quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ORAÇÃO: 'CRUX FIDELIS'

Crux Fidelis é um hino litúrgico de celebração da Paixão de Cristo, inserido no contexto de uma obra bem maior, cuja autoria é geralmente creditada a São Venâncio Fortunato, bispo de Poitiers. O hino é cantado na Adoração da Cruz na Sexta-feira Santa e no Ofício Divino durante a Semana Santa e nas festas da Santa Cruz. A autoria da obra tem sido equivocadamente atribuída a Dom João IV, Rei de Portugal, por este ter criado um famoso arranjo policromático para a peça, mas não a sua composição original.


Crux fidelis, inter omnes arbor una nobilis: nulla silva talem profert, fronde, flore, germine. Dulce lignum, dulces clavos, dulce pondus sustinet.

Pange lingua gloriosi lauream certaminis, et super crucis trophæo dic triumphum nobilem: qualiter Redemptor orbis immolatus vicerit.

Crux fidelis, inter omnes arbor una nobilis: nulla silva talem profert, fronde, flore, germine.

De parentis protoplasti Fraude Factor condolens, quando pomi noxialis in necem morsu ruit: Ipse lignum tune notavit, Damna lignus ut solveret.

Dulce lignum, dulces clavos, dulce pondus sustinet.

Aequa Patri Filioque,inclito Paraclito,sempiterna sit beatae Trinitati gloria, cuius alma nos redemit atque servat gratia.

Crux fidelis, inter omnes arbor una nobilis: nulla silva talem profert, fronde, flore, germine.

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Ó Cruz fiel, entre todas a árvore mais nobre: nenhum bosque produz igual, em ramagens, frutos e flores. 
Ó doce lenho, que os doces cravos e o doce peso sustentas.

Canta, ó língua, o glorioso combate [de Cristo] e, diante do troféu da Cruz, proclama o nobre triunfo: a vitória conseguida pelo Redentor, vítima imolada para o mundo.

Ó Cruz fiel, entre todas a árvore mais nobre: nenhum bosque produz igual, em ramagens, frutos e flores.

O Criador apiedado da maldição que ocorreu, quando do lenho vedado Adão o fruto mordeu, para curar o pecado, o mesmo lenho escolheu!

Ó doce lenho, que os doces cravos e o doce peso sustentas.

Glória e poder à Trindade, ao Pai e ao Filho louvor, honra ao Espírito Santo, eterna glória ao Senhor, que nos salvou pela graça e nos reuniu no amor

Ó Cruz fiel, entre todas a árvore mais nobre: 
nenhum bosque produz igual, em ramagens, frutos e flores.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

TESOURO DE EXEMPLOS II (35/38)


35. CATÓLICOS DE BATISMO

Há três classes de católicos, a saber: católicos de batismo, isto é, homens de que se sabe que são católicos porque podem apresentar uma certidão na qual consta que, um dia, foram levados à Igreja e batizados; fora disso, nem por suas crenças e nem por suas práticas, poderá alguém reconhecer que são católicos.

Há católicos domingueiros. Ao chegar o dia do Senhor, tomam o seu devocionário ou mesmo o seu missal, ou não levam nada, e vão à Igreja para ouvir missa tarde e rápida (sem sermão e nem instrução) e feito isso estão quites com Deus toda a semana.

Há católicos de todos os dias. Sabem que ninguém pode ser verdadeiramente católico, quando não o é todas as horas, e se não impregnam de espírito católico todas as suas obras, e se não se comportam como tais em toda ocasião, ordenando sua vida segundo a santa vontade de Deus.

Por que não havemos de ser católicos de verdade? Por que os católicos de batismo são legião, os domingueiros são muitos, e poucos, pouquíssimos, são os católicos de todos os dias?

36. COMO AS MODAS PEGAM

Certo dia, um mau caçador perseguía no juncal de uma lagoa numeroso bando de patos silvestres. Ao vê-lo, fugiram todos. Um, porém, ficou embaraçado e, sobre ele, disparou o caçador a sua carga de chumbos. O tiro pegou-o no rabo. As penas voaram pelos ares, sobrando só duas, tesas e ridículas, na cauda do pato. Teve vergonha de voltar deformado para o meio de seus companheiros, porquanto zombariam dele e de sua desgraça.

