terça-feira, 9 de março de 2021

O ANJO DE PORTUGAL E A SAGRADA EUCARISTIA

No fim do verão ou princípio do outono (meados de setembro a início de outubro) de 1916, ocorreu a terceira aparição do Anjo às crianças, novamente no lugar chamado 'Loca do Cabeço'. As crianças tinham deixado o rebanho pastar (e já não retornavam à casa como na época do verão) e decidido irem até lá para rezar. Logo que chegaram, prostrados de joelhos e rostos em terra, começaram a rezar repetidas vezes a oração do Anjo: 'Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e Vos amo...' quando viram uma luz resplandecente e, em seguida, o Anjo suspenso no ar.

Desta vez, trazia na mão esquerda um cálice e, sobre ele, segurava com a mão direita uma hóstia, da qual caíam algumas gotas de sangue dentro do cálice. Deixando, então, o cálice e a hóstia suspensos no ar, o Anjo prostrou-se em terra e rezou:

'Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos de seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores'.


Repetiu três vezes esta oração com as crianças. Em seguida, levantou-se e tomando novamente o cálice e a hóstia nas mãos, lhes disse:

'Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus'.


O Anjo deu, então, a hóstia à Lúcia e ofereceu o cálice para Jacinta e Francisco beber. Prostrou-se em terra, mais uma vez, e rezou novamente, mais três vezes, a oração à Santíssima Trindade, no que foi acompanhado pelas crianças. Como Francisco não ouvia o que o Anjo dizia, acompanhava a oração após ouvir as repetições feitas por Lúcia e Jacinta. Ao final, o Anjo desapareceu em meio à mesma luz resplandecente da sua aparição.

(Fátima em 100 Fatos e Fotos, na Biblioteca Digital do blog)

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Os ultrajes que Jesus recebe na Hóstia Sagrada são, antes de tudo, devido às horríveis profanações oriundas de cultos satanistas, mas também resultado das comunhões sacrílegas, recebidas por aqueles que não se encontram em estado de graça ou não professam a fé católica. 

O ataque diabólico mais insidioso, porém, consiste na tentativa de se remover a fé na própria Eucaristia, semeando erros e favorecendo formas indevidas de se receber a Sagrada Comunhão. No primeiro caso, busca-se anular a presença real de Cristo no Pão e no Vinho, negando-se a transubstanciação e, assim, profanar o sagrado sacrifício, violando a sua sacralidade infinita. No segundo caso, induzindo explicitamente a comunhão na mão, dadas por leigos e sob sonoras músicas profanas, que imperam como ato principal e dificultam sobremaneira o recolhimento interior e a sacralidade de se estar na presença real e sagrada de Jesus Eucarístico.

Em Fátima, no início do século passado, o Anjo de Portugal já denunciava esses ultrajes, denominados como 'crimes' que exigiam imediata e cabal reparação. Onde estão os sacerdotes de Cristo que levam hoje a sério essas advertências dos Céus? Uma grande maioria se isola, escondidos por medo de um vírus ou anestesiados por campanhas ecumênicas que afagam heresias e hereges em nome do respeito humano. São João Eudes dizia que o maior castigo que Deus poderia enviar aos homens em pecado era dar-lhes maus sacerdotes. Onde estão os leigos, onde encontra-se o 'pequeno resto'? 

Para os que ainda têm pruridos do Santo Espírito, não usem a pandemia como desculpa para receber a comunhão na mão, porque 'não há outro jeito'. Há outro jeito; e a pandemia é consequência e não causa da profanação da sagrada eucaristia. Se não houver 'outro jeito', faça então somente a comunhão espiritual, mas não profane a sagrada comunhão.

Triste é o destino daqueles que não se aproximam dos sacramentos porque persistem em uma vida de pecado. Pior é o destino de quem se aproxima dos sacramentos com sacrilégio, não estando em estado de graça. Mas ainda mais grave é o pecado daqueles que encorajam os fiéis a receber a comunhão em estado de pecado e que administram de forma indevida e ilícita a Eucaristia a eles. Deus é misericórdia sim, mas repele com ira divina tantos os ímpios como os tíbios: estes últimos são aqueles que vão dizer, um dia, como néscios com lâmpadas apagadas diante de Deus, 'Senhor, quando não vos servimos'? E vão ouvir então o veredito final e terrível: 'Não vos conheço!'

segunda-feira, 8 de março de 2021

domingo, 7 de março de 2021

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Senhor, tens palavras de vida eterna' (Sl 18)

 07/03/2021 - Terceiro Domingo da Quaresma

15. A EXPULSÃO DOS VENDILHÕES DO TEMPLO 


Neste domingo, o Evangelho nos mostra Jesus manifestando aos ímpios a ira santa de Deus. Há pouco, ocorrera o milagre das Bodas de Caná; estava próxima a Páscoa e, em perfeita conformidade à lei judaica, Jesus também viera visitar o Templo em Jerusalém. E ali, num ambiente tomado por uma completa profanação do espaço sagrado, Jesus expulsa os vendilhões do templo.

