quinta-feira, 1 de novembro de 2012

01 DE NOVEMBRO - DIA DE TODOS OS SANTOS


"Vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão."

LADAINHA DE TODOS OS SANTOS

Senhor, tende piedade de nós.
Kyrie, eleison.
Jesus Cristo, tende piedade de nós. 

Christe, eleison.
Senhor, tende piedade de nós. 

Kyrie, eleison.
Jesus Cristo, ouvi-nos. 

Christe, audi nos.
Jesus Cristo, atendei-nos. 

Christe, exaudi nos.
Deus pai do céu, tende piedade de nós.

Pater de caelis Deus, miserere nobis.
Deus filho, redentor do mundo, tende piedade de nós. 

Fili Redemptor mundi Deus, miserere nobis.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós. 

Spiritus Sancte Deus, miserere nobis.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós. 

Sancta Trinitas, unus Deus, miserere nobis.
Santa Maria, rogai por nós. 

Sancta Maria, ora pro nobis.
Santa Mãe de Deus, rogai por nós. 

Sancta Dei Genetrix, ora pro nobis.
Santa Virgem das virgens, rogai por nós. 

Sancta Virgo virginum, ora pro nobis.
São Miguel, rogai por nós. 

Sancte Michael, ora pro nobis.
São Gabriel, rogai por nós. 

Sancte Gabriel, ora pro nobis.
São Rafael, rogai por nós. 

Sancte Raphael, ora pro nobis.
Todos os santos Anjos e Arcanjos, rogai por nós. 

Omnes sancti Angeli et Archangeli, orate pro nobis.
Todos as santas ordens de Espíritos bem-aventurados, rogai por nós. 

Omnes sancti beatorum Spirituum ordines, orate pro nobis.
São João Batista, rogai por nós. 

Sancte Ioannes Baptista, ora pro nobis.
São José, rogai por nós. 

Sancte Ioseph, ora pro nobis.
Todos os santos patriarcas e profetas, rogai por nós. 

Omnes sancti Patriarchae et Prophetae, orate pro nobis.



São Pedro, rogai por nós. 
Sancte Petre, ora pro nobis.
São Paulo, rogai por nós. 

Sancte Paule, ora pro nobis.
Santo André, rogai por nós. 

Sancte Andrea, ora pro nobis.
São Thiago, rogai por nós. 

Sancte Iacobe (maior), ora pro nobis.



São João, rogai por nós. 
Sancte Ioannes, ora pro nobis.
São Tomé, rogai por nós. 
Sancte Thoma, ora pro nobis.
São Thiago, rogai por nós. 

Sancte Iacobe (minor), ora pro nobis.
São Felipe, rogai por nós. 

Sancte Philippe, ora pro nobis.


São Bartolomeu, rogai por nós. 
Sancte Bartolomaee, ora pro nobis.
São Mateus, rogai por nós. 

Sancte Matthaee, ora pro nobis.
São Simão, rogai por nós. 

Sancte Simon, ora pro nobis.
São Tadeu, rogai por nós. 

Sancte Thaddaee, ora pro nobis.


São Matias, rogai por nós. 
Sancte Matthia, ora pro nobis.
São Barnabé, rogai por nós. 

Sancte Barnaba, ora pro nobis.
São Lucas, rogai por nós. 

Sancte Luca, ora pro nobis.
São Marcos, rogai por nós. 

Sancte Marce, ora pro nobis.

Todos os santos apóstolos e evangelistas, rogai por nós. 
Omnes sancti Apostoli et Evangelistae, orate pro nobis.
Todos os santos discípulos do Senhor, rogai por nós. 

Omnes sancti discipuli Domini, orate pro nobis.
Todos os santos inocentes, rogai por nós. 

Omnes sancti Innocentes, orate pro nobis.


Santo Estêvão, rogai por nós. 
Sancte Stephane, ora pro nobis.
São Lourenço, rogai por nós. 

Sancte Laurenti, ora pro nobis.

São Vicente, rogai por nós. 
Sancte Vincenti, ora pro nobis.
Santos Fabiano e Sebastião, rogai por nós. 

Sancti Fabiane et Sebastiane, orate pro nobis.
Santos João e Paulo, rogai por nós.

Sancti Iohannes et Paule, orate pro nobis.
Santos Cosme e Damião, rogai por nós. 

Sancti Cosma et Damiane, orate pro nobis.
Santos Gervásio e Protásio, rogai por nós. 

Sancti Gervasi et Protasi, orate pro nobis.
Todos os santos Mártires, rogai por nós. 

