sábado, 3 de fevereiro de 2024

UMA PROFECIA FRANCISCANA


Conta-se que Nostradamus  [ou Michel de Nostredame (1503 - 1566), farmacêutico e médico francês que alcançou notoriedade mundial pela sua suposta capacidade de prever o futuro] encontrava-se, certa ocasião, em viagem a cavalo às portas da cidade italiana de Ancona quando se deparou diante de três monges franciscanos, vestidos como mendigos, nos seus votos de fé e da sua adesão à pobreza de Cristo.

Mal eles haviam trocado um olhar com o viajante solitário, quando Nostradamus os surpreendeu ao desmontar rapidamente e se ajoelhar diante de um deles, prostrando a cabeça humildemente. Os monges surpresos insistiram para que ele se levantasse, mas Nostradamus recusou, dizendo: 'Devo me curvar e dobrar os meus joelhos diante de Sua Santidade'.

O objeto de sua atenção era o Irmão Felice Peretti que, antes de abraçar a vida monástica, havia sido um simples pastor de porcos. Os franciscanos partiram desse encontro um tanto quanto inquietos mas o fato é que, 40 anos depois, em 1585, Felice Peretti ascendeu ao trono de São Pedro sob o nome de Sisto V. 

No dia em que foi coroado apóstolo do cristianismo, Nostradamus já estava morto há muitos anos, mas o antigo pastor de porcos, promovido a pontífice, lembrou-se do viajante desconhecido que, quatro décadas antes, havia previsto tão grande honra no seu destino. Seu papado durou apenas 5 anos (1585 - 1590) mas, fiel à retidão franciscana, realizou uma obra monumental.

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

 

DEVOÇÃO DOS CINCO PRIMEIROS SÁBADOS  

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

02 DE FEVEREIRO - APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO

Ao tomar a criança nos seus velhos e cansados braços, Simeão é a Igreja que acolhe Jesus. Ao ser recebido nos braços do velho sacerdote, Jesus acolhe para si o resgate e a redenção da humanidade pecadora. Neste encontro no Templo, é forjada a missão da Igreja: permanecer, ainda que envelhecida e cansada, nos braços de Cristo, até o último dia da humanidade.


Salve, ó Virgem, Mãe de Deus, cheia de graça,
pois de ti nasceu o sol de justiça, o Cristo, nosso Deus, 
iluminando os que estão nas trevas.


Alegra-te, ó justo ancião, 
ao receber em teus braços o libertador das nossas almas, 
que nos dá a ressurreição.


Simeão abençoando a Virgem Maria, Mãe de Deus,
viu profeticamente nela os sinais da paixão.


O coro celeste dos Anjos, inclinado para a terra,
vê o primogênito de toda a criação, como pequeno menino,
ser levado ao Templo pela Virgem Mãe.


Cristo Deus, que santificaste um seio virginal
e abençoaste, como convinha, as mãos de Simeão,
vieste e nos salvaste.


Nas guerras, concede a paz ao teu povo
e fortalece os governantes que tu amas,
ó único Amigo dos homens.


Abre-se hoje a porta do céu!


O Verbo eterno do Pai, de fato,
tendo iniciado a sua existência temporal,
sem separar-se da sua divindade,
conforme a lei, 
deixa-se levar ao templo por sua Mãe,
como menino de quarenta dias.


O velho Simeão recebe-o em seus braços dizendo:
'Deixa ir-me em paz - exclama o servo ao Senhor -,
pois meus olhos viram tua salvação'.


Ó tu que vieste ao mundo para salvar o gênero humano:
Glória a ti, Senhor!


Ó Sião, acolhe Maria, a porta do céu:
ela é semelhante ao trono dos Querubins
e sustenta o Rei da glória.


A Virgem é uma nuvem de luz que traz o Filho feito carne,
nascido antes da estrela da manhã.

