A oitava dor do meu coração materno e imaculado é ver o meu filho tão ofendido no sacramento do Seu amor. Essa minha dor perdurará até o final dos tempos, quando, enfim, a Presença Real de meu Filho no Santíssimo Sacramento dará lugar à visão da Sua Divina Majestade. Então a fé dará lugar à visão e ao anelo da posse eterna. O amor será, então, possuído eternamente por todos aqueles que morreram nos braços de Sua Divina Amizade. Até esse tempo, no entanto, saiba que o meu coração materno sofre e sofrerá com a irreverência, a frieza e a ingratidão de tantas almas diante o sacramento de amor eterno dado pelo meu Filho.
É neste sacramento que Ele ama os seus, amando-os até o fim - até o fim de todas as possibilidades criadas e até o fim deste mundo que passa. Seu amor eucarístico ultrapassa todas as leis da natureza perecível: não há milagre maior na face da terra do que a Presença Real do meu filho no sacramento do altar. Mesmo assim, Ele é abandonado, negligenciado e entregue aos pecadores para ser traído mais uma vez e outra vez mais, e isto por parte dos Seus escolhidos, Seus amados sacerdotes, os homens que Ele escolheu para ser o consolo e a alegria do Seu Coração.
Esta é a oitava dor do meu próprio coração: a traição e a negligência ao meu Filho presente na Santíssima Eucaristia. Como ele é traído? Seus sacerdotes, meus próprios filhos, o traem quando deixam de torná-lo conhecido; quando, ao não ensinar o mistério da sua Presença Real, deixam almas nas trevas da ignorância, sem fogo ou luz. Traem meu Filho quando, por seu exemplo, desencorajam a reverência, a adoração e uma atenção amorosa à Sua presença eucarística.
Eles o traem quando oferecem indignamente o Santo Sacrifício da Missa, e quando o dão a pecadores que não têm intenção de lhe dar os seus corações e buscar a Sua misericórdia e o Seu perdão para os seus pecados. Eles O traem quando O deixam abandonado em igrejas fechadas e quando tornam difícil ou impossível para as almas se aproximarem de seus tabernáculos e se confortarem à luz do seu Rosto Eucarístico. Eles O traem quando permitem que as Suas igrejas se tornem lugares de barulho e de conversas mundanas e quando nada fazem para recordar às almas o Mistério vivo do Seu Amor, que é a Sua presença no tabernáculo.
Devo lhe falar ainda mais desta oitava dor do meu coração? É quando lhe falta generosidade, quando se falha em responder ao amor com amor, quando você não é generoso o bastante por estar diante dAquele que está presente na Santíssima Eucaristia por amor a você. Assim não estou falando somente a você, mas a todos os meus filhos sacerdotes e a todas as almas consagradas que vivem com o meu Filho sob o mesmo teto e que o tratam com frieza, casualmente ou sob uma mera formalidade.
Esta é também a oitava dor do meu coração: que o Santo Sacrifício da Missa seja celebrado rapidamente, com pouca reverência, sem ação de graças e com toda a atenção dada, não ao meu Filho, o Cordeiro mas, ao contrário, à presença humana do Seu ministro que, chamando a atenção para si mesmo, retira de Deus o que somente a Deus pertence: a atenção amorosa de todo o coração durante o exercício dos Santos Mistérios.
O que mais devo lhe dizer? Você não sofre comigo por esta oitava dor do meu coração, composta de muitas dores tantas vezes repetidas? Mortifique-se comigo neste dia e console o meu Coração materno e Imaculado, adorando o meu Filho, o fruto abençoado do meu ventre, dando a Ele tudo o que você é e possui em uma imolação de amor.
(Excertos da obra 'In Sinu Jesu - Quando o Coração fala ao coração: Diário de um Sacerdote em Oração', por um monge beneditino, tradução pelo autor do blog)