segunda-feira, 1 de julho de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XV)


71. Sendo São José particularmente o modelo para o caminho da santidade, qual é o tipo de espiritualidade que ele nos apresenta? 

Ele nos apresenta uma espiritualidade acessível a todos porque supõe a grandeza da vida cotidiana enquanto tal; de maneira mais ou menos extraordinária, com a qual cada um saberá viver a sua vida comum no exercício constante das mais variadas virtudes. Sua espiritualidade é feita de coisas simples e por isso é que ele é indicado como ponto ideal de referência para todas as categorias de pessoas: sacerdotes, religiosos, pais de família, esposos, virgens, ricos, operários, pobres… Ele nos ensina que 'para ser bons e autênticos seguidores de Cristo, não são necessárias coisas grandiosas, mas são suficientes virtudes humanas comuns, simples, mas verdadeiras e autênticas', como nos afirmou o Papa Paulo VI. 

72. Por que São José não mereceu a atenção da Igreja em suas reflexões logo nos primeiros séculos? 

Porque a preocupação da Igreja era toda voltada para a pessoa de Jesus Cristo, nascido de uma Virgem; portanto, concentrava suas atenções na proclamação da divindade de Jesus e, consequentemente, também desenvolvia uma reflexão sobre Maria, a Mãe de Jesus. Desta forma, São José foi apenas tratado de maneira ocasional quando se analisava o texto evangélico, sobretudo do evangelho da infância. 

73. Podemos colher algumas referências desta maneira ocasional com que São José foi lembrado nos escritos e reflexões dos primeiros séculos? 

Sem dúvida, alguns escritores, como Santo Ambrósio (+397), consideraram verdadeiro o matrimônio de José e Maria. São Jerônimo (+420) sustentou a sua virgindade. Santo Agostinho (+ 430), além da sua virgindade e de seu verdadeiro matrimônio, defendeu também a sua verdadeira paternidade. Assim como inúmeros outros padres da Igreja e teólogos de então fizeram referência a José. 

74. Quando afinal começou a difusão da Doutrina Josefina de uma maneira mais organizada? 

A partir do início do século XIII. Como exemplo, temos São Boaventura que coloca em luz a presença de José através de seu 'comentário sobre São Lucas' e, depois, em diversos outros seus sermões. Também São Bernardino de Sena em seu 'Sermão sobre São José, esposo da Bem-aventurada Virgem', onde admite a ressurreição de São José e sua assunção ao céu. Outro grande difusor da Doutrina Josefina foi Jean Charlier (+1419), chanceler da Universidade de Paris, mais conhecido como Gerson, o qual escreveu uma obra denominada: 'Considerações sobre São José' e outra denominada 'Josefina', assim com um 'Sermão sobre a gloriosa natividade da Virgem Maria e sobre a recomendação de seu esposo virginal José'. Outro grande Josefólogo foi Isidoro Isolani (+1528) que escreveu um verdadeiro tratado teológico sobre São José em sua obra 'Suma dos dons de São José'. Francisco Suarez (+1617) revolucionou o pensamento sobre São José colocando-o como membro da ordem da união hipostática. Enfim, é impossível enumerar as centenas de teólogos que escreveram sobre São José e defenderam os seus privilégios. 

75. Existem algumas figuras mais eminentes que se destacaram na promoção da devoção e culto a São José? 

São inúmeras estas figuras, apenas mencionamos Santa Tereza d’Ávila (+1582) que promoveu o seu culto em toda a Espanha e dedicou onze mosteiros de sua Ordem a São José, os quais foram verdadeiros centros de irradiação da devoção ao nosso santo. São Francisco de Sales (+1622) contribuiu muito na difusão da Devoção Josefina com seu 'Tratado do amor de Deus' e suas 'Conferências Espirituais'. Destacamos também o Cardeal Alexi Henri – Marie Lepicier (+1936) que escreveu o Tractatus de S. Joseph e recebeu a incumbência de Pio X de compor a ladainha de São José. Enfim, o culto e a devoção ao pai nutrício do Redentor conheceu um verdadeiro florescimento com o empenho de grandes devotos do nosso santo. Desta forma, muitos fundadores e fundadoras de congregações religiosas difundiram a devoção a São José, a exemplo do Bem-aventurado José Marello (+1894), fundador da Congregação dos Oblatos de São José, assim como Gaspar Bertoni (+1853).

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)