segunda-feira, 10 de junho de 2024

10 INDULGÊNCIAS COTIDIANAS (PARA TODOS OS DIAS)

1. Adoração do Santíssimo Sacramento - concessão de indulgência parcial a cada visita; a indulgência é plenária caso a adoração contemple um tempo mínimo de meia hora.

2. Oração Mental - concessão de indulgência parcial no exercício da oração mental praticada com piedosa devoção.

3. Recitação do Rosário ou do Terço - concessão de indulgência plenária quando recitado em família, na igreja ou em comunidade orante, com piedosa meditação dos mistérios. 

4 - Exercício da Via Sacra - concessão de indulgência plenária junto das 14 estações da via sacra, em movimento contínuo na sequência das estações, e piedosa meditação pelo menos durante a Paixão e Morte do Senhor. 

5. Leitura das Sagradas Escrituras - concessão de indulgência parcial a quem se dedica à leitura devota da Bíblia Sagrada; a indulgência é plenária caso a leitura contemple um tempo mínimo de meia hora.

6. Uso de objetos de piedade - concessão de indulgência parcial a quem utiliza algum objeto de piedade como terço, medalhas, escapulário ou crucifixo, benzidos formalmente por algum sacerdote. 

7. Sinal da Cruz - concessão de indulgência parcial ao fiel que faça devotamente o sinal da cruz, proferindo as palavras costumeiras: 'Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.'

8. Comunhão Espiritual - concessão de indulgência parcial para qualquer fórmula piedosa de comunhão espiritual.

9. Apostolado da Doutrina Cristã - concessão de indulgência parcial a quem se dedica a ensinar ou a aprender a doutrina cristã.

10. Visita a um Cemitério - concessão de indulgência parcial dada por meio do fiel que visitar um cemitério e, em espírito de devoção, rezar em intenção das almas dos defuntos (indulgência concedida apenas às almas do Purgatório).

domingo, 9 de junho de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'No Senhor toda graça e redenção!' (Sl 129)

Primeira Leitura (Gn 3,9-15) - Segunda Leitura (2Cor 4,13-18.5,1) -  Evangelho (Mc 3,20-35)
 (
  09/06/2024 - DÉCIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

28. 'QUEM FAZ A VONTADE DE DEUS: ESSE É MEU IRMÃO'


Jesus estava em Cafarnaum, pouco depois de ter descido das montanhas onde fizera a escolha dos seus doze apóstolos (Mc 3, 13 - 19) e diante dele, como outras tantas vezes durante a vida pública do Senhor, uma enorme multidão se aglomerava, ansiosa por ouvir os seus ensinamentos, as explicações sobre textos das Sagradas Escrituras, para serem testemunhas oculares de prodígios e milagres ou por mera curiosidade de conhecer aquele profeta extraordinário.

Nesta ocasião em especial, os próprios parentes de Jesus estavam presentes e, assoberbados pelos anelos e compromissos humanos, foram incapazes de perceber a dimensão sobrenatural da vida pública daquele homem que lhes era tão próximo e, por isso, foram capazes de imputar a Jesus como que um estado de pura confusão mental. Como sempre, os mestres da lei foram muito mais longe nos ilimitados domínios da blasfêmia: 'diziam que ele (Jesus) estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios, ele expulsava os demônios' (Mc 3, 22).

Jesus evidencia o caráter absurdo e contraditório de tais alegações, desmascarando-lhes o desvario da razão e a dureza dos seus corações, totalmente impermeáveis à ação dos dons e carismas do Espírito Santo. Neste propósito de impenitência tácita e obstinada, aqueles homens rejeitaram todas as investidas divinas de acolhida e de perdão, tornando-se réus de condenação eterna, porque 'quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno' (Mc 3, 28). Ainda que pecadores ao extremo, todos somos passíveis do perdão e da misericórdia de Deus, desde que estejamos comprometidos pelo firme propósito do reconhecimento humilde e da dor sincera pelos pecados cometidos. A nossa salvação não pode prescindir destes princípios da fé cristã.

