sábado, 6 de julho de 2013

PRIMEIRO SÁBADO DE JULHO


Mensagem de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, vidente de Fátima: 
                                                                                                                           (Pontevedra / Espanha)

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem*, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’
* Com base em aparições posteriores, esclareceu-se que a confissão poderia não se realizar no sábado propriamente dito, mas antes, desde que feita com a intenção explícita (interiormente) de se fazê-la para fins de reparação às blasfêmias cometidas contra o Imaculado Coração de Maria no primeiro sábado seguinte.

A MORTE DO MAU SACERDOTE

Palavras de Deus a Santa Catarina de Siena (II)

Santa Catarina de Siena (1347 - 1380), doutora da Igreja

Filha querida! Se grande é a dignidade do bom sacerdote, enorme é a baixeza do sacerdote mau, e cheia de trevas a sua morte. No momento de falecer, os demônios o acusam tremendamente e mostram-lhe sua figura que, como sabes, é horrível. O homem deveria tolerar qualquer sofrimento nesta vida para não o ver jamais! O remorso corrói o mau sacerdote moribundo com mais violência; a sensualidade - até então considerada como senhora - e também os prazeres desordenados, acusam-no. Ao tomar consciência de coisas que desconhecia, o mau sacerdote se perturba grandemente, pois vivera como um infiel. O egoísmo apagara-lhe a iluminação da fé. Agora o demônio aponta sua maldade, provocando-lhe o desespero.

Muito difícil esta batalha para o mau sacerdote moribundo, desarmado, sem o escudo da caridade. Qual amigo do diabo, de tudo se vê despojado: não possui a iluminação sobrenatural da fé, nem a ciência sagrada. Nada compreendera desta última, porque a soberba não lhe permitira penetrar em sua natureza íntima. Na grande luta final, nem sabe o que fazer. Não se alimentara de esperança; jamais confiara no sangue de Cristo, do qual fora distribuidor. Sua confiança repousava em si mesmo, nos cargos importantes, nos prazeres mundanos. Ó infeliz demônio encarnado, a quem eu tudo confiara com abundância! Na hora de me prestares contas, estás com as mãos vazias!

Para qualquer lado que se volte, o mau sacerdote só encontra repreensões na hora da morte, em uma grande confusão. As injustiças cometidas durante a vida acusam-no em sua consciência; resta-lhe apenas a coragem de implorar a justiça divina. Afirmo-te que grandes são a sua perturbação e vergonha; só um auxílio lhe resta: o costume de esperar no meu perdão. Tal costume no pecador havia sido, sem dúvida, um ato de presunção; não se pode dar o nome de confiança no perdão à atitude de quem peca por esperar ser perdoado. Isso é presunção. De qualquer modo, tal comportamento é levado em consideração, quando o pecador reconhece os próprios males antes da morte e se confessa. Nesse caso, a presunção também é esquecida, desaparece com o perdão. Mesmo para os pecadores, minha misericórdia sempre constitui um fiozinho de esperança; não fosse ela, cairiam no desespero e iriam com os demônios para a eterna condenação.

É bondade minha o fato de que os maus possam esperar no meu perdão. Deixo-lhes essa esperança para que, confiantes no perdão, deixem de pecar. Desejo que cresçam na caridade em consideração de minha generosidade. Infelizmente servem-se dela em sentido inverso: ofendem-me porque confiam no perdão. Assim mesmo eu os conservo vivos; quero que lhes fique um ponto de apoio no último instante, para que não se desesperem e não se condenem. Este pecado de desespero desagrada-me e prejudica os homens mais do que todos os outros males. É o mais prejudicial pelo seguinte: os demais vícios são cometidos pelo incentivo de algum prazer; deles a pessoa pode, portanto, arrepender-se e obter o perdão. No pecado de desespero o homem não é movido por fraqueza alguma. O ato de desesperar-se não inclui debilidade, mas somente intolerável dor. Quem desespera, despreza minha misericórdia e julga que seu pecado é maior que minha bondade. Quem faz tal pecado já não se arrepende, já não sente dor pela culpa. Poderá o responsável queixar-se do castigo recebido, mas não da ofensa cometida. Por essa razão são condenados.

Como vês, é o pecado do desespero que conduz alguém ao inferno, mas lá o homem sofrerá também por causa dos outros erros. Quando o pecador se arrepende das faltas passadas, é perdoado. Minha misericórdia é infinitamente maior que todos os pecados que um homem possa cometer. Entristece-me o fato de que alguém considere suas faltas maiores que meu perdão. Esse é o pecado que não será perdoado nem neste mundo, nem no outro (Mt XII, 32). Desagrada-me o ato de desespero de quem passou a vida no mal; gostaria que se apoiasse no meu perdão. Eis a razão por que permito aquele engano em que vivem, confiando em meu futuro perdão. Acostumados com tal esperança, dificilmente irão abandoná-la no momento da morte, diante das duras repreensões. Seria mais difícil, se não tivessem esse hábito.

Todas essas coisas são concedidas aos pecadores pela chama e abismo do meu imenso amor. Mas, devido ao egoísmo que é fonte de todos os males, abusam de mim; desconhecem minha caridade, transformam a confiança em presunção. Esta é, aliás, uma das repreensões que irão receber da própria consciência diante do demônio. Serão acusados porque tinham o dever de usar a vida e meu perdão para progredir no amor e nas demais virtudes; deviam passar o tempo na prática do bem. Mas na realidade, serviram-se do tempo e da minha misericórdia ofendendo-me desastrosamente.

