quinta-feira, 26 de julho de 2012

MUNDO CATÓLICO

Portugal: Católicos são pouco exigentes nas suas celebrações
Fátima, Santarém, 25 jul 2012 (Ecclesia)

O cônego Luís Manuel Silva, pároco da Sé de Lisboa e professor de Liturgia na Universidade Católica Portuguesa (UCP), alertou em Fátima para a pouco exigência dos católicos com a “beleza” das cerimônias católicas:

“Já é tempo de sermos mais exigentes nas nossas celebrações. Tirar a 'música pimba' das nossas igrejas: textos pobres, melodias ainda piores, coisas que só procuram uma eficácia quase irritante e desesperante”, disse o também mestre das cerimônias patriarcais, durante o 38.º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica, que decorre até sexta-feira. A iniciativa, com cerca de 1200 participantes, é dedicada ao tema ‘Eucaristia, Sacramento da Caridade’.

O cônego Luís Manuel Silva sublinhou que liturgia da Igreja Latina é “sóbria” e não “transforma a celebração num emaranhado de gestos sem sentido”. “As nossas celebrações, permiti que o diga, muitas vezes parecem assim uma patuscada de amigos. A gente gosta, sente-se bem (…), está ali como podia estar noutro lado”, afirmou. Numa conferência dedicada ao tema ‘Eucaristia, fonte de epifania de comunhão’, o docente da UCP destacou que a celebração não é “propriedade” de ninguém e exige “fidelidade às normas litúrgicas”: “Nunca celebramos a eucaristia se não o fizermos em comunhão com toda a Igreja. A Igreja peregrina na terra e a Igreja que se encontra na glória”, disse o especialista.

O cônego frisou ainda que “a Eucaristia não se compadece com protagonismos fáceis, mais próximos de compensações afetivas do que com a celebração do mistério em comunhão com toda a Igreja”. “O ambão e o altar não são o púlpito nem o areópago para protagonismos fáceis, seja de quem preside, seja de quem exerce qualquer ministério”, alertou. Só pode ser inovador quem conhece “muito bem” e vive “a tradição”, caso contrário só existirão “soluções passageiras”.

Em conclusão, apelou ao “respeito pelo silêncio”, frisando que este tem “estatuto próprio”. “Não é a ausência de palavra, ou de som, ou de gesto, mas é ele próprio e o que Deus nos quer dizer no silêncio e pelo silêncio”, precisou. O evento, promovido pelo Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), procura destacar o sacramento da Eucaristia enquanto “fonte de missão, caridade e comunhão” na Igreja Católica. Na primeira conferência do encontro, o bispo de Bragança-Miranda lamentou a pobreza de algumas celebrações litúrgicas e frisou que é indispensável promover a sua qualidade.