terça-feira, 11 de abril de 2017

11 DE ABRIL - SANTA GEMMA GALGANI



Mística, contemplativa, estigmatizada, Santa Gemma Galgani foi contemplada por Deus com um enorme acervo de privilégios, graças e carismas, como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue, êxtases frequentes, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e uma incrível familiaridade com o seu Anjo da Guarda. Nasceu em  12 de março de 1878 em Camigliano, um vilarejo situado perto de Lucca, na Itália, de família católica tradicional e faleceu, com apenas 25 anos, no Sábado Santo de 11 de Abril de 1903. Foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete anos depois da sua morte.

Palavras do Anjo da Guarda à Santa Gemma:

'Lembra, filha, que aquele que ama verdadeiramente Jesus fala pouco e suporta muito. Eu te ordeno, em nome de Jesus, de nunca dar a tua opinião a menos que ela seja pedida; de nunca insistir na tua opinião, mas a ficar em silêncio imediatamente. Quando tiveres cometido qualquer erro, acusa-te a ti mesma dele imediatamente sem esperar que os outros o façam... Lembra-te de guardar os teus olhos e considera que os olhos mortificados possuirão as belezas do Céu.'

Santa Gemma Galgani, rogai por nós!

VIA CRUCIS (II)


Via Crucis 

Quarta Estação: Jesus encontra a Sua Mãe

V. Nós Vos adoramos, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. 
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considerai o encontro de Jesus com Maria, neste caminho de dores. O Filho olha para a Sua Mãe e esta olha para o Filho. Estes olhares de um para o outro transpassam, como outras tantas setas, dois corações que amam tão ternamente.

(pequena pausa para considerar brevemente a cena desta estação)

Ó meu terno Jesus: concedei-me a graça de ser verdadeiro servo de Vossa Mãe Santíssima. E Vós, minha Rainha das dores, alcançai-me, pela vossa intercessão, uma contínua e terna lembrança da paixão de Vosso Filho.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai

Eis a Mãe lacrimosa, vergada em tremores / 
transpassada de dor no caminho das dores

V. Jesus, tende piedade de nós! 
R. Porque somos pecadores!

Jesus, meu Jesus Amado,
no Gólgota, Cordeiro Imolado:
quero seguir Vossos passos
neste caminho de dor
e, com a Cruz nos meus braços,
morrer pelo Vosso amor.

****************

Quinta Estação: Jesus é ajudado por Cireneu

V. Nós Vos adoramos, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. 
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considerai que Jesus está tão desfalecido que os seus inimigos obrigam Simão de Cirene a ajudá-lo a carregar a cruz.

(pequena pausa para considerar brevemente a cena desta estação)

Ó meu dulcíssimo Jesus: longe de mim recusar, como Simão Cireneu, a levar a cruz; eu a aceito e a abraço, aceito em particular a que me é reservada, com todas as penas que hão de acompanhá-la; eu a uno à Vossa morte e vo-la ofereço em sacrifício: ajudai-me com a Vossa Graça.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai

Eis a Mãe esmagada pelo sacrifício pungente /
ao qual Jesus se oferece como vítima inocente

V. Jesus, tende piedade de nós! 
R. Porque somos pecadores!

Jesus, meu Jesus Amado,
no Gólgota, Cordeiro Imolado:
quero seguir Vossos passos
neste caminho de dor
e, com a Cruz nos meus braços,
morrer pelo Vosso amor.

****************

Sexta Estação: Verônica enxuga o rosto de Jesus 

V. Nós Vos adoramos, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. 
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considerai como Verônica, vendo Jesus extenuado, toma uma toalha e com ela enxuga o rosto de Jesus, banhado de suor e sangue.

