sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O QUE JESUS BUSCOU NESTA TERRA? (II)

OS FRUTOS DE SUA PAIXÃO

Eis o segundo dos grandes interesses de Jesus. Sempre que possamos impedir que se cometa um pecado, por leve que seja, muito faremos pelos interesses de Jesus. Melhor poderemos apreciar a grandeza de um tal serviço, se fizermos esta reflexão: ainda que pudéssemos fechar para sempre o inferno, salvar todas as almas que lá estão sofrendo, despovoar o purgatório, e converter todos os homens do mundo em outros tantos santos como os bem aventurados apóstolos Pedro e Paulo, dizendo a mais leve mentira que fosse, não a deveríamos dizer; pois a glória de Deus sofreria mais com essa pequena mentira do que lucraria com tudo o mais.

Avaliai por isto quanto se faz pelos interesses de Jesus impedindo um pecado mortal! E todavia é isto tão fácil! Se todas as noites, antes de nos deitarmos, pedíssemos à Virgem Santa que oferecesse a Deus o precioso sangue de Seu querido Filho, a fim de se impedir um pecado mortal que ameaçasse ser cometido em qualquer parte do mundo durante a noite; e se renovássemos o mesmo pedido todas as manhãs, para o mesmo fim durante as horas do dia, não há dúvida que semelhante oferta, apresentada por tais mãos, não poderia deixar de obter a graça desejada; e assim cada um de nós poderia provavelmente impedir setecentos e trinta pecados mortais em cada ano.

Suponhamos agora que mil dentre nós querem fazer esta oferta e nela perseveram durante vinte anos; isto, que nenhum trabalho nos daria, seria bem meritório: teríamos impedido mais de quatorze milhões de pecados mortais. E se todos os membros da Confraria seguissem este exemplo, teríamos que multiplicar este número por dez. Ah! Deste modo, como os interesses de Jesus progrediriam no mundo, e que alegria, que felicidade nos não proporcionaríamos a nós mesmos!

Assim também todas as vezes que possamos resolver alguém, que o necessite, a confessar-se, ainda que não tenha a acusar senão pecados veniais, aumentamos o fruto da Paixão do nosso Redentor. Cada ato de contrição que qualquer pessoa faça, a instâncias nossas; cada oração que nós façamos com o fim de lhe alcançar esta graça, acrescenta os mesmos frutos. Cada nova austeridade, cada ligeira penitência que promovamos, dá o mesmo resultado. O mesmo aconteceria com os nossos esforços para fazermos apreciar a comunhão frequente.

Quando pudermos conseguir que alguém tome parte nas nossas devoções à Paixão de Nosso Senhor, que a leia ou a medite, daremos impulso aos interesses de Jesus. Disse algum santo (e, se me não falha a memória, foi Alberto o Grande) que uma só lágrima vertida pelos sofrimentos do nosso doce Salvador era mais preciosa aos Seus olhos, que um ano inteiro de jejum a pão e água. O que não seria, pois, se nós pudéssemos interessar os outros em juntarem as suas lágrimas às nossas, e unirem-se conosco no sentimento de uma terna piedade pela Paixão de Jesus! Oh! Quão grandes são os frutos de uma simples oração! Suavíssimo Jesus! Porque somos nós tão insensíveis, tão frios? Acendei em nós esse fogo que viestes trazer à terra!

(Excertos da obra 'Tudo por Jesus', do Pe. Frederico William Faber)