder.

São Paulo diz que, comungando indignamente, somos culpados do corpo de Jesus Cristo. Ora, como é que alguém pode ser culpado do corpo de Cristo, se este corpo não estiver no pão que come? Comer pão da padaria, sem devoção e com a alma manchada pelo pecado, pode ser um crime? É ridículo, caro amigo, tal asserção. Para comer o pão da padaria, é o bastante ter fome, nenhuma disposição da alma pode ser exigida. E como alguém pode comer a sua própria condenação, engolindo um pouco de pão? Tudo isso é o cúmulo do ridículo! E só um crente obcecado é capaz de sustentar um tal absurdo.

Aliás São Paulo é positivo; e como para refutar de antemão as ímpias asserções dos 'crentes', ele ajunta e explica: 'É culpado do corpo do Senhor e come sua própria condenação, quem não discerne o corpo do Cristo de um vulgar pedaço de pão' (1 Cor 27,29) e come este pão indignamente sem purificar a sua alma e o seu coração. A gente só responde por aquilo que come. Se o crente tomar uma dose de mercúrio ou de estricnina, é culpado de ter tomado estes venenos; mas tomando simplesmente pão, não pode ser culpado de ter tomado veneno.

Prova de que este pão celeste, de que fala São Paulo, e de que tanto falou o próprio Jesus, é verdadeiramente o corpo de Cristo. Por isso, conclui o Apóstolo: Examine-se o homem para ver se está em graça com Deus, antes de comer deste pão. A dúvida é, pois, impossível! Ou é preciso rejeitar a Bíblia inteira ou declarar-se ateu; ou é preciso aceitar a verdade, cem vezes repetida, explicada e comentada pela mesma Bíblia.

Porém ler a bíblia – dizer que se acredita na bíblia – proclamar-se crente da bíblia, e negar uma verdade cristalina, positiva e afirmada tantas vezes na bíblia, seria de uma inconseqüência de louco, ou então da obcecação de um ímpio. Escolhei, pobres protestantes, pobres vítimas do fanatismo cego, ignorante e interessado de uns homens sem consciência, que se intitulam 'pastores' e que são, no dizer de Cristo, lobos devoradores, vestido de pele de cordeiros para mais facilmente iludir, enganar e perder as almas.

Queridos brasileiros, lembrai-vos que sois filhos de católicos e que fostes batizados na Igreja Católica, que é a única e verdadeira – lembrai-vos que recebestes a fé católica com o leite materno e que talvez os vossos pais adormeceram para sempre, murmurando os doces nomes de Jesus e de Maria – e vós tereis a ousadia de desprezar e de negar a fé destes pais queridos, para aceitardes o espírito de revolta, de ódio e de satânica cegueira de uns vendidos, de uns apóstatas, sem fé, sem crença, sem convicção, que ontem eram católicos e que hoje se intitulam pastores protestantes, porque são pagos pelos americanos para fazerem propaganda e para semearem a desunião em nosso querido Brasil?

Aqui tendes mais uma prova insofismável da má fé e da ignorância supina destes pastores cegos. As verdades aqui expostas são irrefutáveis. Se tendes uma bíblia, pobres 'crentes', procurai verificar os textos citados, e dizei se, sim ou não, Cristo está presente na Hóstia Sagrada. Convencidos, como haveis de ficar convencidos, deveis confessar que os vossos pastores andam errados, estão fora da verdade e, em vez de ensinar-vos as verdades contidas na Bíblia, ensinam-vos as idéias grotescas e ímpias de suas próprias cabeças. Em vez de voz mostrarem o caminho do céu, levam-vos ao Inferno.

Refleti, meus amigos. O protestantismo, que é falso neste pontos, o é nos outros, como continuarei a prová-lo. E convido, provoco mesmo, qualquer um destes pastores ignorantes e de má fé a refutar as teses aqui defendidas. Encarrego-me de desmascará-los imediatamente e demonstrar, a nu, ou seus chifres de demônio ou então as suas orelhas de lobo. Viva, pois, Cristo, o Salvador, o pai querido, verdadeiramente presente na Eucaristia, triunfador e vencedor de seus blasfemadores e de seus inimigos, os protestantes!

