sábado, 11 de janeiro de 2014

AS PALAVRAS DE MARIA



Na Anunciação:

'Como vai acontecer isto, se não conheço nenhum homem?' (Lc 1, 34)

 
'Eis aqui a escrava do senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra' (Lc 1, 38)




Em visita à Isabel: 


'Minha alma proclama a grandeza do Senhor... conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre' (Lc 46-55)





Na perda e reencontro de Jesus no templo: 


'Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição' (Lc 2, 48).





Nas bodas de Caná: 


'Eles não têm mais vinho!' (Jo 2, 3) 


'Façam o que ele vos mandar!' (Jo 2, 5) 



(Palavras de Nossa Senhora nos textos bíblicos)




OS SILÊNCIOS DE MARIA

A vida de Maria possui muitos e eloquentes silêncios, desses que falam mais que mil discursos. O primeiro deles é aquele que se refere à vida antes da anunciação. Quem era Maria? Os Evangelhos nada falam sobre o passado de Maria. Omitem o nome de seus pais e não nos dão qualquer informação. O evangelista Lucas revela que ela era imaculada, cheia da graça de Deus, virgem prometida a José. E só. Antes disso, um grande e misterioso silêncio, que nos deixa curiosos e sem respostas. 

Somente Maria sabia quando seria a plenitude dos tempos (cf. Gl 4, 4), o kairós em que a Palavra se haveria de transformar. O segundo silêncio de Maria sobre o mistério da encarnação gerou a dúvida de José, que depois seria visitado em sonhos pelo anjo (cf. Mt 1, 20s). O terceiro silêncio de Maria poderíamos buscá-lo em sua vida oculta, no lar de Nazaré. Desde a gruta de Belém, ao exílio no Egito e no retorno à Galileia, a mãe de Jesus guardou silencioso recolhimento em seu coração. Ela, até o início da vida pública, não diria nada, a ninguém, a respeito de seu Filho. Ela não procurava, como nós, as glórias do mundo que os homens dão às pessoas importantes. Ela apenas curtiu os grandes e fecundos silêncios de Deus. Um silêncio que nós hoje não sabemos fazer... 

Na vida pública de Jesus encontramos o quarto silêncio de Maria. Mesmo acompanhando o filho em tantas atividades missionárias, enquanto Jesus evangelizava com discursos, denúncias, curas e grande sinais, ela o fazia de outro modo. Com oração, presença e silêncio. Nesse período, ela só falou em Caná, lugar privilegiado do primeiro milagre. Primeiro disse ao Filho que o vinho faltara naquela festa. Depois, aos serventes (e continua dizendo a nós) o façam tudo que ele disser a vocês! (cf. Jo 2, 5). 

Maria esteve presente e silenciosa na cruz. De pé e calada (cf. Jo 19, 25). O quinto e expressivo silêncio de Maria, que coroa sua vida terrena, aconteceu depois da ascensão de Jesus. Depois da subida do Filho aos céus, cai um silêncio profundo sobre a vida de Maria. Onde morou depois ? Quantos anos mais ainda viveu? Na caminhada da Igreja que nasce sente-se a presença de Maria; sente-se um silêncio, uma animação. No silêncio de Maria a Igreja aprende a caminhar na direção do Reino. Do Antigo Testamento, Maria tirou as lições silenciosas de aceitação à soberana vontade de Javé: Por acaso a argila pergunta ao oleiro: ‘O que estás fazendo ?’(cf. Is 45, 9b). 

Sentindo-se barro nas mãos do artista, Maria acolhe, no silêncio da fé e da humildade, suas missões. Em suas pregações, Jesus haveria, posteriormente, de exaltar essa silenciosa humildade: ‘Quem se humilha será exaltado’ (cf. Lc 14, 11)”. Nos livros sapienciais do Antigo Testamento, encontramos o silêncio como figura de algo eficaz: Enquanto um silêncio profundo envolvia todas as coisas, e a noite estava pela metade, a tua Palavra, todo-poderosa veio do alto do céu, do seu trono real, e lançou-se sobre a terra (cf. Sb 18, 14ss). 

Jesus, há quem diga, aprendeu o cerne das bem-aventuranças no silêncio do seio de Maria, sua mãe. Nesse silêncio expressivo Cristo foi gerado. Ali 'o verbo se fez carne', a Palavra tornou-se homem, a salvação começou a tomar corpo, a Igreja surgiu. Silêncio pode significar uma porção de coisas. No caso de Maria, não é passividade, mas introspecção; não é apatia, mas revolucionária e transformante atividade. É seiva humilde alimentando um majestoso cedro. 

