segunda-feira, 15 de julho de 2019

COMPÊNDIO DE SÃO JOSÉ (XVI)


76. Qual é a voz do magistério da Igreja a respeito do pai de Jesus? 

É preciso dizer que não apenas os teólogos e devotos interessaram-se pela teologia Josefina, mas também o magistério da Igreja. Pio IX, com o decreto Inclytus Patriarcha Joseph, de 10 de setembro de 1847, estendeu a festa do Patrocínio de São José para toda a Igreja. Da mesma forma, com um outro decreto: Quemadmodum Deus, de 08 de dezembro de 1870, proclamou-o Patrono universal da Igreja. O papa Leão XIII colocou o seu pontificado sob a 'proteção poderosíssima de São José' e, em inúmeros documentos, encíclicas e decretos, lembrou a presença de São José. Dentre todos, destacamos a encíclica Quamquam Pluries, de 15 de agosto de 1889, onde expôs a doutrina sobre São José. Os papas Pio X e Bento XV, em vários documentos, não deixaram de lembrar e de mencionar a importância de São José para os cristãos. Pio XI, na sua alocução de 19 de março de 1928, sustentou a superioridade de São José sobre São João Batista e São Pedro e, na alocução de 19 de março de 1935, mostrou a ligação de São José com a união hipostática. Também na sua alocução de 19 de março de 1928, deu-lhe o título de 'onipotente', assim como em vários outros documentos ressaltou a figura grandiosa do Santo Patriarca. Pio XII destacou em vários documentos os aspectos da figura de São José, particularmente na encíclica Haurietis Aquas, de 15 de maio de 1956, descreveu o relacionamento familiar de Jesus com São José, salientando que o coração de Jesus palpitava de amor pelo seu pai a quem obedecia e ajudava no trabalho da carpintaria. João XXIII em sua carta apostólica Le voci, de 19 de março de 1961, nomeou São José o Protetor do Concílio Ecumênico Vaticano II. 

Paulo VI apresentou a figura cristalina e edificante de São José em seus inúmeros documentos e pronunciamentos; na constituição Lumen Gentium, de 21 de novembro de 1964, salientou que, no sacrifício eucarístico, veneramos sobretudo a memória da Bem-aventurada Virgem Maria e também do Bem aventurado José. Exaltou a sua grandeza, colocou-o em relação com o mundo do trabalho, apontou-o como o introdutor do Evangelho das bem-aventuranças, anunciou-o como programa para a redenção da humanidade, apresentou-o como ponto referencial para as famílias… João Paulo II em sua encíclica Redemptor hominis, de 04 de março de 1979, inseriu-o no coração da nossa redenção. Propô-lo como modelo para todos os pastores e ministros da Igreja. Na encíclica Laborem Exercens, de 14 de setembro de 1981, colocou-o ao lado de Jesus, explicitando-o como 'o evangelho do trabalho'. No prefácio do novo Código de Direito Canônico, de 25 de janeiro de 1983, confiou a reta observância das normas, impetrando a beatíssima Virgem Mãe da Igreja e o 'seu esposo São José, Patrono da Igreja'. Além de lembrá-lo em muitos outros documentos, por fim escreveu a exortação apostólica Redemptoris Custos, em 15 de agosto de 1989, um verdadeiro tratado de Josefologia, onde ilustra a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja. Este é o pronunciamento do Magistério da Igreja mais completo e atual que até agora possuímos. 

77. Como foi o desenvolvimento do culto a São José ao longo dos séculos? 

Já destacamos algumas figuras que contribuíram, com seus escritos e reflexões, para a devoção ao culto de São José, contudo reportamos breves exemplos sobre a difusão de seu culto. Uma das primeiras referências que possuímos a respeito, nos vem de Arculfo, bispo da Gália, o qual relata que em 670 havia em Nazaré uma igreja onde se encontrava a casa em que Nosso Senhor foi nutrido e uma outra no lugar em que o Anjo Gabriel entrou e falou à Bem-aventurada Maria. Há uma outra referência à pessoa de São José em Belém, na Basílica da natividade, onde se encontra a inscrição (I) Ioseph (V) Virum (M) Mariae:  'José esposo de Maria'; há também uma pequena igreja dedicada a São José que surgiu em cima das ruínas de uma antiga igreja do tempo das cruzadas. O culto a São José floresceu na Europa a partir do século X, começando pela Itália e espalhando-se, com numerosos oratórios, basílicas, igrejas, capelas, abadias, conventos e mosteiros dedicados ao nosso santo. É impossível mencionar todos os templos dedicados a ele a partir de então porque são inumeráveis e espalhados por toda a Europa e no mundo, inclusive no Brasil, onde as paróquias dedicadas ao nosso protetor ocupam o terceiro lugar, perdendo apenas para Nossa Senhora e Santo Antônio.

