sexta-feira, 20 de julho de 2018

O PENSAMENTO VIVO DE SANTA TERESA DE LISIEUX (I)

'Estamos vivendo num século de grandes inventos. Já não custa fadigas galgar degraus de uma escadaria; as casas abastadas tem lá ascensores que as substituem vantajosamente. Quisera eu também descobrir um ascensor para me levar até Jesus, pois sou tão pequenina que me falecem as forças para vingar até o topo da escada íngreme da perfeição.

Pedi logo aos Livros Sagrados que me indicassem o ascensor cobiçado, e depararam-se-me estas palavras da mesma Sabedoria eterna: 'Todo aquele que é simples e pequenino venha a mim!' (Pv 9,4). Cheguei-me, portanto, a Deus, persuadida de ter, enfim, descoberto o que andava procurando; e, desejosa de saber ainda o que o Senhor faria a esse pequenino, prossegui nas minhas pesquisas e encontrei o seguinte: 'Hei de trazer-vos ao colo, embalar-vos sobre meus joelhos. Do mesmo modo que uma mãe acaricia o seu filhinho, assim eu vos consolarei' (Is 66,12). Ah, mas ternas e melodiosas palavras nunca soaram para deleitar a minha alma. O ascensor que me há de guiar até o céu são os vossos braços, ó Jesus! Para isto não é necessário que eu cresça, devo antes ficar sempre pequenina e empenhar-me em o ser cada vez mais. Meu Deus, fostes muito além de quanto eu podia esperar e quero agora celebrar as vossas misericórdias! 'Ensinaste-me, ó meu Deus, desde a minha mocidade; e eu publicarei as tuas maravilhas que tenho experimentado até agora. E até a velhice e idade avançada, ó Deus, não me desampares, até que anuncie a força do teu braço todas as gerações que hão de vir!' (Sl 70,17).
'O coração de Jesus é muito mais magoado por causa das mil pequenas imperfeições dos seus amigos do que das próprias faltas graves cometidas por seus inimigos. No entanto, parece-me que é somente quando os seus adquirem um hábito dessas indelicadezas e não lhe pedem perdão por elas que se pode aplicar a palavra: 'Estas chagas que vedes em minhas mãos, eu as recebi daqueles que me amavam' (Zc 13,6).
'Por aqueles que o amam e que, depois de cada pequena falta, vêm lançar-se em seus braços e lhe pedem perdão, Jesus vibra de alegria. Ele diz a seus anjos o que o pai do Filho pródigo dizia aos seus servos: 'Metei-lhe um anel no dedo e regozijemo-nos!' Ah! Como são pouco conhecidos a bondade e o amor misericordioso do Coração de Jesus! É verdade que, pra fruir destes tesouros, é necessário conhecer o seu nada e humilhar-se - e é justamente isso o que muitas almas não querem fazer!...'

quinta-feira, 19 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (IV)


Existe um paralelismo muito grande entre os fatos narrados nos dois sonhos de Dom Bosco com as mensagens e profecias reveladas por Nossa Senhora em Fátima. Ao final da sexta aparição (13/10/1917), ocorreu uma série extraordinária de fenômenos que ficou conhecida como 'o milagre do sol', que podem ser assim sintetizados:

(i) o sol tinha a forma de um disco luminoso, com a borda claramente delineada como uma faixa luminosa e podia ser visado diretamente por longo tempo, sem cegar ou ofuscar a visão das pessoas.

O sol é o símbolo da Igreja de Cristo, claramente visível e delineada na história humana, herança firmada sobre a rocha (Pedro) e assente sobre uma doutrina sólida, conhecida e luminosa como o céu do meio dia. A Igreja de Cristo é a luz de Cristo, que não ofusca, que não cega, que não se contamina, que não enfastia, que não promove qualquer desordem ou perturbação dos espíritos ou dos sentidos, mas que é anelo intangível de graça eterna. Quando se perde esse modelo de referência, a visão fica dificultada, a limpidez se turva, a luz fica esmaecida e a Verdade se obscurece.  

(ii) o sol pareceu dançar no firmamento, passando a girar aceleradamente sobre o seu eixo para, em seguida, interromper e recomeçar outras vezes esse movimento vertiginoso.

Eis a Igreja destituída dos ornamentos puros da graça e perturbada pelos valores do mundo; o sol, ao 'dançar', abandona a sua ordem natural e avilta a ordem divina, simbolizando uma crise da Igreja, que a faz girar sobre si mesma, descontrolada e cambaleante, deixando de seguir seu curso normal. O movimento vertiginoso se repete, indicando não se tratar de uma crise passageira ou incipiente, mas de uma crise tremenda e que se estende por longo tempo e curso.