(pequena pausa para considerar brevemente a cena desta estação)

Ó meu Jesus, meu amor: éreis antes o mais belo dos filhos dos homens; as feridas e o sangue Vos desfiguraram todo. Ah! minha alma também era bela, mas não tardei manchá-la pelos meus pecados; só Vós, ó meu Redentor, podeis restituir-me a primeira beleza; concedei-me este favor, eu Vo-lo peço pela Vossa Paixão.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai

Eis a Mãe abismada, do Filho tão querido, /
agora ensanguentado e em chagas consumido

V. Jesus, tende piedade de nós! 
R. Porque somos pecadores!

Jesus, meu Jesus Amado,
no Gólgota, Cordeiro Imolado:
quero seguir Vossos passos
neste caminho de dor
e, com a Cruz nos meus braços,
morrer pelo Vosso amor.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

VIA CRUCIS (I)


Via Crucis 

(Concessão de INDULGÊNCIA PLENÁRIA a todo cristão que rezá-la em caráter devoto e penitencial, nos termos prescritos pela Igreja - item 63 do Manual das Indulgências)

ORAÇÃO INICIAL

Meu Senhor Jesus Cristo, Vós percorrestes com tão grande amor este caminho para morrer por mim e eu vos tenho ofendido tantas vezes apartando-me de Vós pelo pecado. Mas eu vos amo de todo o meu coração e, porque vos amo, me arrependo sinceramente de todas as ofensas que vos tenho feito. Perdoai-me, Senhor, e permiti que eu vos acompanhe nesta caminho. Se vais morrer por meu amor, eu também quero viver e morrer pelo Vosso amor, meu amado Redentor. Sim, meu Jesus, eu quero sempre viver e morrer unido a Vós.

Primeira Estação: Jesus é condenado à morte

V. Nós Vos adoramos, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. 
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considerai como Jesus, depois de ter sido açoitado e coroado de espinhos, foi injustamente condenado por Pilatos à morte na Cruz.

(pequena pausa para considerar brevemente a cena desta estação)

Ó meu adorável Jesus: não foi Pilatos, mas sim os meus pecados que vos condenaram à morte. Ah! pelo merecimento deste doloroso caminho, peço-Vos assistais a minha alma na viagem para a eternidade.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai

Eis a Mãe dolorosa, aos pés da Cruz / 
com a alma em agonia, vendo dela pender Jesus.

V. Jesus, tende piedade de nós! 
R. Porque somos pecadores!

Jesus, meu Jesus Amado,
no Gólgota, Cordeiro Imolado:
quero seguir Vossos passos
neste caminho de dor
e, com a Cruz nos meus braços,
morrer pelo Vosso amor.

****************

Segunda Estação: Jesus carrega a Cruz 

V. Nós Vos adoramos, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. 
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considerai como Jesus, caminhando para o Calvário com a cruz nos seus ombros; Ele pensa em Vós e oferece a Deus, pela vossa salvação, a morte que vai padecer.

(pequena pausa para considerar brevemente a cena desta estação)

Ó meu amabilíssimo Jesus: abraço todas as penas que me enviardes até a morte; peço-Vos, pelo merecimento das dores que sofrestes, quando levastes nos ombros a Vossa Cruz, ajudai-me a levar a minha com paciência e resignação perfeita.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai

Eis a Mãe consternada, transpassada pela dor / 
vendo Jesus se imolar por infinito Amor

V. Jesus, tende piedade de nós! 
R. Porque somos pecadores!

Jesus, meu Jesus Amado,
no Gólgota, Cordeiro Imolado:
quero seguir Vossos passos
neste caminho de dor
e, com a Cruz nos meus braços,
morrer pelo Vosso amor.

****************

Terceira Estação: Jesus cai pela primeira vez

V. Nós Vos adoramos, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. 
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Considerai que as carnes do Seu Corpo estão rasgadas pelos açoites; a sua cabeça está coroada de espinhos; o Seu Sangue corre em abundância. Sua fraqueza é tão grande que é muito difícil dar sequer um passo...

(pequena pausa para considerar brevemente a cena desta estação)

Ó meu amadíssimo Jesus: não é o peso da Vossa Cruz, mas os meus pecados que Vos fazem sofrer tantas penas. Ah! pelo mérito desta primeira queda, livrai-me de cair em pecado mortal.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai

Eis a Mãe piedosa, em tormentosa aflição / 
vendo seu Filho Amado, prostrado ao chão 

V. Jesus, tende piedade de nós! 
R. Porque somos pecadores!

Jesus, meu Jesus Amado,
no Gólgota, Cordeiro Imolado:
quero seguir Vossos passos
neste caminho de dor
e, com a Cruz nos meus braços,
morrer pelo Vosso amor.

domingo, 9 de abril de 2017

'HOSANA AO FILHO DE DAVI!'

