domingo, 17 de janeiro de 2021

EVANGELHO DE DOMINGO

  

'Eu disse: “Eis que venho, Senhor!” Com prazer faço a vossa vontade
(Sl 39)

 17/01/2021 - Segundo Domingo do Tempo Comum

8. APÓSTOLOS SOB A CÁTEDRA DE PEDRO


Estando naquele dia em presença de dois dos seus discípulos mais amados, João Batista vai manifestar, uma vez mais, o testemunho do Messias, aquele de quem dissera pouco antes: 'Eu não sou digno de desatar-Lhe as correias das sandálias' (Jo 1, 27). A grandeza do Precursor é enfatizada por Jesus naquele que recebeu privilégios tão extraordinários para ser o profeta da revelação de tão grandes mistérios de Deus à toda a humanidade: Jesus Cristo é o Unigênito do Pai, o Filho de Deus Vivo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E, desta vez, dá testemunho direto dEle, 'vendo Jesus passar' (Jo 1, 35): 'Eis o Cordeiro de Deus!' (Jo 1, 36).

Ao ouvir estas palavras, André e João, não vacilam um único instante e tomam a firme disposição de seguir Jesus. Seguir Jesus! Eis aí o amoroso convite de Jesus a todos os homens: assumir o jugo suave do Senhor em todos os nossos caminhos, ao longo de toda a nossa vida! Para seguir Jesus, temos que responder a pergunta dos dois discípulos que ecoa pelos tempos: 'Onde moras?' (Jo 1, 38). Onde moras, Jesus? Seguir Jesus é ir onde Jesus está, para que Jesus possa morar em nós. Eis o mistério da graça que cada um deve percorrer nesta vida para a plena busca da Verdade e a contemplação definitiva do Reino de Deus.

Mas os dois discípulos fizeram ainda mais do que isso; o zelo e o fervor pelos novos ensinamentos do Messias fizeram deles os primeiros apóstolos. E a Verdade exaltada, vivida e compartilhada pela pregação humana das primícias do apostolado cristão vai chegar a ninguém menos que Simão Pedro, irmão de André, e que viria a ser a pedra angular da futura Igreja de Cristo. Pedro não vacilou também, não fez concessões e nem imposições, mas acreditou! E imediatamente foi ter com Jesus.

Jesus, que conhecia Pedro desde a eternidade e Pedro, que nascia para a eternidade, estavam juntos pela primeira vez: 'Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas' (Jo 1, 42). Jesus estabelece neste primeiro momento, a vinculação direta entre a ação do apostolado e a pedra (Cefas) fundamental sobre a qual haveria de edificar a sua Igreja, mistério da graça muito além da possível percepção histórica daqueles homens. O apostolado é, pois, missão inerente a toda a cristandade e deve estar indissoluvelmente ligada à pedra fundamental da Igreja, como dizia Santo Ambrósio de Milão: 'Não podem ter a herança de Pedro os que não vivem sob a cátedra de Pedro'.

sábado, 16 de janeiro de 2021

CARTAS A MEU PAI (IX)

Pai:

quantos de vossos filhos procuram aqui e ali alguma palavra de alívio e de consolo diante de uma realidade que os esmaga, diante o mundo que se desmorona à sua volta, diante uma pandemia que assola os bons e os maus, diante uma tragédia que ceifa vidas e cotidianos. O que se pode dizer a eles, a não ser Vos buscar ainda com mais fervor e perseverança?

Como explicar de forma serena, no contexto da virtude dos primeiros cristãos e dos milhares de mártires de então, que bispos e sacerdotes acolham subservientes e dóceis, alegando como imposições razoáveis, a suspensão do Santo Sacrifício? Se a Missa é o sol da Igreja - como dizia São Francisco de Sales -  como a Igreja pode viver sem o sol, sem a luz de Cristo, sem o exercício do ato mais sagrado da nossa religião, sem o mistério inconcebível da graça da glória maior a Deus?