(iii) o sol começou a irradiar luzes diferentes e cambiantes, que foram disseminadas e refletidas sobre todo o ambiente da Cova da Iria (sobre as pessoas, a paisagem, os montes e as árvores).

Que Igreja é essa que não mais irradia a luz única de Cristo? Ao contrário, é uma Igreja que espalha muitas e diferentes luzes (símbolo da mistura com doutrinas estranhas, fruto do ecumenismo e do misticismo, que se espalha sobre tudo e sobre todos, indicando a natureza universal destas perdas e que, no espargir multicolor, se perde a luz da Verdade, da mesma forma que, em uma liga, quem perde mais é o metal mais puro). A irradiação ensandecida não é natural e recorda uma Igreja perplexa e igualmente ensandecida.

(iv) ao final dos eventos, o sol pareceu precipitar-se sobre a terra num movimento apocalíptico que produziu nas pessoas um enorme temor e uma impressão geral de 'fim do mundo'; interrompendo esse processo de arremetida em ziguezague, o sol retornou então à sua posição natural e passou a ser visto na sua conformação original e ofuscante à visão direta.

Ao se precipitar em direção à Terra, num movimento oblíquo e tortuoso (arremetida em ziguezague), a Igreja mostra-se servil aos interesses humanos e do mundo e esquecida da sua origem divina (abandono da sua origem e esplendor no alto do firmamento), símbolos de uma crise sem precedentes que somente pode ser exposta por uma queda brutal e vertiginosa. Crise tão grande que produz temores apocalípticos e a impressão de 'fim do mundo'. 

Eis que, de repente, o sol interrompe bruscamente os espasmos não naturais e incontroláveis e readquire a postura astronômica de sempre, retornando ao alto dos céus. As testemunhas da Cova da Iria foram uníssonas em afirmar que esse retorno do sol aconteceu também em ziguezague e de forma cambaleante, embora mais rápido que a descida. Ou seja, a volta da Igreja à sua posição natural (a Roma e por Cristo, com Cristo e em Cristo)  não será feita de forma rápida e decidida, mas em meio a vacilações e hesitações de toda ordem. Mas este retorno e esse reequilíbrio natural do sol constituem ecos igualmente potentes da mensagem decisiva – a definitiva e primordial mensagem de Fátima: 'Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!' Eis o testemunho incondicional do triunfo de Deus no mundo, demarcado pelas mensagens da Virgem, no milagre do sol e nos sonhos de Dom Bosco!

quarta-feira, 18 de julho de 2018

CONSAGRAÇÃO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA



CONSAGRAÇÃO DO MUNDO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Ó Rainha do Santíssimo Rosário, auxílio dos cristãos, refúgio do gênero humano, vencedora de todas as batalhas de Deus! Ante vosso Trono nos prostramos suplicantes, seguros de impetrar misericórdia e de alcançar graça e oportuno auxílio e defesa nas presentes calamidades, não por nossos méritos, mas sim unicamente pela imensa bondade de vosso maternal Coração.

Nesta hora trágica da história humana, a Vós, ao vosso Imaculado Coração, nos entregamos e nos consagramos, não apenas em união com a Santa Igreja, corpo místico de vosso Filho Jesus, que sofre e sangra em tantas partes e de tantos modos atribulada, mas sim também com todo o mundo, dilacerado por atrozes discórdias, abrasado em um incêndio de ódio e vítima de suas próprias iniquidades.

Que vos comovam tantas ruínas materiais e morais, tantas dores, tantas angústias de pais e mães, de esposos, de irmãos, de crianças inocentes; tantas vidas cortadas em flor, tantos corpos despedaçados na horrenda carnificina, tantas almas torturadas e agonizantes, tantas em perigo de se perderem eternamente.

Vós, ó Mãe de misericórdia, consegui-nos de Deus a paz; e, antes de tudo, as graças que podem converter-se em um momento os corações humanos, as graças que reparam, conciliam e asseguram a paz. Rainha da paz, rogai por nós e dai ao mundo em guerra a paz por quem suspiram os povos, a paz na verdade, na justiça, na caridade de Cristo.  Dai a paz das armas e a paz das almas, para que na tranquilidade da ordem se dilate o reino de Deus.

