segunda-feira, 1 de julho de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XXXIII)

'A perfeição da pátria celeste consiste na glorificação do corpo e da alma e na contemplação de Deus' 

(Santo Antônio de Pádua)

Que, durante várias vezes ao longo do dia de hoje, eu tenha o firme propósito de concentrar completamente os meus pensamentos em Vossa Santa Presença e ligar minha consciência de Filho de Deus à corrente de louvores e graças que se proclamam sem cessar, e por todo o sempre, à Vossa Glória, em toda a Terra e nos Céus.

domingo, 30 de junho de 2024

EVANGELHO DO DOMINGO

 

'De todos os temores me livrou o Senhor Deus' (Sl 33)

Primeira Leitura (At 12,1-11) - Segunda Leitura (2Tm 4,6-8.17-18) -  Evangelho (Mt 16,13-19)

  30/06/2024 - SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

31. AS COLUNAS DA IGREJA


Neste domingo, a liturgia católica celebra a Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, primícias da fé, fundamentos da Igreja. 'Naquele tempo', as mensagens e as pregações públicas de Jesus estavam consolidadas; os milagres e os poderes sobrenaturais do Senhor eram de conhecimento generalizado; multidões acorriam para ver e ouvir o Mestre, dominados pela falsa expectativa de encontrar um personagem mítico e um Messias dominador do mundo. Na oração profunda, Jesus afasta-se do júbilo fácil do mundo e das multidões errantes, que O tomam por João Batista, por Elias, por um dos antigos profetas. Jesus, então, reúne os seus discípulos e lhes pede o testemunho próprio: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' (Mt 16, 15). Por inspiração divina, a resposta de Pedro é uma confissão extremada da fé humana: 'Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo' (Mt 16, 16).

E, diante tal testemunho do Apóstolo, Jesus impõe a ele as primícias do papado e da Igreja: 'Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la' (Mt 16, 18). Esta será a Igreja Militante, a Igreja Temporal, A Igreja da terra, obra temporária a caminho da Igreja Eterna do Céu. Mas ligada a Pedro e aos sucessores de Pedro, sumos pontífices herdeiros da glória, poder e realeza de Cristo.


E Jesus vai declarar, em seguida e sem condicionantes, o poder universal e sobrenatural da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana: 'Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus' (Mt 16, 19). Ligado ou desligado. Poder absoluto, domínio universal, primado da verdade, Cátedra de Pedro. Na terra árida de algum ermo qualquer da 'Cesareia de Felipe', erigiu-se naquele dia, pela Vontade Divina, nas sementeiras da humanidade pecadora, a Santa Igreja, a Videira Eterna.

Com São Paulo, a Igreja que nasce, nasce com um gigante do apostolado e se afirma como escola de salvação universal. Eis aí a síntese do espírito cristão levado à plenitude da graça: Paulo se fez 'outro Cristo' em Roma, na Grécia, entre os gentios do mundo. No apostolado cristão de São Paulo, está o apostolado cristão de todos os tempos; a síntese da cristandade nasceu, cresceu e se moldou nos acordes pautados em suas epístolas singulares proferidas aos Tessalonicenses, em Éfeso ou em Corinto. Síntese de fé, que será expressa pelas próprias palavras de São Paulo: 'Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé' (2Tm 4,7).


São Pedro foi o patriarca dos bispos de Roma, São Paulo foi o patriarca do apostolado cristão. Homens de fé e coragem extremadas, foram as colunas da Igreja. São Pedro morreu na cruz, São Paulo morreu por decapitação pela espada. Mártires, percorreram ambos os mesmos passos da Paixão do Senhor. E se ergueram juntos na Glória de Deus pela Ressurreição de Cristo.

sábado, 29 de junho de 2024

29 DE JUNHO - FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

 

'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo' (Mt 16,16)

'Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé' (II Tm 4,7)

Excertos da Homilia do Papa João Paulo II, na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29/06/2000