Fugiu, pois, para longe e, em sua vida errante, encontrou-se, um dia, junto de uma lagoa com outro bando de patos silvestres. Quando o viram chegar com aquelas duas únicas penas no rabo, os novos companheiros soltaram uma gargalhada e gritaram:
➖ Olhem este espantalho, de onde terá ele escapado?
Um dos patos mais velhos, porém, disse sisudamente:
➖ Pois olhem, parece-me um tipo interessante; talvez venha de Paris e quiçá seja por lá a última moda entre os patos.
Foram perguntar ao recém-chegado e o astuto (que ouvira a conversa) saiu galhardamente do apuro dizendo que, realmente, aquela era a última moda de Paris.
➖ E assenta-se admiravelmente - comentaram as patinhas mais novas. 

E dentro de poucos dias, essas patinhas (primeiro uma, depois as outras) foram arrancando as penas do rabo, deixando somente duas à moda do hóspede.

As patas-mães, a princípio, não gostaram muito da novidade; mas, pouco tempo depois, elas também arrancaram as penas do rabo e, pelos arredores da lagoa, só se viam patas sem as penas dos rabos. O pato ridículo triunfara sobre todo o grupo de patos.

Entre os homens, e mormente entre as mulheres, há muitas modas que se originaram à semelhança desta. Vieram através das modistas importadas de Paris ou do cinema semipagão. E como nos parecem ridículas! Quantos sacrifícios para servir à moda e quão poucos para agradar a Deus!

37.  A IGREJA INVENCÍVEL

Temeis pelo futuro da Santa Igreja, quando consideráis o ódio e o furor com que a combatem os seus inimigos? Ah! nao vos amedronteis! A história de ontem é a melhor garantia da história de hoje. Muito mais poderosos foram os inimigos da Igreja primitiva - plantinha tenra ainda - do que os perseguidores de hoje, quando ela - árvore frondosa e gigante - resiste impávida aos furacões. 

Vede o que sucedeu: quando Diocleciano foi desterrado e morreu como pobre velho desesperado... quando Galeno foi devorado pelos vermes e reconheceu num edito público a injustiça dos seus ataques... quando Maxêncio se afogou no Tibre... quando Maximino expirou no meio de dores atrozes como as que fizera sofrer aos cristãos... quando Licínio caiu sob as armas de Constantino...  

A Esposa de Cristo (a Igreja) mostrava-se jovem e triunfadora e saía das catacumbas para empreender suas conquistas vitoriosas, flutuando sobre a sua cabeça uma bandeira branca e azul, na qual estavam gravadas as palavras da eterna Verdade: 'As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela!'

38. SALVEMO-NOS NA IGREJA

Os soldados cercam a fortaleza e estão ansiando por atacá-la.
➖ Soldados - brada o general, amanhã assaltaremos a fortaleza.
➖ Por onde, meu general?
➖ Pelo norte; estai prontos para cumprir as minhas ordens!

Todos se calam e preparam as armas. No dia seguinte, o general dá a ordem de assalto. Os soldados atiram-se como leões contra a muralha do norte e tomam a fortaleza. Alguns soldados, porém, por sua própria conta, preferiram atacar a fortaleza pelo sul e, porque desobedeceram as ordens do general, foram fuzilados no campo de batalha. Este é o poder do general; este é dever do exército.

Pois bem; a vida do homem sobre a terra é uma milícia. Somos soldados de um exército, cujo General é o próprio Deus. Viemos a este mundo sem outro fim do que este: conquistar o reino do Céu! Entretanto, Deus, o comandante supremo, nos diz: 'Fora da Igreja não há salvação!'

É inútil queremos conquistar o Céu de outra maneira com nossas próprias idéias e nossos próprios métodos. Seremos vencidos e castigados, se não empregarmos os meios e as armas que Jesus Cristo nos dá por meio da sua Igreja.

(Excertos da obra 'Tesouro de Exemplos' - Volume II, do Pe. Francisco Alves, 1960; com adaptações)

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

AQUELA GOTA DE ÁGUA...