Ó grande cego, enterraste a pedra preciosa e o talento (Mt XXV, 25) que eu colocara em tuas mãos para que os fizesses frutificar! Com muita presunção, recusaste cumprir o meu desejo. Enterraste-os no solo do egoísmo; agora colhes seu fruto mortal. Infeliz! Como é grande o castigo que recebes agora, no fim da vida. Conheces tuas culpas; o remorso já não dorme, como antes. Chamam-te os demônios e sabem que mereces a condenação. Desejosos de que não lhes escapes das mãos, provocam-te ao desespero, lançam-te à perturbação. Aspiram por que venhas a ter o que já possuem. Ó infeliz, tua dignidade sacerdotal mostra-se brilhante ante os teus olhos! Assim, envergonhado, reconhecerás como a mantiveste nas trevas. Os bens pertencentes à igreja ali estarão a recordar-te que és um ladrão, um devedor de coisas que pertenciam a ela e aos pobres. A consciência faz-te pensar no dinheiro gasto com prostitutas e na educação dos filhos, no enriquecimento de parentes e na gula, em ornamentação da casa, em vasos de prata, ao passo que era teu dever ser voluntariamente pobre. A consciência ainda recordar-te-á o ofício divino que deixaste de recitar sem medo de cometer pecado mortal; recordará como, ao recitá-lo com a boca, teu coração estava bem longe. Em forma de horrível demônio, ela mostrará os súditos pelos quais devias ter caridade e zelo, aos quais devias alimentar com a virtude, o bom exemplo, e corrigir com misericórdia e justiça. A ti, prelado, ela recordará prelaturas e curas de alma que erradamente confiaste sem olhar para quem e como davas. Não podias entregá-las motivado por discursos bajuladores e com a finalidade de agradar ou ganhar presentes. Ela far-te-á compreender que era preciso ter olhado as virtudes do candidato, considerar onde estava minha glorificação, quem poderia ser de maior utilidade à salvação dos homens. Por ter agido assim, serás repreendido. Por fim, para maior pena e confusão, passará diante de teu pensamento tudo o que não devias fazer e fizeste, tudo o que devias fazer e não fizeste.

Filha querida, as cores branco e preto destacam-se mais quando colocadas uma ao lado da outra. O mesmo acontece com estes infelizes sacerdotes moribundos. Na hora da morte, compreendem melhor os próprios males e virtudes. Ao sacerdote justo aparece claramente sua felicidade; ao pecador, a sua vida criminosa. Não é preciso que alguém lhes dê explicações. A própria consciência mostra os pecados cometidos e as virtudes que deveriam ter praticado. Queres saber por que o pecador se recorda também das virtudes? Porque colocando-se, lado a lado, vício e virtude, o conhecimento do bem realça a gravidade do mal e envergonha. Igualmente a virtude é esclarecida pelo mal e a pessoa sente maior dor ao ver que viveu distante do bem.

Em tal conhecimento da virtude e do vício, os sacerdotes maus percebem qual é a felicidade reservada aos virtuosos, bem como qual o castigo preparado para quem viveu nas trevas do pecado mortal. Propício tal conhecimento, não para induzir o homem ao desespero, mas a fim de que se conheça perfeitamente e se envergonhe de ter pecado. Essa vergonha e autoconhecimento querem levar o moribundo a dar reparação pelos seus pecados, aplacando minha justiça com o humilde pedido de perdão. Quanto ao sacerdote virtuoso, este esclarecimento final acresce a alegria de te vivido bem e de ter trilhado a mensagem de Cristo, não por bondade sua, mas minha. Leva-o a rejubilar-se em mim e, com tal visão, a atingir a meta da felicidade. (...).

É desta forma que o justo, após ter vivido na caridade, alegra-se, e o pecador sofre. Com a visão do demônio e as trevas, nada padece o justo; somente o pecado prejudica o homem. Sofrem e temem aqueles que viveram na impureza e outras degradações. Em si mesma a visão do diabo e das trevas não constituem motivo de desespero; é um sofrimento que urge o remorso, o temor. Como vês, minha filha, é muito diversa a agonia de uns e de outros, da mesma forma que são diferentes suas metas finais. Revelei-te a mínima parte, como que um nada em comparação com a realidade, seja dos castigos como da beatitude. Esforça-te por compreender a cegueira humana, especialmente dos maus sacerdotes. Dei-lhes tantas coisas; foram esclarecidos pela Escritura Sagrada! Sua confusão será maior. Durante a vida conheceram a Bíblia de um modo mais perfeito; por isso, na hora da morte terão mais consciência dos seus males. Maiores tormentos também receberão que os demais cristãos, da mesma forma como os bons sacerdotes obterão maior glória.

