quarta-feira, 9 de setembro de 2020

DA VIDA ESPIRITUAL (105)

Você, amigo de longa data, lamentava a pouco o fato de já não ser tão moço e que as tarefas do dia-a-dia lhe pareciam cada vez mais demoradas e mais cansativas... eis o preço que o tempo nos cobre sob a ótica puramente humana: menor vigor físico, maiores limitações para tudo. O avanço do tempo que não pára está diante de todos: as árvores perdem seus frutos e folhas, o sol se põe a cada dia, a morte de um parente ou de um velho conhecido, o limo que cobre as paredes assim como o matagal envolve por completo a velha casa em ruínas... E, ainda na nossa pobre ótica humana, lamentamos a sua passagem como símbolo da nossa própria morte que se aproxima, da perda dos bens e da juventude quase esquecida... Mas o tempo é o caminho que nos leva às eternas latitudes de Deus, às moradas sem fim das bem aventuranças, ao derradeiro aconchego da casa paterna. Como cristãos no mundo, os dias que se vão não são frutos perdidos e nem aves de arribação: são as contas do rosário que Deus perpassa à espera de cada um de nós; os dias que se passaram não são mato seco para ser queimado, mas pedras preciosas que pavimentam caminhos para a eternidade. Os dias que morrem, na verdade não morrem nunca: são simplesmente a certeza definitiva de que ainda somos peregrinos a caminho de casa.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

GLÓRIAS DE MARIA: FESTA DA NATIVIDADE DE MARIA


Com o nascimento de Maria, Deus dá ao mundo a aurora que anuncia a vinda do Messias, o início histórico da obra da Redenção. Maria, 'bendita entre todas as mulheres' e rainha dos anjos, foi privilegiada pelos desígnios da Providência com as graças mais sublimes para ser elevada à excelsa dignidade de Mãe do Nosso Salvador Jesus Cristo, Mãe de Deus. 

'Deus onipotente, antes que o homem caísse, previu a sua queda e decidiu, antes dos séculos, a redenção humana. Decidiu Ele encarnar-se em Maria... Hoje é o dia em que Deus começa a pôr em prática o seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Casa linda, porque, se a Sabedoria constrói uma casa com sete colunas trabalhadas, este palácio de Maria está alicerçado nos sete dons do Espírito Santo. Salomão celebrou de modo soleníssimo a inauguração de um templo de pedra. Como celebraremos o nascimento de Maria, templo do Verbo encarnado?'

(Homilia sobre a Natividade de Maria, de São Pedro Damião)

A Festa da Natividade de Maria (celebrada no dia 8 de Setembro, pelo calendário tridentino) era celebrada no Oriente Católico muito antes de ser instituída no Ocidente e tem sua origem provavelmente em Jerusalém, pelos meados do século V. De acordo com a Tradição, Maria nasceu de pais virtuosos e avançados em idade, Joaquim e Ana, que cumpriam fielmente os seus preceitos cristãos em Jerusalém, resignados e pacientes diante a esterilidade do casal. Contemplados com a gravidez tardia, nasceu-lhes pela Divina Providência a filha que seria a Mãe de Deus, evento singular da história da humanidade que não foi objeto nem de profecias e nem de sinais extraordinários antes, durante ou depois da natividade de Maria.