Concedei vossa proteção aos infiéis e a quantos jazem ainda nas sombras da morte; concedei a paz e fazei que brilhe para eles o sol da verdade e que possam repetir conosco diante o único Salvador do mundo: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Dai a paz aos povos separados pelo erro ou pela discórdia, especialmente aqueles que vos professam singular devoção e nos quais não havia casa onde não se achasse honrada vossa venerada imagem (hoje talvez oculta e retirada por melhores tempos), e fazei que retornem ao único redil de Cristo sob o único verdadeiro Pastor.

Obtende a paz e liberdade completa para a Igreja Santa de Deus; contei o dilúvio inundante do neopaganismo, fomentai nos fiéis o amor à pureza, a prática da vida cristã e do zelo apostólico, a fim de que aumente em méritos e em número o povo dos que servem a Deus. 

Assim como foram consagrados a Igreja e todo o gênero humano ao Coração de vosso Filho Jesus como sinal de esperança e prenda de vitória e de salvação, de igual maneira, ó Mãe nossa e Rainha do Mundo, também nos consagramos para sempre a Vós, ao vosso Imaculado Coração, para que vosso amor e patrocínio acelerem o triunfo do Reino de Deus. E então, todas as gentes, pacificadas entre si e com Deus, Vos proclamem bem-aventurada e entoem convosco, de um extremo ao outro da terra, o eterno Magnificat de glória, de amor, de reconhecimento ao Coração de Jesus, no qual apenas se podem achar a Verdade, a Vida e a Paz. Amém.

(Pio XII)

terça-feira, 17 de julho de 2018

INTERPRETAÇÕES DOS SONHOS DE DOM BOSCO (III)


No cenário do segundo sonho de Dom Bosco, são descritas as seguintes visões:

(i) o aparecimento de uma 'luz esplendoríssima' numa noite escura.
(ii) uma multidão, como uma procissão e tendo o Sumo Pontífice à frente, abandona o Vaticano.
(iii) um furioso temporal se abate sobre a multidão, obscurecendo a luz.

No limiar da noite escura (erros doutrinários, reforma da liturgia, ressurgimento do modernismo) que tende a se abater sobre a Igreja, as aparições e as mensagens da Mãe de Deus, particularmente em Fátima, constituem a 'luz esplendoríssima' (como um sol ao meio dia) que brilha sobre o mundo, como oráculo de bênçãos e graças derramadas para um mundo destinado à paz e à conversão. Mas a mensagem não é seguida e nem sequer ouvida; o mal impera e se espalha como o joio nas vinhas do Senhor. A Igreja, ofuscada e entorpecida pelos apelos humanos, abandona o porto seguro de suas origens para se aventurar em saída para os campos do mundo. Abandona e perde o porto seguro da graça. O Pontífice torna-se, então, refém de um exílio imposto e se afasta de Roma (Dom Bosco interpretou esta profecia, mais tarde, como se referindo ao exílio de um papa), à frente de uma grande procissão (é interessante observar a ordem como as pessoas se enfileiram nesta procissão). Nesse caminho de perdas e abandonos das primícias da Fé, a Igreja é afligida, cada vez mais com maior força, por um furioso temporal que obscurece por completo as mensagens de Nossa Senhora, a Profetisa dos Tempos Finais.

(iv) passado um tempo ('duzentos levantar do sol'), a multidão, agora muito mais reduzida, dá-se conta que estava 'fora de Roma'.
(v) a multidão chega a uma praça coberta de mortos e feridos.
(vi) dois anjos conclamam ao Pontífice apelar àquela 'que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra' e retornar à Roma, sendo instado a reunir todos os homens na Palavra de Deus e promover a conversão de toda a humanidade.

A Igreja (o papa e a multidão dos fieis remanescentes, o 'pequeno resto' que não abandonou a sã doutrina de Cristo) percebe, depois de algum tempo, que está 'fora de Roma' (em uma praça, lugar profano, símbolo do abandono do sagrado) e, estando fora de Roma, perdeu seu porto seguro (tal como a nave-mãe afastada das duas colunas no mar revolto, no contexto do primeiro sonho, representa o mesmo entorpecimento da Fé e a perda de referências da Igreja com a sua Cabeça, que é Cristo). Uma apostasia universal fez rarear enormemente a procissão dos penitentes. Esta percepção da perda da Fé e concessões aos interesses mundanos não foi imediata e nem abrangente, mas foi dilapidando continuamente os pilares da Igreja por um longo tempo ('duzentos levantar do sol'), o que resultou em culpa tremenda aos que obraram este exílio da graça e em terríveis consequências para toda a humanidade (a praça coberta de mortos e feridos). Nesta hora tremenda das trevas, em que a humanidade e a própria Igreja padecem como naus à deriva ou multidões sem rumo, a Providência Divina intervém decisivamente pela intercessão direta daquela 'que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra'. Quando tudo parecer perdido, eis chegada a hora do triunfo espetacular da Igreja por intermédio de Nossa Senhora. 