1.'E vós, quem dizeis que Eu sou?' (Mt 16, 15). Jesus dirige aos discípulos esta pergunta acerca da sua identidade, enquanto se encontra com eles na Alta Galileia. Muitas vezes acontecera que foram eles a interrogar Jesus; agora é Ele quem os interpela. A sua pergunta é específica e espera uma resposta. Simão Pedro toma a palavra em nome de todos: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo' (Mt 16, 16). A resposta é extraordinariamente lúcida. Nela se reflete de modo perfeito a fé da Igreja. Nela nos refletimos também nós. De modo particular, reflete-se nas palavras de Pedro, o Bispo de Roma, por vontade divina o seu indigno sucessor.

2. 'Tu és o Cristo!'. À confissão de Pedro, Jesus replica: 'És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue quem to revelou, mas o Meu Pai que está nos céus' (Mt 16, 17).

És feliz, Pedro! Feliz, porque esta verdade, que é central na fé da Igreja, não podia emergir na tua consciência de homem, senão por obra de Deus. 'Ninguém', disse Jesus, 'conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar' (Mt 11, 27). Reflitamos sobre esta página evangélica particularmente densa: o Verbo encarnado revelara o Pai aos seus discípulos; agora é o momento em que o próprio Pai lhes revela o seu Filho unigênito. Pedro acolhe a iluminação interior e proclama com coragem: 'Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!'

Estas palavras nos lábios de Pedro provêm do profundo do mistério de Deus. Revelam a verdade íntima, a própria vida de Deus. E Pedro, sob a ação do Espírito divino, torna-se testemunha e confessor desta soberana verdadeA sua profissão de fé constitui assim a sólida base da fé da Igreja: 'Sobre ti edificarei a minha Igreja' (Mt 16, 18). Sobre a fé e a fidelidade de Pedro está edificada a Igreja de Cristo.

3. 'O Senhor assistiu-me e deu-me forças a fim de que a palavra fosse anunciada por mim e os gentios a ouvissem' (2 Tm 4, 17). São palavras de Paulo ao fiel discípulo Timóteo: escutamo-las na Segunda Leitura. Elas dão testemunho da obra nele realizada pelo Senhor, que o tinha escolhido como ministro do Evangelho, 'alcançando-o' na via de Damasco (Fl 3, 12). Envolvido numa luz fulgurante, o Senhor se lhe havia apresentado, dizendo:  'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' (At 9,4), enquanto uma força misteriosa o lançava por terra.

'Quem és Tu, Senhor?', perguntara Saulo. 'Eu sou Jesus, a quem tu persegues!'. Foi esta a resposta de Cristo. Saulo perseguia os seguidores de Jesus e Jesus fez-lhe tomar consciência de que era Ele mesmo a ser perseguido neles. Ele, Jesus de Nazaré, o Crucificado, que os cristãos afirmavam ter ressuscitado. De Damasco, Paulo iniciará o seu itinerário apostólico, que o levará a defender o Evangelho em tantas partes do mundo então conhecido. O seu impulso missionário contribuirá assim para a realização do mandato de Cristo aos Apóstolos: 'Ide, pois, ensinai todas as nações...' (Mt 28, 19).

4. Caríssimos Irmãos no Episcopado vindos para receber o Pálio, a vossa presença põe em eloquente ressalto a dimensão universal da Igreja, que derivou do mandato do Senhor: 'Ide... ensinai a todas as nações' (Mt 28, 19). Todas as vezes que vestirdes estes pálios, recordai, irmãos caríssimos que, como pastores, somos chamados a salvaguardar a pureza do Evangelho e a unidade da Igreja de Cristo, fundada sobre a 'rocha' da fé de Pedro. A isto nos chama o Senhor; esta é a nossa irrenunciável missão de guias previdentes do rebanho que o Senhor nos confiou.

