domingo, 7 de setembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós' (Sl 89)

Primeira Leitura (Sb 9,13-18) - Segunda Leitura (Fm 9b-10.12-17) -  Evangelho (Lc 14,25-33)

  07/09/2025 - VIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

'QUEM NÃO CARREGA SUA CRUZ...'


Na essência do amor a Deus vivido em plenitude, está o abandono aos valores do mundo e às glórias humanas. No desapego aos valores materiais, no desprendimento aos moldes terrenos de vidas tangidas meramente pelas relações humanas, ainda que louváveis e boas em si, a alma se liberta do lastro e das amarras das felicidades transitórias dessa vida para a impulsão definitiva para a felicidade eterna do Céu.

As palavras de Jesus no Evangelho de hoje são duras: 'Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo' (Lc 14, 26). Pois é preciso servir primeiro a Deus e depois aos homens; e porque é preciso estar sem lastros humanos para servir a Deus sobre todas as coisas, é preciso superar relações humanas ainda que fraternas; porque sendo o amor divino o itinerário da eternidade, é preciso vivê-lo em patamares além das dimensões seguras e sensíveis dos amores humanos mais belos, que ligam pai e filho, mãe e filha, irmãos e irmãs, pais e esposos. Eis a essência desse amor sem medidas: por tudo de lado, até a própria vida, para seguir Jesus Cristo e o Evangelho.

Esta dimensão de renúncia e despojamento completo não é fácil, não é simples, não é desprovida de sacrifício: 'Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo' (Lc 14, 27). Sim, é preciso carregar a cruz: cruz que se torna pesada quando tolhida à terra pelos afazeres e lastros dos apegos humanos; cruz que se torna um jugo suave quando levada pela alma do discípulo incensado do mais puro amor de Deus. Per crucem ad lucem: é pela cruz que se chega à luz.

Jesus vai revelar em seguida, por meio de duas curtas parábolas, que, uma vez conhecidas as dificuldades de superação dos nossos apegos aos valores humanos, o propósito de renúncia ao mundo exige planejamento, prudência e perseverança: 'Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?' (Lc 14, 28). 'Ou ainda: qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?' (Lc 14, 31). Não se constrói uma torre ou se participa de uma guerra, sem armas, ferramentas ou projetos solidamente firmados. O que dizer, portanto, em relação à nossa caminhada de vida interior e espiritual que tem como medida a própria eternidade?

sábado, 6 de setembro de 2025

A SANTIDADE SEGUNDO CARLO ACUTIS

Amanhã, 7 de setembro, em Roma, o Papa Leão XIV canonizará o Beato Carlo Acutis, juntamente com o Beato Pier Giorgio Frassati, como os primeiros novos santos de seu pontificado. A postagem abaixo sobre este adolescente italiano, falecido aos 15 anos de idade, foi publicada originalmente nesse blog em 20/05/2021.

Carlo Acutis (1991 - 2006)

Há algo extraordinário na santidade de pessoas absolutamente comuns. Carlo Acutis, Chiara Badano e Anne-Gabrielle Caron são referências e modelos de santidade extraordinária para uma juventude que não se espelha nos falsos valores de um mundo atual cada vez menos cristão.

Carlo Acutis viveu apenas 15 anos nessa terra e nunca realizou feitos portentosos. Mas a sua vida simples, cotidiana e comum foi absolutamente extraordinária, não apenas como fruto de uma doação singular às graças divinas, mas pelo empenho de viver a santidade à perfeição. Tal propósito incluía amar como Jesus amava, praticar a caridade como regra cotidiana de vida, colocar-se à disposição do próximo com enorme generosidade e sem se preocupar com retribuição alguma. Praticava a oração e a eucaristia quase diária e transformava uma fé viva e autêntica em obras constantes de caridade: 'a tristeza é o olhar voltado para si; a felicidade é o olhar voltado para Deus'. 


Carlo nasceu em Londres, filho de pais italianos em viagem de trabalho - Andrea Acutis e Antonia Salzano – em 3 de maio de 1991, sendo batizado em seguida. Pouco depois - em setembro de 1991 - a família retornou à Itália e Carlo passou a viver em Milão, onde fez seus estudos e onde, em contato como um estudante de engenharia de computação, desenvolveu enorme habilidade nessa área, particularmente na elaboração de sites e desenvolvimento de programas utilizando linguagens computacionais como C++ e HTML. Neste contexto, desenvolveu um projeto de apresentação, por meio de um site especialmente desenvolvido por ele, de uma resenha, com uma rica exposição de imagens, dos principais milagres eucarísticos conhecidos no mundo. 