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS

 

DEVOÇÃO DAS NOVE PRIMEIRAS SEXTAS - FEIRAS   

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

ORAÇÃO: ATO HEROICO DE CARIDADE

O Ato Heroico de Caridade (ler sobre isso aqui) consiste em ceder às almas do Purgatório todas as nossas obras de satisfação, isto é, o valor satisfatório de todas as obras da nossa vida e de todos os sufrágios que nos serão dados depois da nossa morte, sem reservar nada para saldar as nossas próprias dívidas. Depositamo-los nas mãos da Santíssima Virgem, para que ela os distribua, segundo a sua vontade, às almas que deseja livrar do Purgatório.


'Ó Santíssima e Adorável Trindade, desejando cooperar na libertação das almas do Purgatório, e para testemunhar a minha devoção à Santíssima Virgem Maria, eu cedo e renuncio em favor dessas santas almas toda a parte satisfatória das minhas obras, e todos os sufrágios que me possam ser dados depois da minha morte, entregando-os inteiramente nas mãos da Santíssima Virgem, para que ela os aplique segundo a sua boa vontade às almas dos fiéis defuntos que ela deseja libertar dos seus sofrimentos. Dignai-vos, ó meu Deus, aceitar e abençoar esta oferenda que Vos faço neste momento. Amém'.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

31 DE JANEIRO - SÃO JOÃO BOSCO

  


Filho de uma humilde família de camponeses, São João (Melchior) Bosco nasceu em Colle dos Becchi, localidade próxima a Castelnuovo de Asti em 16 de agosto de 1815. Órfão de pai aos dois anos, viveu de ofícios diversos na pobreza da infância e da juventude, até ser ordenado sacerdote em 5 de junho de 1841, com a missão apostólica de servir, educar e catequizar os jovens, o que fez com extremado zelo e santificação durante toda a sua vida.

Em 1846, fundou o Oratório de São Francisco de Sales em Turim, dando início à sua obra prodigiosa, arregimentando colaboradores e filhos, aos quais chamava de salesianos, em meio a um intenso e profícuo apostolado. Em 1859, fundou  a Congregação Salesiana e, em 1872, com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina. Em 1875, enviou a primeira turma de seus missionários para a América do Sul. No Brasil, as primeiras casas salesianas foram o Colégio Santa Rosa em Niterói e o Liceu Coração de Jesus em São Paulo. 

Faleceu a 31 de janeiro de 1888 em Turim, aos 72 anos, deixando como herança cristã a Congregação Religiosa Salesiana espalhada por diversos países da Europa e das Américas. O Papa Pio XI, que o conheceu e gozou da sua amizade, canonizou-o na Páscoa de 1934. Popularizado como 'Dom Bosco', foi aclamado pelo Papa João Paulo II como 'pai e mestre da juventude' e se tornaram lendários os seus sonhos proféticos (exemplo abaixo), que ele narrava em suas pregações aos jovens salesianos.

A BIGORNA E O MARTELO

Em 20 de agosto de 1862, depois de rezadas as orações da noite e de dar alguns avisos relacionados com a ordem da casa, Dom Bosco disse: 'Quero contar-lhes um sonho que tive faz algumas noites'.

Sonhei que estava em companhia de todos os jovens em Castelnuovo do Asti, na casa de meu irmão. Enquanto todos faziam recreio, dirigiu-se a mim um desconhecido e convidou-me a acompanhá-lo. Segui-o e ele me conduziu a um prado próximo ao pátio e ali indicou-me, entre a erva, uma enorme serpente de sete ou oito metros de comprimento e grossura extraordinária. Horrorizado ao contemplá-la, quis fugir.