Páginas do Evangelho - Domingo de Ramos


No Domingo de Ramos, tem início a Semana Santa da paixão, morte e ressurreição de Nosso senhor Jesus Cristo. Jesus entra na cidade de Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os seus discípulos e é recebido como um rei, como o libertador do povo judeu da escravidão e da opressão do império romano. Mantos e ramos de oliveira dispostos no chão conformavam o tapete de honra por meio do qual o povo aclamava o Messias Prometido: 'Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas'.

Jesus, montado em um jumento, passa e abençoa a multidão em polvorosa excitação. Ele conhece o coração humano e pode captar o frenesi e a euforia fácil destas pessoas como assomos de uma mobilização emotiva e superficial; por mais sinceras que sejam as manifestações espontâneas e favoráveis, falta-lhes a densidade dos propósitos e a plena compreensão do ministério salvífico de Cristo. Sim, eles querem e preconizam nEle o rei, o Ungido de Deus, movidos pelas fáceis tentações humanas de revanche, libertação, glória e poder.

Mas Jesus, rei dos reis, veio para servir e não para reinar sobre impérios forjados pelos homens. '... meu reino não é deste mundo' (Jo 18, 36). Jesus vai passar no meio da multidão sob ovações e hosanas de aclamação festiva; mais tarde, Jesus vai ser levado sob o silêncio e o desprezo de tantos deles, para o cimo de uma cruz no Gólgota. Dos hosanas de agora ao 'Seja crucificado!' (Mt 27, 22 e 23) de mais além, o desvario humano fez Deus morrer na cruz. 

Neste Domingo de Ramos, o Evangelho evoca todas as cenas e acontecimentos que culminam no calvário de Nosso Senhor Jesus Cristo: os julgamentos de Pilatos e Herodes, a condenação de Jesus, a subida do calvário, a crucificação entre dois ladrões e a morte na cruz...'Eli, Eli, lamá sabactâni?' (Mt 27, 46). Na paixão e morte de cruz, Jesus revela seu amor desmedido pela criação do Pai e desnuda a perfídia, a ingratidão, a falsidade e a traição dos que se propõem a amar apenas com um amor eivado pelos privilégios e concessões aos seus próprios interesses e vantagens. Os valores passageiros do mundo não valem nada; os mistérios da graça têm a Cruz de Cristo como caminho, verdade, vida e medida para a eternidade!

SENHOR DOS PASSOS


Nosso Senhor dos Passos é a devoção celebrada pela Santa Igreja, desde a Idade Média, em memória à Via Crucis percorrida por Jesus na sua Paixão e Morte no Calvário. Jesus é representado com a cruz às costas, símbolo maior da fé cristã: pela cruz, fomos resgatados do pecado; pela cruz, nos foi legada a salvação da humanidade. A devoção teve início com a visita dos cruzados aos lugares santos do caminho para o Calvário percorrido por Jesus, fixados nas 14 estações da Via sacra, no século XVI:

I. Jesus é condenado à morte
II. Jesus carrega a Cruz às costas
III. Jesus cai pela primeira vez
IV. Jesus encontra a sua Mãe
V. Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a Cruz
VI. Verônica limpa o rosto de Jesus
VII. Jesus cai pela segunda vez
VIII. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
IX. Terceira queda de Jesus
X. Jesus é despojado de suas vestes
XI Jesus é pregado na Cruz
XII. Morte de Jesus na Cruz
XIII. Descida do corpo de Jesus da Cruz
XIV. Sepultamento de Jesus

Neste tempo da Quaresma e às vésperas da Semana Santa, esta devoção é comumente celebrada sob a forma de duas procissões distintas:

(i) a primeira é a chamada 'Procissão do Depósito' (comumente realizada no 'Sábado dos Passos', que antecede o Domingo de Ramos), em que a imagem velada de Nosso Senhor dos Passos é conduzida até uma determinada igreja (procissão similar é comumente realizada no dia anterior, com a imagem de Nossa Senhora das Dores);

(ii) a segunda é a chamada 'Procissão do Encontro', na qual a imagem do Senhor dos Passos é levada ao encontro de sua Mãe Santíssima (representada em outra procissão, vinda de direção diferente, como Nossa Senhora das Dores), que haviam sido previamente encerradas em igrejas próximas, pelas respectivas procissões de depósito.