* Estas 'objeções' foram propostas por 'um crente' como um desafio público ao Pe. Júlio Maria e que foi tornado público durante as festas marianas de 1928 em Manhumirim, o que levou às refutações imediatas do sacerdote, e mais tarde, mediante a inclusão de respostas mais abrangentes e detalhadas, na publicação da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', ora republicada em partes neste blog.

(Excertos da obra 'Luz nas Trevas - Respostas Irrefutáveis às Objeções Protestantes', do Pe. Júlio Maria de Lombaerde)

quarta-feira, 3 de maio de 2017

A ORAÇÃO DAS VINTE E QUATRO HORAS

Primeira Hora: Senhor, não me priveis dos Vossos dons celestiais. 

Segunda Hora: Senhor, livrai-me dos tormentos eternos.

Terceira Hora: Senhor, perdoai-me se pequei contra Vós com a mente e com os pensamentos, em palavras e atos.

Quarta Hora: Senhor, livrai-me de toda a ignorância, esquecimento, pusilanimidade e insensibilidade empedernida. 

Quinta Hora: Senhor, livrai-me de toda tentação. 

Sexta Hora: Senhor, iluminai o meu coração turvado pelos desejos malignos. 

Sétima Hora: Senhor, como homem eu pequei, mas Vós, como Deus compassivo, tende piedade de mim e das enfermidades da minha alma. 

Oitava Hora: Senhor, enviai a Vossa Graça em meu socorro para que eu possa glorificar o Vosso Santo Nome. 

**********

Nona Hora: Senhor, escrevei o nome deste Vosso servo no Livro da Vida e concedei-me a graça de uma boa morte.

Décima Hora: Senhor meu Deus, concedei pela Vossa graça que as minhas obras produzam frutos de salvação. 

Décima Primeira Hora: Senhor, derramai sobre o meu coração o orvalho da Vossa graça.

Décima Segunda Hora: Senhor do céu e da terra, no Vosso reino, lembrai-Vos deste Vosso servo pecador, impuro e arrependido.

Décima Terceira Hora: Senhor, aceitai a minha penitência. 

Décima Quarta Hora: Senhor, não me abandoneis. 

Décima Quinta Hora: Senhor, não me deixeis cair em tentação. 

Décima Sexta Hora: Senhor, concedei-me a graça de bons pensamentos. 

**********

Décima Sétima Hora: Senhor, concedei-me o sofrimento, a lembrança da morte e contrição. 

Décima Oitava Hora: Senhor, concedei-me a graça de confessar os meus pecados. 

Décima Nona Hora: Senhor, concedei-me a humildade, castidade e obediência. 

Vigésima Hora: Senhor, concedei-me a paciência, coragem e mansidão. 

Vigésima Primeira Hora: Senhor, fazei florescer em mim a raiz do bem e o temor de Vós em meu coração. 

Vigésima Segunda Hora: Senhor, concedei-me a graça de Vos amar com toda a minha alma e toda a minha mente e fazer em tudo a Vossa Santa Vontade. 

Vigésima Terceira Hora: Senhor, protegei-me dos homens maus, das investidas dos demônios, das paixões e de todas as coisas impróprias. 

Vigésima Quarta Hora: Senhor, Vós que sabeis que tudo se faz segundo a Vossa Santa Vontade, fazei que ela se cumpra também em mim que sou pecador, Vós que sois bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

(São João Crisóstomo)

terça-feira, 2 de maio de 2017

A VIRTUDE SE MANIFESTA NO AMOR AO PRÓXIMO

Todos os pecados são cometidos através do próximo, no sentido de que eles são a ausência da caridade, que é a forma de todas as virtudes. No mesmo sentido, o egoísmo, que é a negação do amor pelo próximo, constitui a razão e o fundamento do todo mal. Ele é a raiz dos escândalos, do ódio, da maldade, dos prejuízos causados aos outros.