Omnes Sancti Martyrum, ora pro nobis.


São Silvestre, rogai por nós. 
Sancte Sylvester, ora pro nobis.
São Gregório, rogai por nós. 

Sancte Gregori, ora pro nobis.
Santo Ambrósio, rogai por nós.

Sancte Ambrosi, ora pro nobis.
Santo Agostinho, rogai por nós. 

Sancte Augustine, ora pro nobis.

São Jerônimo, rogai por nós. 

Sancte Hieronyme, ora pro nobis.
São Martim, rogai por nós. 

Sancte Martine, ora pro nobis.
São Nicolau, rogai por nós. 

Sancte Nicolae, ora pro nobis.
Todos os santos pontífices e confessores, rogai por nós. 

Omnes sancti Pontifices et Confessores, orate pro nobis.
Todos os santos doutores, rogai por nós. 

Omnes sancti Doctores, orate pro nobis.
Santo Antônio, rogai por nós. 

Sancte Antoni, ora pro nobis.
São Bento, rogai por nós. 

Sancte Benedicte, ora pro nobis.
São Bernardo, rogai por nós. 

Sancte Bernarde, ora pro nobis.
São Domingos, rogai por nós. 

Sancte Dominice, ora pro nobis.
São Francisco, rogai por nós.

Sancte Francisce, ora pro nobis.
Todos os santos sacerdotes e levitas, rogai por nós. 

Omnes sancti Sacerdotes et Levitae, orate pro nobis.
Todos os santos Monges e eremitas, rogai por nós. 

Omnes sancti Monachi et Eremitae, orate pro nobis.
Santa Maria Madalena, rogai por nós. 

Sancta Maria Magdalena, ora pro nobis.


Santa Águeda, rogai por nós. 
Sancta Agatha, ora pro nobis.
Santa Lúcia, rogai por nós. 

Sancta Lucia, ora pro nobis.
Santa Inês, rogai por nós. 

Sancta Anges, ora pro nobis.
Santa Cecília, rogai por nós. 

Sancta Caecilia, ora pro nobis.
Santa Anastásia, rogai por nós. 

Sancta Anastasia, ora pro nobis.

Todas as santas virgens e viúvas, rogai por nós. 

Omnes sanctae Virgines et Viduae, orate pro nobis.
Todos os santos e santas de Deus, intercedei por nós. 

Omnes Sancti et Sanctae Dei, intercedite pro nobis.
Sêde propício, perdoai-nos Senhor. 

Propitius esto, parce nos, Domine.
Sêde propício, ouvi-nos Senhor. 

Propitius esto, exaudi nos, Domine.
De todo o mal, livrai-nos Senhor. 

Ab omni malo, libera nos, Domine.
De todo o pecado, livrai-nos Senhor. 

Ab omni peccato, libera nos, Domine.
De vossa ira, livrai-nos Senhor. 

Ab ira tua, libera nos, Domine.
Da morte repentina e imprevista, livrai-nos Senhor. 

A subitanea et improvisa morte, libera nos, Domine.
Das ciladas do demônio, livrai-nos Senhor. 

Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine.
De toda a ira, ódio e má vontade, livrai-nos Senhor. 

Ab ira et odio et omni mala voluntate, libera nos, Domine.
Do espírito da fornicação, livrai-nos Senhor. 

A spiritu fornicationis, libera nos, Domine.
Do raio e da tempestade, livrai-nos Senhor. 

A fulgure et tempestate, libera nos, Domine.
Do flagelo do terremoto, livrai-nos Senhor. 

A flagello terraemotus, libera nos, Domine.
Da peste da fome e da guerra, livrai-nos Senhor. 

A peste, fame et bello, libera nos, Domine.
Da morte eterna, livrai-nos Senhor. 

A morte perpetua, libera nos, Domine.
Pelo mistério de vossa santa encarnação, livrai-nos Senhor. 

Per mysterium sanctae Incarnationis tuae, libera nos, Domine.
Pela vossa vinda, livrai-nos Senhor. 

Per adventum tuum, libera nos, Domine.
Pelo vosso nascimento, livrai-nos Senhor. 

Per nativitatem tuam, libera nos, Domine.
Por vosso batismo e santo jejum, livrai-nos Senhor. 

Per baptismum et sanctum ieiunium tuum, libera nos, Domine.
Por vossa cruz e paixão, livrai-nos Senhor.

Per crucem et passionem tuam, libera nos, Domine.
Por vossa morte e sepultura, livrai-nos Senhor. 