A procissão do encontro, em muitas regiões, acontece na Quarta-feira Santa à noite; em outras, é comumente realizada na tarde do Domingo de Ramos. De acordo com uma tradição muito antiga, são as mulheres que devem fazer a procissão que conduz a imagem de Nossa Senhora das Dores, com cantos penitenciais e com figuras bíblicas representando Maria Madalena, Verônica e outras mulheres que acompanharam a caminhada de Jesus para o Calvário. A outra procissão fica ao encargo dos homens, que carregam a imagem do Senhor dos Passos, figura de Jesus Cristo coroado de espinhos e carregando uma cruz. 

As duas procissões, convergem, então, para o local do encontro, onde é proferido o chamado 'Sermão do Encontro', no qual são relembrados os fatos ocorridos na Sexta-feira Santa e se recorda as dores de Nossa Senhora e o sofrimento de Jesus, conclamando o povo à penitência e à conversão. Nesta exortação, o pregador proclama o chamado 'Sermão das Sete Palavras', alusão direta às sete breves frases pronunciadas por Jesus durante a sua crucificação: 

1. 'Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem' (Lc 23,34 a);
2. 'Hoje estarás comigo no paraíso' (Lc 23,43);
3. 'Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe' (Jo 19,26-27);
4. 'Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?!' (Mc 15,34);
5. 'Tenho sede' (Jo 19,28 b);
6. 'Tudo está consumado' (Jo 19,30 a);
7. 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito' (Lc 23,46 b).

Após o sermão, Verônica entoa um hino e mostra a toalha ensanguentada com a face de Cristo. A parte final da procissão consiste na condução conjunta de ambas as imagens até um destino final, representando os Passos da Paixão no caminho do Calvário. O evento é, então, finalizado, com o chamado 'Sermão do Calvário', que proclama as dores e sofrimentos de Jesus ao longo de sua condenação, paixão, crucificação e morte na cruz.

ORAÇÕES A NOSSO SENHOR DOS PASSOS

'Ó Jesus, relembro tua Paixão, teu Calvário e tuas dores. Olhando as imagens do Senhor carregando a Cruz, imagens com as quais te invocamos sob o título de Nosso Senhor dos Passos e veneramos como símbolos de teu sacrifício e representação de teu ato de amor salvífico, que foi teu sacrifício na cruz, te pedimos como teu discípulo Pedro: Senhor, salva-nos! Salva-nos por tua Cruz, salva-nos por teu sangue; salva-nos por tua misericórdia; salva-nos por teu amor e cura-nos de nossas feridas tanto físicas quanto espirituais, emocionais e psíquicas. Amém'.

'Meu Jesus, Senhor dos Passos, açoitado, coroado de espinhos, escarnecido e cuspido, condenado à morte, carregado com a cruz, caído por terra, pregado no madeiro! Vós sois a Vítima das nossa iniquidades. Eu quero acompanhar os vossos dolorosos passos rumo ao Calvário, em cujo cimo consumiu-se a vossa vida. Mas, do vosso sacrifício, brotou a nossa salvação. Senhor dos Passos, perdoai as minhas maldades e apagai os pecados de todo o mundo. Meu Jesus, Senhor dos Passos, tende piedade de nós. Amém'.

sábado, 8 de abril de 2017

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA (V)

MEDITAÇÃO PARA A QUINTA SEMANA DA QUARESMA

O AMOR AO PRÓXIMO DEVE TER A MEDIDA DO NOSSO AMOR A CRISTO


Primeiro Ponto - A Cruz nos ensina a olhar com vivo interesse tudo o que envolve o nosso próximo

De fato, a Cruz nos mostra: (i) o nosso próximo, qualquer que seja ele, é um homem que é tão amado por Jesus Cristo que, para salvá-lo, desceu do céu à terra, se fez homem, deu seu sangue, sua honra, sua liberdade e sua vida e se identificou com cada filho de Adão ao dizer: 'tudo o que fizerdes ao menor dos teus irmãos é a Mim que o fazeis e tudo que recusardes a ele, é a Mim que o recusais'. Segue-se, pois, ser evidente, sob pena de ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo, que é nosso dever olhar com vivo interesse tudo o que envolve o nosso próximo: sua saúde, sua reputação, sua honra, suas alegrias, suas tristezas, suas conquistas e revezes de fortuna. Ser indiferente aos interesses de uma pessoa tão querida por Nosso Senhor; ofendê-la, humilhá-la, prejudicá-la ou escandalizá-la é ofender a Jesus Cristo no mais íntimo do ser. Todos os interesses do nosso próximo nos devem ser tão caros como os de Jesus Cristo. Devemos nos sentir felizes e honrados por tudo que pudermos fazer para servi-los, aproveitando com amor todas as ocasiões propícias para isso.