Durante esta explanação, Jesus é informado então da chegada da sua mãe e dos seus parentes, que estavam à sua procura. Esta mãe de amor e de doçura também se afligia diante da tormentosa multidão que envolvia Jesus, diante das acusações dos mestres da lei e das insanidades feitas pelos seus próprios parentes. Mas Jesus vai lhes responder: 'Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?' (Mc 3, 33). E Ele mesmo vai lhes revelar a supremacia absoluta das relações familiares de ordem espiritual sobre estas mesmas relações de caráter natural: 'Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe' (Mc 3, 35). Nossa Senhora é a mãe de Jesus e a mãe de Deus, não apenas porque O gerou e foi para Ele mãe cuidosa e extremada mas, principalmente, porque cumpriu à perfeição, nessa missão materna, a santa vontade de Deus.

sábado, 8 de junho de 2024

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (IV)


30. Por vezes, somos demasiado escrupulosos em relação às obras de supererrogação [ação de se fazer mais que o necessário ou obrigatório] como, por exemplo, ter omitido em tal dia uma certa oração ou uma mortificação imposta por nós próprios; são escrúpulos de omissões que, no que respeita à nossa salvação eterna, têm pouca ou nenhuma importância; mas prestamos pouca atenção àquela humildade que, para nós, é a mais essencial e necessária e sem a qual ninguém se pode salvar. São Paulo adverte-nos: 'Não vos torneis crianças no sentido de julgar' [1Cor 14,20]. Não sejais como as crianças que choram e desesperam se lhes tiram uma maçã, mas pouco se importam de perder uma joia de grande valor. Coloquemos a humildade acima de todas as coisas. Ela é o tesouro escondido e enterrado no campo, para o qual devemos vender tudo o que possuímos [Mt 13,44]. É a pérola de grande valor, para a qual devemos vender tudo o que temos [Mt 13,45].

Não chamemos esses pecados contra a humildade de escrúpulos, mas consideremo-los como pecados reais, dignos de confissão e emenda. Que Deus nos guarde de uma consciência demasiado fácil no que respeita à verdadeira humildade que nos é ordenada no Evangelho. Deveríamos, na verdade, tomar o caminho largo mencionado pelo Espírito Santo, que, embora pareça ser o caminho certo e reto, leva diretamente à perdição: 'Há um caminho que ao homem parece direito, mas os seus fins conduzem à morte' [Pv 16, 25]. Há pessoas que pensam, como os fariseus, que a virtude e a santidade consistem em orações muito longas, na visita às igrejas e em alguma abstinência especial, em retiros, na modéstia do vestuário, em conferências espirituais ou em algum exercício de piedade exterior; mas em tudo isso quem pensa na humildade? Quem a estima e se esforça por adquiri-la? O que é então tudo isso senão uma vã ilusão?

31. Lemos sobre vários filósofos antigos que suportaram calúnias, insultos e desprezo com perfeita equanimidade e sem raiva ou perturbação, mas eles nem mesmo conheciam o nome de humildade. A sua corajosa fortaleza era apenas um efeito do orgulho refinado, pois como se consideravam muito acima dos reis e imperadores, pouco se importavam com os insultos e mantinham a sua equanimidade pelo desprezo com que olhavam para aqueles que os insultavam. Eles superavam o sentimento de ressentimento por uma paixão ainda mais dominadora, e o fato de serem modestos, pacíficos e gentis era um efeito desse orgulho que dominava despoticamente os sentimentos de seus corações.

Há uma diferença imensa entre a moral da filosofia humana e a moral evangélica ensinada por Jesus Cristo. Lede atentamente as obras de Sêneca - aquele que era tido como superior a todos os outros filósofos em moralidade - e vereis como, nas mesmas máximas com que ele ensina a magnanimidade e a fortaleza, instila também o orgulho. Lede as obras do mais célebre dos estóicos e direis como São Jerônimo que 'quando são estudadas com o maior cuidado e atenção, não se encontra nenhuma plenitude satisfatória da verdade, nenhuma correspondência com os verdadeiros princípios da justiça' [Epist. 146, ad Damas]. Tudo é vaidade que apenas inspira vaidade.

É somente no Evangelho de Jesus Cristo que se encontram as regras dessa humildade de coração que é a verdadeira virtude, que consiste no conhecimento da grandeza de Deus e do nosso próprio nada; e é atentando para o estudo dessa humildade sábia que cumprimos o preceito apostólico: 'Não ser mais sábio do que convém ser sábio, mas ser sábio até à sobriedade' [Rm 12,3]. Jesus Cristo, antes de ensinar qualquer coisa da sua nova lei, quis ensinar a humildade, como observa São João Crisóstomo: 'Quando começou a estabelecer as suas leis divinas, começou pela humildade' [Hom. 39 em Mt]. Pois, sem humildade, é impossível compreender esta doutrina celeste, mas com humildade somos capazes de compreender tudo o que é necessário ou útil para a nossa salvação.