O silêncio de Maria não é estéril ou inócuo. Pelo contrário, ele é rico em revelações, prodigioso em encontros. É difícil tirar-se lições do silêncio. Em geral o que comove, convence e efetua mudanças, são as palavras, os discursos, os debates. No caso de Maria, mãe de Jesus, dá-se o inverso. Ela é a mãe silenciosa que ama, crê, sofre, espera... e por isso seu exemplo de silêncio traz consigo uma carga evangelizadora superior a milhares de palavras.

(Excertos da obra 'O silêncio de Maria', de A.M. Galvão) 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A PENA DE MORTE E A LEI DE DEUS

A pena de morte não constitui um ato contrário à Lei de Deus: 

Todo aquele que derramar o sangue humano terá seu próprio sangue derramado pelo homem, porque Deus fez o homem à sua imagem (Gn 9,6).

Deus permite a aplicação da pena de morte e deu autoridade ao governo formal para a sua aplicação:

Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação. Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal (Rom 13, 1-4).

Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana, quer ao rei como a soberano, quer aos governadores como enviados por ele para castigo dos malfeitores e para favorecer as pessoas honestas (I Pe, 2, 13-14).

A Lei do Antigo Testamento impunha a pena de morte a todos os que cometessem assassinato (Ex 21,12); sequestro (Ex 21, 16), deitar-se com animais (Ex 22, 19), adultério (Lev 20, 10), homossexualismo (Lev 20, 13), incesto (Lev 20, 14), falso profetismo (Deut 13, 5) e vários outros crimes. 

Jesus, diante das ofensas do mau ladrão e da súplica do bom ladrão no Calvário, não se pronunciou contra a morte deles na cruz pelos crimes cometidos, fato inclusive reconhecido e acatado como justo e merecido pelo bom ladrão (Lc 23, 41). Mas Jesus concedeu a ele, como fruto de sua misericórdia, o perdão destes pecados e a salvação eterna de sua alma (Lc 23, 43). Esse ato extremado de misericórdia de Jesus não prescindiu do ladrão arrependido a morte na cruz, como expiação pelos crimes cometidos. 

Assim, a Igreja aplica essa mesma misericórdia ao mais vil dos pecadores diante do patíbulo ou do cadafalso, diante do pelotão de fuzilamento ou na cadeira elétrica, seja qual for a forma da aplicação da pena de morte, não no sentido de detê-la ou de contestá-la, mas na súplica a Deus pela conversão, no limite máximo da vida humana, de uma alma criada pela glória de Deus desde a eternidade. Do mesmo modo e segundo o mesmo exemplo do Bom Jesus no Calvário.



quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A FÉ EXPLICADA (XII)

OS CINCO 'NÃO' IMUTÁVEIS DA IGREJA ...

Com base nos ensinamentos e documentos doutrinários da Igreja, no Catecismo da Igreja Católica e em Encíclicas Papais, existem cinco questões que são absoluta e irrevogavelmente imorais para a Santa Igreja Católica, contempladas per si como intrinsecamente más, constituindo atos imorais por princípio e de condenação expressa e imutável. As ações intrinsecamente más são aquelas que conflitam com a lei moral, não podendo ser realizadas nunca, quaisquer que sejam as circunstâncias. Resulta, portanto, pecado grave (mortal) consentir, endossar ou promover qualquer uma dessas ações de forma consciente e deliberada, que são as seguintes:

1. Aborto

A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida (do Catecismo da Igreja Católica).

Antes mesmo de te formares no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei (Jr 1,5). Meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda (Sl 139,15).

O aborto é a morte intencional e direta de um ser humano inocente, e, portanto, é uma forma de homicídio. O nascituro é sempre parte inocente, e nenhuma lei pode permitir o sacrifício de sua vida. Ainda que uma criança seja concebida por meio de estupro ou incesto, a culpa não é da criança e ela não deve sofrer a pena de morte pelos pecados terríveis de outras pessoas.

Questões correlatas (e igualmente não-negociáveis) compreendem as tecnologias de reprodução humana, incluindo os métodos de fertilização in vitro e os processos de contracepção e de esterilização.