5. A plena unidade da Igreja! Sinto ressoar em mim a recomendação de Cristo. Deus nos conceda chegarmos quanto antes à plena unidade de todos os crentes em Cristo. Obtenhamos este dom dos Apóstolos Pedro e Paulo, que a Igreja de Roma recorda neste dia, no qual se faz memória do seu martírio e, por isso, do seu nascimento para a vida em Deus. Por causa do Evangelho, eles aceitaram sofrer e morrer e se tornaram partícipes da ressurreição do Senhor. A sua fé, confirmada pelo martírio, é a mesma fé de Maria, a Mãe dos crentes, dos Apóstolos,  dos Santos  e Santas de  todos  os séculos.

Hoje a Igreja proclama de novo a sua fé. É a nossa fé, a imutável fé da Igreja em Jesus, único Salvador do mundo; em Cristo, o Filho de Deus vivo, morto e ressuscitado por nós e para a humanidade inteira.

São Pedro e São Paulo, rogai por nós! 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

SOBRE AS GRAÇAS DA HUMILDE SUBMISSÃO

 


1. Não te importes muito de saber quem seja por ti ou contra ti; mas trata e procura que Deus seja contigo em tudo que fizeres. Tem boa consciência e Deus te defenderá, pois a quem Deus ajuda não há maldade que o possa prejudicar. Se souberes calar e sofrer, verás, sem dúvida, o socorro do Senhor. Ele sabe o tempo e o modo de te livrar; portanto, entrega-te todo a ele. A Deus pertence aliviar-nos e tirar-nos de toda a confusão. Às vezes é muito útil, para melhor conservarmos a humildade, que os outros saibam os nossos defeitos e no-los repreendam.

2. Quando o homem se humilha por seus defeitos, aplaca facilmente os outros e satisfaz os que estão irados contra ele. Ao humilde Deus protege e salva, ao humilde ama e consola, ao humilde ele se inclina, dá-lhe abundantes graças e depois do abatimento o levanta a grande honra. Ao humilde revela seus segredos e com doçura a si o atrai e convida. O humilde, ao sofrer afrontas, conserva sua paz, porque confia em Deus e não no mundo. Não julgues ter feito progresso algum, enquanto te não reconheças inferior a todos.

(Da Imitação de Cristo, de Thomas de Kempis)

quinta-feira, 27 de junho de 2024

ORAÇÃO DE PETIÇÃO DE GRAÇA AO CORAÇÃO DE JESUS


Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo: pedi e recebereis; procurai e achareis, batei e ser-vos-á aberto'; eis que eu bato, procuro e vos peço a graça...

Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu confio e espero em Vós!

Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo: qualquer coisa que peçais a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá', eis que ao vosso Pai, em vosso nome, eu vos peço a graça...

Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu confio e espero em Vós!

Ó meu Jesus, que dissestes: 'Em verdade vos digo: passarão o Céu e a Terra, mas as minhas palavras, jamais passarão'; eis que, apoiado na infalibilidade das vossas santas palavras, eu vos peço a graça...

Pai Nosso ... Ave Maria ... Glória ...
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu confio e espero em Vós!

Oração

Ó Sagrado Coração de Jesus, a quem uma única coisa é impossível, isto é, a de não ter compaixão dos infelizes, tende piedade de nós, míseros pecadores, e concedei-nos as graças que vos pedimos por intermédio do Coração Imaculado da vossa e nossa terna Mãe. 
São José, amigo do Sagrado Coração de Jesus, rogai por nós.