32. Confessar a nossa indignidade e o nosso nada e proclamar que tudo o que é bom em nós vem de Deus é muitas vezes o exercício estéril de uma humildade muito desprezível, e pode até ser um grande orgulho - magna superbia - como observa Santo Agostinho e ensina Santo Tomás: 'A humildade, que é uma virtude, é sempre fecunda em boas obras' [22, qu. clxi, art. .5, ad 4]. Quereis ter uma ideia do que é essa humildade que é uma verdadeira virtude? A alma é verdadeiramente humilde quando reconhece que a sua verdadeira posição na ordem da natureza ou da graça depende inteiramente do poder, da providência e da misericórdia de Deus; de tal modo que, não encontrando em si mesma senão o que é de Deus, só se apropria do seu nada e, permanecendo no seu nada, coloca-se ao nível de todas as outras criaturas sem se elevar de modo algum acima delas. Aniquila-se diante de Deus, não para permanecer numa inatividade ociosa mas, procurando glorificá-lo continuamente, conformando-se com a obediência exata às suas leis e com a submissão perfeita à sua vontade.

A humildade tem dois olhos: com um reconhecemos a nossa própria miséria para não nos atribuirmos senão o nosso nada; com o outro reconhecemos o nosso dever de trabalhar e de atribuir tudo a Deus, remetendo-lhe todas as coisas: 'Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor' [Sl 112,1]. O homem verdadeiramente humilde considera que tudo o que é bom para a sua natureza material ou espiritual é como os riachos que vieram originalmente do mar e que devem finalmente regressar ao mar; e por isso tem sempre o cuidado de render a Deus tudo o que recebeu de Deus, e não reza, nem ama, nem deseja nada, exceto que em todas as coisas o nome de Deus seja santificado: 'Santificado seja o vosso nome' [Mt 6, 9].

33. A humildade não é uma virtude doentia, tímida e débil, como alguns imaginam; pelo contrário, é forte, magnânima, generosa e constante, porque se fundamenta na verdade e na justiça. A verdade consiste em saber o que Deus é e o que nós somos. A justiça consiste em reconhecermos que Deus, como nosso Criador, tem o direito de nos ordenar, e que nós, como suas criaturas, somos obrigados a obedecer-lhe. Todos os mártires foram perfeitamente humildes, porque preferiram morrer sofrendo os mais terríveis tormentos a abandonar a verdade e a justiça. Como foi grande a sua resistência e coragem ao resistir àqueles que tentavam forçá-los a negar Jesus Cristo!

Contrariar os outros é um efeito do orgulho, sempre que os contrariamos para seguir a nossa vontade injusta e errada; mas quando a nossa oposição à criatura procede da determinação de cumprir a vontade do Criador, é ditada pela humildade, pois com isso confessamos a nossa obrigação indispensável de estarmos sujeitos e obedientes à vontade divina. É por isso que o homem orgulhoso é sempre tímido, porque o seu orgulho só se sustenta na fraqueza da natureza humana. E aquele que é humilde é sempre corajoso no exercício da sua submissão à Majestade Divina, porque recebe a sua força através da graça.

Os humildes obedecem aos homens, quando, ao fazê-lo, obedecem também a Deus; mas recusam a obediência aos homens, quando, ao obedecê-los, desobedeceriam ao seu Deus. Refleti na resposta, tão modesta quanto magnânima, dada diante dos anciãos de Jerusalém por São Pedro e São João: 'Se é justo aos olhos de Deus ouvir-vos antes a vós do que a Deus, julgai vós' [At 4,19]. O homem humilde está acima de qualquer respeito humano e não corre o risco de se tornar escravo das opiniões, das modas ou dos costumes do mundo; conhece as suas falhas e sabe que é capaz de todos os males, mesmo que não os cometa. Se vê os outros agirem mal, compadece-se deles, mas nunca se escandaliza nem é induzido a seguir os maus exemplos dos outros; porque todas as suas intenções são dirigidas para Deus, e não tem outro desejo senão o de agradar a Deus e de ser dirigido apenas por Deus, como nos ensina Santo Tomás, o doutor angélico: 'Ele se apega somente a Deus e, por isso, por mais que veja os outros agirem desordenadamente em palavras ou ações, ele próprio não se afasta da retidão da sua conduta [22, qu. 33, art. 5].

34. O coração do homem orgulhoso é como um mar tempestuoso, nunca em repouso: 'Como o mar furioso que não pode descansar' [Is 57,20] e o coração do humilde está plenamente satisfeito em sua humildade - rico em ser humilde [Tg 1,10] - e está sempre calmo e tranquilo e sem medo de que qualquer coisa neste mundo possa perturbá-lo, e 'descansará com confiança' [Is 14,30]. E de onde vem essa diferença? O homem humilde desfruta de paz e sossego porque vive de acordo com as regras da verdade e da justiça, submetendo sua própria vontade em todas as coisas à vontade Divina. O homem orgulhoso está sempre agitado e perturbado por causa da oposição que está continuamente oferecendo à vontade divina, a fim de cumprir a sua própria.