A síntese de sua via espiritual era a amizade com Deus: a alegria de viver na presença de Deus, o cuidado em não ofender a Divina Vontade, o empenho extremado em estar disponível a todas as graças, particularmente na posse da eucaristia diária e, caso não possível, na prática da comunhão espiritual frequente. Tudo emanado da prática da caridade constante, da cordialidade extrema ao próximo e do bom dia aos porteiros dos prédios vizinhos, aos cuidados em servir e alimentar, no anonimato e no despojamento, os moradores de rua. Tudo por Jesus e para Jesus, ou como ele próprio dizia: 'a conversão é simplesmente um olhar para o Alto'.

Em outubro de 2006, foi internado por causa de uma suposta gripe, posteriormente diagnosticada como uma leucemia particularmente agressiva. Aceitou serenamente a provação, afirmando: 'Ofereço ao Senhor os sofrimentos que terei que sofrer, pelo papa e pela Igreja, para não ter que passar pelo Purgatório e poder ir diretamente para o Céu'. Faleceu em 12 de outubro de 2006 no hospital de San Gerardo, em Monza, após ter recebido a eucaristia e a unção dos enfermos. O seu funeral já foi um reflexo da sua santidade precoce. O seu corpo foi sepultado no túmulo da família em Ternengo e, em fevereiro de 2007, transferido para o cemitério municipal de Assis, conforme seu próprio desejo, mesmo antes de passar pela doença. Em 10 de outubro de 2020, foi beatificado em Assis pelo Papa Francisco. Cerca de 10 dias antes, havia sido feita a exumação do seu corpo, constatando-se que o mesmo permanecia intacto a quaisquer processos de decomposição desde a época da sua morte.


 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

ORAÇÃO PARA DAR GRAÇAS A DEUS


Nosso Senhor e nosso Deus, que sempre nos ouvi em nossa aflição, nós vos damos graças por vossa bondade e vos pedimos que, libertos de todos os males, possamos servir-vos sempre com alegria. Isto vos pedimos por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo, que é Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

PALAVRAS ETERNAS (XXIV)


Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência.

Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.

Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus – que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem recriminação – e lhe será dada.

Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro.

(Tg 1,2-6)

OS PAPAS DA IGREJA (XXXV)



 

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (XXIX)

 


132. É necessário ser humilde não apenas nos pensamentos, mas também nas palavras, porque o homem humilde fala pouco, seguindo o conselho do Espírito Santo: 'Não fales precipitadamente; que as tuas palavras sejam poucas' [Ecles 5,1]. Falar muito é fruto do orgulho, porque nos convencemos de que sabemos muito e desejamos impressionar os outros com nossos pensamentos e opiniões. Você tem cuidado ao falar para não dizer nada em seu próprio louvor ou qualquer coisa que possa fazer com que seja elogiado pelos outros, para não parecer erudito, sábio ou espiritual, exibindo ostensivamente suas vantagens pessoais ou as que pertencem à sua família? É fácil nessas coisas você ser dominado pelo orgulho, e o santo Tobias nos adverte, dizendo: 'Nunca deixe o orgulho reinar em sua mente ou em suas palavras' [Tb 4,14].

Você às vezes se coloca como exemplo, dizendo que seria bom fazer assim e assim, como você mesmo fez? Se você tem algum dom de Deus, você fala sobre isso como se dissesse: 'Graças a Deus, não tenho tal e tal vício; graças a Deus, tenho tal e tal virtude'? Lembre-se do conselho dado pelo Anjo a Tobias, de que é bom manter ocultos os dons secretos de Deus: 'Pois é bom esconder o segredo de um rei' [Tb 12,7]. Pode ser que às vezes você fale mal de si mesmo, para que os outros possam contradizê-lo. Essa é a maneira de agir daquele de quem se diz: 'Há quem se humilhe perversamente' [Eclo 19, 23], que finge fugir dos elogios, mas os busca, que foge das honras e as corteja. Você deve se acostumar a não falar mal e nem bem de si mesmo, porque é fácil que o orgulho inspire suas palavras em ambos os casos.