Salve Rainha...

quarta-feira, 26 de junho de 2024

FRASES DE SENDARIUM (XXXII)

 

'Que não vos detenham as coisas do mundo, pois os bens do céu vos esperam' 

(São Leão Magno)

Diante do pecado, tua alma, em dor profunda, gritaria do fundo do teu coração: ‘Aonde o perfume inebriante das coisas do céu?' Uma vez perdido, restaria apenas o vazio imenso de um coração que pulsa pelo fogo tíbio das paixões humanas, um coração que bombeia o sangue que te torna cidadão do mundo e órfão da eternidade...

terça-feira, 25 de junho de 2024

TRATADO SOBRE A HUMILDADE (V)

 

40. Pode-se dizer que a humildade é o remédio mais eficaz para todos os males e o antídoto mais potente para preservar a alma da morte e da culpa que conduzem à perdição eterna. E, no entanto, é esta a virtude que mais negligenciamos. Ó minha alma, Deus, que deseja a tua salvação eterna, deseja também que a adquiras pela humildade: 'E a humildade precede a glória' [Pv 15,33], inclina-te, pois, e adora a sua soberana vontade. Quando rezamos o 'Pai Nosso', meditemos nessa petição, na qual pedimos que a Vontade de Deus seja feita, e apliquemos essa oração às nossas próprias necessidades: 'Ó meu Deus, já que desejas que eu seja humilde, seja feita a Tua Vontade'. A Tua vontade é feita no Céu por todos os espíritos bem-aventurados que te adoram com profunda humildade; que a tua vontade seja feita também por mim! 'Seja feita a vossa Vontade, assim na Terra como no Céu'. 

E, da mesma forma, apliquemos a última petição a nós mesmos, dizendo: 'E livrai-nos do mal', pedindo a Deus que nos livre e nos preserve do orgulho, que é o pior de todos os males, se é que não pode ser chamado o maior de todos os pecados; pois Santo Agostinho, perguntando de qual pecado o rei Davi mais desejava ser libertado quando disse: 'Serei purificado do maior pecado' [Sl 18,14] respondeu que esse pecado era a soberba, pois a soberba é o maior de todos os pecados, porque é a fonte de todos os pecados e a causa e a origem de todos eles: 'Isto eu tomo por soberba, que é o principal e a causa de todos os pecados' [Enarr. in Sl. 18].

41. Podemos dizer que uma das principais causas da nossa falta de humildade é o fato de nos esquecermos demasiado depressa dos pecados que cometemos. Só pensamos nos nossos pecados quando nos preparamos para a Confissão, e mesmo assim só pensamos nos nossos pecados para resumir o seu gênero e número, para fazer uma Confissão válida, mas quase nunca nos detemos a considerar a sua gravidade, enormidade e malícia. E mesmo que pensemos neles um pouco, é só para nos lisonjearmos de que a nossa dor é suficiente para a validade da nossa Confissão, e o que é ainda mais espantoso é que mal saímos do confessionário, a lembrança de todos os nossos pecados desaparece, e mesmo o maior pecador vive num estado de paz absoluta, como se tivesse sempre levado a mais inocente das vidas. Que estado miserável! Conservamos sempre viva a lembrança dos insultos que recebemos dos nossos semelhantes, alimentando assim o nosso ressentimento; mas não conservamos na memória os insultos que ofendemos a Deus, tornando-nos assim humildes e exortando-nos ao arrependimento. Não é de admirar que não nos tornemos humildes, se nos mantivermos alheios a estes estados urgentes de humildade!

Lembremo-nos dos nossos pecados, não para que eles nos tornem demasiado escrupulosos, mas para vivermos na devida humildade. É por essa mesma razão que o profeta Jeremias disse que aquele que não faz penitência não pratica a humildade, porque 'não há ninguém que diga: o que é que eu fiz?' [Jr 8,6]. Se pensássemos bem nisto: 'o que eu fiz': o que eu fiz ao pecar?; o que eu fiz ao ofender a Deus?; o nosso coração seria certamente muito mais contrito e humilde. Mas poucos pensam assim. Pedimos aos céus que se espantem conosco: 'Espantem-se, ó céus, com isto' [Jr 2,12]. Se um nobre é insultado em algum lugar público por um servo de baixa estirpe, a ofensa é considerada grande, e exige-se uma punição adequada para tal ultraje; e, no entanto, é apenas um homem que foi insultado por outro homem, um verme que foi ofendido por outro verme, o nada ofendido pelo nada. Mas o fato de este verme, este nada, insultar a majestade divina de Deus não causa, aparentemente, qualquer espanto. 'Admirai-vos, ó céus', mas que, pelo menos, possamos nos prostrar envergonhados e humilhados pela nossa insensata dureza de coração.