(ii) a Cruz nos ensina até onde devemos levar o nosso zelo para a salvação dos outros porque, se Jesus Cristo, na véspera de sua morte, nos mandou amar uns aos outros como Ele mesmo nos amou, a cruz é como o sinal deste preceito, que nos ensina como devemos estar prontos para todos os sacrifícios em favor do bem do próximo; a sofrer tudo dos outros sem fazer ninguém sofrer: a suportar todas as dificuldades e temperamentos e, de acordo com as circunstâncias, a nos imolar por inteiro para a felicidade dos nossos irmãos, pois até a este extremo Jesus Crucificado nos amou. Pensemos agora sobre nós mesmos. Quantas ações temos recusado ao nosso próximo e que podíamos ter feito? Quantas vezes, as suas angústias, que poderiam ter sido desfeitas com um bom conselho, um empréstimo ou outra ação qualquer, que nos teriam custado muito pouco, foram ignoradas por nós por puro egoísmo e sem nenhuma preocupação de nossa parte? Quão distantes estamos de amarmos os nossos irmãos como Cristo nos ama!

Segundo Ponto - a Cruz nos ensina a nos despojar de todo espírito de egoísmo

Até a vinda de Jesus Cristo ao mundo, não se sabia viver a não ser para si mesmo. Adquirir prazeres, riquezas e glória e alijar se si a pobreza, as dores e as humilhações, era o propósito de todo o gênero humano. Jesus Cristo se mostrou ao mundo, propondo do alto da cruz um novo modelo para os homens: 'Aprendei de Mim a esquecer-vos do vós mesmos; a despojar-vos do pérfido egoísmo que vos tornam indiferentes à desgraça alheia, contanto que possais estar bem; que vos persuadem a ter sempre mais, acumulando os falsos bens da terra, muitas vezes em detrimento dos outros e menosprezando a vida dos que padecem anonimamente e rejeitando as suas privações. Vede: Eu sou o Filho amado de Deus e, mesmo assim, estou pobre e vergado sob dores e humilhações. Por acaso, se a riqueza e a abundância, o prazer e a glória fossem bens verdadeiros, Deus, meu Pai, não os teriam dado a Mim? Se a pobreza, a humilhação e os sofrimentos fossem maus, Ele teria feito deles a minha herança? Aprendei de mim que tudo que é passageiro não vale nada; que tudo é vaidade, menos servir e amar a Deus'. 

Estas verdades sublimes, nascidas no Calvário há vinte séculos, mudaram a face do mundo e inspiraram milhares de almas aos sentimentos mais nobres, aos sacrifícios mais generosos para o bem da religião e da sociedade e a se desapegarem de tudo por amor a Cruz; a abraçarem uma vida austera para se entregarem mais plenamente a Deus; a suportarem as perseguições com alegria e a rejubilarem-se por terem sido consideradas dignas de sofrer por Jesus Cristo. Assim, a Cruz libertou o mundo do egoísmo, substituindo-o pela caridade, com seus heroicos sacrifícios. Quem não compreender estas verdades não tem senão uma falsa virtude, uma aparência de devoção, com um arraigado amor a si mesmo, condescendência por seus gostos e prazeres, uma dissipação e amor ao mundo e às suas vaidades: estado este pior do que os grandes vícios que, pelo menos, evocam arrependimento, enquanto que esta falsa devoção entorpece a alma com uma firmeza que a conduz à morte. Será que não estamos no número daqueles que não compreendem esta grande lição da Cruz: 'Morte ao egoísmo'?

(Excertos da obra 'Meditações para todos os dias do ano para uso do clero e dos fieis', de Pe. Andrés Hamon, Tomo II, tradução do autor do blog).

AS NUVENS DE FUMO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA

Por ocasião de cada uma das aparições, elevava-se no espaço, junto da azinheira sagrada, na Cova da Iria, uma tênue nuvem de fumo semelhante à que costuma produzir a combustão do incenso nos atos litúrgicos realizados no interior dos templos. Este fenômeno, verdadeiramente extraordinário, foi observado por um grande número de testemunhas, mesmo no mês de agosto, em que a autoridade administrativa reteve os videntes, para que eles não pudessem ir ao local das aparições. 

