sábado, 7 de julho de 2018

SONHOS DE DOM BOSCO: O TRIUNFO DA VIRGEM MARIA

'Era uma noite escura. Os homens não podiam mais discernir qual fosse o caminho para retornar às suas aldeias, quando apareceu no céu uma luz esplendorosíssima que esclarecia os passos dos viajantes como se fosse meio-dia.

Naquele momento, foi vista uma multidão de homens, de mulheres, de velhos, de crianças, de monges, freiras e sacerdotes, tendo à frente o Pontífice, saindo do Vaticano e enfileirando-se em forma de procissão. Mas eis que veio um furioso temporal escurecendo um tanto aquela luz. Parecia engajar-se uma batalha entre a luz e as trevas.

Chegou-se a uma pequena praça coberta de mortos e de feridos, dos quais vários pediam ajuda em altas vozes. As fileiras da procissão tornaram-se bastante ralas. Depois de ter caminhado por um espaço de duzentos tempos do levantar do sol, cada um percebeu que não estava mais em Roma. O espanto invadiu os ânimos de todos, e cada um se recolheu em torno do Pontífice para guardar a sua pessoa e assisti-lo em suas necessidades. Naquele momento, foram vistos dois anjos que portavam um estandarte e o foram apresentar ao Pontífice dizendo: 'Recebe o auxílio daquela que combate e dispersa os mais fortes exércitos da terra. Os teus inimigos desapareceram, os teus filhos, com lágrimas e com suspiros, invocam o teu retorno'.

Levantando, depois, o olhar para o estandarte, viu escrito nele, de um lado Regina sine labe originale concepta [Rainha concebida sem pecado original] e do outro lado Auxillium Christianorum [Auxílio dos Cristãos]. O Pontífice tomou o estandarte com alegria mas, tornando a olhar ao pequeno número daqueles que haviam permanecido em torno de si, ficou aflitíssimo.

Os dois anjos acrescentaram: 'Vai depressa consolar os teus filhos. Escreve a teus irmãos dispersos nas várias partes do mundo que é preciso uma reforma nos costumes e nos homens. Isto só se poderá obter repartindo aos povos o pão da Divina Palavra. Catequizai as crianças, pregai o desapego das coisas da terra.' 'Chegou o tempo', concluíram os dois anjos, 'que os pobres serão os evangelizadores dos povos. Os levitas serão buscados entre a enxada, a pá e o martelo, a fim de que se cumpram as palavras de Davi: Deus levantou o pobre da terra para colocá-lo sobre o trono dos príncipes do teu povo'.

Ouvindo isto, o Pontífice se pôs em movimento e as filas da procissão começaram a engrossar-se. Quando, afinal, ele colocou o pé na cidade santa, começou a chorar por causa da desolação em que estavam os cidadãos, dos quais muitos não existiam mais. Encontrando-se, enfim, em São Pedro, ele entoou o Te Deum, ao que foi respondido por um coro de anjos, cantando: 'Gloria in excelsis Deo, et pax in terris hominibus bonae voluntatis'.

Terminado o canto, cessou de fato toda escuridão e se manifestou um sol fulgidíssimo. As cidades, as aldeias, os campos tinham a população muito diminuída, a terra estava pisada como por um furacão, por um temporal e pelo granizo, e as pessoas iam umas para as outras dizendo com ânimo comovido: 'Há um Deus em Israel'. Do começo do exílio até o canto do Te Deum, o sol se levantou duzentas vezes. Todo o tempo que transcorreu para se cumprirem estas coisas corresponde a quatrocentos tempos do levantar do sol'.

('Memórias Biográficas de Dom Bosco', Vol. X, do Rev. Angelo Amadei, Publicações Salesianas)