domingo, 2 de agosto de 2015

'EU SOU O PÃO DA VIDA'

Páginas do Evangelho - Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum


Jesus havia acabado de realizar o milagre extraordinário da multiplicação dos pães e dos peixes para saciar a fome de uma grande multidão. E aquela gente estava entorpecida pela crença de ser saciada outra vez, e mais uma vez, e talvez vezes sem fim, pelo efeito da multiplicação cotidiana do alimento físico. De alguma forma, este era o regalo esperado: saciados de pão, tornavam-se todos propícios Àquele que os poderia fartar sempre de pão.

Mas Jesus lhes vai revelar a natureza de um outro pão, pão espiritual, que não se perde e nem se consome, mas que constitui 'alimento que permanece até a vida eterna' (Jo 6, 27). No evangelho deste domingo, Jesus desvenda o mistério da Eucaristia, que consubstancia o próprio Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo. Pão santo, pão dos anjos, pão de vida eterna. Anunciado por Jesus, selado pelo Pai, não como o maná em forma de grãos para fazer calar as murmurações dos filhos de Israel (Ex 16, 2-4.12-15), mas como alimento espiritual descido do Céu para a salvação do mundo.

A multidão espera, divaga indecisa. Moisés havia dito sobre o maná caído com o orvalho da manhã: 'Isto é o pão que o Senhor vos deu como alimento' (Ex 16, 15). E agora, estavam diante de uma outra revelação: o pão que 'permanece até a vida eterna' (Jo 6, 27) a ser dado por Jesus. Expondo a sua divindade, Jesus revela a mesma origem do pão, mas a natureza intrinsecamente diversa de um e de outro pão: 'Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do céu. É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo'.

Diante da colhida deles: 'Senhor, dá-nos sempre desse pão' (Jo 6, 34), Jesus faz, então, o grande anúncio da Santa Eucaristia, alimento espiritual que nos forja a alma para uma imortalidade bem aventurada, mistério insondável de Deus escondido pelos séculos: 'Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede' (Jo 6, 35), ratificado mais além: 'Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia' (Jo 6, 54). No banquete eucarístico, Jesus é nossa comida e nossa bebida de vida eterna, que nos permite despojar-nos do homem velho e nos revestir do 'homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade' (Ef 4, 24).