133. Quando você ouve elogios a seu respeito, que precauções você toma? O amor-próprio é rápido em misturar um pouco de seu próprio incenso com o que recebe dos outros. Quero dizer com isso que, devido à corrupção de nossa natureza, estamos muito dispostos a aprovar esses elogios como se fossem verdadeira e justamente devidos a nós, e a nos lisonjear com vaidade; mas tudo isso vem da falta de humildade. Santo Agostinho, falando desse prazer que temos de ser elogiados, dirige esta oração a Deus: 'Senhor, afasta de mim essa loucura' [Lib. 10, Confess., cap. xxxvii], pois considerava uma verdadeira loucura ter prazer na vaidade e nos enganos; e quando ouvia outros elogiá-lo, refletia sobre o conhecimento que tinha de si mesmo e sobre a justiça de Deus, dizendo em seu coração: 'Eu me conheço melhor do que eles me conhecem, mas Deus me conhece melhor do que eu mesmo' [Enarr. in Ps. xxv].

Um coração verdadeiramente humilde, diz São Gregório, sempre teme ouvir elogios a si mesmo, porque teme que esses elogios sejam falsos ou lhe roubem o mérito e a recompensa prometidos à verdadeira virtude. 'Se o coração é verdadeiramente humilde, ele não reconhece o bem que ouve a seu respeito ou teme que a esperança de uma futura recompensa seja trocada por algum favor passageiro' [lib. 22, Mor. c. iii].

O homem humilde, diz São Tomás, fica surpreso quando alguém fala bem dele, e nada o surpreende mais do que ouvir elogios a si mesmo. Assim, a Santíssima Virgem, quando ouviu do Arcanjo Gabriel que se tornaria a Mãe de Deus, tinha uma opinião tão humilde de si mesma que se maravilhou muito por ser exaltada a uma dignidade tão eminente. 'Para uma alma humilde, nada é mais maravilhoso do que ouvir falar de sua própria excelência; assim, à pergunta de Maria: ‘Como isso será possível?’, o Anjo apresenta uma prova, não para tirar sua fé, mas para dissipar sua admiração' [3 part., qu. xxx, art. 4]. Mas o orgulho pode até mesmo insinuar-se nesse mesmo desprezo pelos elogios, como diz Santo Agostinho: 'O homem muitas vezes se orgulha tolamente de seu próprio desprezo tolo por si mesmo' [Lib.10].

Mas se é necessário elogiar aqueles que estão presentes, não é menos necessário exercer discrição e prudência ao fazê-lo, como também ensina Santo Agostinho: 'para que a tentação mais perigosa não se encontre no amor de elogiar'. A adulação é sempre perniciosa, quer adulemos a nós mesmos ou aos outros.

134. Também se pode pecar contra a humildade com a pompa e a vaidade do próprio vestuário. É o que a rainha Ester chama de 'sinal do meu orgulho e glória' [Est 14,16] e devemos manter nossos corações desapegados desse amor, porque tal vestuário só é adequado quando se adequa ao nosso estado e condição, e quando o usamos com a intenção correta: 'Não te glories em vestuário em nenhum momento' [Ecles 11,4] diz o Espírito Santo. Por mais bonitas que sejam as roupas que você usa, não permita que a vaidade entre em seu coração; e se você tiver que aparecer em público com boas roupas, proteja-se contra a vaidade 'e não se exalte no dia da sua honra' [Ibid.].

O excesso, a auto-complacência, o desejo de agradar, de atrair a atenção para si mesmo, de estar acima dos seus iguais ou de se igualar aos seus superiores pela pompa de suas vestes são coisas que devem ser moderadas e subjugadas pela humildade. São Tomás dá uma excelente regra para isso: 'A extravagância em vestimentas suntuosas deve ser restringida pela humildade' [2a 2æ, qu. clxi, art.]. Essas necessidades que consideramos essenciais para o decoro de nosso estado devem ter seus limites prescritos pela modéstia e simplicidade cristãs, e não pelo orgulho ou pela tendência luxuosa dos tempos. E a vaidade com que nossa graça de porte ou beleza facial nos inspira também deve ser restringida pela humildade; porque 'o favor é enganador e a beleza é vaidade' [Pv 31,30].

135. Quanto a certas ações exteriores, indiferentes em si mesmas, mas que, se feitas com boa intenção, podem tender a nos tornar virtuosos, o único requisito necessário é ter o cuidado de que sejam realizadas com humildade, como Cristo nos ensina: 'Serei pequeno aos meus próprios olhos' [2Rs 6,22]. Isso é o que cada um de nós deve dizer a si mesmo, como o santo rei Davi, e nos ajuda muito a formar esse bom hábito de humildade para com nós mesmos, a fim de que também sejamos humildes para com os outros.