'Ó Joaquim e Ana, casal bem-aventurado e verdadeiramente sem mancha! Pelo fruto do vosso seio fostes reconhecidos, segundo a palavra do Senhor: 'Pelos seus frutos os reconhecereis'. A vossa conduta foi agradável a Deus e digna daquela que nasceu de vós. Tendo levado uma vida casta e santa, engendrastes a joia da virgindade, aquela que deveria permanecer Virgem antes, durante e depois do parto, a única sempre Virgem de espírito, de alma e de corpo. Convinha, de fato, que a virgindade saída da castidade produzisse a Luz única e monógena, corporalmente, pela benevolência d’Aquele que A gerou sem corpo – o Ser que não gera, mas que é eternamente gerado, para Quem ser gerado é a única qualidade própria da Sua Pessoa. Ó que maravilhas, e que alianças estão neste menino! Ó Filha da esterilidade, virgindade que engravida, nela se unirão divindade e humanidade, sofrimento e impassibilidade, vida e morte, para que em todas as coisas o menos perfeito seja vencido pelo melhor! E tudo isto para minha salvação, ó Mestre! Amas-me tanto que não realizaste esta salvação nem pelos anjos, nem por nenhuma outra criatura, mas tal como já a minha criação, também a minha regeneração foi Tua obra pessoal. Assim, eu exulto, faço despertar a minha alegria e o meu júbilo, volto à fonte das maravilhas, e embriagado de uma torrente de alegria, toco de novo a cítara do espírito e canto o hino divino da natividade'.

(Homilia sobre a Natividade de Maria, de São João Damasceno)

Nasce Maria, dádiva de Deus, santíssima em sua concepção, santíssima no seio de sua mãe, santíssima desde o primeiro instante de sua vida. Pois não convinha que o santuário de Deus, a mansão da sabedoria, o relicário do Espírito Santo, a urna do maná celestial, tivesse em si a menor mácula. Antes de receber sua alma santíssima, sua carne foi completamente purificada até do menor resíduo de toda mancha, sem a mais ínfima inclinação para o pecado.

'A gloriosa Virgem não apenas foi preservada do pecado original em sua concepção, como foi também adornada da justiça original e confirmada em graça desde o primeiro momento de sua vida, segundo muitos eminentes teólogos, a fim de ser mais digna de conceber e dar à luz o Salvador do mundo. Privilégio que jamais foi concedido à criatura alguma, nem humana nem angélica, pertencendo somente à Mãe do Santo dos Santos, depois de seu Filho Jesus ... Todas as virtudes, com todos os dons e frutos do Espírito Santo, e as oito bem-aventuranças evangélicas se encontram no coração de Maria desde o momento de sua concepção, tomando inteira posse e estabelecendo n'Ela seu trono num grau altíssimo e proporcionado à eminência de sua graça'.

(Homilia, São João Eudes)


Maria Santíssima é a nova Eva, a mãe espiritual dos homens; é Judite que será vitoriosa sobre o inimigo do povo de Deus; é Ester que alcançará misericórdia para o seu povo. Foi Maria que Adão entreviu quando Deus lhe disse que uma mulher esmagaria a cabeça da serpente. Deus a tinha em vista quando prometeu a Abraão, aos patriarcas e a Davi, que o Salvador brotaria da sua estirpe. Ela é o tronco de Jessé que havia de dar a flor escolhida, conforme a profecia de Isaías. 

Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão: 2Abraão gerou Isaac;Isaac gerou Jacob; Jacob gerou Judá e seus irmãos; 3Judá gerou, de Tamar, Peres e Zera; Peres gerou Hesron; Hesron gerou Rame; 4Rame gerou Aminadab; Aminadab gerou Nachon; Nachon gerou Salmon; 5Salmon gerou, de Raab, Booz; Booz gerou, de Rute, Obed; Obed gerou Jessé;6Jessé gerou o rei David. David, da mulher de Urias, gerou Salomão; 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafat; Josafat gerou Jorão; Jorão gerou Uzias; 9Uzias gerou Jotam; Jotam gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias; 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para Babilónia.12Depois da deportação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel;13Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azur; 14Azur gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleázar; Eleázar gerou Matan; Matan gerou Jacob. 16Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo.18Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo.19José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.20Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: 'José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados'. 22Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: 23Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus conosco.

(Evangelho: Mateus, 1, 1-16.18-23)

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O VALOR DA SANTA MISSA PARA AS ALMAS DO PURGATÓRIO

Não podendo compreender, durante esta vida, o rigor das chamas do purgatório; virá, porém, o dia em que o experimentaremos. Meditemos, enquanto podemos, a doutrina dos Santos e Doutores da Igreja.