Diante disto, o cristão luta e se opõe à sensualidade, com empenho a submete à razão e procura descobrir em si mesmo a grandeza de Minha bondade. Inúmeros são os favores que lhe faço. Ao reconhecer que gratuitamente o retirei das trevas e o transferi para a verdadeira sabedoria, no autoconhecimento ele se humilha. Assim, consciente da Minha benevolência, o homem me ama direta e indiretamente. Diretamente, não pensando em si mesmo ou em interesses pessoais; indiretamente através da prática da virtude.

Toda virtude é concebida no íntimo do homem por amor a Mim; fora do ódio ao pecado e do amor à virtude, não existe maneira de me agradar e de se chegar até Mim. Depois de ter concebido interiormente a virtude, a pessoa a pratica no próximo. Aliás, tal modo de agir é a única prova de que alguém possui realmente uma virtude. 

Quem Me ama, procura ser útil ao próximo. Nem poderia ser de outra maneira, dado que o amor por Mim e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto me ama, pois de Mim se origina o amor do outro. O próximo, eis o meio que vos dei, para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para Mim, deveis ser de utilidade ao homem.

(Revelações de Santa Catarina de Sena)

segunda-feira, 1 de maio de 2017

01 DE MAIO - SÃO JOSÉ OPERÁRIO


São José, São José carpinteiro,
dai-me o cinzel do entalhador
para que eu molde almas, muitas almas,
com a sagrada face do Senhor...


São José, modelo de virtudes,
imprimi em mim virtuoso labor
para que eu seja luz, luz que alumie,
os santos caminhos do Senhor...


São José, homem de oração,
dai-me a graça da vida interior
para que eu leve ovelhas, muitas ovelhas,
 ao rebanho do Bom Pastor...
  

São José, São José missionário,
guiai-me no apostolado do amor
pelos homens, para que muitos se salvem,
 na infinita misericórdia do Senhor...



 São José, esposo de Maria,
ungi-me a fronte com especial fervor
de levar as almas, todas as almas,
às fontes da graça do Senhor...


São José, São José camponês,
dai-me o arado e fazei-me semeador
que eu possa dar frutos, muitos frutos,
nas vinhas gloriosas do Senhor...


São José, homem justo na fé,
fazei de mim esteio consolador
de todos que sofrem, dos que padecem,
crucificados como o Senhor...



São José, São José operário,
fazei de mim um santo trabalhador
que eu seja obra de muitos nomes
nas moradas eternas do Senhor...

('Poema a São José', de Arcos de Pilares)

domingo, 30 de abril de 2017

NO CAMINHO PARA EMAÚS

Páginas do Evangelho - Terceiro Domingo da Páscoa


No caminho para Emaús, cidadezinha distante pouco mais de 10km de Jerusalém, Jesus vai manifestar, mais uma vez, a glória da Ressurreição aos seus discípulos. Como que por acaso, Jesus os toma para Si na longa caminhada, numa contemplação aparente de um mero convívio humano, nascido das circunstâncias de três peregrinos na mesma direção: 'quando eles iam conversando e discorrendo entre si, aproximou-Se deles o próprio Jesus e caminhou com eles' (Lc 24, 15). Não há nada de circunstancial ou de mera rotina neste encontro sobrenatural: tal grande manifestação da graça de Deus faz dele um evento singular e extraordinário.

E, de algum modo absolutamente sobrenatural, os discípulos não reconhecem Jesus, a exemplo daqueles que O encontraram às margens do mar de Tiberíades e também não O reconheceram a princípio (Jo 21,4). Movidos pelas emoções humanas, retratam a Paixão e Morte do Senhor àquele 'único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias' (Lc 24, 18). Eles se referiram ao Senhor como um profeta poderoso, muito provavelmente ciente dos riscos de serem denunciados e presos por proclamarem a um desconhecido a condição de serem discípulos dAquele que deveria libertar Israel, de acordo com as suas próprias motivações e perspectivas.