Per mortem et sepulturam tuam, libera nos, Domine.
Por vossa santa ressurreição, livrai-nos Senhor. 

Per sanctam resurrectionem tuam, libera nos, Domine.
Por vossa admirável ascensão, livrai-nos Senhor. 

Per admirabilem ascensionem tuam, libera nos, Domine.
Pela vinda do Espírito Santo Consolador, livrai-nos Senhor. 

Per adventum Spiritus Sancti Paracliti, libera nos, Domine.
No dia do juízo, livrai-nos Senhor. 

In die iudicii, libera nos, Domine.
Pecadores que somos, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Peccatores, te rogamus, audi nos.
Que nos perdoeis, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut nobis parcas, te rogamus, audi nos.
Que useis de indulgência conosco, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut nobis indulgeas, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis conduzi-nos a verdadeira penitência, nós vos rogamos: ouvi-nos.

Ut ad veram paenitentiam nos perducere digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis reagir e conservar a vossa santa igreja, nós vos rogamos: ouvi-nos.

Ut Ecclesiam tuam sanctam regere et conservare digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis conservar a vossa santa religião o Sumo Pontífice e a todos as ordens da hierarquia eclesiástica, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut domum Apostolicum et omnes ecclesiasticos ordines in sancta religione conservare digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis humilhar os inimigos da igreja, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut inimicos sanctae Ecclesiae humiliare digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis conceder a verdadeira paz e concórdia entre os reis e príncipes cristãos, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut regibus et principibus christianis pacem et veram concordiam donare digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis conceder a paz e a união a todo o povo cristão, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut cuncto populo christiano pacem et unitatem largiri digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis chamar à unidade da Igreja, a todos os que estão alheios a ela, para iluminar todos os infiéis com a luz do Evangelho, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut omnes errantes ad unitatem Ecclesiae revocare, et infideles universos ad Evangelii lumen perducere digneris, te rogamus, audi nos.
Que vos digneis confortar-nos e conservar-nos em vosso santo serviço, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut nos metipsos in tuo sancto servitio confortare et conservare digneris, te rogamus, audi nos.
Que levanteis nossos corações a desejar as coisas celestiais, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut mentes nostras ad caelestia desideria erigas, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis retribuir, com os bens eternos a todos os nossos benfeitores, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut omnibus benefactoribus nostris sempiterna bona retribuas, te rogamus, audi nos.
Que livreis da morte eterna nossas almas e as de nossos irmãos, parentes e benfeitores, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut animas nostras, fratrum, propinquorum et benefactorum nostrorum ab aeterna damnatione eripias, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis dar e conservar os frutos da terra, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut fructus terrae dare et conservare digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis conceder o eterno descanso a todos os fiéis defuntos, nós vos rogamos: ouvi-nos.

Ut omnibus fidelibus defunctis requiem aeternam donare digneris, te rogamus, audi nos.
Que nos digneis atender-nos, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Ut nos exaudire digneris, te rogamus, audi nos.
Filho de Deus, nós vos rogamos: ouvi-nos. 

Fili Dei, te rogamus, audi nos.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor. 

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis, Domine.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor. 

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos, Domine.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós. 

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Jesus Cristo, ouvi-nos. 

Christe, audi nos.
Jesus Cristo, atendei-nos. 

Christe, exaudi nos.
Senhor, tende piedade de nós. 

Kyrie, eleison.
Jesus Cristo, tende piedade de nós. 

Christe, eleison.
Senhor, tende piedade de nós. 

Kyrie, eleison.
Pai nosso (silêncio) 

Pater noster (silentio)
E não nos deixeis cair em tentação. Mas livrai-nos do mal. Amém.

Et ne nos inducas in tentationem. Sed libera nos a malo. Amen.

DA VIDA ESPIRITUAL (32)

Pense rápido: onde estará a sua alma daqui a um trilhão de anos? Ou daqui a trilhões de trilhões de milênios? Certamente em uma das muitas moradas da casa do Pai, num dia qualquer da eternidade, pois este é o destino da fidelidade e perseverança de todos aqueles que O amam profundamente. Deus é Infinito Amor, porque desconhece limites para a magnanimidade do seu Amor. Assim, por que lhe afeta tanto este minuto doloroso de uma ofensa mal absorvida, este momento de desconforto e contrariedade porque nem tudo ocorreu como era esperado? Ofereça estes preciosos minutos de sua vida numa oração profunda: “que se faça a Tua vontade, Senhor, e não a minha vontade!”. Deus quer trocar com você tempos bem diversos: minutos de agora pelos amanhãs sem fim da eternidade!

domingo, 28 de outubro de 2012

MEDALHA DE SÃO BENTO



ORAÇÃO DE SÃO BENTO


'Crux Sacra Sit Mihi Lux
Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana
Numquam Suade Mihi Vana
Sunt Mala Quae Libas
Ipse Venena Bibas'

sábado, 27 de outubro de 2012

A BÍBLIA EXPLICADA (I)

Qual era a língua falada por Jesus?