Quanto mais o coração estiver cheio de amor-próprio, tanto maior será a sua ansiedade e agitação. Esta máxima é, de fato, verdadeira, pois sempre que me sinto interiormente irritado, perturbado e encolerizado por alguma adversidade que me tenha acontecido, não preciso procurar a causa de tais sentimentos em outro lugar que não seja dentro de mim mesmo, e faria sempre bem em dizer: 'Se eu fosse verdadeiramente humilde, não me inquietaria. A minha grande agitação é uma prova evidente que devo convencer-me de que o meu amor-próprio é grande, dominante e poderoso dentro de mim, e é o tirano que me atormenta e não me dá paz. Se me sinto ofendido por alguma palavra dura que me foi dita, ou por alguma indelicadeza que me foi mostrada, de onde vem esse sentimento de dor? Do meu orgulho. Ó se eu fosse verdadeiramente humilde, que calma, que paz e que felicidade não gozaria a minha alma!' E esta promessa de Jesus Cristo é infalível: 'Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas' [Mt 11,29].

Quando nos sentimos angustiados por alguma adversidade, não é necessário procurar a consolação daqueles que nos lisonjeiam ou se compadecem de nós, e a quem podemos derramar os nossos problemas. Basta perguntar à nossa alma: “Por que estás abatida, ó minha alma? e por que me inquietas?' [Sl 41,12]. Alma minha, oque tens e o que buscas? Porventura desejas aquele repouso que perdeste? Ouve, pois, o remédio que te oferece o teu Salvador, exortando-te a aprender com Ele a ser humilde: 'Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração' e ouve ainda o que Ele acrescenta quando te assegura que, com a tua humildade restaurada, também recuperarás a tua paz: 'E encontrareis descanso para as vossas almas'.

35. Há duas espécies de humilhações: as que procuramos por nossa própria vontade, e as que provêm das vicissitudes naturais e temporais desta vida. Contra as primeiras, devemos estar atentos, não obstante o ardor com que as abraçamos, pois a vaidade sempre latente do nosso amor-próprio é tão sutil que procura até aumentar a sua própria vanglória, enquanto parece procurar o desprezo do homem. Mas se aceitamos as outras humilhações que nos sobrevêm, independentemente da nossa vontade, mortificando os nossos sentimentos, pensamentos e paixões com pronta resignação à vontade de Deus, é sinal de uma verdadeira e sincera humildade; porque tais humilhações tendem a mortificar o nosso amor-próprio e a aperfeiçoar a submissão que devemos a Deus.

As humilhações voluntárias e procuradas por nós mesmos podem levar a alma a tornar-se hipócrita. Mas as humilhações involuntárias, que nos são enviadas pela vontade divina e que suportamos com paciência, santificam a alma; e por isso o Espírito Santo nos deu este importantíssimo mandato: 'Na tua humilhação guarda a paciência. Porque o ouro e a prata são provados no fogo, mas os homens agradáveis no cadinho da humilhação' [Eclo 2,4-5]. É impossível, exceto em casos raros, não descobrir a hipocrisia da humildade afetada: 'Tocai as amontanhas e elas hão de se abrasar' [Sl 143,5]. E, novamente, é impossível não conhecer a virtude da verdadeira humildade, porque seu espírito é 'gentil, amável, firme, estável, seguro, livre de inquietação'  [Sb 7, 23].

36. Há também dois tipos de tentações: as que nos chegam através da maldade do maligno e as que nós próprios procuramos na nossa própria fraqueza e malícia, mas não há melhor proteção contra nenhuma delas do que a humildade. A humildade faz com que o maligno fuja, porque ele não pode enfrentar os humildes devido ao seu grande orgulho, e ainda faz com que todas as tentações desapareçam subitamente, porque não pode haver tentação sem um toque de orgulho. As tentações surgem contra a pureza, contra a fé ou contra qualquer outra virtude, mas podemos vencê-las facilmente se nos humilharmos no nosso coração e dissermos: 'Senhor, eu mereço estas terríveis tentações como castigo do meu orgulho, e se não vieres em meu auxílio, certamente cairei. Sinto a minha fraqueza e que não posso fazer nada de bom por mim próprio. Ajuda-me!' 'Vinde em meu auxílio, ó Deus, ó Senhor, apressai-vos a me socorrer' [Sl 69,2].