Santo Agostinho diz: 'O eleito e o condenado são atormentados pelo fogo, cuja ação é mais violenta que tudo quanto, sobre a terra, se pode imaginar, ver e sentir' (Sermão 41). Fosse este testemunho o único, e bastaria para espantar-nos, porque os males de que a terra está cheia, são incalculáveis, e nossa capacidade de sofrer é um abismo de que ninguém sondou a fundo. Pensa nas terríveis doenças que corrompem o corpo; lê, no martirológio, as torturas espantosas, a que foram submetidos os confessores da fé, e persuadir-te-ás de que tudo isto é apenas uma pálida imagem do que te espera, segundo a afirmação de São Cirilo: 'Todas as penas e torturas', diz ele, 'todos os tormentos desta vida, comparados à menor pena do purgatório, parecem ainda uma consolação'. São Tomás de Aquino afirma também: 'A menor faísca desse fogo é mais cruel que todos os males desta vida'.

Meu Deus! Como minha alma suportará essas dores terríveis? Ora, é quase certo que não chegará ao céu sem passar por essas chamas purificadoras, porque, longe de ser bastante perfeita para evitá-las, está repleta de manchas e de más inclinações. Há vários meios eficazes de aliviar as almas do purgatório; porém, o mais salutar, declara o Concílio de Trento, é o santo Sacrifício da Missa: 'As almas do purgatório são aliviadas pelas orações e sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do Altar' (Concílio de Trento, Sessão 25). Dois séculos antes, São Tomás de Aquino já dizia: 'Segundo o uso geral, a Igreja sacrifica e ora pelos defuntos e, assim, liberta-os, prontamente, do purgatório'.

A razão é porque, na santa Missa, o sacerdote e os assistentes não somente pedem misericórdia, mas oferecem também a Deus um resgate preciosíssimo. As almas do purgatório não estão fora dos favores de Deus, visto que, por sua contrição e confissão, reconciliaram-se com Ele, porém ficam prisioneiras, para se purificarem das chamas. Por conseguinte, se cheio de compaixão, orares por elas, cedendo-lhes teus méritos, contribuís para saldar uma parte desta dívida de que o Juiz supremo diz: 'Toma cuidado para que não sejas lançado na prisão, donde não sairás sem ter pago o último ceitil' (Mt 5, 25-26). Entretanto, se assistes, ou fazes celebrar a santa Missa por uma destas almas, satisfarás grande parte de sua dívida.

Ignora-se em que medida são remidas as penas do purgatório pelo santo Sacrifício. Em todo o caso, fica certo que uma missa celebrada, ou ouvida durante a tua vida, serve-te mais do que outra oferecida em tua intenção depois da morte, segundo a palavra de Santo Anselmo: 'Uma única missa assistida por uma pessoa durante a vida, lhe é mais vantajosa do que muitas oferecidas, em sua intenção, depois da morte'. Eis o porquê. Se estiveres em estado de graça, quando ouvires, ou mandares celebrar a santa Missa por ti, obterás um aumento de glória para o paraíso; vantagem que, mesmo cem missas, celebradas depois de teu falecimento, não poderiam merecer-te, visto que o tempo de merecimento acabou.

Se estiveres em estado de pecado mortal, a santa Missa te atrairá, pela infinita misericórdia de Deus, com a luz necessária para reconhecer os pecados e a dor de havê-los cometidos, dor que te põe em graça com ele, coisa impossível depois da morte. Se, em vida, já estás marcado com o selo da reprovação, a santa Missa pode ainda deter-te na beira do abismo infernal e conceder-te o inestimável benefício de morreres na graça de Deus. Missas ouvidas ou celebradas te esperam além do túmulo, onde, como outros tantos advogados eloquentes, solicitarão, para ti, o perdão no tribunal da Justiça divina. Se não te preservam inteiramente do purgatório, abreviar-lhe-ão a duração e diminuir-lhe-ão a intensidade. Apesar de Deus aplicar-te todo o fruto de uma missa após tua morte, seria ainda mister que fosse celebrada, e deverias esperá-la.