Durante o século I, na terra onde viveu Jesus, eram usadas comumente quatro línguas: aramaico, hebraico, grego e latim. 

O latim era a língua oficial e a de uso mais restrito, empregada quase que exclusivamente por funcionários romanos e por pessoas da sociedade mais culta. Neste sentido, é pouco provável que Jesus tenha usado o latim em suas pregações e na sua linguagem cotidiana. 

O grego era uma língua bem mais comum, de conhecimento de muitos cidadãos da Galileia, particularmente os de origem helênica. Também era falado na Judeia e por muitos habitantes de Jerusalém e, assim, é bem possível que Jesus tenha utilizado o grego em situações especiais (no diálogo com Pilatos, por exemplo), mas não em pregações habituais. 

O hebraico possivelmente teria sido a linguagem adotada nas pregações feitas nas sinagogas ou em presença dos fariseus, amparadas nos textos das Sagradas Escrituras. 

O aramaico era a língua corrente entre os judeus da Galileia e certamente foi a linguagem adotada por Jesus como de uso diário e sistemático. Assim, por exemplo, effatá, geena, abba e 'Eli, Eli, lamá sabactâni?' são palavras e expressões em aramaico que os Evangelhos, escritos em grego, transcrevem diretamente da própria boca de Jesus. 

Quais eram os principais grupos do povo judeu à época de Jesus?


Os principais grupos que formavam a população judia na Palestina do Século I eram os fariseus, saduceus, essênios e zelotes. 

Os fariseus (do hebraico perushim - 'segregados') concentravam toda a atenção às questões relativas à observância das leis de pureza ritual, que extrapolavam as atividades formais no templo e se incorporavam às ações cotidianas mais prosaicas. Com base na lei escrita (Torá ou Pentateuco), os fariseus compilaram uma série de tradições e de modos de cumprir as prescrições da Lei que, ao longo do tempo, tomaram tal relevância que passaram a assumir o mesmo patamar da lei escrita. Segundo as suas convicções, essa Torá oral teria sido entregue a Moisés, juntamente com a Torá escrita, e tinham origem, portanto, no próprio Deus. 

Para uma certa parte dos fariseus, a dimensão política representava um papel decisivo na escala de sua religião, e o empenho pela independência nacional era partilhado pela crença de que nenhum poder temporal poderia contrapor-se à soberania do Senhor sobre o seu povo. Estes judeus eram conhecidos pelo nome de zelotes, provavelmente dados por eles mesmos, em alusão ao seu zelo por Deus e pelo cumprimento da Lei. Pregavam que a salvação, embora concedida por Deus, implicava a colaboração humana exposta no zelo estrito pelo cumprimento da Lei e até mesmo pelo uso da violência e do poder militar para vencer os inimigos de Deus. 

Os saduceus eram representados pelas pessoas cultas, membros de famílias sacerdotais e das famílias mais ricas e aristocráticas do povo judeu (incluindo os chamados 'sumos sacerdotes', que eram os representantes do povo judeu perante o poder imperial). Pregavam uma interpretação muito sóbria da Torá, sem as nuances casuísticas e as referências orais propostas pelos fariseus. Ao contrário destes, não acreditavam na vida depois da morte e nem compartilhavam as suas esperanças escatológicas. Embora tivessem grande poder de influência política e religiosa, não gozavam da mesma popularidade e respeito que desfrutavam os fariseus. 

Os essênios repudiavam os cultos prestados no templo de Jerusalém e o contato com os outros grupos judeus, visando evitar a perda dos valores espirituais extremamente rígidos que pregavam e uma possível contaminação dos seus princípios. Assim, mais que uma vida de pobreza, buscaram um profundo e completo sistema de isolamento físico e econômico no âmbito da comunidade judaica, vivendo em ambientes hostis e de difícil acesso, num modelo extremo de segregação racial (as cavernas de Qumran são um exemplo disso).