Acontece-lhes como para o cristão e o pagão que vão para o inferno. O cristão terá maiores sofrimentos, porque possuía a fé e a ela renunciou, ao passo que o pagão nunca a teve. Assim, os sacerdotes maus sofrerão mais que os simples cristãos, por causa do ministério de distribuir o sol no Santíssimo Sacramento. Se eles tivessem querido, discerniriam a verdade, pois possuíam a ciência sagrada. Por justiça padecem mais. Mas infelizmente os maus sacerdotes não o compreendem. Com um pouco de entendimento sobre a própria condição, evitariam tais desgraças. Viveriam no modo conveniente. Embora esteja o mundo todo corrompido, os sacerdotes são hoje piores que os leigos. Eles mancham a própria alma, corrompem os súditos, enfraquecem a santa Igreja. Empalidecem-na com seus defeitos, negam-lhe amor, gostam só de si mesmos. Da Santa Igreja querem apenas desfrutar cargos e rendas, esquecidos do dever de procurar as almas. Suas vidas tornam os leigos desrespeitosos e desobedientes, muito embora tal atitude não se justifique pelos defeitos dos ministros.

Sumário e exortação:

Teria eu ainda muitos defeitos dos sacerdotes para contar-te, mas não quero ferir teus ouvidos.(...) Filha querida, quero convidar-te, e também os outros servidores meus, a que choreis sobre esses (sacerdotes) mortos. Permanecei na Santa Igreja, alimentai-vos com o desejo santo e contínuas orações. Oferecei-as a mim em favor deles. Quero ser misericordioso para com o mundo. Não deixeis de fazê-lo! Nem por motivos de dificuldades, nem de comodidade; não desejo ver em vós reações de impaciência ou de exagerada alegria. Com humildade, aplicai-vos em dar-me honra, em salvar as almas, em reformar a Santa Igreja. Será esse o sinal de que tu e os demais servidores realmente me amais.

Certa vez eu te manifestei o seguinte: 'Quero que tu e os outros servidores sejais sempre ovelhas da Santa Igreja, suportando adversidades até o momento da morte'. Se fizerdes tal coisa, cumprirei os teus desejos.

(Excertos da obra 'Diálogo' de Santa Catarina de Siena)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A MORTE DO BOM SACERDOTE

Palavras de Deus a Santa Catarina de Siena (I)

Santa Catarina de Siena (1347 - 1380), doutora da Igreja

Sabes que o sofrimento existe por causa da vontade; ninguém padeceria, se a vontade de todos fosse reta e estivesse em conformidade com a minha. Com isto não quero dizer que iriam desaparecer as dificuldades. É o sofrimento que não existiria, pois as contrariedades seriam voluntariamente aceitas por meu amor. As pessoas aceitariam-nas, por saber que são queridas por mim. O homem conformado à minha vontade é desapegado de si mesmo, vence o mundo, o demônio e a carne; ao chegar o momento da morte, seu falecimento acontece na paz. Como seus inimigos foram vencidos durante a vida, já renunciou a seus prazeres; a carne enfraquecida não se ergue para o acusar, uma vez que foi dominada pela mortificação, vigílias, oração humilde e contínua. Graças à renúncia ao pecado e apego à virtude, não sente mais tendências para o que é sensível e amor pelo corpo, atitudes essas que tornam a morte indesejável. Por um sentimento natural, o homem teme a morte; o justo supera esse sentimento, vence o medo natural mediante o desejo de alcançar a meta. Desaparece, pois, todo sofrimento que vem do apego natural ao corpo.

A consciência do homem justo que agoniza está tranquila; durante a vida ela montou boa guarda, dera o alarme quando os inimigos da alma queriam assaltar a cidade interior. Como o cachorro late à chegada dos inimigos e acorda os guardas, assim ela sempre advertia a razão. Esta última, em ação conjugada com o livre arbítrio, distinguia quem era o inimigo, quem não. Diante dos amigos - virtudes e santos desejos do coração - acolhia-os com atenções; quanto aos inimigos - vício e maus pensamentos - eram afastados com a espada do ódio e do amor. Dessa forma, na hora da morte a consciência não atormenta. O interior da pessoa constitui uma família feliz, tudo está em paz. É verdade que o homem humilde, que conhece o valor do tempo e das virtudes, acusa-se na hora da morte por não ter aproveitado melhor a própria vida. Mas tal atitude não causa aflição; é mesmo meritória. Leva a pessoa a concentrar-se e a considerar o sangue do Cordeiro imaculado e humilde. Naquele instante a alma não fica a pensar nas virtudes práticas; sabe que não pode confiar nelas, mas unicamente no sangue de Cristo, onde achou o perdão. Mas como a lembrança do sangue sempre a acompanhara, também naquele último instante nele se inebria e afoga.

Quanto aos demônios, não tendo em que acusar o justo, aproximam-se à procura de qualquer coisa. São muito feios e creem atemorizar o justo por suas figuras. Como no justo não há pecado, a visão dos demônios não atemoriza. E eles, ao notar a alma mergulhada no sangue de Cristo, afastam-se atacam de longe, sem perturbar o homem. De fato, este último já começou a gozar da vida eterna. Pela fé, já contempla o bem infinito e eterno, que sou eu; pela esperança, não por méritos pessoais mas por dom gratuito, está seguro de atingir-me na virtude do sangue de Cristo; com a caridade, estende seus braços e abraça-me. Antes de chegar a mim, a alma já me possui. Imersa no sangue, atravessa a porta estreita que é Cristo e projeta-se em mim, pacífico mar. Completa é a união entre o mar, que sou eu, e aquela porta; eu e meu Filho somos uma só coisa. Que alegria sente o homem ao atingir a meta final! Alegra-se pela felicidade dos anjos, e, como passara a vida na caridade humana, participa agora da beatitude dos santos.