No caminho para Emaús, os dois discípulos expressam, num turbilhão de emoções, os sentimentos de angústia, tristeza, decepção, perturbação e esperança. E é esta esperança que vai torná-los testemunhas do amor. Jesus os repreende pela perturbação que se levanta como o pó da estrada; Jesus os orienta, por meio dos textos bíblicos, no caminho da santificação plena e no entendimento de toda Verdade de Deus. Jesus ilumina para sempre os seus corações, na tarde ensolarada que declina.

E, ficando com eles, o Senhor se vai, manifestando, mais uma vez, o mistério concreto da Santa Eucaristia como a permanência de Deus Vivo entre os homens: 'Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles' (Lc 24, 30 - 31). Como os dois discípulos de Emaús, na Santa Eucaristia, nós reconhecemos e, mais do que reconhecer, nós ficamos com Jesus, na poeira das estradas do mundo, na certeza da caminhada rumo à eternidade com Deus. 

sábado, 29 de abril de 2017

29 DE ABRIL - SANTA CATARINA DE SENA


Santa Catarina de Sena nasceu Caterina di Giacomo di Benincasa na cidade de Sena / Itália, em 25 de março de 1347, de família humilde e numerosa. Desde tenra idade foi cumulada pela Providência Divina de visões místicas e dons sobrenaturais, que incluíram mais tarde a manifestação de estigmas semelhantes aos de Nosso Senhor. Ofereceu-se a Deus desde a infância e, ainda muito jovem, já havia recebido o hábito de penitente da Ordem Terceira de São Domingos.

Reclusa em sua cela, em orações e jejuns constantes, Catarina passou por inúmeras experiências sobrenaturais, que culminaram com a celebração de suas núpcias místicas com o Senhor, na cela de sua reclusão, nas vésperas da Quarta-Feira de Cinzas do ano de 1367. Acostumada a uma vida de rígida abstinência, a comunhão era, muitas vezes, o seu único alimento por vários dias. Mas, segundo o seu confessor e primeiro biógrafo, Raimundo de Cápua, Jesus vai demandá-la a abandonar a vida reclusa e a dedicar-se totalmente a uma missão pública em favor da Igreja.

A Europa à época de Santa Catarina estava marcada pela peste, pela violência e por uma grave crise da Igreja. O papado estava recolhido na cidade francesa de Avignon, sob influência política de diversos reinos e ducados. Catarina tornou-se, então, a servidora humilde de todos, cuidou dos doentes, pregou um apostolado intensivo e lutou incessantemente pelo restabelecimento da paz, mediante visitas pessoais ou envio de cartas a diferentes políticos e governantes, conclamando o próprio papa - Gregório XI - a retomar o seu pontificado a partir de Roma. 

E o retorno do papa a Roma ocorreu em janeiro de 1377. Neste período, tem início os primeiros registros das conversações entre a sua alma e Deus, mais tarde transcritas na obra hoje conhecida como 'Diálogo'. Mas a paz na Igreja não seria longa, sendo marcada por novas revoltas e a morte em seguida de Gregório XI. Em Roma, os cardeais elegem Urbano VI; em Avignon, alguns cardeais franceses dão origem ao Grande Cisma do Ocidente, não aceitando o novo papa de Roma e elegendo o antipapa Clemente VII. 

A angústia e aflição diante destes fatos e da incerteza sobre o futuro da Igreja a acompanhariam até à sua morte prematura, ocorrida em 29 de abril de 1380, aos 33 anos de idade. Sua cabeça foi separada do corpo e é venerada na Basílica de San Domenico em Siena e o corpo encontra-se na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva, em Roma. Catarina foi canonizada em 1461 pelo papa Pio II e declarada 'doutora da Igreja' pelo papa Paulo VI em 1970, apenas alguns dias depois da concessão da primeira e igual honraria dada à Santa Teresa de Ávila.

(cabeça preservada e túmulo de Santa Catarina de Sena)