Tomado de santo furor, diante a balbúrdia e o tumulto dos homens que profanavam o santuário de Deus, Jesus faz um chicote de cordas e os expulsa com peremptória indignação: 'Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!' (Jo 2, 16). Aquelas mãos divinas, consumidas em tantos atos de perdão e de misericórdia, tecem agora um chicote! E, com ele em mãos, golpeia e desmantela as bancas e as mesas, espanta vendedores e cambistas, afugenta os animais em correria, esparrama objetos, moedas e víveres pelo chão, movido por uma indignação e um zelo extremos pela profanação do sagrado. O que deve ter sido este cenário!

Paralisados e tomados de pavor, aqueles homens que se atropelam para fugir diante de Jesus e da profanação revelada, ainda ousam pedir um sinal ao Senhor por tais ações. E Jesus lhes dá a resposta pela revelação do mistério da ressurreição do seu corpo, templo perfeitíssimo de Deus: 'Destruí este Templo, e em três dias o levantarei' (Jo 2, 19). Jesus não falava do templo físico, mas do templo espiritual que habita em nós, e que contém em plenitude o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor. O primeiro será destruído, porque não era santo. O segundo, por méritos e graças do Salvador, nos abriu as portas da redenção e da eternidade com Deus: 'Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele' (Jo 2, 22).

O episódio da expulsão dos vendilhões do Templo deveria nos alertar duramente sobre o rigor da Justiça Divina, diante o pecado e a perda de referência ao culto do sagrado. Ai daqueles que, usurpando da graça do livre arbítrio, negam a sua realidade espiritual e convertem as suas vidas em construir templos de barro e produzir frutos sazonais, ditados apenas pelos interesses humanos. Serão réus e depositários da santa ira de Deus, porque 'se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo e vós sois esse santuário' (1 Cor 3, 17).

sábado, 6 de março de 2021

ORAÇÃO A JESUS EUCARÍSTICO


Ó Deus de amor, infinitamente amante e infinitamente amável, dizei-me: que mais podíeis inventar para ganhar o nosso amor? Não vos bastou fazer-vos homem e sujeitar-vos a todas as misérias da nossa natureza? Não vos bastou derramardes por nós todo o vosso sangue no meio dos tormentos, e morrerdes consumido de dores em um madeiro reservado aos maiores criminosos? Quisestes ainda ocultar-vos sob as espécies de pão, para vos tornardes nosso alimento e vos unirdes inteiramente a cada um de nós. Dizei-me, repito, que mais podeis inventar para vos fazer amar? 

Ai de nós se vos não amarmos nesta vida! Quantos remorsos teremos na eternidade de não vos termos amado! Meu Jesus, não quero morrer sem amar-vos e amar-vos muito. Sinto extrema dor de vos haver ofendido tanto; arrependo-me e quisera morrer de dor. Agora amo-vos sobre todas as coisas, amo-vos mais do que a mim mesmo, consagro-vos todos os meus afetos. Vós que me dais esse desejo, dai-me a força de executá-lo. Meu Jesus: de vós não quero senão a vós mesmo: agora que me atraístes ao vosso amor deixo tudo, renuncio a tudo e a vós me prendo; só vós me bastais. Ó Maria, Mãe de Deus, rogai a Jesus por mim, e fazei-me santo; ajuntai esse prodígio a tantos outros que haveis operado, transformando os pecadores em santos.

(Santo Afonso Maria de Ligório)

PRIMEIRO SÁBADO DO MÊS

  

sexta-feira, 5 de março de 2021

A IGREJA PODE TER DOIS PAPAS? (II)

Essa questão atual já tem 8 anos de idade. Mas continua atual como nunca. Afinal, a Igreja de Cristo pode ou não pode ter dois papas? E dependendo do SIM ou do NÃO, um verdadeiro tsunami cismático pode resultar desta resposta... Em ambos os casos, os argumentos a favor ou contra essa condição estão baseados na possibilidade de um papa poder ou não poder renunciar. Se a renúncia do papa Bento XVI não foi válida, ele seria ainda o papa da Igreja e a Igreja não teria dois papas. Se, ao contrário, a renúncia papal foi válida, Francisco é o papa da Igreja e Bento XVI um papa emérito e, assim, a Igreja tem hoje efetivamente dois papas.