Esse é o prêmio de qualquer pessoa que tenha vivido santamente. Meus sacerdotes, que foram anjos na terra, gozarão muito mais. Já nesta vida fora maior seu conhecimento, maior o desejo de minha glória e de salvação da humanidade. Além da iluminação comum, possível a qualquer cristão que vive virtuosamente, meus ministros possuíram a luz da ciência, pela qual conhecem meu Filho Jesus. Ora, quem mais conhece, mais ama; e quem mais ama, mais recebe. O mérito acompanha a caridade.

Poderás perguntar: 'E uma pessoa que não possui a ciência sagrada, poderá atingir esse amor?' Respondo-te: sim, é possível atingi-lo. Mas, supondo que isso aconteça, será um caso especial, não a norma geral. Além de tudo isso, pela sua própria dignidade sacerdotal, os ministros terão maior posição no céu, uma vez que na terra tiveram por função a conquista de homens para a glória. Embora todos vós tenhais a obrigação de amar a humanidade, aos sacerdotes é confiada a guarda do sangue e, ainda, o governo dos homens. Se cumprem com zelo e virtude essa função, terão maior prêmio que os demais.

Como é feliz o bom sacerdote ao chegar o momento da morte. Tendo sido o pregador e o defensor da fé nesta vida, terminou assimilando-a no fundo do próprio ser. Pela fé, ele conhece seu lugar junto a mim. Vivera sempre esperando na minha providência, desconfiado de si mesmo; não colocara sua esperança nos próprios conhecimentos, não amara desordenadamente pessoas ou coisas criadas. Vivera na pobreza. Alegremente confiara em mim, seu coração fora um vaso de amor. Com muita caridade anunciara meu nome aos homens, confirmando suas palavras com o exemplo de uma vida honesta e santa. Eleva-se, agora, num inefável ato de caridade e abraça-me; entrega-me a pedra preciosa da justiça, com que durante sua vida tratara os outros. Com discernimento cumprira o seu dever; com humildade rende-me o preito da justiça: glorifica-me, honra-me, reconhece que a mim deve a graça de ter vivido com a consciência pura. Pessoalmente, julga-se indigno de tão sublime dom. Sua consciência testemunha em meu favor e eu, por justiça, dou-lhe a coroa (2Tm IV, 8), adornada de virtudes.

Ó anjo da terra, feliz de ti que não foste ingrato ante os favores recebidos, nem negligente ou maldoso. Com zelo, iluminado, vigilaste sobre os teus súditos; pastor corajoso, seguiste a mensagem do pastor bondoso e verdadeiro, o doce Cristo Jesus, meu Filho unigênito. Imerso no sangue tu passaste (Jo X, 9) por Ele juntamente com os súditos. Pelo ensino e bom exemplo conduziste muitos à vida eterna; outros, deixaste na terra no estado de graça! Filha querida, a presença dos demônios não perturba meus sacerdotes na hora da morte por causa da compreensão que têm de mim na fé e no amor. Eles estão isentos de pecado, por isso o negrume do diabo não os angustia, não os amedronta. Isentos do medo servil, acham-se no santo temor. Superam, pois, as ilusões diabólicas pela iluminação sobrenatural da fé e com a Sagrada Escritura. Já não padecem nenhuma obscuridade ou perturbação no espírito. Cheios de glória, embebidos no sangue, zelosos pela salvação alheia, inflamados de caridade entram pela porta do Verbo encarnado e adentram-se em mim (Pai eterno). Bondosamente os coloco em seus respectivos lugares, conforme o grau de amor com que até mim chegaram.
(Excertos da obra 'Diálogo' de Santa Catarina de Siena)

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS


A Grande Revelação do Sagrado Coração de Jesus foi feita a Santa Margarida Maria Alacoque  durante a oitava da festa de Corpus Christi  de 1675...

         “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para  honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares ... Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.


... e as doze Promessas:
  1. A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
  2. Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
  3. Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
  4. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
  5. Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
  6. Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
  7. Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
  8. As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
  9. As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
  10. Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
  11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
  12. A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.

    ATO DE DESAGRAVO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 
    (rezai-o sempre, particularmente nas primeiras sextas-feiras de cada mês)

Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é deles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados, diante do vosso altar, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é de toda parte alvejado o vosso dulcíssimo Coração.

Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar, imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as nossas próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conspurcando as promessas do batismo, renegam o jugo suave da vossa santa Lei.

De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas particularmente das licenças dos costumes e imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos santos, dos insultos ao vosso vigário e a todo o vosso clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino Amor, e enfim, dos atentados e rebeldias oficiais das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.

Oh, se pudéssemos lavar com o próprio sangue tantas iniquidades! Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar todos os dias sobre os nossos altares.

Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a viveza da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nossos próximos, impedir, por todos os meios, novas injúrias à vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número possível de almas.

Recebei, ó Jesus de Infinito Amor, pelas mãos de Maria Santíssima Reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes até a morte no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à Pátria bem-aventurada, onde vós, com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

CINCO TESOUROS DE EXEMPLOS

É PRECISO DESTRUIR OS ÍDOLOS

Cromácio, governador de Roma, estava atacado por uma doença estranha que nenhum médico era capaz de curar. Disseram-lhe então que em Roma havia dois cristãos que faziam curas miraculosas e talvez pudessem curá-lo também. Cromácio mandou chamá-los. Eram Sebastião e Policarpo.

