sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

SOBRE AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS (IX)

 

PARTE II - O JUÍZO FINAL

II. Sobre Como Todos os Homens Aguardarão a Vinda de Cristo no Vale de Josafá

Contemplemos agora as multidões reunidas no lugar do julgamento. Toda a humanidade, todos os seres humanos que já viveram na Terra, bem como todos os espíritos rebeldes que foram expulsos do Céu, serão obrigados a comparecer aqui perante o tribunal de Cristo.

Quem pode tentar enumerar essas multidões incontáveis? O número de habitantes da Terra que vivem nesta época da humanidade é de cerca de 1.400.000.000 [atuais 8.230.000.000]. Essa vasta multidão terá desaparecido em menos de meio século, e outra geração, não menos numerosa, terá tomado seu lugar e preenchido a Terra novamente. Assim continuará até o Dia do Juízo Final. Que multidões incontáveis serão levadas perante o tribunal de Cristo!

Os bons estarão todos juntos, regozijando-se na certeza de sua salvação eterna. Eles estão adornados com vestes gloriosas e brilham como as estrelas do céu. Eles se conhecem, se cumprimentam e trocam felicitações mútuas por sua sorte feliz.

Mas não assim com os maus. Os bons estão à direita e os maus à esquerda. Infelizmente, o número dos maus é muito, muito maior do que o dos bons. Tanto antes como depois da vinda de Cristo, o príncipe das trevas dominou um número muito maior de súditos do que o próprio Cristo. Ai de mim, meu Deus, que multidão imensa haverá à esquerda! O luto e a miséria entre eles serão tão incomparáveis que os bons que estão à direita ficariam, se fosse possível, profundamente comovidos com compaixão.

Pois todos esses incontáveis milhões de seres humanos derramarão sua tristeza e angústia excessivas em lamentações piedosas. Aguardando a vinda do Juiz supremo, eles permanecem juntos, separados dos justos, cheios de confusão por sua própria hediondez e, especialmente, por sua pecaminosidade, agora evidente para todos.

No entanto, acima e além de toda essa miséria, está a consternação que prevalece por causa da vinda do Juiz; é algo que está além do poder das palavras expressar. Pois agora essas criaturas infelizes se tornam plenamente conscientes de quão terríveis são os julgamentos de Deus, aos quais deram tão pouca atenção durante a sua vida. Agora, pela primeira vez, reconhecem que vergonha terrível é para eles terem seus pecados manifestados na presença de todos os Anjos e Santos, na presença também dos demônios e dos condenados. Agora, pela primeira vez, estão conscientes da natureza terrível da sentença que lhes será imposta pelo Juiz, a quem muitas vezes desprezaram insolentemente. Essas e muitas outras coisas contribuem para imbui-los de um medo indescritível da vinda do seu Juiz, de modo que tremem de terror e quase desmaiam de apreensão e alarme. 

Dirão uns aos outros em tom lamentoso: 'Ai de nós, o que fizemos! Como nos enganamos terrivelmente! Por causa das poucas e transitórias alegrias da terra, teremos que passar por uma eternidade de angústia. De que nos servem agora todas as riquezas, os prazeres voluptuosos, o orgulho, as honras do mundo? Nós, tolos, desperdiçamos os bens celestiais e eternos pelas coisas pobres e insignificantes da terra. Ai de nós, o que será de nós quando nosso Juiz aparecer! Ó montanhas, caiam sobre nós; ó colinas, cubram-nos, pois verdadeiramente seria menos intolerável para nós sermos esmagados sob o vosso peso do que ficar diante do mundo inteiro cobertos de vergonha e confusão, e contemplar o rosto irado do justo Juiz!

Pecador infeliz, quem quer que seja você que esteja lendo este texto, não se iluda com a vã esperança de que esta descrição da miséria dos perdidos seja exagerada. Eles reclamarão mil vezes mais alto, e sua dor e miséria serão indescritíveis. Aproveite o curto e precioso tempo de sua existência terrena, faça penitência, faça agora tudo o que você desejaria ter feito no Dia do Juízo Final. Peça a Deus a graça de corrigir sua vida pecaminosa, para que o dia da vinda de Cristo não seja um dia de terror indescritível para você.

Meu Deus, reconheço que, por minha vida pecaminosa, mereço ser banido da vossa presença para sempre. No entanto, me arrependo sinceramente dos meus pecados e vos peço a graça de uma verdadeira conversão, para que eu não espere a vossa vinda entre os condenados. Amém.

(Excertos da obra 'The Four Last Things - Death, Judgment, Hell and Heaven', do Pe. Martin Von Cochem, 1899; tradução do autor do blog)