quinta-feira, 4 de julho de 2013

CINCO TESOUROS DE EXEMPLOS

É PRECISO DESTRUIR OS ÍDOLOS

Cromácio, governador de Roma, estava atacado por uma doença estranha que nenhum médico era capaz de curar. Disseram-lhe então que em Roma havia dois cristãos que faziam curas miraculosas e talvez pudessem curá-lo também. Cromácio mandou chamá-los. Eram Sebastião e Policarpo.

- Cromácio - disseram os dois santos ao governador pagão - se queres sarar, dá-nos todos os ídolos de tua casa para os destruirmos.

- Se é necessário - respondeu ele com muito pesar - eu vos direi onde estão e vós os levareis para que eu não os veja mais.

Sebastião e Policarpo levaram todas as imagens dos falsos deuses e as destruíram. Voltaram depois a Cromácio que, em vez de curado, estava muito pior.

- Cromácio - disseram os santos, olhando fixamente a névoa que o afligia no branco dos olhos - mentiste, em tua casa ainda há mais dos teus ídolos.

E o governador teve que dizer a verdade. Escondera realmente alguns junto de si, porque os queria muito. Só depois que os entregou, pôde sarar da enfermidade.

O mesmo acontece com a confissão. Aos que têm escondido no fundo da alma um só pecado mortal, não se lhes perdoará nem esse nem os outros; antes ficará a consciência agravada ainda mais com um grande sacrilégio.

A FOLHA EM BRANCO

Certo dia apresentou-se a Santo Antônio de Pádua um pecador para confessar-se. Estava, porém, tão perturbado e confuso, que apenas soluçava sem poder pronunciar nem uma palavra.

- Vá, meu filho - disse o Santo - escreve teus pecados e volta aqui de novo.

E assim fez o pobre homem. Voltando à confissão, o pecador foi lendo seus pecados, tal como os havia escrito. Quando terminou a leitura, com grande surpresa viu que desaparecera do papel tudo o que havia escrito e só restava a folha em branco.

Assim sucederá com a nossa alma quando nos confessarmos com humildade sincera e dor profunda.Toda  mancha de pecado desaparecerá do nosso coração e aparecerá apenas o candor, todo o candor da inocência recuperada.

ANIMA VESTRA IN MANIBUS VESTRIS 

Havia na praça de Atenas um famoso adivinho, que a todos dava prognósticos, predizia o futuro e descobria o passado. Um dia, querendo zombar dele, apresentou-se-lhe um homem astuto que tinha um pequeno passarinho preso na mão.

Sabes dizer-me - perguntou ao adivinho - se este passarinho que tenho na mão está vivo ou morto?

O astuto pensava assim: se ele disser que está morto, eu o deixarei voar; e se disser que está vivo, eu o esmagarei com o polegar e ele morrerá.

O adivinho, porém, respondeu: - Este passarinho que tens na mão estará vivo ou estará morto, conforme a vontade do dono.

Assim se passa conosco e nossa alma. Ela se salva ou se condena se nós quisermos. Anima vestra... (vossa alma está em vossas mãos).

DEUS TODO PODEROSO 

Falava um pastor protestante a um menino que se preparava para a primeira comunhão:

- Você crê que, na Hóstia que vai receber, está Jesus em corpo e alma?

- Creio, sim, senhor.

- Você sabe o Pai-Nosso?

- Sei, sim, há muito tempo.

- Então, reze-o para mim.

- Pai nosso que estais no céu...

- Chega! Você compreende que Deus está no céu; logo, não pode estar na Hóstia.

O menino pensou um instante e respondeu:

- O senhor é capaz de rezar o Credo?

- Claro que sim; Creio em Deus Pai todo-poderoso...

- Basta! O senhor então compreende que Deus, sendo todo-poderoso, pode fazer o que quiser e, assim, pode estar, ao mesmo tempo, no céu e na Hóstia consagrada.

RESPEITO HUMANO CASTIGADO

Eusébio, pai de Constantino Magno, passava em revista os seus soldados. Parado no meio do campo, exclamou:

- Os que forem cristãos venham para a minha direita.

Alguns tremeram, pois sabiam que Eusébio era idólatra. Eusébio, por sua vez, sabia que muitos dos seus soldados eram cristãos. Alguns valentes, com passo resoluto, puseram-se à sua direita, exclamando: 

- Nós somos cristãos.

O imperador olhou para eles com frieza e disse aos demais soldados:

- São estes somente?

Nenhum outro se moveu do lugar. Então dirigindo-se aos que estavam à sua direita, Eusébio falou

- Vós formareis a minha legião de honra e todos os outros estão expulsos de minhas fileiras, porque da mesma maneira com que hoje se envergonharam de seu Deus diante do imperador, amanhã, terão vergonha do imperador diante dos seus inimigos.

('Tesouro de Exemplos', Pe Francisco Alves, Editora Vozes, 1958, texto corrigido e adaptado)