(vii) o Sumo Pontífice e uma grande multidão retornam, então, a uma Roma desolada.
(ix) o Pontífice entoa em Roma o Te Deum do triunfo da graça.
(ix) a escuridão é dispersada e se manifesta em plenitude o triunfo da Virgem Maria e da Igreja.

Inflamada então pela graça sobrenatural, a Igreja retorna à Roma eterna, de onde nunca deveria ter saído (tal como a nave-mãe ruma, enfim, ao encontro das duas torres de sustentação e ali firma as suas âncoras). O retorno à Roma significa a volta da Igreja às primícias e aos dogmas da autêntica fé cristã, à Igreja Cristocêntrica, à Igreja Santa, Católica, Apostólica, firmada na rocha nascida de Pedro. Nestes tempos de redenção, há de reflorescer a graça e se redescobrir os valores simples dos Evangelhos, volvendo a criatura a se moldar ao Criador: a multidão se refaz em multidões (tal como o retorno inclusive dos navios que ficaram à margem da grande batalha no mar, após a vitória da Igreja, no cenário do primeiro sonho de Dom Bosco), reunida em torno do Pontífice e no louvor de glória a Deus, como levitas escolhidos para a reedificação do tabernáculo de Davi (At 17, 16): Te Deum aceito por Deus (confirmação dada pela resposta do coro dos anjos) que faz abrir os Céus, que dissipa todas as trevas do mundo e faz manifestar em plenitude o triunfo da Santíssima Virgem e com Jesus Cristo reinando sobre o trono de Davi (conforme Lc 1, 32). 

Em relação ao tempo de 'quatrocentos levantar do sol', representativo de todo o conjunto de fatos inseridos na profecia de Dom Bosco, há que se atentar que também essa cronologia é simbólica e, assim, 'um levantar do sol' corresponde a um dado período de tempo e não exatamente a um dia. Entretanto, este período de tempo estaria aparentemente mais associado a um intervalo de dias ou de estações (movimento do sol devido à rotação da Terra em torno de seu eixo) do que de meses (ciclo das fases da lua devido à sua translação em torno da Terra) ou de anos (translação da Terra em torno do sol), mas isso é apenas uma mera conjectura [se admitirmos, por exemplo, que 1 'levantar do sol' = 1 mês, 400 'levantar do sol' corresponderiam a um intervalo de 33 anos e 4 meses, período que pode ser considerado ainda pequeno quando inserido na dimensão histórica dos fatos narrados pela profecia; pelo que esse período deve representar um 'certo número de dias' superior a 30 dias].

segunda-feira, 16 de julho de 2018

GLÓRIAS DE MARIA: MÃE E FORMOSURA DO CARMELO


No dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a intercessão de Nossa Senhora  para resolver problemas da Ordem Carmelita quando teve uma visão da Virgem que, trazendo o Escapulário nas mãos, lhe disse as seguintes palavras:

"Filho diletíssimo, recebe o Escapulário da tua Ordem, sinal especial de minha amizade fraterna, privilégio para ti e todos os carmelitas. Aqueles que morrerem com este Escapulário não padecerão o fogo do Inferno. É sinal de salvação, amparo e proteção nos perigos, e aliança de paz para sempre". 



Imposição e Uso do Escapulário

- Qualquer padre pode fazer a bênção e imposição do Escapulário à pessoa.

2 - A bênção e a imposição valem para toda a vida e, portanto, basta receber o Escapulário uma única vez.

- Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.

- Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não sendo necessária outra bênção.

5 - Uma vez recebido, o Escapulário deve ser usado em todas as ocasiões (inclusive ao dormir), preferencialmente no pescoço.

6 - Em casos de necessidade de retirada do Escapulário, como no caso de doenças e/ou internações em hospitais, a promessa de Nossa Senhora se mantém, como se a pessoa o estivesse usando.

7 - Mesmo um leigo pode fazer a imposição do Escapulário a uma pessoa em risco de morte, bastando recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já bento por algum sacerdote.

8 - O Escapulário pode ser substituído por uma medalha que tenha, de um lado, o Sagrado Coração de Jesus e, do outro, uma imagem de Nossa Senhora (por autorização do Papa São Pio X).
Oração a Nossa Senhora do Carmo
     Ó Virgem do Carmo e mãe amorosa de todos os fiéis, mas especialmente dos que vestem vosso sagrado Escapulário, em cujo número tenho a dita de ser incluído, intercedei por mim ante o trono do Altíssimo. 