2. Eutanásia

A eutanásia também é uma forma de homicídio. Nenhuma pessoa tem o direito de tirar sua própria vida e ninguém tem o direito de tirar a vida de qualquer pessoa inocente. Assim, uma ação ou uma omissão que, em si ou na intenção, consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas, a fim de suprimir a sua dor, constitui um ato gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito pelo Deus vivo, seu Criador. O erro de juízo no qual se pode ter caído de boa-fé não muda a natureza deste ato assassino, que sempre deve ser condenado e excluído.

3. Pesquisas com células embrionárias

Os embriões humanos são seres humanos. Uma vez que deve ser tratado como pessoa desde a concepção, o embrião terá de ser defendido na sua integridade, tratado e curado, na medida do possível, como qualquer outro ser humano. Avanços científicos recentes mostram que os tratamentos médicos que os pesquisadores esperam desenvolver, a partir de experiências com células-tronco embrionárias, podem muitas vezes ser desenvolvido usando células-tronco adultas em seu lugar. Assim, não há argumento médico válido em favor do uso de células-tronco embrionárias. E mesmo que houvesse tais benefícios, estes não podem ser justificados mediante a destruição de seres humanos embrionários inocentes.

4. Clonagem Humana

Quaisquer tentativas para a obtenção de um ser humano, dissociando o ato sexual como ato procriador, são contrárias à lei moral, uma vez que eles estão em oposição à dignidade tanto da procriação humana como da própria união conjugal. A clonagem humana envolve também o aborto porque os clones mal sucedidos ou rejeitados (que são seres humanos) são destruídos.

5. 'Casamento' homossexual


O casamento é um ato de união livre entre um homem e uma mulher e nunca entre pessoas do mesmos sexo. Por serem intrinsecamente desordenados e contrários à lei natural, os atos de homossexualidade são gravemente imorais e não podem ser aprovados em hipótese alguma pelos católicos, o que torna o chamado 'casamento' homossexual um acordo objetivamente imoral.

E OS QUE NÃO SÃO IMUTÁVEIS...

Um católico pode e deve ter posições políticas bem definidas. Um católico pode ter posições políticas diversas sobre muitos assuntos: educação dos filhos, investimentos, vida saudável, defesa do meio ambiente, políticas públicas, segurança, etc. Um católico pode ter abordagens distintas a muitos assuntos polêmicos. Assim, pode ser legitimamente a favor ou contra a pena de morte ou a favor ou contra a imposição de um estado de guerra; isso porque a Igreja não estabelece a estas questões um não definitivo e imutável, como às cinco questões apresentadas acima. Evidentemente, a Igreja exorta as autoridades civis a conviverem na paz e a exercer discrição e misericórdia ao impor punição aos criminosos, mas reconhece que a autoridade legítima tem o direito de atribuir a pena capital e o estado de guerra em circunstâncias específicas.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A ADORAÇÃO DOS TRÊS REIS MAGOS



No Evangelho de Mateus (Mt 2, 1ss), encontra-se a narrativa geral da adoração ao menino-deus pelos três reis magos do Oriente. Melquior, o mais velho, ofereceu ouro como presente a Jesus, símbolo de realeza; Gaspar, o mais moço, ofereceu incenso, símbolo da divindade de Cristo, enquanto Baltasar, o mouro, ofertou mirra, em adoração à humanidade de Jesus. A mirra, como símbolo de sofrimento, torna-se uma pré-anunciação e uma profecia das dores da Paixão do Senhor.



Mas, além da narrativa tão sobejamente conhecida, é importante ressaltar que o ato de adoração dos reis magos diante o Menino-Deus foi um ato de prostração de joelhos. Três reis, de origens incertas e longínquas, símbolos e representantes dos reis de toda a terra e da soberania sobre todas as nações (Sl 71, 11), dotados de poderes humanos e munidos de graças sobrenaturais, prostraram-se diante de Jesus Menino e O adoraram. De joelhos, de joelhos no chão.

Um antigo Pai da Igreja dizia que o diabo não tem joelhos e, em sendo assim, não pode ajoelhar-se, não pode prostrar-se, não pode adorar. A essência do mal é a não adoração, é a não prostração de joelhos. Que a Festa da Epifania do Senhor nos lembre deste grande exemplo dos reis magos: prostrar-nos de joelhos diante o Menino-Deus; dar-nos conta que temos joelhos e somos Filhos da Luz e, assim, inclinados e reclinados diante de Deus, possamos ser testemunhas e ofertas puras de sua santa redenção.