42. Há duas virtudes especiais que o Filho de Deus quis ensinar-nos e recomendou-nos com toda a veemência que praticássemos: a humildade e o amor fraterno; e é precisamente contra essas duas virtudes que o demônio mais peleja. Mas basta que ele consiga vencer a humildade para que o amor seja vencido ao mesmo tempo, porque, como diz Santo Agostinho: 'Não se pode chegar à caridade senão pela humildade' [Enarr. in Sl 130, et serm. 10 de Verb. Dom.]. O orgulho está sempre pronto a ofender-se; e com esta disposição para se ressentir das injúrias e das ofensas, como é possível viver na caridade? Quando encontramos duas pessoas que são propensas a discordar, e para as quais a reconciliação é difícil, não estamos muito equivocados em concluir que ambas estão cheias de orgulho. Por conseguinte, é evidente que a caridade não pode existir sem a humildade. 

É por isso que São Paulo, depois de ter exortado os cristãos ao amor fraterno, aconselha-os ao mesmo tempo a serem humildes: 'Mas, na humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo' [Fp 2, 3], pois bem sabia ele que o amor fraterno não pode subsistir sem a humildade; porque, onde existe a soberba, surgem também as contendas, as disputas e as rixas: 'Entre os soberbos há sempre contendas' [Pv 13,10]. Aceitemos a admoestação apostólica e não culpemos os outros pelo seu orgulho quando nos causam desgosto, mas culpemo-nos a nós próprios por não sabermos suportar esse desgosto com humildade. Comecemos por adquirir nós mesmos essa humildade paciente que tanto desejamos ver nos outros, lembrando-nos de que não é pela paciência e humildade dos outros que seremos salvos, mas pela nossa própria paciência e humildade.

43. É difícil para os que possuem riquezas ou conhecimentos serem humildes, porque esses dois dons são capazes de causar vaidade naqueles que os possuem. Portanto, é muito melhor ser menos rico e menos instruído e ser humilde, do que possuir grandes riquezas ou grande instrução e ser orgulhoso. No entanto, muitos dos que agora são santos no Céu eram ricos e instruídos quando estavam na Terra; mas são santos porque eram humildes; e tanto as riquezas como a instrução devem ser consideradas vaidades que não devem ser estimadas, exceto na medida em que nos possam ajudar a obter a felicidade eterna. Este é o caminho do verdadeiro humilde; ele não se estima por suas posses ou por seu conhecimento, mas considera tudo isso como nada, porque ele se considera também como nada.

'Não ponhas [nas riquezas] o teu coração' [Sl 61,11]. Isso não é um conselho, mas um preceito; e Deus, por meio do seu profeta, deseja nos instruir. Se fordes ricos em bens ou em conhecimentos, sede, contudo, pobres de coração, isto é, sede humildes. Isso é difícil, é verdade; mas vencer a dificuldade aumenta o mérito da virtude. Não há grande mérito em ser humilde quando a nossa condição é humilde, mas há grande mérito em ser humilde quando estamos rodeados de incentivos à soberba, que são a riqueza e o saber. São Bernardo diz: 'Não é grande coisa para um homem ser humilde no opróbrio mas, para aquele que é honrado, a humildade é uma virtude grande e rara' [Hom. iv super 'Missus est']. É uma bela visão para os homens e para os anjos ver um homem rico que é modesto e aparentemente esquecido de sua riqueza, e um homem sábio que parece não estar ciente ou condescendente com o seu grande conhecimento.

('A Humildade de Coração', de Fr. Cajetan (Gaetano) Maria de Bergamo, 1791, tradução do autor do blog)