- Cromácio - disseram os dois santos ao governador pagão - se queres sarar, dá-nos todos os ídolos de tua casa para os destruirmos.

- Se é necessário - respondeu ele com muito pesar - eu vos direi onde estão e vós os levareis para que eu não os veja mais.

Sebastião e Policarpo levaram todas as imagens dos falsos deuses e as destruíram. Voltaram depois a Cromácio que, em vez de curado, estava muito pior.

- Cromácio - disseram os santos, olhando fixamente a névoa que o afligia no branco dos olhos - mentiste, em tua casa ainda há mais dos teus ídolos.

E o governador teve que dizer a verdade. Escondera realmente alguns junto de si, porque os queria muito. Só depois que os entregou, pôde sarar da enfermidade.

O mesmo acontece com a confissão. Aos que têm escondido no fundo da alma um só pecado mortal, não se lhes perdoará nem esse nem os outros; antes ficará a consciência agravada ainda mais com um grande sacrilégio.

A FOLHA EM BRANCO

Certo dia apresentou-se a Santo Antônio de Pádua um pecador para confessar-se. Estava, porém, tão perturbado e confuso, que apenas soluçava sem poder pronunciar nem uma palavra.

- Vá, meu filho - disse o Santo - escreve teus pecados e volta aqui de novo.

E assim fez o pobre homem. Voltando à confissão, o pecador foi lendo seus pecados, tal como os havia escrito. Quando terminou a leitura, com grande surpresa viu que desaparecera do papel tudo o que havia escrito e só restava a folha em branco.

Assim sucederá com a nossa alma quando nos confessarmos com humildade sincera e dor profunda.Toda  mancha de pecado desaparecerá do nosso coração e aparecerá apenas o candor, todo o candor da inocência recuperada.

ANIMA VESTRA IN MANIBUS VESTRIS 

Havia na praça de Atenas um famoso adivinho, que a todos dava prognósticos, predizia o futuro e descobria o passado. Um dia, querendo zombar dele, apresentou-se-lhe um homem astuto que tinha um pequeno passarinho preso na mão.

Sabes dizer-me - perguntou ao adivinho - se este passarinho que tenho na mão está vivo ou morto?

O astuto pensava assim: se ele disser que está morto, eu o deixarei voar; e se disser que está vivo, eu o esmagarei com o polegar e ele morrerá.

O adivinho, porém, respondeu: - Este passarinho que tens na mão estará vivo ou estará morto, conforme a vontade do dono.

Assim se passa conosco e nossa alma. Ela se salva ou se condena se nós quisermos. Anima vestra... (vossa alma está em vossas mãos).

DEUS TODO PODEROSO 

Falava um pastor protestante a um menino que se preparava para a primeira comunhão:

- Você crê que, na Hóstia que vai receber, está Jesus em corpo e alma?

- Creio, sim, senhor.

- Você sabe o Pai-Nosso?

- Sei, sim, há muito tempo.

- Então, reze-o para mim.

- Pai nosso que estais no céu...

- Chega! Você compreende que Deus está no céu; logo, não pode estar na Hóstia.

O menino pensou um instante e respondeu:

- O senhor é capaz de rezar o Credo?

- Claro que sim; Creio em Deus Pai todo-poderoso...

- Basta! O senhor então compreende que Deus, sendo todo-poderoso, pode fazer o que quiser e, assim, pode estar, ao mesmo tempo, no céu e na Hóstia consagrada.

RESPEITO HUMANO CASTIGADO

Eusébio, pai de Constantino Magno, passava em revista os seus soldados. Parado no meio do campo, exclamou:

- Os que forem cristãos venham para a minha direita.

Alguns tremeram, pois sabiam que Eusébio era idólatra. Eusébio, por sua vez, sabia que muitos dos seus soldados eram cristãos. Alguns valentes, com passo resoluto, puseram-se à sua direita, exclamando: 

- Nós somos cristãos.

O imperador olhou para eles com frieza e disse aos demais soldados:

- São estes somente?

Nenhum outro se moveu do lugar. Então dirigindo-se aos que estavam à sua direita, Eusébio falou

- Vós formareis a minha legião de honra e todos os outros estão expulsos de minhas fileiras, porque da mesma maneira com que hoje se envergonharam de seu Deus diante do imperador, amanhã, terão vergonha do imperador diante dos seus inimigos.

('Tesouro de Exemplos', Pe Francisco Alves, Editora Vozes, 1958, texto corrigido e adaptado)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

OS EDITOS DE MILÃO E TESSALÔNICA

(Imperador Constantino em mosaico bizantino)

O império romano aceitava, nos tempos pré-cristãos, a livre manifestação de cultos pagãos, desde que atrelada a determinadas práticas quanto à adoração dos deuses de Roma, bem como ao Imperador. A  nascente Igreja Cristã tornou-se, então, um empecilho perigoso ao Estado Romano, ao recusar, de forma absolutamente intransigente, corroborar com tais ações de idolatria e politeísmo, verdadeiras heresias contra as verdades eternas do Evangelho de Cristo. Tal posicionamento, levado inúmeras vezes ao martírio, propiciou um ódio extremado do povo romano em relação ao cristianismo, e as perseguições aos cristãos se sucederam em hordas de desvairada violência.  Em meio a este ambiente de perseguições e brutalidade, a fé cristã não só se mantém como se difunde rapidamente. 