A gota de água, que o sacerdote, durante a eucaristia, coloca no cálice com vinho, possui um profundo significado litúrgico, representando a união da humanidade e da divindade de Cristo, simbolizando a união dos fiéis ao sacrifício eucarístico. Essa gota de água representa o povo de Deus e se unirá ao Sangue de Nosso Senhor, pois logo o vinho se transformará em Sangue no altar. Desta forma, somos partícipes da graça divina porque somos essa gota d'água imersa no meio da imensa onda da Graça Santificante de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ao unirem-se no cálice, a água e o vinho compõem juntos a humanidade e a divindade, a íntima associação da Igreja ao sacrifício de Cristo. Em cada missa, este mistério se renova e, assim, Nosso Senhor poderia ter santificado muitos outros mundos, gerações e gerações sem fim, muitíssimo mais do que aquelas que foram e que serão santificadas.

'A Eucaristia é também o sacrifício da Igreja. A Igreja, que é o corpo de Cristo, participa da oferta da sua Cabeça. Com Cristo, ela mesma é oferecida inteira. Ela se une à sua intercessão junto ao Pai por todos os homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo se torna também o sacrifício dos membros do seu Corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua oração, seu trabalho, são unidos aos de Cristo e à sua oferta total, e adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo presente no altar dá a todas as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta' (Catecismo da Igreja Católica, 1368).

'Se houver apenas água, sem vinho, nós estamos sozinhos, sem Cristo. E se houvesse só vinho sem água, estaria Cristo sozinho sem nós'

 (São Cipriano de Cartago)

OS PAPAS DA IGREJA (XXXVI)

 



domingo, 7 de setembro de 2025

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós' (Sl 89)

Primeira Leitura (Sb 9,13-18) - Segunda Leitura (Fm 9b-10.12-17) -  Evangelho (Lc 14,25-33)

  07/09/2025 - VIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

'QUEM NÃO CARREGA SUA CRUZ...'


Na essência do amor a Deus vivido em plenitude, está o abandono aos valores do mundo e às glórias humanas. No desapego aos valores materiais, no desprendimento aos moldes terrenos de vidas tangidas meramente pelas relações humanas, ainda que louváveis e boas em si, a alma se liberta do lastro e das amarras das felicidades transitórias dessa vida para a impulsão definitiva para a felicidade eterna do Céu.

As palavras de Jesus no Evangelho de hoje são duras: 'Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo' (Lc 14, 26). Pois é preciso servir primeiro a Deus e depois aos homens; e porque é preciso estar sem lastros humanos para servir a Deus sobre todas as coisas, é preciso superar relações humanas ainda que fraternas; porque sendo o amor divino o itinerário da eternidade, é preciso vivê-lo em patamares além das dimensões seguras e sensíveis dos amores humanos mais belos, que ligam pai e filho, mãe e filha, irmãos e irmãs, pais e esposos. Eis a essência desse amor sem medidas: por tudo de lado, até a própria vida, para seguir Jesus Cristo e o Evangelho.

Esta dimensão de renúncia e despojamento completo não é fácil, não é simples, não é desprovida de sacrifício: 'Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo' (Lc 14, 27). Sim, é preciso carregar a cruz: cruz que se torna pesada quando tolhida à terra pelos afazeres e lastros dos apegos humanos; cruz que se torna um jugo suave quando levada pela alma do discípulo incensado do mais puro amor de Deus. Per crucem ad lucem: é pela cruz que se chega à luz.

Jesus vai revelar em seguida, por meio de duas curtas parábolas, que, uma vez conhecidas as dificuldades de superação dos nossos apegos aos valores humanos, o propósito de renúncia ao mundo exige planejamento, prudência e perseverança: 'Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?' (Lc 14, 28). 'Ou ainda: qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?' (Lc 14, 31). Não se constrói uma torre ou se participa de uma guerra, sem armas, ferramentas ou projetos solidamente firmados. O que dizer, portanto, em relação à nossa caminhada de vida interior e espiritual que tem como medida a própria eternidade?

sábado, 6 de setembro de 2025

A SANTIDADE SEGUNDO CARLO ACUTIS

Amanhã, 7 de setembro, em Roma, o Papa Leão XIV canonizará o Beato Carlo Acutis, juntamente com o Beato Pier Giorgio Frassati, como os primeiros novos santos de seu pontificado. A postagem abaixo sobre este adolescente italiano, falecido aos 15 anos de idade, foi publicada originalmente nesse blog em 20/05/2021.