Quanto mais uma alma se humilha perante Deus, mais Deus conforta essa alma com a sua graça e, uma vez que Deus está conosco, quem prevalecerá contra nós? 'O Senhor é o protetor da minha vida, de quem terei medo?' [Sl 26,1] disse o rei Davi; e São Paulo disse: 'Se Deus é por nós, quem será contra nós?' [Rm 8,31]. O subterfúgio mais forte que o demônio pode empregar para nos fazer cair em tentação é lisonjear a nossa humildade, impedindo-nos assim de sermos humildes, pois se o maligno conseguir persuadir-nos de que temos força suficiente para vencer a tentação, já sucumbimos, como sucumbiram aqueles de quem está escrito que o Senhor humilha 'os que se arrogam a si mesmos e se gloriam na sua própria força [Jt 6,15]. A caridade nunca arrefece, nem o fervor se torna tíbio, a não ser por falta de humildade. Mantenhamo-nos vigilantes, revestidos com a armadura da humildade, e isso será suficiente. Deus ajudar-nos-á na medida da nossa humildade e, com a sua ajuda, poderemos dizer: 'Posso todas as coisas naquele que me fortalece' [Fp 4,13].

37. Quanto a essas outras tentações, deve haver certamente presunção da nossa parte quando as procuramos por nossa própria vontade e nos colocamos em ocasiões perigosas de pecado. Aquele que é humilde conhece a sua própria fraqueza; e, conhecendo-a, teme colocar-se em perigo; e porque o teme, foge dele. Aquele que é humilde confia implicitamente na ajuda da graça divina, nas ocasiões involuntárias que possa encontrar, mas nunca presume da ajuda da graça divina nas ocasiões que ele próprio procurou.

Sejamos humildes e a humildade ensinar-nos-á a temer e a evitar todas as ocasiões perigosas. Na vida dos santos, lemos como eles eram cuidadosos em evitar relações familiares com as mulheres; e também na vida das mulheres santas, como elas eram igualmente cautelosas em evitar a familiaridade com os homens. Porque é que elas temiam tanto, se já tinham tantas penitências e orações para se defenderem da tentação? A razão é que eram humildes e desconfiavam da fraqueza da natureza humana sem presumir da graça; e assim a sua humildade foi o meio pelo qual mantiveram a sua pureza imaculada.

Podeis dizer: 'Posso colocar-me no caminho da tentação, mas não tenho medo, porque não vou pecar'. Esta é uma temeridade que provém do orgulho, como diz São Tomás: '“Esta é uma verdadeira temeridade e é causada pelo orgulho' [22 qu. liii, art 3, ad 2] e ficaríeis envergonhado por uma queda inesperada. 'Aquele que ama o perigo perecerá nele' Eclo 3,27]. Todos os que assim se atrevem cairão sem dúvida, e sua queda é o justo castigo de seu orgulho, como predisse o profeta: 'Isto lhes sucederá por causa da sua soberba' [Sf. 2,10].

38. Deus resiste aos orgulhosos, porque os orgulhosos se opõem a Ele; mas Ele dispensa as suas graças liberalmente aos humildes, porque eles vivem em sujeição à sua vontade. Ó se humildemente déssemos lugar aos dons divinos, quão grande seria a abundância dessa graça em nossas almas! Uma das piores consequências da nossa falta de humildade é que ela nos tornará tão terrível o dia do Juízo Final, porque nesse dia não só teremos de prestar contas das graças que recebemos e das quais fizemos mau uso, mas também das graças que Deus nos teria dado se fôssemos humildes, e que Ele nos negou por causa do nosso orgulho.

Será inútil, então, desculparmo-nos dizendo que caímos em tal ou tal pecado por falta de graça. 'A graça existia' - responderá o Senhor - 'mas deveríeis tê-la pedido com humildade e não a terdes perdido pelo vosso orgulho'. O orgulho é um obstáculo mais duro que o aço, que impede a infusão benéfica da graça na alma. E é doutrina de São Tomás que é precisamente pelo orgulho que a nossa alma é colocada num estado tal 'que fica privada de todo o bem espiritual interior' [22, qu. cxxxii, art. 3]. Desejas a graça neste mundo e a glória no outro? Humilhai-vos, diz São Tiago: 'Sede humildes diante do Senhor e Ele vos exaltará' [Tg 4,10]. Deus criou do nada tudo o que vemos no nosso mundo, quando 'a terra era vazia e sem nada' [Gn 1,2] e encheu de azeite todos os vasos vazios com que a viúva presenteou Eliseu: 'ânforas vazias em grande quantidade' [2Rs 4,3]. E enche também com a sua graça os corações vazios de si mesmos, isto é, que não têm autoestima nem auto-confiança e não confiam nas suas próprias forças.