— 'Não, não' — disse-me meu acompanhante — 'não fujas; vem comigo'.
 'Ah!' — exclamei — 'não sou tão néscio para me expor a um tal perigo'.
— 'Então' — continuou meu acompanhante —'aguarda aqui'.
E, em seguida, foi em busca de uma corda e com ela na mão voltou novamente junto a mim e disse-me:
— 'Tome esta corda por uma ponta e agarre-a bem; eu agarrarei o outro extremo e por-me-ei na parte oposta e, assim, a manteremos suspensa sobre a serpente'.
— 'E depois?'
— 'Depois a deixaremos cair sobre a espinha dorsal'.
— 'Ah! não; por caridade. Pois ai de nós se o fizermos! A serpente saltará enfurecida e nos despedaçará'.
— 'Não, não; confie em mim' — acrescentou o desconhecido —'eu sei o que faço'.
— 'De maneira nenhuma; não quero fazer uma experiência que pode-me custar a vida'.

E já me dispunha a fugir, quando o homem insistiu de novo, assegurando-me que não havia nada que temer; e tanto me disse que fiquei onde estava, disposto a fazer o que me dizia. Ele, entretanto, passou do outro lado do monstro, levantou a corda e com ela deu uma chicotada sobre o lombo do animal. A serpente deu um salto voltando a cabeça para trás para morder ao objeto que a tinha ferido, mas em lugar de cravar os dentes na corda, ficou enlaçada nela mediante um nó corrediço. Então o desconhecido gritou-me:

— 'Agarre bem a corda, agarre-a bem, que não se lhe escape'.

E correu a uma pereira que havia ali perto e atou a seu tronco o extremo que tinha na mão; correu depois para mim, agarrou a outra ponta e foi amarrá-la à grade de uma janela. Enquanto isso, a serpente agitava-se, movia-se em espirais e dava tais golpes com a cabeça e com sua calda no chão, que suas carnes rompiam-se saltando em pedaços a grande distancia. Assim continuou enquanto teve vida; e, uma vez morta, só ficou dela o esqueleto descascado e sem carne. Então, aquele mesmo homem desatou a corda da árvore e da janela, recolheu-a, formou com ela um novelo e disse-me:

— 'Presta atenção!'

Colocou a corda em uma caixa, fechou-a e depois de uns momentos a abriu. Os jovens tinham-se ajuntado ao ao meu redor. Olhamos o interior da caixa e ficamos maravilhados. A corda estava disposta de tal maneira, que formava as palavras: Ave Maria!

— 'Mas como é possível?' — disse — 'Você colocou a corda na caixa e agora ela aparece dessa maneira!'.

— 'Olhe' — disse ele — 'a serpente representa o demônio e a corda é a Ave Maria, ou melhor, o Santo Rosário, que é uma série de Ave Marias com a qual e com as quais se pode derrubar, vencer e destruir todos os demônios do inferno.

Enquanto falávamos sobre o significado da corda e da serpente, voltei-me para trás e vi alguns jovens que, agarrando os pedaços da carne da serpente, os comiam. Então gritei-lhes imediatamente:

— 'Mas o que é o que fazem? Estão loucos? Não sabem que essa carne é venenosa e que far-lhes-á muito dano?'

'Não, não' — respondiam-me os jovens — 'a carne está muito boa'.

Mas, depois de havê-la comido, caíam ao chão, inchavam-se e tornavam-se duros como uma pedra. Eu não podia ficar em paz porque, apesar daquele espetáculo, cada vez era maior o número de jovens que comiam aquelas carnes. Eu gritava a um e a outro; dava bofetadas a este, um murro naquele, tentando impedir que comessem; mas era inútil. Aqui caía um, enquanto que lá começava a comer outro. Então chamei os clérigos em meu auxílio e disse-lhes que se mesclassem entre os jovens e se organizassem de maneira que ninguém comesse aquela carne. Minha ordem não teve o efeito desejado, pois alguns dos clérigos começaram também a comer as carnes da serpente, caindo ao chão como os outros. Eu estava fora de mim quando vi a meu redor um grande número de moços estendidos pelo chão no mais miserável dos estados. Voltei-me, então, para desconhecido e disse-lhe:

— 'Mas o que quer dizer isto? Estes jovens sabem que esta carne ocasiona-lhes a morte e, contudo, a comem. Qual é a causa?'