(Da obra 'Jesus Cristo e a Igreja' - Universidade de Navarra)

HISTÓRIAS QUE OUVI CONTAR... (III)

Nina conferiu mais uma vez, pela décima vez, a bagagem: as duas mochilas, a bolsa com os sapatos (estava levando a sandália que comprara no shopping no dia anterior), a bolsa de mão. Estava tudo ali, nos moldes da moça sempre tão cuidadosa, meticulosa, detalhista. Não tinha sido assim uma vida inteira? Sempre zelosa de suas coisas, sempre cheia de planos. Que festa não tinha sido para a sua família ter passado em Direito... Quanta coisa já estava engatilhada para se fazer nos próximos anos, quantas viagens... e o Beto bem podia fazer parte desse futuro tão risonho... Nina sorriu e se deixou levar pelos pensamentos soltos: ele era o cara, ela já sabia, ele ainda não, mas a coisa já estava indo como devia ser. Detalhista como era, já antecipava os fatos e previa os tempos. 

De repente, sentiu um ligeiro incômodo, um roçar de pensamento menos fluido: naquela manhã, a mãe perguntara outra vez pela missa de domingo. 'Tá bom. Quer dizer que eu estou indo com minha turma passar o feriado prolongado no sítio e tenho lá tempo de me preocupar com a missa de domingo?' Sempre gostara da mãe ser tão religiosa, tão devota, estas coisas. Mas, agora, aquilo parecia ter ficado um pouco fora de moda, meio sem sentido. E as mentiras tinham começado exatamente assim: as missas que não frequentava mais eram apenas o pano de fundo para muitas outras coisas que a afastaram de uma religiosidade plena. Ela era, digamos, uma 'católica não praticante', mas Deus continuava sendo Deus, sem dúvida. 'Mas o que tem a ver Deus com o meu feriado, meu Deus?' Nina afastou rapidamente o pensamento solto e retomou o exame minucioso da sua bolsa de mão: estava tudo ali mesmo?

Mal acabara de retomar o que já estava feito, quando a mãe a chamou: 'Nina, eles chegaram!'. 'Eles', para ela, era Beto. Correu para o espelho, deu a última ajeitada na blusa ('Precisava o feriado ter começado com aquele tempinho frio e fechado? Ainda bem que a previsão era de sol direto no fim de semana') e sorriu. Ela era bonita e isso era muito bom. 'Beto'. Agarrou as mochilas e as bolsas, deu um "tchau, mãe" e "dá um beijão no papai por mim" e saiu correndo de casa. Sentiu de imediato a garoa fininha nas faces.

E lá estava a turma dela, os colegas da escola: Juliano, Mirella, Téo e Beto. Beto levantou-se rapidamente do banco do carona e a ajudou a colocar a bagagem no porta-malas. 'Não cabe as minhas coisas, gente, o porta-malas tá lotado!' Beto retirou uma mochila preta de lá e arrumou as coisas de Nina. 'Pronto, resolvido, a minha mochila eu levo comigo no banco'. 'Vamos logo!' 'Calma, que ainda não entrei!'. E, entre risos e brincadeiras, Nina se acomodou no banco de trás, ao lado de Mirella, que também trazia uma bolsa ou algo assim, junto aos pés. O carro parecia uma lata de sardinha. Um sufoco. 'Vamos logo!'

Juliano, ao volante, começou a fazer a manobra de ré, quando a mãe de Nina chegou carregando a sacola de plástico. Carro parado, Nina não teve nem como perguntar qualquer coisa e a mãe entregou de bandeja à galera o mico do ano. 'Ovos'. Ovos? Ovos. Ninguém riu, ninguém falou nada, mas que mico! Nina pegou a sacola meio sem graça e, doida para sair da situação constrangedora, falou um 'tchau, mãe!' que soou meio ríspido. 'Vamos logo!' Juliano completou a manobra e despediram-se da mãe de Nina. 'Vão com Deus!'.

Téo foi o primeiro a não perder a piada pronta, o carro já tomando a rua em frente. 'Deus não, que aqui não cabe mais ninguém!' As gargalhadas foram gerais. 'Só se for no porta-malas!', Juliano emendou de primeira. Nina sentiu o mesmo incômodo de há pouco. Num relance, lhe veio à mente as palavras cristalinas sempre ouvidas da mãe: 'Com Deus não se brinca! Com Deus não se brinca!'. Mais uma vez, afastou rapidamente o pensamento bobo. 'Gente, eu queria colocar essa sacola lá atrás'. Nina não falou em ovos. Juliano encostou o carro e Beto colocou a sacola no porta-malas. 'Desculpa, gente, minha mãe é dose!'. Mirella não deixou por menos para deixar tudo na boa: 'Calma, Nina, seus ovos estão bem protegidos ali no porta-malas! Eles e Deus estão juntinhos assim', brincou com uma risada farta e juntando os dedos para enfatizar a piada. Risos gerais. O feriado prolongado ia ser uma festa.