Em meio à crise imperial gerada pela iminente morte do então imperador Galério, Constantino chega ao poder de Roma. Oficial do exército romano, Constantino acumulara enorme popularidade com as vitórias conquistadas nas guerras contra o Egito e a Pérsia e na campanha da Inglaterra. Como imperador (306 - 337), estabelece a liberdade religiosa como uma premissa do estado romano pelo hoje chamado Edito de Milão, em 13 de junho de 313, movido tanto por estratégias políticas quanto por um ato de fé religiosa. Neste momento, a religião cristã passa a ser professada livremente, como qualquer outra religião do império, sem riscos de perseguições e execuções sumárias. 

(Imperador Teodósio)

Este sopro de liberdade vai permitir uma expansão generalizada da religião cristã, invertendo, em pouco tempo, as proporções dos seus adeptos em relação aos das religiões pagãs então vigentes e vai culminar, mais tarde, com a proibição definitiva de todas as seitas heréticas. A ascensão final da fé cristã ocorre quando Teodósio, o último imperador (379 - 395), promulga o Edito de Tessalônica (27 de fevereiro de 380), declarando o cristianismo como religião oficial do Império Romano.

'Queremos que todas os povos que estão subordinadas à nossa clemência professem a religião que o divino apóstolo Pedro pregou aos romanos e que, perpetuada até nossos dias, é o mais fiel testemunho das pregações do apóstolo, religião esta que professam também o papa Dámaso e Pedro, bispo de Alexandria, varão de notável santidade, de tal modo que, segundo os ensinamentos dos apóstolos e do Evangelho, cremos na Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus e três pessoas com um mesmo poder e majestade. Ordenamos que aqueles que professam estas normas tenham o nome de cristãos católicos, declarando que os dementes e insensatos que sustentam a heresia e cujas lugares de reuniões não podem receber o nome de igrejas, serão castigados primeiro pela justiça divina e, depois, pela nossa própria iniciativa que será adotada de acordo com a vontade de Deus'. 

(Do Codex Theodosianus, XVI, 1-2. Edição Th. Momsen. Berlín, 1905)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

O MANUSCRITO DO PURGATÓRIO (FINAL)


O MANUSCRITO DO PURGATÓRIO

PARTE X - 1884/1890

Observação Inicial: De 1883 a 1890, as mensagens dos 'Manuscritos' tornam-se bem mais esporádicas e desprovidas de continuidade, com grande parte do período sem mensagens transcritas (por exemplo, dos anos de 1884, 1885, 1888 e 1889 não constam quaisquer mensagens no texto dos manuscritos).

1886

Maio de 1886: 'É verdade que ninguém merece as graças de Deus. Estas são Seus favores e quando Ele as concede, devemos recebê-las com gratidão e privilégio. Para a alma de um religioso, o espírito interior de recolhimento é essencial, assim como uma vida de sacrifício e de pureza de intenção. Nisso se resume toda a vida religiosa. Aprenda a respeitar a Regra e os Sacerdotes. Aqueles que atacam os ministros de Jesus Cristo, O ferem seriamente, pois eles são as pupilas dos Seus olhos. Ai, três vezes ai, para qualquer homem ou mulher que age dessa maneira.

É mais agradável a Deus uma religiosa realizar todas as suas ações em união consciente com Ele e com pura intenção em favor dos seus parentes falecidos, do que oferecer muitas orações por elas. É a alma que Deus ama mais que Ele crucifica na Terra, mas esta cruz mandada por Deus tem sempre uma certa doçura misturada com a amargura. Não é assim com as cruzes que nos chegam por meio de nossa própria culpa, nesta só encontramos as amarguras'.

Novembro de 1886: 'Você insiste em falar sobre estas provações! Bem, Deus as permitiu para a sua prova e lhe deu também as forças de alma para manifestar nelas a Sua glória, justiça e o triunfo do amor. Ele deseja de você uma vida de união com Ele, uma vida de reparação e de oração. Se você assumir estes princípios de coração, Ele serão também compartilhados com você no coração de Jesus'.

Natal de 1886: 'Se você quisesse mesmo, você poderia livrar-se logo de mim e eu seria libertada do  Purgatório'.


1887

Fevereiro de 1887: ‘Quando Deus tem desígnios especiais sobre determinada pessoa, quando Ele deseja que esta pessoa seja fora do comum, Ele lhe dá uma alma magnânima, um coração generoso, um juízo reto e uma mente equilibrada. Quando você não encontrar todas essas qualidades ou características em alguém, isso significa que Deus não espera nada de muito especial dessa pessoa.

Jesus não dá a conhecer à alma tudo o que Ele exige dela de uma só vez. Ela ficaria muito assustada. Pouco a pouco, à medida que a Sua graça a sustenta e fortalece, Ele revela Seus segredos e a torna partícipe de Sua crucificação. Deus ama você de uma forma especial. Você é Sua filha de predileção. Tudo o que aconteceu com você foi para seu bem maior. Todos devem amar a Deus intensamente mas, para você, isso é uma obrigação especial, pois deve ser recíproco.’