Ele respondeu-me: ' Já sabes que animalis homo non percipit ea quae Dei sunt: Alguns homens não percebem as coisas que são de Deus'.

— 'Mas não há remédio para que estes jovens voltem em si?'

— 'Sim, há'.

— 'E qual seria?'

— 'Não há outro que não seja pela bigorna e pelo martelo'.

— 'Bigorna? Martelo? E como terei que empregá-los?'

— 'Terás que submeter os jovens à ação de ambos estes instrumentos'.

— 'Como? Acaso devo colocá-los sobre a bigorna e golpeá-los com o martelo?'

Então meu companheiro me esclareceu, dizendo:

— 'O martelo significa a Confissão e a bigorna, a Comunhão; é necessário fazer uso destes dois meios'.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

SOBRE OS GRAUS DE CERTEZA TEOLÓGICA


1. O mais elevado grau de assertividade é dado às verdades que são imediatamente reveladas. O assentimento de fé a elas reside na própria autoridade de Deus revelador (fides divina) e quando a Igreja garante, pela sua proclamação, que elas estão contidas na revelação, então essas verdades são também apoiadas pela autoridade do magistério infalível da Igreja (fides catholica). Quando são propostas por meio de uma definição solene do Papa ou de um Concílio Universal, então são verdades de fé definitiva (de fide definita).

2 - As verdades católicas ou doutrinas eclesiásticas sobre as quais o magistério infalível da Igreja se pronunciou definitivamente devem ser admitidas com um assentimento de fé que se apoia unicamente na autoridade da Igreja (de fide ecclesiastica). A certeza destas verdades é infalível como a dos próprios dogmas.

3. A verdade próxima da fé (fidei proxima) constitui uma doutrina quase universalmente considerada pelos teólogos como verdade revelada, mas que a Igreja ainda não declarou como tal de modo definitivo.

4. Uma sentença próxima da fé ou teologicamente certa (ad fidem pertinens vel theologice certa) é uma doutrina sobre a qual o magistério eclesiástico ainda não se pronunciou definitivamente, mas cuja verdade é garantida pela sua íntima conexão com a doutrina revelada (conclusões teológicas).

5. A doutrina comum é uma doutrina que, embora ainda esteja no campo da livre discussão, é geralmente defendida por todos os teólogos.

6. As opiniões teológicas de menor grau de certeza são as sentenças prováveis, mais prováveis, bem fundamentadas e a chamada sentença piedosa, porque tem em conta a crença piedosa dos fiéis (sententia probabilis, probabilior, bene fundata, pia). O grau mais baixo de certeza é possuído pela opinião tolerada, que se baseia apenas em fundamentos frágeis, mas que é tolerada pela Igreja.

No que diz respeito às declarações do magistério eclesiástico, é preciso ter em conta que nem todas as declarações do magistério em matéria de fé e de moral são infalíveis e, portanto, irrevogáveis. Só são infalíveis as declarações do Concílio Ecumênico que representa todo o episcopado e as declarações do Romano Pontífice quando fala ex cathedra

O magistério do Romano Pontífice na sua forma ordinária e habitual não é infalível. As decisões das congregações romanas (Congregação para a Doutrina da Fé, Comissão Bíblica) também não são infalíveis. No entanto, devem ser seguidas com assentimento interno (assensus religiosus), motivado pela obediência à autoridade do magistério eclesiástico. O chamado silêncio respeitoso não é suficiente como regra geral. Excecionalmente, a obrigação de dar assentimento interno pode cessar quando um avaliador competente, depois de ter examinado repetida e conscienciosamente todas as razões, estiver convencido de que a declaração é equivocada e pautada num erro.

(Texto originalmente publicado no blog CAOT)