domingo, 9 de dezembro de 2018

AQUIETAI AS COLINAS

Páginas do Evangelho - Segundo Domingo do Advento


Eis a hora do Precursor, o maior de todos os profetas, aclamado pelo próprio Cristo como 'o maior dentre os nascidos de mulher' (Mt 11,11). E, como precursor do Messias, João se autoproclamou 'a voz que clamava no deserto', símbolo dos terrenos estéreis e calcinados das almas tíbias e vazias dos homens daquele tempo. Era preciso gerar vida, frutos e abundância de graças nos corações dos homens duros e insensatos para receber o Cristo da Redenção, prestes a chegar.

João Batista foi escolhido por Deus para levar a todos os homens um batismo de conversão: 'percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E todas as pessoas verão a salvação de Deus' (Lc 3, 3-6).

E o deserto de hoje é ainda mais árido, muitíssimo mais árido do que nos tempos do Profeta João Batista. O deserto tornou-se uma terra de desolação e infortúnio, na qual o pecado é espalhado como adubo e as blasfêmias contra Deus são os arados. Façamos ecoar pelos pântanos e areiais de nova vida costumeira o refrão profético: 'Aquietai as colinas, volvei ao chão toda montanha de ceticismo, de orgulho, de rebeldia maldosa!' Como iconoclastas de nossas própria ruínas, desfaçamos os templos da barbárie, do escândalo, das heresias, das blasfêmias e de tantos pecados cometidos contra a civilização cristã e a glória de Deus! 

Somos a Igreja de Cristo que não se pode sustentar sobre as areias do deserto das almas tíbias, nem sobre as argilas frouxas do ateísmo e da indiferença religiosa. João Batista é tão atual quando da época de sua profecia e sua mensagem ressoa pelos séculos para ser ouvida e vivida pelos soldados de Cristo: tornemos o imenso deserto da nossa humanidade pervertida em terreno fértil para semear com abundância as vinhas do Senhor que está para chegar de novo. 

sábado, 8 de dezembro de 2018

GLÓRIAS DE MARIA: IMACULADA CONCEIÇÃO


'Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis'.

(Beato Papa Pio IX, na proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1854)

Nossa Senhora, criatura superior a tudo quanto já foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu de Deus o privilégio incomparável da Imaculada Conceição. Desta forma, Maria foi preservada de qualquer pecado desde que foi concebida, porque recebeu naquele instante o Espírito Santo de Deus. O 'sim' de sua entrega incondicional à vontade de Deus não teria sido possível se, mesmo livre de qualquer  pecado durante toda a sua vida, Maria tivesse, a exemplo de toda a humanidade, a mancha do pecado original. Deus, ao cumular Maria de tantas graças extraordinárias, não permitiu que ela estivesse separada dele em nenhum segundo de sua existência e, assim, Maria não conheceu o pecado desde a sua concepção.

A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, em previsão aos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo que, assim, a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência. Sendo concebida sem pecado original, Maria ficou também preservada de qualquer tendência para o mal decorrente do pecado original. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho. Como explicitou, de forma definitiva, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308), em sua exposição quando da defesa da Imaculada Conceição na Universidade de Paris: 'Potuit, decuit, ergo fecit' (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez).

O fundamento deste privilégio mariano está na absoluta oposição existente entre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, concebida sem pecado. A confirmação do dogma, a partir de manifestações que remontam os primeiros Padres da Igreja, foi ratificada muitas vezes pela própria Mãe de Deus, em várias aparições:

'Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!' foi a mensagem que Nossa Senhora pediu que fosse inscrita na Medalha Milagrosa,  mediante recomendação expressa a Santa Catarina Labouré em 1830 (24 anos antes da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Eu sou a Imaculada Conceição!' assim Nossa Senhora se apresenta à pequena vidente Bernadette Soubirous em Lourdes, no dia 25 de março de 1858 (apenas 4 anos depois da promulgação formal do dogma pela Igreja).

'Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!mensagem de Nossa Senhora em Fátima sobre a devoção ao seu Coração Imaculado.

Excertos da Bula INEFFABILIS DEUS de Pio IX
                       Pio IX
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
Escolha da Santíssima Mãe

2. Em vista disso, desde todos os tempos, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho, na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado. E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complacência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade, mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito.

Com efeito, era conveniente que tão venerável Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando, assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15). E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo. Deu-Lho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, também, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe. Ela é, enfim, a criatura de quem o Espírito Santo quis que o Filho, do qual procede, fosse concebido e nascido por obra sua. [...]
Pedidos para a Definição

33. Aqui a razão por que, desde os tempos remotos, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ordens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervorosos memoriais à Sé Apostólica, em prol da definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogma da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram-se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à atenção de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa memória, e a Nós mesmo, não só por bispos, mas também pelo clero secular, comunidades religiosas, por legisladores de nações e pelos fiéis. [...]
O Consistório

39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conveniente e reto, a exemplo de Nossos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a Nossos Irmãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a maior alegria espiritual ao ouvi-los suplicarem promulgássemos a definição do dogma da Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus.

