quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

ARS LONGA, VITA BREVIS

Os aforismos constituem sentenças curtas e objetivas, que incorporam conceitos fundamentais numa determinada área, expressando certos ensinamentos, regras ou princípios éticos e morais. Estão associados intimamente à medicina desde tempos remotos, mas podem ser extrapolados a quaisquer outras áreas do conhecimento.

Um exemplo clássico de aforismo é: Ars longa, vita brevis - a arte é longa, a vida é breve - tradução para o latim dos dois primeiros epigramas (com a ordem invertida) do Primeiro Aforismo de Hipócrates (do original grego):

ὁ βίος βραχὺς,
ἡ δὲ τέχνη μακρὴ

Embora a palavra Ars seja traduzida como arte, a sua acepção original estava relacionada à medicina. Uma vez que a natureza filosófica do aforismo expressa um sentimento universal, este pode ser extrapolado, então, a qualquer área do conhecimento. O aforismo completo é o seguinte: 'Vita brevis, ars longa, occasio praeceps, experimentum periculosum, iudicium difficile' – 'A vida é breve, a arte (ciência) é longa (extensa), a ocasião é fugaz, a experiência é perigosa, o julgamento é difícil'. 


Nesse conceito geral, o aforismo ressalta o paradoxo entre a limitação de uma vida e o domínio de qualquer ciência ou, em outras palavras, os mais sábios e os mais doutos sabem um pouco mais do que os outros sobre determinadas ciências ou áreas do conhecimento. E tudo se resume a saber nada mais do que um pouco do que realmente existe em qualquer área do conhecimento humano.

Conhecimento, portanto, nunca foi e nunca será a compreensão de tudo. Mas a busca do conhecimento é tudo o que podemos (e devemos) fazer das nossas vidas. Como criaturas de Deus, apequenados e extremamente limitados, somos chamados, no espaço reduzido de uma vida mais ou menos curta, a empreender a busca do conhecimento do Criador, de forma difusa e incompleta sim, mas como 'artistas' que estão no mundo para torná-lo melhor, mais conhecido e mais belo. E, assim, fazer Ars e Vita serem uma coisa só: a eternidade com Deus.