Não foi. A pista molhada, o carro desgovernado, o impacto brutal contra uma árvore ao longo de um declive acentuado. O carro destruído, cinco corpos mutilados, cinco vidas perdidas em plena juventude. O sargento Antunes sabia bem o que era aquilo, o que devia fazer, as providências a tomar, o comunicado às famílias, a dor sem tamanho, a tragédia espantosa. Um pouco à frente, ele via o cabo Maciel examinando as bagagens retorcidas do porta-malas, única parte do carro ainda passível de identificação óbvia. E viu quando ele tirou uma sacola de plástico do porta-malas e a examinou com interesse. Virando-se em sua direção, falou qualquer coisa que de pronto não entendeu. O soldado, aproximando-se, mostrou ao sargento uma sacola de ovos, seis ovos, inacreditavelmente intactos, naquele monte de ferros retorcidos. 'Como isso foi possível? Deus, por acaso, gosta de brincar com ovos?'

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DA VIDA ESPIRITUAL (31)

Olhe esta face flagelada, martirizada, cuspida, lacerada, sanguinolenta, irreconhecível... Esta face que te parece não humana iluminou toda a humanidade. Olhe as costas e o dorso deste homem vergado sob o peso do madeiro: coberta de chagas, sulcada em carne viva, rasgada em pedaços... Estes ombros suportaram o peso da cruz de todos os pecados. Olhe as mãos e os pés do crucificado: transpassados, imobilizados, pregados na cruz como um ladrão qualquer... Estas mãos nos legaram rios de bênçãos e graças e os pés tornaram em caminhos para o céu todas as estradas.  Olhe a chaga aberta no coração do condenado: dela brotaram sangue e água, frutos da divina misericórdia, para a salvação de todos os homens.  Olhe a face, as costas, as mãos, os pés e a chaga aberta no peito deste Homem, condenado, flagelado e crucificado pelos homens. Pela Sua paixão e morte, Cristo nos mostrou onde o nosso olhar encontra o Olhar de Deus: tome, pois, a tua cruz e siga em frente, sem olhar para a tua imensa fragilidade e a imensa fragilidade dos teus irmãos...  

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O NÚMERO DOS QUE SE SALVAM (III)

Deus abomina o pecado e a única coisa que Deus realmente não pode fazer é amar uma alma em pecado. Homem algum é capaz de sequer imaginar o quão tenebroso é a Deus o nosso menor pecado venial. Um pecado mortal é o suicídio da alma, a tormenta das tormentas. O que seria, então, uma vida em pecado? Mas, ainda assim, se os homens abandonam a Deus por quaisquer prazeres mesquinhos, Deus não abandona uma alma nunca e a persegue em Sua misericórdia por todos os atalhos do mal, pelas sendas da impiedade, até os confins do próprio abismo; envolvendo-a numa torrente de graças, concede-lhe não uma ou duas ou três, mas centenas de oportunidades para trazê-la de volta, no caminho da salvação eterna. 

E quantas outras devoções não são capazes de nos fazer passar correndo pela porta estreita? A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que inclui a promessa definitiva: 'A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna'. Ainda não é suficiente? Deus nos deu Maria e, por Maria, a Devoção dos Cinco Primeiros Sábados: ‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’ E temos a Santa Missa, e temos o Rosário, e temos o sacramento da confissão e temos as indulgências...

Mas os homens não têm tempo para buscar as graças de Deus, tão envolvidos estão nos seus planos pessoais. E, na grande maioria das vezes, a obstinação e o amor ao pecado prevalecem e nunca se tem a volta. E no momento decisivo de prestar contas ao Pai, o que poderão dizer às perguntas: 'o que você fez das minhas missas, do meu Rosário, das minhas devoções, dos meus sacramentos, das minhas graças, da minha misericórdia? ' No Juízo Particular, estas perguntas não são feitas a Deus, mas é a própria alma que se interroga como juiz de si mesma. E responde. E decide. E toma a porta do caminho que se escolheu. Da grande maioria ou da grande minoria, para todo o sempre, seja gloriosamente entre as 'estrelas do céu', seja de forma tenebrosa entre as 'areias do mar'.