Supõe que morras à tarde e devas permanecer nas chamas do purgatório somente até a hora da Missa do dia imediato: ó como seria longa esta única noite! Supõe mesmo o caso mais favorável em que tua pena duraria o tempo de uma missa; caro leitor, esta meia hora te pareceria ainda uma eternidade. Se te obrigassem a ter a mão em fogo vivo durante o tempo em que se pode celebrar uma santa missa, quanto não darias para escapar a uma prova tão cruel? Entretanto, não atingiria senão a um membro de teu corpo, e não se pode comparar à pena muito mais intensa que tem sede na alma. Poderíamos ter menos compaixão de nossa alma que do nosso corpo? Em todo caso, é melhor que as missas nos esperem na outra vida do que termos que esperá-las. Amontoemos, pois, tesouros no céu, pela piedosa assistência à santa missa, porque a noite virá, e quem trabalhará então por nós?

A esmola que consagras para fazer celebrar a santa missa é um dom espontâneo, voluntário, muito agradável a Deus, ao passo que, depois de tua morte, não será mais dado por ti, mas por teus herdeiros. Não vemos, todos os dias, como demoram a satisfazer os piedosos desejos dos moribundos? Acredita-nos, é mais conveniente assegurar o futuro, desde a vida presente, enquanto podes dispor de teus bens. Enfim, não esqueçamos que o tempo presente é o tempo da misericórdia, e o tempo futuro, o da justiça. São Boaventura diz: 'Assim como uma palheta de ouro é mais preciosa do que um pedaço de chumbo, também uma pequena penitência, a que nos submetemos, voluntariamente, nesta vida, é mais agradável aos olhos de Deus do que uma grande penitência feita na outra.

Ah, se pudesses contemplar, com teus olhos mortais, os rios de graças que, do altar, se derramam sobre o purgatório, com que pressa procurarias, para as almas exiladas, este divino benefício! Não objetes tua pobreza. É verdade, a pobreza pode privar-te do prazer de mandar celebrar os divinos Mistérios; porém, não te explicamos que a simples audição da santa Missa é, por si, muito meritória? Pede a teus amigos que ouçam também uma ou mais missas na intenção das almas do purgatório.

Era o conselho de um homem de Deus a uma pobre viúva que lamentava não poder mandar celebrar missas por seu defunto marido: 'Assisti, frequentemente, ao Santo Sacrifício por ele; deste modo será mais prontamente libertado do que por uma ou duas missas celebradas em sua intenção'. Este excelente conselho o damos, de bom grado, aos pobres; não que seja menos vantajoso fazer celebrar a missa, quando se pode, porém, é uma consolação para a alma do purgatório ver-te oferecer, por ela, nosso Senhor ao seu Pai. Então o precioso Sangue inunda-a como orvalho celeste. Jamais um doente devorado pela febre foi tão aliviado por um copo d'água fresca, como nossos caros defuntos, quando na santa missa, derramamos, misticamente, sobre eles algumas gotas deste Sangue divino.

(Excertos da obra 'Explicação da Santa Missa', do Venerável Pe. Martinho de Cochem)

domingo, 6 de setembro de 2020

PÁGINAS COMENTADAS DOS EVANGELHOS DOS DOMINGOS


'Irmãos: não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei. De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “não matarás”, “não roubarás”, “não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento, se resumem neste: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei' (Rm 13, 8-10)

sábado, 5 de setembro de 2020

CANTOS DA MISSA TRADICIONAL (VIII): GLORIA

A recitação ou o canto do Glória estão inseridos no espírito de profundo recolhimento e adoração que deve caracterizar a primeira parte da Santa Missa ou Missa dos Catecúmenos. O Glória é um cântico de louvor conformado por diversas aclamações e súplicas, dirigidos à Santíssima Trindade e que se inicia com as palavras que os Anjos cantaram no nascimento do Salvador. Compõe-se de diferentes arranjos, de acordo com o conjunto das composições que constituem o chamado Kyriale para o Ordinário da Missa. Deve ser omitido nas Missas de Defuntos, do Advento, da Septuagésima e da Quaresma e nas férias sem festa.