24 de junho de 1887: ‘Permaneça em íntima união com Jesus. Antes de qualquer ação, mesmo trivial, ou de qualquer coisa que tenha a fazer ou a dizer, peça os Seus conselhos. Fale com Ele de coração para coração como a um amigo que você tem sempre por perto. Jesus quer toda a sua alma, com todas as suas faculdades e potências, seu coração com todos os seus afetos, todo o seu amor. Jesus quer ser Um Só com você e todas as graças e bênçãos que você deseja para os outros, você deve tirar do Seu Sagrado Coração, Fonte Divina que nunca pode ser esgotada. Esta é a forma como os cônjuges que se amam devem agir, e especialmente você, a quem Ele ama mais que todas as outras. Jesus deseja que você Lhe preste um amor igual. Oh, se eu pudesse dizer-lhe todas as graças que Deus tem reservado para você, se você não colocar nenhum obstáculo no caminho de suas ações; graças indescritíveis que a vinculariam irrevogavelmente a Ele; tesouros de graças especiais, raras, profundas. Ele tem muitas coisas para lhe confidenciar, para você mesma e para o bem de outros.

Sempre que possível, vá à igreja e faça uma pequena visita a Jesus e extravase o amor do seu coração por Ele. Fale sobre todas as suas tristezas, as suas alegrias, seus sofrimentos, em uma palavra, tudo. Fale com Ele como a um amigo amoroso, um pai, um esposo. Fale do seu amor de mansidão. Caso você não possa ir à igreja, fale com Ele em seu coração. De vez em quando, durante o dia, deixe a sua mente se envolver por alguns minutos pela Presença Divina; reconheça, ante a Sua Majestade, a sua própria miséria e também a Sua bondade e O agradeça humildemente. Tenha o desejo de falar todo dia com Jesus de coração para coração. Isso é o que Ele espera de você e o que Ele tem esperado por tanto tempo.

Se você for fiel a tudo o que eu lhe falo, se você esforçar-se para tentar agradar Jesus em tudo, se você der a Ele todas as pequenas atenções amorosas de um coração devotado, sempre à procura de agradar seu esposo, Jesus, por sua vez, terá com você as palavras mais secretas, divinos anelos, o mais terno amor de um Pai e um Esposo que não vão lhe recusar nada. Se você se entregar totalmente a Ele, Ele vai se entregar inteiramente a você. Deus quer que este Retiro a leve a um estado de espírito que Ele queria ver em você há muito tempo. Deus consegue Seus propósitos por caminhos muitas vezes desconhecidos para nós. Esforce-se muito, com seriedade e coragem. Por seu lado, Jesus vai lhe conceder novas graças; esforce-se para merecê-las com generosidade para o seu próprio bem e para o bem da comunidade.

Permita que Jesus possa dobrar e moldar a sua alma como Ele aprouver. Ouça atentamente a Sua voz no fundo de sua alma e não perca nenhuma das Suas graças. Deixe que a sua vontade e a Vontade Dele seja uma só e o seu coração perder-se no coração dEle. Ele irá em breve realizar Seus desígnios em você, se você não colocar nenhum obstáculo em seu caminho. Não perca de vista a Sua Presença Divina. Deus quer que você seja extraordinariamente santa para pertencer somente a Ele. Esforce-se apenas em fazer isso. Mais que todas as coisas, Jesus deseja encontrar em seu coração um amor que seja puro, desinteressado, generoso, um amor que não tema o sofrimento nem busque a sua própria comodidade. Tudo isso é para ser feito com o único objetivo de agradar somente a Jesus.

Deus não nos proíbe de cuidar de nossos corpos, mas há algumas pessoas que Ele mesmo quer cuidar e curar, quando julgar adequado fazê-lo. Nestes casos, remédios não bastam. Para estas pessoas, uma simples mortificação é melhor do que qualquer outra coisa. Acredite no que eu lhe estou dizendo - você vai ver que é verdade.

Uma vida comum, é o que Jesus quer de você, de quem Ele cuida tão intimamente. Que uma fé prática anime todas as suas ações, que a sua confiança e seu amor por Jesus a leve a empreender generosamente tudo o que Ele exige de você. Toda manhã, ao acordar, diga a Jesus Amado: 'Meu Jesus, eu estou aqui, pronta para cumprir a Sua vontade - o que o Senhor quer que eu faça para agradá-lO hoje?' Faça todos os seus exercícios de piedade com grande amor na presença de Jesus. Você só pode fazer o bem para as almas na medida em que estiver unida à Deus. Deus está em busca de almas para reparar os ultrajes que recebe; almas que O amem e O tornem amado por outros. Ele quer você no número destas almas.

Em um determinado momento, Deus desmascara as tramas e derrota as maquinações daqueles que não agem apenas para a Sua glória. Antes de permitir a uma alma, uma união mais íntima com Ele, Jesus a purifica por meio de provações, tanto maiores quanto maiores sejam os Seus desígnios sobre aquela alma. O diabo sabe muito bem que Deus tem desígnios especiais em relação a você; é por isso que ele perturba tanto você e lhe impõe preocupações sem fim. Não desanime; Deus está ajudando você agora e sempre. Lute com grande coragem - apesar dos esforços do inferno, Deus vai alcançar o Seu propósito. Deus me faz instrumento para  incentivá-la, porque você não tem mais ninguém. Lembre-se e veja como a natureza humana tem necessidade desses pequenos estímulos. Pense nisso quando a ocasião se manifestar, uma vez que você tem e continuará a ter a tarefa de guiar almas.