40. Por isso, tendo plena confiança no Senhor de que já chegou o tempo oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Maria, Mãe de Deus, que as Divinas Escrituras, a veneranda Tradição, o desejo incessante da Igreja, o singular consentimento dos Bispos católicos e dos fiéis, e os atos e constituições assinalados dos Nossos antecessores ilustram e proclamam; havendo considerado diligentemente todos os acontecimentos e tendo dirigido a Deus solícitas e sinceras preces, Nós  julgamos não devermos fazer tardar por mais tempo a ratificação e definição, por Nossa autoridade suprema, da Imaculada Conceição da Virgem, satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho.
A Definição Infalível

41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo. Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invocamos o Paráclito. Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.

42. Em conseqüência, se alguém ousar – o que Deus não permita – pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto  incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabelecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por  outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima.
Frutos da Imaculada Medianeira

43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmagou a cabeça envenenada do mais cruel dragão, trazendo ao mundo a salvação; Ela é a glória dos Profetas e dos Apóstolos, a honra dos Mártires, a coroa e delícia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amparo de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo. Ela é a suma glória e ornamento, a fortaleza inexpugnável da Santa Igreja. Pois Ela destruiu todas as heresias e livrou os povos e nações fiéis de todas as calamidades gravíssimas. Também a Nós livrou-Nos de tantos perigos que nos assediavam. Temos, pois, confiança e esperança absolutas e totais de que a Bem-aventurada Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, fará com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erros dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa florescer, sempre mais, entre todas as nações e povos e possa espalhar seu reino “de mar a mar, do rio até aos confins da terra” (Sl 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade. Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanho e um só pastor.

44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras. Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confiança a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[...]
Publicação da Definição

45. Para que, finalmente, esta Nossa definição da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.

Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de Dezembro do ano de 1854 da Encarnação de Nosso Senhor, 9º ano de Nosso Pontificado.




    Pio IX, PAPA

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

POEMAS PARA REZAR (XXIX)

(partes em negrito do poema cantadas pelas Carmelitas de Fátima)

EMBORA SEJA NOITE* 

(São João da Cruz)

Aquela eterna fonte não a vê ninguém
E bem sei onde é e donde vem, 
Embora seja noite.

Bem eu sei a fonte que mana e corre,
Embora seja noite.

Não sei a fonte dela, que não há,
Mas sei que toda a fonte vem de lá, 
Embora seja noite.

Não pode haver, eu sei, coisa tão bela
E céus e terra beleza bebem dela, 
Embora seja noite.

Porque não pode ali o fundo achar,
Eu sei que ninguém a pode atravessar, 
Embora seja noite.

A claridade sua não escurece
E sei que toda a luz dela amanhece, 
Embora seja noite.

Tão caudalosas são suas correntes
Que regam céus, infernos e as gentes, 
Embora seja noite.

E desta fonte nasce uma corrente
E bem sei eu que é forte e onipotente, 
Embora seja noite.

E das duas a corrente que procede
Sei que nenhuma delas a precede, 
Embora seja noite.

E esta eterna fonte está escondida
Em este vivo pão a dar-nos vida, 
Embora seja noite. 

Aqui está a chamar as criaturas
Que bebem desta água, e às escuras, 
Porque é de noite.

Esta viva fonte que desejo,
Em este pão de vida, aí a vejo
Embora de noite.

* em versão diferente daquela apresentada em Poemas para Rezar (XXVII)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

20 MOMENTOS DA VIDA DIÁRIA COM DEUS


Ouvimos muitas vezes coisas do tipo 'Deus me abandonou'; 'Deus não me escuta' ou 'Não sei onde Deus está'. Vivemos apressados, imersos na rotina e nas milhares de atividades que o mundo de hoje exige de nós. Tantas coisas podem nos fazer perder nosso senso de vida e, em alguns momentos, podemos nos sentir desorientados ou sozinhos.

Deus, nosso criador, está sempre presente, mesmo que não possamos ouvi-lo. Se prestamos mais atenção e paramos para pensar um pouco, podemos perceber que, de fato, a cada passo que damos, em cada situação em que vivemos, seja positiva ou negativa, Deus está lá, esperando que a gente ouça e se regozije quando nós o encontramos.