Carlo Acutis (1991 - 2006)

Há algo extraordinário na santidade de pessoas absolutamente comuns. Carlo Acutis, Chiara Badano e Anne-Gabrielle Caron são referências e modelos de santidade extraordinária para uma juventude que não se espelha nos falsos valores de um mundo atual cada vez menos cristão.

Carlo Acutis viveu apenas 15 anos nessa terra e nunca realizou feitos portentosos. Mas a sua vida simples, cotidiana e comum foi absolutamente extraordinária, não apenas como fruto de uma doação singular às graças divinas, mas pelo empenho de viver a santidade à perfeição. Tal propósito incluía amar como Jesus amava, praticar a caridade como regra cotidiana de vida, colocar-se à disposição do próximo com enorme generosidade e sem se preocupar com retribuição alguma. Praticava a oração e a eucaristia quase diária e transformava uma fé viva e autêntica em obras constantes de caridade: 'a tristeza é o olhar voltado para si; a felicidade é o olhar voltado para Deus'. 


Carlo nasceu em Londres, filho de pais italianos em viagem de trabalho - Andrea Acutis e Antonia Salzano – em 3 de maio de 1991, sendo batizado em seguida. Pouco depois - em setembro de 1991 - a família retornou à Itália e Carlo passou a viver em Milão, onde fez seus estudos e onde, em contato como um estudante de engenharia de computação, desenvolveu enorme habilidade nessa área, particularmente na elaboração de sites e desenvolvimento de programas utilizando linguagens computacionais como C++ e HTML. Neste contexto, desenvolveu um projeto de apresentação, por meio de um site especialmente desenvolvido por ele, de uma resenha, com uma rica exposição de imagens, dos principais milagres eucarísticos conhecidos no mundo. 

A síntese de sua via espiritual era a amizade com Deus: a alegria de viver na presença de Deus, o cuidado em não ofender a Divina Vontade, o empenho extremado em estar disponível a todas as graças, particularmente na posse da eucaristia diária e, caso não possível, na prática da comunhão espiritual frequente. Tudo emanado da prática da caridade constante, da cordialidade extrema ao próximo e do bom dia aos porteiros dos prédios vizinhos, aos cuidados em servir e alimentar, no anonimato e no despojamento, os moradores de rua. Tudo por Jesus e para Jesus, ou como ele próprio dizia: 'a conversão é simplesmente um olhar para o Alto'.

Em outubro de 2006, foi internado por causa de uma suposta gripe, posteriormente diagnosticada como uma leucemia particularmente agressiva. Aceitou serenamente a provação, afirmando: 'Ofereço ao Senhor os sofrimentos que terei que sofrer, pelo papa e pela Igreja, para não ter que passar pelo Purgatório e poder ir diretamente para o Céu'. Faleceu em 12 de outubro de 2006 no hospital de San Gerardo, em Monza, após ter recebido a eucaristia e a unção dos enfermos. O seu funeral já foi um reflexo da sua santidade precoce. O seu corpo foi sepultado no túmulo da família em Ternengo e, em fevereiro de 2007, transferido para o cemitério municipal de Assis, conforme seu próprio desejo, mesmo antes de passar pela doença. Em 10 de outubro de 2020, foi beatificado em Assis pelo Papa Francisco. Cerca de 10 dias antes, havia sido feita a exumação do seu corpo, constatando-se que o mesmo permanecia intacto a quaisquer processos de decomposição desde a época da sua morte.


 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

ORAÇÃO PARA DAR GRAÇAS A DEUS


Nosso Senhor e nosso Deus, que sempre nos ouvi em nossa aflição, nós vos damos graças por vossa bondade e vos pedimos que, libertos de todos os males, possamos servir-vos sempre com alegria. Isto vos pedimos por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo, que é Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.