sexta-feira, 19 de junho de 2020

UM ANJO CHAMADO ANNE-GABRIELLE CARON


A vida de Anne-Gabrielle Caron durou 8 anos (2002 - 2010). E, como poucas, foi um testemunho extraordinário de fé e de santificação cotidiana. Desde tenra idade, já manifestava especial predileção pelos sofrimentos alheios. E esta predileção haveria de se tornar o ideal de toda a sua curtíssima vida. Aos seis anos, com fortes dores em uma das pernas, foi diagnosticada com câncer ósseo, extremamente agressivo e que evoluiu rapidamente por todo o seu corpo.

Diante dos sofrimentos crescentes e das intermináveis sessões de quimioterapia, aceitou convictamente todas as provações por amor a Jesus ('Embora eu não goste de estar doente, tenho sorte porque posso ajudar o bom Deus a trazer as pessoas de volta a Ele. Quero ajudar aqueles que sofrem') e no foco de seguir Santa Teresa de Lisieux, sua santa de predileção ('quero ser santa como ela'). 


Em março de 2009, expressou vivamente o desejo de fazer a Primeira Comunhão: 'Gostaria de fazer minha primeira comunhão para poder fazer ainda mais sacrifícios'. E se preparou para isto: 'Quero receber Jesus. Você percebe que Ele vai entrar no seu coração.' Sua primeira comunhão estava marcada para um domingo, dia 07 de junho de 2009, em Toulon, mas mesmo nisso ela foi submetida a uma grande provação.

Dois dias antes, sua condição de saúde piorou consideravelmente e ela teve que ser internada às pressas num hospital de Marselha (cerca de 50 km de Toulon). Ela pediu então a intercessão de Nossa Senhora para lhe permitir participar da primeira comunhão. E foi atendida. Recuperando uma condição estável, recebeu alta do hospital no domingo pela manhã. Vestiu sua roupa branca da comunhão e seu pai fez o trajeto Marselha-Toulon o mais rápido que pôde, e rezaram à Virgem pelo caminho para chegar a tempo. Não contavam, porém, com o tráfego intenso que encontraram na entrada da cidade. Superando todos estes imprevistos, chegaram à igreja quando a missa havia terminado e as crianças se preparavam para sair em procissão final. Em prantos, a menina entrou correndo na igreja, momento em que o coro interrompeu o canto e o sacerdote fez parar o cortejo. Naquele momento, Anne recebeu a sua primeira comunhão e ficou recolhida com o seu Jesus, diante de uma igreja lotada e em absoluto silêncio.

(Anne-Gabrielle em sua primeira comunhão)

A partir daí, sua saúde se deteriorou rapidamente e a menina passou a receber a eucaristia em casa. Nas suas últimas semanas, ela viveu sua própria paixão e, por fim, após 30 horas de agonia, morreu em 23 de julho de 2010. No seu funeral, o padre Dubrule disse: 'Ver Anne-Gabrielle era como estar vendo o próprio Deus'. Sua mãe, Marie-Dauphine Caron, deu o seguinte testemunho: 'a perda de um filho é terrível, ver o sofrimento de um filho também é terrível porque você se sente impotente', mas 'a minha filha me mostrou o caminho para o céu'.

Seu testemunho de vida saiu de Toulon e viajou pelo mundo: seu exemplo tem ajudado muitas famílias a superar as provações impostas por doenças e sofrimentos que afligem crianças e pessoas muito jovens. Muitas outras famílias se esmeraram muito mais na oferta e preparação dos seus filhos para a recepção da primeira comunhão e para a sagrada eucaristia. No próximo dia 12 de setembro, a diocese de Fréjus-Toulon dará início à abertura oficial do processo de beatificação de Anne-Gabrielle Caron.