É por isso que desejo que você se dedique com toda a diligência a este exame. Que concepção e estima você tem da virtude da humildade? Você realmente acredita que a humildade de coração é necessária para a sua salvação eterna? Você sabe que é necessário acreditar firmemente no mistério da Santíssima Trindade e que quem duvida disso é herege; mas você deve saber que também é necessário acreditar com igual firmeza na doutrina da humildade ensinada por Jesus Cristo em seu evangelho, porque não podemos afirmar que no evangelho uma doutrina é mais verdadeira do que outra, nem que devemos acreditar mais em uma do que em outra, porque todas elas procedem igualmente da boca de Jesus Cristo, que é a própria Verdade.

Se, portanto, você acredita neste dogma da humildade, como você o aplica a si mesmo e que medidas você toma para ser humilde? Você pede isso a Deus? Recorre à intercessão da Santíssima Virgem e dos santos? Familiariza-se com os pensamentos mais eficazes para lhe ensinar essa humildade: os pensamentos da morte, do julgamento, do Inferno, do Paraíso e da eternidade, da gravidade do pecado e, acima de tudo, da Paixão de Jesus Cristo?

Estou perfeitamente certo de que você nunca alcançará essa humildade se negligenciar esses meios, que são os mais adequados para adquiri-la; e se você não tiver sido humilde de coração, como poderá justificar-se perante o tribunal de Deus? Grave em sua mente esta bela passagem que Santo Agostinho deixou para seu amigo Dioscuro: 'Não se afaste, ó Dioscuro, do caminho real da humildade que foi ensinado por Cristo; embora muitas outras virtudes sejam exigidas pela religião cristã, procure dar à humildade o lugar mais alto, porque todas as virtudes são adquiridas e mantidas pela humildade, e sem humildade elas desaparecem' [Epist. cxiii].

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)

3 DE SETEMBRO - SÃO GREGÓRIO MAGNO

  

Gregório (540 - 604), monge beneditino e doutor da Igreja, foi papa entre 3 de Setembro de 590 e 12 de março de 604. De família nobre romana, assumiu inicialmente carreira política (foi pretor de Roma). Mais tarde, ao conhecer os escritos de São Bento, abandonou tudo, doando os seus bens aos pobres e, ingressando na vida monacal, fundou vários mosteiros regulados pelas regras de São Bento

Eleito papa em 590 como Gregório I, defendeu a supremacia do papado e trabalhou arduamente pela reforma do clero e da vida monástica. Publicou a chamada 'Regra Pastoral', um verdadeiro manual de santidade para os servos de Deus.  Promoveu o fervor missionário e um amplo e completo trabalho de reorganização da estrutura administrativa e litúrgica da Igreja, consolidando preceitos litúrgicos, sistematizando procedimentos da vida religiosa, padronizando as funções e os rituais católicos, promovendo a unificação territorial da Igreja, fomentando a música religiosa (chamada hoje de 'canto gregoriano'), instituindo o rito latino da Santa Missa e a proposição de dogmas (a existência do Purgatório) e redefinindo historicamente o papel e a dimensão social e espiritual da Santa Igreja de Cristo. 

Esta extraordinária conjunção de realizações valeu-lhe o aporte do adjetivo 'magno', honra devida a apenas um outro papa além dele - São Leão Magno. É o quarto e último dos originais Doutores da Igreja latina. Mas este papa personalíssimo, marco fundamental da História da Igreja e do primado da civilização cristã se autodefinia apenas como servus servorum Dei - servo dos servos de Deus.


Dos Escritos de São Gregório Magno (sobre a existência do Purgatório)

'Tal como alguém sai deste mundo, assim se apresenta no Juízo. Porém, deve-se crer que exista um fogo purificador para expiar as culpas leves antes do Juízo. A razão para isso é que a Verdade afirma que se alguém disser uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isto não lhe será perdoado nem neste século nem no vindouro. Com esta sentença se dá a entender que algumas culpas podem ser perdoadas neste mundo e algumas no outro, pois o que se nega em relação a alguns deve-se compreender que se afirma em relação a outros (...) No entanto, tal como já disse, deve-se crer que isto se refere a pecados leves e de menor importância' (Diálogos 4,39: PL 77, 396).