39. É muito humilhante refletir sobre isso, que mesmo que estejamos isentos de pecados graves, ainda assim, por alguma desordem secreta dentro de nós, podemos ser tão culpados como se os tivéssemos cometido. Porque, se o orgulho surge em nossos corações e nos leva a nos considerarmos melhores do que aqueles que cometeram esses pecados, somos imediatamente culpados e piores do que eles aos olhos de Deus, porque, como o Espírito Santo diz: 'O orgulho é odioso diante de Deus' [Eclo 10,7]. São Lucas, em seu Evangelho [Lc 18,11] registra dois tipos diferentes de vaidade demonstrados pelo fariseu, um quando ele se louvou pelos pecados que não cometeu, o outro quando ele se louvou pelas virtudes que praticou: e ele foi igualmente condenado por cada uma dessas declarações vãs.

Aparentemente, ele manifestou toda a glória a Deus quando disse: 'Ó Deus, eu Te dou graças'. Mas isso não passava de uma ostentação de autoestima. É muito fácil para esses pensamentos de vanglória se insinuarem em nossos corações: e quem pode me garantir que não sou culpado de muitos deles? 'O que eu fiz abertamente eu vejo' - posso dizer com mais verdade do que São Gregório - 'mas o que eu senti interiormente eu não vejo' [Lib. 9, Mor., c. 17]. Ó meu Deus, meu Deus, 'que nenhuma iniquidade tenha domínio sobre mim' [Sl 118,133]. Não me deixeis ser dominado pelo orgulho, que é a soma de todas as maldades; limpai-me dos meus pecados secretos. Purificai-me dos pecados de orgulho de que sou ignorante e 'então serei imaculado' [Sl 18,14]. Este pensamento, diz São Tomás, faz com que todo o homem justo se considere pior do que um grande pecador: 'O justo, que é verdadeiramente humilde, considera-se pior, porque teme que, naquilo que parece fazer bem, venha a pecar gravemente por orgulho' [supl. 3 part. qu. 6, art. 4].

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)

sexta-feira, 7 de junho de 2024

TESOURO DE EXEMPLOS (336/340)

 

336. DEVO ESCOLHER AS ARMAS

O padre Fidélis, franciscano, dirigia-se a uma igreja de Paris para celebrar a santa Missa. Passando em frente de um café, um oficial o insultou. O padre parou e disse:
➖ O senhor me insultou e eu exijo satisfação e, como ofendido, tenho direito de escolher as armas. Escolho a confissão e espero-o esta noite.
E retirou-se, deixando as senhas. O oficial, homem honrado, não faltou; confessou-se devotamente e comungou no dia seguinte.

337. OFÍCIO DO DIABO

Santo Ambrósio encontrou à porta da Igreja uma jovem vestida com vaidade e imodéstia. Perguntou-lhe aonde ia.
➖ À igreja, para rezar - respondeu ela.
➖ Vestida dessa maneira? Não vais rezar, mas escandalizar os fíéis, fazer o ofício do diabo, isso sim. Fora daqui, escandalosa! Retira-te para tua casa para chorar os teus pecados!

338. É DEMASIADO PARA UMA CRISTÃ

Santo Elói, vendo um dia a rainha Batilde, esposa de Clodomiro II, vestida com magnificência exagerada, fez-lhe alguma observação.
➖ Meu padre - disse a rainha - isto não é demais para uma rainha.
➖ Para uma rainha, não - replicou o santo - mas, para uma cristã, é demais.
Batilde aproveitou bem a lição e chegou a ser santa.

339. O CRUCIFIXO NUM ESPELHO

Uma jovem demorava-se com frequência a contemplar-se com vaidade num espelho. Em vésperas de casar-se, ataviada para a cerimônia, admirava-se vaidosamente no espelho. De repente, em lugar de sua figura, viu nele Jesus Crucificado, coberto de chagas, derramando sangue. Tal foi a sua impressão que caiu desfalecida. 

Voltando a si, pediu perdão a Deus, prometendo mudar de vida. Jesus, na visão, ordenou-lhe que fosse para Roma e ali fundasse uma Ordem destinada à adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. Essa jovem foi, mais tarde, Santa Madalena da Encarnação.

340. CAÍRAM AS ARMAS

Ninguém ignora o nome e os feitos de Napoleão Bonaparte. Políticamente foi um grande inimigo da Igreja e do Papa, a quem perseguiu de diversos modos. Ameaçado com a pena de excomunhão, vangloriava-se de que 'as excomunhões do Papa não fariam cair as armas das mãos dos meus soldados'.

Pouco tempo depois, na campanha da Rússia, as armas caíam das mãos de seus soldados vencidos pelo frio; e na batalha de Waterloo, pelo pânico. Destronado e desterrado, o grande imperador terminou sua vida como triste prisioneiro em Santa Helena, pois quem luta contra Deus será vencido.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos', do Pe. Francisco Alves, 1958; com adaptações)


quinta-feira, 6 de junho de 2024

'NO DIA QUE CHAMAMOS DIA DO SOL...'