Um ilustre professor jubilado de astronomia na Universidade de Coimbra, recentemente falecido, o Dr. Gonçalo Xavier de Almeida Garret, num interessante opúsculo que publicou com o título de 'Fátima' e o subtítulo de 'A miraculosa nuvem de fumo', diz que este fato, ao qual talvez se tenha ligado mediana atenção, é todavia importantíssimo e naturalmente inexplicável, e pode e deve servir de elemento de prova da realidade das aparições na Cova da Iria. Na sua autorizada opinião, era um fenômeno físico-químico, independente da ação nervosa do organismo humano. 

No dia treze de outubro, durante a última aparição, a nuvem de fumo tornou-se visível a grande distância e da estrada distrital distinguia-se com a mais perfeita nitidez. Parecia sair da azinheira, envolver os videntes e elevar-se a uma altura superior a seis metros, ocupando uma área de cerca de seis metros quadrados. Entre a grande multidão de pessoas que nesse dia concorreram a Fátima, estiveram pessoas conhecidas e de toda a confiança, que atestam não se ter feito lume algum nesse local que pudesse originar a nuvem de fumo. 

Não consta que, em tempo algum, antes ou depois das aparições até ao presente, houvesse a manifestação da nuvem de fumo, no sítio da Cova da Iria, a qualquer hora. Este fenômeno foi concomitante com as aparições em dias e horas determinados. Segundo a opinião de professores de ciências naturais das Universidades de Coimbra e do Porto, que foram consultados, só podia ser produzido casualmente por uma evaporação ou combustão incompleta, mas não em dias e horas prefixos. O Dr. José Maria de Proença de Almeida Garrett diz o seguinte acerca deste fenômeno: 

'Devia ser uma e meia (treze e meia) quando se ergueu, no local preciso onde estavam as crianças, uma coluna de fumo, delgada, tênue e azulada, que subiu direita até dois metros talvez, acima das cabeças para nesta altura se esvair. Durou este fenômeno, perfeitamente visível a olho nu, alguns segundos. Não tendo marcado o tempo da duração, não posso afirmar se foi mais ou menos de um minuto. Dissipou-se bruscamente o fumo e, passado algum tempo, voltou a repetir-se o fenômeno uma segunda e uma terceira vez. Das três vezes e sobretudo da última, destacaram-se nitidamente os postes esguios na atmosfera cinzenta. Dirigi para lá o binóculo. Nada consegui ver além das colunas de fumo, mas convencido fiquei de que eram produzidas por algum turíbulo, não agitado, em que se queimava incenso. Mais tarde, pessoas dignas de fé afirmaram-me que era de uso produzir-se o acontecimento no dia treze dos cinco meses anteriores e que, nesses dias, como neste, nunca ali se queimara nada nem se fizera fogo'. 

No inquérito paroquial, a primeira testemunha, Jacinto de Almeida Lopes disse que, no dia treze de outubro de mil novecentos e dezessete, 'viu, por cima do povo, que rodeava a carrasqueira, diversas vezes, elevarem-se do solo pequenas nuvens de fumo ou que lhe pareciam de fumo – semelhante ao fumo dum turíbulo em ocasião de incensação ou ao fumo de cigarros. Julgou a princípio, porque se achava afastado da carrasqueira, onde via o fumo, que era alguém que ali estava a fumar ou a fazer uma fogueira para se aquecer, mas depois veio a averiguar que ali não havia lume de espécie alguma'. 

Sobre o mesmo assunto, depôs uma segunda testemunha, Manuel Gonçalves Júnior, dizendo que 'em treze de outubro do referido ano, à hora designada pelas crianças para a aparição, depois de ter cessado a chuva, viu elevar-se por várias vezes, saíndo da carrasqueira, uma espécie de fumo semelhante ao fumo de incenso em ocasião de incensação, ouvindo dizer às pessoas que estavam a seu lado que era fumo de cigarro ou de fogueira, mas a ele só lhe parecia o fumo igual ao da incensação, não lhe constando que naquela ocasião houvesse ali fumadores ou fogueira de qualquer espécie'. 

(Documentação Crítica de Fátima - Seleção de Documentos 1917 - 1930)