Deus nos dá um exemplo disso no Jardim da Agonia. Tenha confiança em Jesus, Ele nunca vai abandonar você. Faça seu lugar de moradia habitual no Coração de Jesus. Que o amor seja o elo a unir o seu coração ao Coração Adorável de Jesus. O seu coração, tão miserável, será purificado e desapegado ao tocar o Coração Puro de Jesus. Obtenha do Divino Coração de Jesus todas as graças que você precisa para os outros e para as almas sob a sua confiança. Ele não irá recusar-lhe nada que você peça com confiança e amor. As provações e sofrimentos da alma são mais agudas do que as do corpo. Mas, para as almas que amam a Jesus, a maior tristeza é saber que elas Lhe causam dor diariamente, por seus pecados e ingratidões. Peça ao Coração de Jesus as forças necessárias para que Ele possa realizar os Seus desígnios em relação a você.

Se Deus exige tanta pureza de uma alma que Ele admite no Céu, é porque Ele é a eterna pureza, beleza e justiça, a eterna bondade e perfeição. Deus permite, assim, que você sofra no corpo e na alma, para que Ele possa ser capaz de cumprir em você todos os seus grandes desígnios, a fim de que você possa conhecer a via da perfeição para as outras (Irmãs) com base na sua própria experiência.

Para manter a sua mente firmemente ligada na Presença de Deus tome, a cada dia, uma das quatorze estações da Paixão de Nosso Senhor e medite sobre ela mais detalhadamente. Jesus deseja que nos lembremos de todos os sofrimentos que Ele sofreu por nós. Nos dias de festa, medite de forma análoga em um dos mistérios gloriosos, por exemplo, a Ressurreição, a Ascensão, etc. Pense com frequência na Sagrada Eucaristia e na vida oculta de Jesus no tabernáculo. Ali, sobretudo, você verá o Seu amor escondido, sozinho e esperando em vão por alguém chegar e dizer-Lhe: 'Jesus, eu vos amo'. A cada domingo, faça o seu pequeno planejamento para a próxima semana procurando, em uma palavra, agradar a Jesus e Ele irá recompensá-la na mesma medida. Na Santa Comunhão, Jesus Se unirá a você mais intimamente - mais do que Ele já fez com alguém antes. Você vai encontrar neste alimento divino uma extraordinária força para elevá-la até a altura da perfeição que Jesus exige de você.

Todas as coisas passam e passam rapidamente. Não se preocupe tanto com as coisas que vão acabar um dia. Busque aquilo que nunca vai acabar. Com as nossas ações abençoadas e unidas a Jesus, vamos embelezar nosso trono celestial. Vamos levá-lo, alguns passos mais, para perto dAquele a quem contemplaremos e amaremos por toda a eternidade. Isto é o que deve ser a nossa única preocupação na terra. Para uma alma que O ama, Jesus faz coisas que parecem impossíveis a princípio. É assim que Ele agirá em relação a você. Jesus está atraindo você a Ele de forma doce e suave e, ao mesmo tempo, forte e perseverante. Não recuse a Sua Divina Atração.

Em pouco tempo, Jesus vai lhe dizer o que Ele quer de você. Nesse meio tempo, eu é quem me encarrego de dar a conhecer a você a Sua Vontade Divina. Ouça bem a Sua voz, que está falando com você nas profundezas mais secretas do seu coração. Não Lhe recuse nada e você vai ganhar tudo, porque se você for generosa, Ele há de ser muito mais. Você já teve a prova disso muitas vezes.

Deus quer almas generosas a Seu Serviço, almas que não tenham nenhum pensamento de si mesmas, mas que mobilizem toda a atenção e boa vontade em amá-lO e servi-lO, às expensas dos seus próprios interesses. As graças de Deus são ofertas puras que Ele não nos deve. Ele as dá a quem Lhe aprouver, sem que ninguém tenha o direito de reivindicar algo sobre isso. Quem tem o direito de estabelecer a lei ao Divino Mestre? Portanto, receba com toda a humildade e gratidão as graças especiais com que Jesus lhe tem favorecido, sem tentar entender porquê e para quê. Jesus deseja elevar você acima de todas as criaturas de modo que você não tenha vínculo algum com a terra. Você deve viver a vida dos especialmente escolhidos, cuja única ocupação deve ser a de desfrutar, amar e perder-se inteiramente em Deus'.

1890

02 de novembro de 1890: Uma lembrança - Esta é a última bênção do mês do Rosário.

'Eu vou tentar fazer você entender, tanto quanto for possível na terra, o que seja o Céu. Há sempre novas festas que se sucedem sem fim, sem interrupção. A felicidade é sempre nova e de tal modo, ao que parece, como nunca antes se sentiu. É uma torrente de alegrias que flui incessantemente sobre os eleitos. O Céu está acima de tudo e além de tudo  é —  Deus: Deus amado, sentido, provado; em uma palavra, é estar saciado de Deus sem nunca estar ainda saciado! Quanto mais uma alma amou a Deus sobre a terra, mais ela avançou na via de perfeição, mais ela é capaz de amar e compreender quem é Deus no Céu. Jesus é a verdadeira alegria na terra e a eterna felicidade no Céu'.