Os argumentos apresentados a seguir, subdivididos em duas postagens distintas, resumem as principais premissas ou hipóteses que tendem a favorecer uma ou outra concepção da resposta à questão 'A Igreja pode ter dois papas?', na acepção análoga à questão 'Um papa pode renunciar em favor de um outro papa?'

PARTE II - ARGUMENTOS A FAVOR DO SIM

(i) uma vez que o papa recebeu diretamente de Cristo a autoridade para governar a Igreja, possui, portanto, competência expressa para, entre tantas outras coisas, depor ou aceitar a renúncia de qualquer um dos seus membros, inclusive a própria, podendo então dissolver por livre arbítrio o vínculo que o une à mesma, se julgar que tal ato é de proveito à Igreja;

(ii) o vínculo de matrimônio espiritual entre o papa e a Igreja tem uma natureza limitada e passível de dissolução no tempo, por ser totalmente distinta da natureza do matrimônio cristão (que é um sacramento e amparado pelas palavras de Cristo) e do matrimônio espiritual entre Cristo e a sua Igreja (este sim, não passível de qualquer interrupção ou diluição, posto que amparado pelas palavras de Cristo e pela consumação dos séculos); 

(iii) o ato de renúncia papal constitui um ato de absoluta decisão e de liberdade pessoal, não podendo, portanto, ser regulamentado por proposições canônicas de quaisquer naturezas;

(iv) a renúncia de um papa não obstrui ou impede a continuidade do governo eclesiástico da Igreja, mas introduz meramente uma pausa no processo vigente, até a indicação de um sucessor por um processo legitimado pelos cânones específicos da Igreja, como acontece comumente nos casos da morte de um pontífice;

(v) a concessão de um poder dado por Deus ao sucessor de Pedro na terra incorpora, como primícias irrevogáveis, o livre arbítrio do sucessor de Pedro para atuar livre e incondicionalmente da forma que pautar ser a mais propícia aos interesses de Cristo e da Igreja (uma condução ilegítima nestes termos poderia demandar a suspensão ou mesmo o afastamento do pontífice, mas nunca o favorecimento ou o impedimento de um ato próprio de renúncia);

(vi) como Vigário de Cristo na terra, o papa exerce um poder divino limitado no tempo do seu próprio pontificado; o ato de renúncia não obstrui ou diminui esse poder divino enquanto aplicável; o que se reduz e efetivamente diminui é o tempo do exercício pleno pelo papa desse poder divino, a partir do ato de renúncia que abrevia esse tempo;

(vii) desta forma, o poder divino e o primado de Pedro (autoridade papal) não são conceitos coligados ou interdependentes por completo; o primeiro se exaure quando se renuncia ao segundo (com a perda da autoridade pontifícia); assim, o papa que renuncia não é mais papa no sentido em que não possui mais o sumo poder (não é mais o 'sumo sacerdote');

(viii) a renúncia de um papa não constitui nem uma inovação despropositada e nem uma aberração canônica, uma vez que os papas podem legislar sobre quaisquer assuntos de interesse da Igreja, desde que não estabeleçam premissas contrárias à sã doutrina; nesse sentido, podem introduzir mecanismos de renúncia ou precedentes legais de afastamento da função pontifícia (foi, nesse contexto que o papa Celestino V estabeleceu uma lei eclesiástica relativa à renúncia papal e, em seguida, a aplicou no seu próprio caso);

(ix) a renúncia de um papa é um instrumento absolutamente legal e legítimo (embora deva constituir um evento de natureza e de contexto excepcionais), se visa atender primariamente aos interesses da Igreja e não aos interesses pessoais do papa que renuncia;

(x) Jesus Cristo estabeleceu as bases da sua Igreja e formulou, no seu lastro, os seus grandes princípios e sacramentos, não existindo, portanto, contestações de ordem canônica ou bíblica (pressupostos da Lei Mosaica, por exemplo) a um ato (renúncia papal) que não viola ou destitui quaisquer princípios fundamentais ou sacramentos da Igreja. 

PORQUE HOJE É A PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO MÊS