Creio que muitos de nós acreditam erroneamente que só podemos encontrar Deus em momentos extraordinários, momentos de profunda oração ou em milagres sobrenaturais. Deus está presente nesses momentos, mas Ele está ao nosso lado, a cada passo nosso, esperando que abramos a porta e ouçamos sua voz, seu cuidado, seus ensinamentos e até seu senso de humor. Aqui estão indicadas 18 situações da vida diária em Deus revela sua presença para nós - 'Eis que estou contigo todos os dias até o fim do mundo' (Mt 28, 20).

1. Quando acordo e elevo o pensamento a Deus

Reflita e reconheça que a vida é um presente do amor infinito de Deus, apesar de todas as provações.

2. Quando me coloco a serviço dos outros.

Deus está presente nos momentos em que, reconhecendo que os dons e habilidades que possuo não são apenas meus, eu os coloco a serviços dos outros, sem esperar gratidão.

3. Quando estou com a minha família.

A família é a primeira igreja, os alicerces da graça divina. Quando estou em casa, com a minha família, Deus está conosco.

4. Quando digo não à imaginação frívola.

A imaginação nos rouba, muitas, vezes, as boas intenções da alma. Dizer não à imaginação solta e curiosa, é viver com Deus na nossa realidade.

5. Quando estou sozinho em oração.

Uma pausa no turbilhão das atividades diárias, para agradecer, para louvar, para pedir graças e consolo, para perseverar até o fim.

6. Quando me sensibilizo com a dor e o sofrimento alheios.

A dor do meu próximo é a minha dor; o sofrimento do meu próximo é o meu sofrimento; o amor por todos os homens, amando-os como Deus os ama, me faz realmente filho de Deus.

7. Quando tenho tempo para admirar as maravilhas da Criação.

No meio do mundo, sou testemunha da obra inteira da criação de Deus e da ordem divina do Universo.

8. Quando me encanta a pureza e a alegria pura das crianças.

Nas crianças, Deus nos revela a sua presença na pequenez da graça.

9. Quando transformo o que faço em oração.

Há muitas formas de oração; a mais fácil é aquela que transforma tudo o que se faz em louvor e glória ao Pai.

10. Quando me arrependo e me penitencio por ter agido mal ou não ter feito o bem.

O arrependimento sincero é uma torrente de graças que conforta a alma e que nos ensina que o pecado pode ser sustado com a contrição.

11. Quando pratico a caridade.

A caridade é  a mãe de todas as virtudes; não há forma maior de amar a Deus do que nos desvestir do orgulho e fartar o próximo com a nossa caridade.

12. Quando recordo as pessoas ausentes.

Como irmãos na fé, somos peregrinos neste mundo e a lembrança daqueles que nos precederam no Céu seja consolação no caminho e certeza de uma herança comum na eternidade.

13. Quando estou diante de pessoas consagradas a Deus.

Nas pessoas consagradas, sacerdotes e religiosos, Deus nos revela a sua presença na solidez da graça.

14 . Quando penso em Deus.

Num momento qualquer, o pensamento de Deus me envolve de surpresa; Ele me lembra que eu preciso lembrar que Ele está em tudo o que eu faço.

15. Quando se compartilha a amizade.

A amizade é um presente maravilhoso de Deus e nos consola em momentos de alegria e de tristeza: 'Ninguém tem maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos' (Jo 15,13).

16. Quando me deparo com a manifestação de fé autêntica de alguém.

Nada é mais belo que a fé autêntica; quando ela se manifesta nos outros, deve ser sinal de regozijo e alegria nas nossas almas, por nos incentivar a buscar a Deus com maior fervor e devoção.

17. Quando a consciência domina os meus momentos de ira e descontrole emocional.

A presença desses atos de consciência é um sinal da presença de Deus junto a mim, que existe algo maior que me sustenta do que a mera fragilidade dos impulsos.

18. Quando acontece alguma coisa 'esquisita'.

Aquela palavra que ajudou tanto; um gesto que, aparentemente despercebido, mudou tudo; a atenção dada naquele momento; a inspiração que contribuiu muito: todas essas coisas 'esquisitas' são sussurros de Deus no cotidiano de nossas vidas. 

19. Quando me conforta o simples olhar da Cruz de Cristo.

Um olhar em direção à Cruz de Cristo me conforta nos momentos de dúvidas e de desespero; Ele carregou naquela Cruz todos os meus pecados e omissões.

20. Quando encontro Deus de verdade.

Na missa, nos sacramentos, nas festas religiosas, nos dias santos e de guarda, nos dias que nunca são apenas dias que passam, Deus presente se faz presente vivo em nós na Sagrada Eucaristia. 