No dia que chamamos dia do sol [domingo], nas cidades e nas aldeias todos os habitantes se reúnem num dado lugar. Lêem-se as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas segundo o tempo de que se dispõe. Quando a leitura termina, aquele que preside toma a palavra para chamar a atenção sobre os ensinamentos recebidos e para exortar ao seu seguimento. Depois levantamo-nos e, em conjunto, apresentamos as intenções de oração. Seguidamente traz-se o pão, o vinho e a água. O presidente dirige ardentemente ao céu súplicas e ações de graças, e o povo responde com a aclamação 'Amém!, uma palavra hebraica que quer dizer: 'Assim seja!'.

Chamamos este alimento de eucaristia, e ninguém o pode tomar se não acredita na verdade da nossa doutrina e se não recebeu o banho do batismo para a remissão dos pecados e regeneração. Porque nós não tomamos este alimento como se toma um pão ou uma bebida vulgar. Do mesmo modo que, pela Palavra de Deus, Jesus Cristo nosso Salvador incarnou, tomando carne e sangue para nossa salvação, também o alimento consagrado pelas próprias palavras rezadas e, destinado a alimentar a nossa carne e o nosso sangue para nos transformar, este alimento é a carne e o sangue de Jesus incarnado: esta é a nossa doutrina. 

Os apóstolos, nas memórias que nos deixaram e que chamamos de evangelhos, transmitiram-nos a recomendação que Jesus lhes fez: Tomou o pão, abençoou e disse: 'Fazei isto em minha memória; isto é o meu corpo'. De igual modo, tomou o cálice, abençoou-o e disse: 'Isto é o meu sangue'. E em seguida deu a eles (Mt 26,26-; 1Cor 11,23-). É no dia do sol que nos reunimos todos, porque este é o primeiro dia, aquele em que Deus para fazer o mundo separou a matéria das trevas, e ainda o dia em que Jesus Cristo nosso Salvador ressuscitou dos mortos.

(Excertos da obra  'Primeira Apologia', documento que faz referência ao sacramento da eucaristia nos primórdios da cristandade [século II], por São Justino [100 - 160], filósofo e mártir) 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

VELAI SOBRE VÓS MESMOS...

1. Quando os homens disserem: 'Paz e segurança!', então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão. Mas vós, irmãos, não estais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Não dur­mamos, pois, como os demais. Mas vigiemos e sejamos sóbrios (1Ts 5, 3-6).

2. Torne-se tenebroso e escorregadio o seu caminho [dos meus inimigos], quando o anjo do Senhor vier persegui-los, porquanto sem razão me armaram laços; para me perder, cavaram um fosso sem motivo. Venha sobre eles de improviso a ruína; apanhe-os a rede por eles mesmos preparada, caiam eles próprios na cova que abriram (Sl 34,6-8).

3. Que a morte os colha de improviso, que eles desçam vivos à mansão dos mortos. Porque entre eles, em suas moradas, só há perversidade (Sl 54, 16).

4. Terra, escuta: vou mandar sobre esse povo uma desgraça, fruto de suas maquinações, já que não ouviu as minhas palavras, e desprezou os meus ensinamentos (Jr 6, 19)

5. Não andeis à procura de outros deuses, para ante eles vos prostrardes e lhes renderdes culto. Não me provoqueis à cólera, para vossa própria desgraça, com esses ídolos que vossas mãos fabricaram (Jr 25,6).

6. Quanto a ti, não intercedas por esse povo, nem ores por ele, nem supliques, porque ao tempo de sua desgraça, quando clamarem por mim, não os escutarei (Jr 11,14).

7. Meus guardas estão todos cegos e não veem nada; são cães mudos incapazes de latir, sonham estirados, gostam de cochilar; são cães vorazes e insaciáveis são pastores que nada observam, cada qual segue seu caminho em busca de seu interesse. 'Vinde, vou buscar o vinho; com licores nos embriagaremos; amanhã, como hoje, haverá uma enorme bebedeira' (Is 56,10-12).

8. É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração. Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem. Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos (Lc 17, 25-27).

9. Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preo­cupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos esses males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem (Lc 21, 34-36).