78. Além do culto nas igrejas, São José é venerado em outras organizações? 

Sim, além das igrejas, basílicas, santuários, catedrais, oratórios e capelas, São José também é cultuado nas inúmeras confrarias e arquiconfrarias, em mosteiros, em ordens religiosas, em congregações e institutos de vida religiosa, assim como em inúmeras irmandades e associações, sendo que uma das mais antigas associações data do ano de 1345 em Rabat, na Ilha de Malta. Todas estas, em número incontável, surgiram na Europa e se difundiram por todo o mundo. 

79. Prescindindo do culto, São José é lembrado ainda de outra maneira? 

Há um número considerável de nações, regiões, localidades, cidades, dioceses e variados estabelecimentos e organizações que escolheram São José como Protetor. Ele foi proclamado Patrono especial do reino da Boêmia em 1665 por Ferdinando III e, em 1675, foi escolhido como Patrono dos domínios austríacos e, no ano seguinte, dos territórios germânicos. Tornou-se Protetor da China, da Espanha, do Peru, das Filipinas. Foi designado Patrono de Nápoles, Gênova, Turim, Florença, Verona, Veneza, Palermo, Avinhão, Manila, Cracóvia… e no Brasil, existem cerca de 90 municípios catalogados com seu nome. São inúmeras também as dioceses que o têm como seu protetor. Algumas dentre as quais são: Orvieto, Ottawa, Harós, Wladislávia, Liverpool, São José na Califórnia, São José de Costa Rica, Caacupé no Paraguai, Cúguta na Colômbia, Maracai na Venezuela, Santa Fé na Argentina, Tapachula no México; no Brasil, lembramos as dioceses de Fortaleza, Mariana, Garanhuns, Macapá, Campo Mourão, São José dos Campos… Estas poucas indicações dentre inúmeras outras, são apenas uma pálida referência do quanto São José é amado e reconhecido no mundo inteiro. 

80. Pode-se indicar algumas festas e reconhecimentos do nosso santo na liturgia? 

Já lembramos que o culto a São José, ao contrário daquele a Maria, permaneceu por muitos séculos esquecido com apenas algumas lembranças dos traços de sua figura aqui e ali, por alguns devotos ou algumas Ordens Religiosas. Contudo, a partir do século VIII no Ocidente, São José era celebrado no dia 19 de março na Abadia de Winchester e no Oriente, a partir do século X, São José era comemorado no dia de Natal e também no dia 26 de dezembro com a festa de 'Maria e José, seu esposo'. No século XIV, no mosteiro austríaco de São Floriano, havia um missal com uma missa votiva ao 'Pai Putativo do Senhor'. Ao longo dos séculos, estas festas e comemorações em honra a São José desenvolveram-se de muitas maneiras até chegar a 1917, com o Código Direito Canônico, a festa denominada 'Comemoração solene de São José, Esposo da Bem-aventurada Virgem Maria' foi incluída como preceito para toda a Igreja. Outra festa litúrgica, celebrada com solenidade, foi aquela do 'Patrocínio de São José', estendida para toda a Igreja em 1847 por Pio IX e fixada para o terceiro domingo depois da Páscoa. Esta festa antes fora celebrada por muitas ordens religiosas: a partir de 1680 pelos Carmelitas; depois a celebraram os Augustinianos, os Barnabitas, etc. Também muitas dioceses, desde aquela do México em 1703, depois as de Puebla, Los Angeles, Palermo, De la Plata, Pavia, Colônia, Orvieto, Asti, Acqüi, etc. Esta festa foi substituída pela chamada 'São José Operário', instituída por Pio XII para o dia 1º de maio. Paulo VI, na promulgação do Missal Romano, inseriu nele três missas em honra de São José: a solenidade de 19 de março: 'São José, esposo da Bem aventurada Virgem Maria', a festa de 'São José Operário' em 1º de maio e uma missa votiva. Além disso, São José é celebrado na 'Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José', no domingo dentro da oitava do Natal.

('100 Questões sobre a Teologia de São José', do Pe. José Antonio Bertolin, adaptado)