          Obtende-me que, depois de uma vida verdadeiramente cristã, expire revestido deste santo hábito e, livrando-me do fogo do inferno, conforme prometestes, mereça sair quanto antes, por vossa intercessão poderosa, das chamas do Purgatório.

        Ó Virgem dulcíssima, dissestes que o Escapulário é a defesa nos perigos, sinal do vosso entranhado amor e laço de aliança sempiterna entre Vós e os vossos filhos. Fazei, pois, Mãe amorosíssima, que ele me una perpetuamente a Vós e livre para sempre minha alma do pecado. 

       Em prova do meu reconhecimento e fidelidade, ofereço-me todo a Vós, consagrando-Vos neste dia os meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração e todo o meu ser. E porque Vos pertenço inteiramente, guardai-me e defendei-me como filho e servidor vosso. Amém.

VERSUS: TORRES DE BABEL


Acima: a famosa 'Torre de Babel', de autoria de Pieter Bruegel (1525-1569), um dos principais pintores flamengos do século XVI. 


Abaixo, a sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França, conhecida como 'Torre Inacabada', significando que a unificação européia ainda está em formação e um dos cartões postais da instituição, com o lema: 'Muitas línguas, uma só voz'. 


Alguma dúvida sobre a natureza comum de ambas as torres (fotomontagem abaixo)? Mais simbolismo, impossível. Como a antiga, a moderna Torre de Babel é a expressão revivida e agigantada da rebelião do homem contra Deus.

('A Torre de Babel gobierna Europa', imagens originalmente publicadas em Crux et Gladius)

domingo, 15 de julho de 2018

A MISSÃO DOS APÓSTOLOS

Páginas do Evangelho - Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum


Em Nazaré, Jesus não pôde realizar milagre algum. Ali, foi rejeitado e caluniado pelos seus próprios conterrâneos, movidos pelos escrúpulos humanos dos mistérios da iniquidade. Pois foi dessa mesma Nazaré da incredulidade humana, que Jesus moveu os seus discípulos à missão de um apostolado universal, de forma a levar a Boa Nova a todas as criaturas, a todos os povos e a todas nações: 'Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!' (Mt 28, 18 - 20). Provavelmente para enfatizar a todos eles a dureza da missão que lhes era confiada: as sementes devem ser lançadas, os frutos dependerão da acolhida do coração humano.

Jesus escolheu Doze Apóstolos para esta missão universal. No simbolismo dos números bíblicos, doze é o número da perfeição: 'Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito’(Mt 5, 48). E os enviou 'dois a dois' (Mc 6,7) para que cada um deles tivesse no outro a contrapartida da fortaleza, da vigilância e da perseverança para o pleno cumprimento de uma missão particularmente difícil: 'Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos (Mt 10, 16). E Jesus os exorta, nesta missão, a uma plena disposição de alma, a uma entrega absoluta nas mãos da Providência: 'Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas' (Mc 6, 8 - 9). E lhes deu o dom da cura e o 'poder sobre os espíritos impuros' (Mc 6, 7) 

Não é preciso levar alforge ou vestimenta especial, apenas a entrega complacente à Santa Vontade de Deus. É imperioso o serviço da vocação; os frutos pertencem aos ditames da Providência. O reino de Deus deve ser proclamado para todos, em todos os lugares, mas a Boa Nova será recebida com jubilosa gratidão num lugar ou indiferença profunda em outro; aqui vai gerar frutos de salvação, mais além será pedra de tropeço. Em outros lugares ainda, será rejeitada simplesmente e, nestes, a sentença não será velada: 'Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!' (Mc 6, 11).

Eis a síntese do apostolado cristão para os homens de sempre: anunciar o Evangelho de Cristo ao mundo inteiro. Ser missionário e se fazer apóstolo, aí estão as marcas de identidade de um cristão no mundo. De todos os cristãos: os primeiros doze apóstolos, os outros setenta e dois, os cristãos de todos os tempos, eu e você. Como cordeiros entre lobos, como emissários da paz entre promotores das guerras, os cristãos estão no mundo para torná-lo um mundo cristão. O apostolado começa com o bom exemplo, expande-se com o amor ao próximo, multiplica-se pela caridade. E ainda que fôssemos capazes de domar a natureza e realizar prodígios, a felicidade cristã não está nos eventos temporais aqui na terra, mas na Eterna Glória daqueles que souberam combater o 'bom combate' (2Tm 4,7).