10. É mais fácil carregar areia, sal ou uma barra de ferro, do que suportar o imprudente, o tolo e o ímpio (Eclo 22,18).

terça-feira, 4 de junho de 2024

DA MANEIRA EXCELENTE DE ASSISTIR À MISSA


Para ouvir a Missa com devoção, cumpre recordar que o sacrifício do altar é o mesmo que foi oferecido outrora no Calvário ; a única diferença é que o sangue divino que foi realmente derramado na cruz, só o é misticamente no altar. Se houvésseis estado no Calvário naquele momento, com que devoção e enternecimento teríeis assistido a esse grande sacrifício ! Reanimai pois a vossa fé, e pensai que o que se fez então no Calvário se faz agora no altar; pensai também que este divino sacrifício não é oferecido somente pelo padre, mas ainda por todos os assistentes. Assim, todos fazem de certo modo ofício de sacerdote assistindo à missa, pela qual os merecimentos da paixão do Salvador são aplicados a cada um de nós em particular.

E' mister lembrar também que o sacrifício da Missa foi instituído para quatro fins: (i) para honrar a Deus; (ii) para expiar os nossos pecados; (iii) para agradecer a Deus os seus benefícios; (iv) para alcançar graças. Daqui nascem as considerações seguintes, que nos ajudarão a ouvir a missa com muito fruto:

1. Pela Missa, na qual se oferece ao Pai Eterno a pessoa de Jesus Cristo, Homem e Deus, dá-se a Deus uma honra infinitamente maior do que se lhe fossem oferecidas as vidas de todos os homens e anjos.

2. Por esta oferenda de Jesus Cristo, que se faz na Missa, dá-se a Deus uma satisfação completa por todos os pecados dos homens, e especialmente dos assistentes, aos quais é aplicado o mesmo sangue divino que foi derramado no Calvário para redenção do gênero humano. Assim, por uma missa, satisfazemos à justiça divina pelas nossas faltas de modo mais eficaz que por outra qualquer obra expiatória. Todavia, bem que a missa seja de valor infinito, Deus a não recebe senão de modo finito, conforme as disposições de quem a ouve; eis por que é útil ouvir muitas missas.

3. A Missa é para nós o meio de dar dignas ações de graças por todos os benefícios que de Deus recebemos.

4. Durante a missa, podemos obter todos os favores que desejamos para nós e para os outros. Indignos somos de receber benefícios; mas o nosso Salvador nos deu o meio de merecer e alcançar todas as graças: é pedi-las em seu nome, oferecendo-o ao Pai eterno no sacrifício eucarístico, onde Jesus une a sua oração à nossa. Se soubésseis que, quando orais, a Mãe de Deus e todo o paraíso se unem a vós para apoiar a vossa oração, com que confiança não o faríeis! Pois bem, quando se assiste a missa, para pedir a Deus alguma graça, Nosso Senhor Jesus Cristo, cujas orações valem infinitamente mais que as do paraíso inteiro, ora Ele próprio por vós, e oferece em vosso favor os méritos da sua Paixão. 

É, pois, excelente método dividir a missa em quatro diferentes partes, da seguinte maneira:

1. Desde o início até o Evangelho:

Oferecei o santo sacrifício a Deus para honrá-lo, dizendo: 'Adoro, ó meu Deus, a vossa majestade infinita. Honrar-vos quisera como o mereceis; mas que honra podeis receber de um miserável pecador como eu? Ofereço-vos a honra infinita que vos dá Jesus Cristo neste altar.

2. Desde o Evangelho até a Elevação da Hóstia

Oferecei o santo sacrifício para expiação dos vossos pecados, dizendo: 'Detesto, Senhor, e sumamente deploro todos os desgostos que vos tenho dado. Em reparação às minhas ofensas, ofereço-vos o vosso divino Filho, que se sacrifica de novo por mim sobre este altar, e pelos seus merecimentos, vos peço conceder-me o perdão e a perseverança na vossa santa graça'.

3. Desde a Elevação da Hóstia até a Comunhão

Oferecei Jesus Cristo ao Pai eterno, para dar-lhe graças por todos os benefícios que vos tem feito, dizendo: 'Senhor, por mim mesmo sou incapaz de vos agradecer dignamente por todos os benefícios que me haveis feito; mas, em ação de graças, vos ofereço o sangue de Jesus Cristo nesta missa e em todas as que se celebram atualmente na terra'.

4. Desde a Comunhão até o Final da Missa

Pedi com grande confiança as graças de que tendes necessidade, e especialmente a dor dos vossos pecados, a perseverança e o amor divino. Recomendai a Deus particularmente as pessoas com quem viveis, os vossos parentes, os pecadores, as almas do purgatório, etc. Não acho mau que reciteis orações vocais durante a missa; mas desejo que ao mesmo tempo não deixeis de vos desobrigar para com Deus dos quatro deveres que vos acima apontei: honra, expiação, ação de graças e oração. Aconselho-vos a ouvir tantas missas quantas vos for possível; cada vez que assistirdes à missa da maneira que vos indiquei, alcançareis um tesouro de merecimentos.

(Santo Afonso Maria de Ligório)