QUANDO O INFERNO É AQUI...

Maranhão, estado mais pobre do Brasil. Cadeias que são jaulas, para manter presos, animais em fúria dantesca. Guerra de gangues, liberdade para o morticínio. Triste, aterrador. Mas, ainda assim, pura realidade: a brutalidade e a banalidade do mal convertidos em cabeças a prêmio.

ATENÇÃO: Vídeo com imagens chocantes de presos decapitados por outros presos em cadeia do Maranhão/Brasil


Da postagem 'Sob o Domínio do Mal':

A violência é o sopro do diabo. Em nossos dias, a violência campeia de tal sorte que não nos sensibilizam mais as tragédias diárias. Viraram 'notícias do cotidiano'. De vez em quando, quando a violência irrompe a um novo patamar, dá-se uma repercussão mais incisiva para, pouco a pouco, declinar subserviente ao rol de tantas outras tragédias anunciadas. A violência das ruas e das praças começam no ventre materno, no aborto monstruoso de gerações inteiras. Continua no seio das famílias, na violência doméstica, espraia-se pelas ruas, dispersa-se pelas mazelas de uma sociedade anestesiada de Deus, até se entorpecer como moeda corrente nas redes de tráfico, nas gangues e no submundo do crime. O sopro diabólico vende a eutanásia como prática conciliadora e a cultura da morte como 'princípio de escolha'; semeia o ódio e estimula as rivalidades étnicas; fomenta as guerras e induz os genocídios.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O DIA EM QUE JESUS NASCEU

Do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 5-23):

Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada.

Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume. Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume.

Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume. Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. Mas o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento ... Zacarias perguntou ao anjo: Donde terei certeza disto? Pois sou velho e minha mulher é de idade avançada. O anjo respondeu-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova.

Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo ... Ao sair, não lhes podia falar, e compreenderam que tivera no santuário uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo. Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa.


O ponto de partida para a definição da data de nascimento de Jesus está nas palavras iniciais do Evangelho de São Lucas, que narra a promessa do Anjo Gabriel a Zacarias, enquanto este fazia as ofertas no Templo de Jerusalém: embora de idade avançada, Zacarias e Isabel teriam um filho, que seria um grande profeta e iria preparar os caminhos da Vinda do Senhor. Incrédulo diante de revelação tão espantosa, ficou mudo e, desta forma, voltou para casa.

O texto bíblico, ao precisar a figura de Zacarias, o declara 'sacerdote da classe de Abias' e, esta referência, aparentemente supérflua, é a chave para o desenvolvimento das datas até o nascimento de Jesus. Já se sabia há tempos que eram 24 as castas sacerdotais que atuavam no Templo naquele tempo (a classe de Abias era a oitava destas classes), pelo período de uma semana, duas vezes ao ano, em rodízio e por uma ordem fixa e imutável. Recentemente, um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Shemarjahu Talmon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, estabeleceu a sequência exata deste ministério, principalmente com bases em documentos dos essenos descobertos em Qumran.

A classe sacerdotal de Abias prestava serviço litúrgico no Templo na última semana de Setembro, ratificando a tradição oriental que estabelecia uma data entre 23 e 25 de setembro como a do anúncio à Zacarias pelo Anjo Gabriel. Esta data constitui, portanto, o ponto de partida, para uma sequência de eventos extraordinários ao longo dos seguintes 15 meses: concepção de João Batista em seguida; o anúncio pelo mesmo Anjo Gabriel à Maria seis meses depois (25 de Março é a data definida pelo calendário cristão para a Festa da Anunciação); três meses, depois o nascimento de João Batista (em junho) e, seis meses depois (como exposto no próprio Evangelho de São Lucas), em 25 de dezembro, o nascimento de Jesus.

Assim, por vias singulares (referência bíblica aparentemente inócua, documentos descobertos em ânforas escondidas pelos essênios às margens do Mar Morto e estudos de um pesquisador não cristão), a tradição cristã (e também a cultura não cristã) viu ruir o que parecia ser uma mera data de referência para o nascimento de Cristo no lugar do renascer do deus sol, para contrastar com as festas pagãs e substitui-las nos dias do solstício de inverno. E agora sabe um pouco mais além das meras conjecturas humanas: Jesus Cristo nasceu realmente no dia 25 de dezembro!