(readaptação de texto original '18 momenti in cui Dio è presente nella nostra vita quotidiana', publicado originalmente no site Aleteia)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

03 DE DEZEMBRO - SÃO FRANCISCO XAVIER


Francisco nasceu no castelo de Xavier, em Navarra, na Espanha, a 7 de abril de 1506. Aos dezoito anos foi para Paris estudar, tornando-se doutor e professor. Ao conhecer Santo Inácio de Loyola, sua conversão profunda o levou a ser cofundador da Companhia de Jesus. Tornando-se sacerdote e empenhado no caminho da santidade, São Francisco Xavier (na verdade, de Xavier) foi designado por Santo Inácio a seguir em missão apostólica ao Oriente, para atender o pedido feito pelo Rei João III de Portugal.

Francisco Xavier tinha 35 anos quando cruzou o oceano para evangelizar os domínios portugueses de ultramar. Nesta missão, chegou à cidade de Goa, capital das possessões portuguesas no Oriente, em 6 de maio de 1542. E ali realizou proezas de evangelização, levando as primícias da fé cristã até ao extremo sul da Índia. Neste zelo apostólico, cruzou terras e oceanos em condições de risco extremo, perfazendo, em pouco mais de uma década, uma das mais extraordinárias ações missionárias da história da Igreja. Pregou a palavra de Cristo em inúmeras incursões a áreas remotas e a diferentes povos das possessões portuguesas, da Índia, das ilhas de Málaca, das Molucas e de várias ilhas vizinhas, chegando até o Japão e, mais tarde, até às costas da China, onde veio a falecer, de febre e exaustão, em 3 de dezembro de 1552, aos 46 anos.

O grande Apóstolo do Oriente realizou naquelas regiões milagres portentosos, que incluem vários episódios de ressurreições e feitos espantosos. Seu corpo incorrupto foi exposto em Goa um ano depois de sua morte e seus olhos negros se mantinham como se estivessem vivos, com um olhar penetrante. Mesmo agora, séculos depois, seu corpo incorrupto ainda pode ser visto em Goa. Foi canonizado pelo papa Gregório XV em 12 de março de 1622, junto com Santo Inácio, Santa Teresa de Jesus, São Felipe Neri e Santo Isidoro de Madri. São Francisco Xavier é proclamado pela Igreja como Patrono Universal das Missões, ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus.

(túmulo do santo na Basílica do Bom Jesus em Goa) 

São Francisco Xavier, rogai por nós!

domingo, 2 de dezembro de 2018

'FICAI ATENTOS PARA FICARDES DE PÉ'

Páginas do Evangelho - Primeiro Domingo do Advento


Hoje começa um novo ano litúrgico da Santa Igreja com o Tempo do Advento, período que os cristãos são conclamados a viver em plenitude as graças da expectativa, da conversão e da esperança, à espera do Senhor Que Vem. O Ano Litúrgico 2018-2019 é o Ano C, no qual os exemplos e ensinamentos de Jesus Cristo são proclamados a cada domingo pelas leituras do Evangelho de São Lucas. 

O Tempo do Advento compõe-se de um período de quatro semanas, representando os séculos de espera da humanidade pela vinda do Redentor. A primeira semana é dedicada aos Novíssimos do homem e à segunda vinda de Nosso Senhor. A segunda e a terceira semanas são dedicadas ao Precursor João Batista e a quarta semana, à preparação para o nascimento já próximo do Salvador (no Natal). Nesse período, a liturgia se reveste de austeridade, utilizando-se de paramentos roxos, retirando as flores de ornamentação das igrejas e omitindo-se o canto do Glória durante a Santa Missa.

Assim, o novo ano litúrgico começa com o anúncio por Jesus de sua Segunda Vinda gloriosa aos homens dos tempos finais: 'eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória' (Lc 21, 27), manifestação que será precedida por eventos portentosos: 'Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas' (Lc 21, 25 - 26). Jesus exorta, então, a todos  os seus discípulos (os Apóstolos e os homens em geral) sobre a necessidade da estrita vigilância, na oração constante e na confiança de uma vida de plenitude cristã, diante das coisas do mundo, que passam e repassam no cotidiano de nossas vidas, mas que não têm valores de eternidade: 'Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra' (Lc 21, 34 - 35).

Vigiar significa essencialmente não pecar, não ofender a Santidade de Deus com as misérias e as fragilidades humanas, não conspurcar a Infinita Pureza da alma, que nos foi legada um dia, com a lama dos prazeres, frivolidades e maldades de uma vida profanada pelos valores do mundo. Porque haverá o dia do juízo, no qual os homens serão levados ou deixados para trás: ''ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem' (Lc 21, 36). Vigiar é viver na confiança absoluta aos ditames de Divina Providência: 'levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima' (Lc 21, 28). Vigiar é estar preparado para que sejam santos todos os dias de nossa vida para que Deus escolha, dentre eles, o mais belo, para receber de volta as almas vigilantes que Ele próprio desenhou para a eternidade.