Gloria in excelsis Deo. Et in terra pax hominibus bonae voluntatis. Laudamus Te. Benedicimus Te. Adoramus Te. Glorificamus Te. Gratias agimus tibi propter magnam gloriam tuam. Domine Deus, Rex caelestis, Deus Pater omnipotens. Domine Fili Unigenite, Jesu Christe. Domine Deus, Agnus Dei, Filius Patris. Qui tollis peccata mundi, miserere nobis. Qui tollis peccata mundi suscipe deprecationem nostram. Qui sedes ad dexteram Patris, miserere nobis. Quoniam Tu solus Sanctus. Tu solus Dominus. Tu solus Altissimus, Jesu Christe. Cum Sancto Spiritu in gloria Dei Patris. Amen.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. Nós vos louvamos, Vos bendizemos, Vos adoramos e Vos glorificamos. Nós vos damos graças, por causa da Vossa grande glória, ó Senhor Deus, Rei do céu, Deus Pai onipotente. Ó Senhor, Filho Unigênito de Deus, Jesus Cristo. Senhor Deus, Cordeiro de Deus e Filho do Pai. Vós que tirais os pecados do mundo, tende compaixão de nós. Vós que tirais os pecados do mundo, ouvi a nossa prece. Vós que estais sentado à direita do Pai, tende compaixão de nós. Porque só Vós, Senhor Jesus Cristo, sois Santo, só Vós sois o Altíssimo. Com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amém.

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

A VIDA OCULTA EM DEUS: VIVER EM CRISTO


Permaneça em Mim pela memória e pelo olhar de sua alma. Viva em mim. Alimente-se de mim. Procure me conhecer, não somente de fora, mas por dentro. Leia até o fundo do meu coração. Não se canse dessa tarefa. Que ela seja seu único negócio, a ocupação total de sua vida. Persista nela como a fonte de toda luz, de toda energia, de toda alegria. Una-se fortemente a Mim por amor. Você ficará assim firme e forte com a minha firmeza e com a minha força. Nada poderá perturbar ou agitar você, exceto superficialmente e, acima de tudo, nada poderá nos separar, exceto o pecado. E quando isso o ameaçar, aproxime-se de Mim com um amor mais generoso e ardente. E, longe de prejudicá-lo, essa provação terá apenas fortalecido a nossa união. E eu estarei com você.

- Como estarás comigo, Jesus?

- Estarei com você como um amigo na casa do seu amigo, como um hóspede na casa do seu hóspede. Eu assumi o controle do seu coração. Expulsei dele todas as afeições rivais. É meu; é para mim que não pára de bater. Sou eu quem o move. Eu sou o motor que o arrasta, a força que o move, a luz que o dirige e que indica o caminho que deve seguir. Eu o transformei espiritualmente em meu próprio Coração. Ame o que Eu amo; rejeite o que eu rejeito, queira o que Eu quero. Sinta-se com o meu próprio Coração, e seja assim um pouco mais e um pouco melhor a cada dia. Estarei, então, dentro de você, na parte mais íntima do seu eu. Num certo sentido muito verdadeiro, sou ainda mais você do que você mesmo por causa daquele amor que o transformou em Mim. O meu apóstolo dizia: 'Vivo jam non ego...' [não sou eu que vivo...]. É exatamente isso, ou ainda: 'Qui adhaeret Domino, unus spiritus est ...' [quem se une ao Senhor, torna-se com Ele um só espírito]: um único espírito; portanto, um só coração e, se você quiser, para sempre.

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte I -  O Esforço da Alma; tradução do autor do blog)