Que fosse proibido viver, mas não Vos fosse proibido ser dado aos homens porque, sem a Missa, não existe a Igreja de Cristo e, sem a Igreja de Cristo, os homens estão irremediavelmente perdidos. Não, o mundo não se desmorona à nossa volta ainda, mas vai começar a se desfazer em pedaços a partir de agora. Mais do que nunca, os Vossos filhos estão morrendo sozinhos e abandonados, sem receber os últimos sacramentos, sem a presença de um sacerdote que precisa se proteger (?) do flagelo que se abate sobre o mundo e sobre a Igreja. 

O que se pode dizer a estes vossos filhos angustiados, se o Vosso exército se cala e se esconde atrás de quartos e salas fechadas e em igrejas vazias, sustentando igualmente a fé vazia de missas em redes sociais? Sob a ditadura do medo, vivemos. Sob o escárnio da supressão das liberdades individuais e coletivas, vivemos. Sob a imposição de rituais de confinamento da humanidade inteira, vivemos. Vivemos como zumbis e como escravos. Morremos como cristãos, e morremos para Cristo.

Ainda que o vírus e a pandemia fossem dezenas de vezes mais letais, nada se compara ao valor infinito de uma única Missa rezada. O grande pecado dessa geração dos homens é a sua infinita covardia e a sua subserviência ao medo, pela absoluta inércia diante do pecado, das perseguições e dos poderes das trevas. A Igreja de Cristo e o mundo são adversários irreconciliáveis e, no momento em que se tornam parceiros, ou o mundo acabou ou a Igreja de Cristo se vendeu ao mundo.

Nada, coisa alguma, poder civil nenhum poderia ter tal autoridade sobre a proibição do Culto Divino, contra a oferenda bimilenar dos fieis católicos de prestar o devido culto a Deus. Nada poderia ou deveria ser instrumento da subserviência da Igreja ao Estado na suspensão da Missa aos fieis. Nada. Absolutamente nada. Ai daqueles que se acovardam diante as imposições dos homens: como poderão ficar de pé diante o juízo de Deus?

Há um mérito enorme na assistência da Santa Missa em tempos de paz, nos tempos das flores e da primavera, na disponibilidade do templo santo a 50m de casa. Mas, cessados os regalos do mundo, qual é o preço que ousamos pagar para assistir presencialmente e com devoção a Santa Missa? O preço de muitos tem sido a comodidade e o indiferentismo por décadas. O medo e a covardia diante de um vírus  obscuro e maldito é o custo selado de uma geração inteira. Conseguimos finalmente o apogeu de nossa herança mundana: tornar a nossa fé ainda mais ínfima que um vírus!

Pai, o que se pode dizer mais a estes Vossos filhos que ainda mantêm a fé como chama viva e duradoura? Mais do que nunca, que sejam ainda mais conscientes de sua fé cristã e perseverantes na doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. E muito, muito importante, não tenham medo, não se desesperem com o que virá, com o dia de amanhã, com o que pode acontecer. 

O que dizer a eles, senão que os esperam grandes e recorrentes provações? Que as cortinas dos tempos se fecham inexoravelmente à nossa volta, para dar fim a uma humanidade tão pecadora e tão afastada de Deus? Que ser e se manter cristão nos tempos de hoje será, sem dúvida, uma tarefa de enormes sacrifícios e muito provavelmente de martírios? Que todos sejam homens e mulheres de oração, de oração constante, despojada, perseverante e em total abandono à Santa Vontade de Deus? Tudo isso é o que eu poderia lhes dizer e algo mais do que isso: que volvam o olhar e o coração a Nossa Senhora e supliquem a Vós, ó Pai, por meio dela, o rápido triunfo dos Imaculados Corações de Jesus e de Maria sobre o mundo.

Rezemos, rezemos muito, pelos sacerdotes e pela Santa Igreja! Para que estes homens nada comuns sejam homens muito além do mundo. Para que sofram pela fé, para que a fé lhes seja o único apreço e o único cajado, para a glória de Deus. Para que sejam santos e mártires, para que sejam mártires e santos. Para que arregimentem muitas e muitas almas para a Vinha Eterna do Senhor, nestes tempos tremendos em que a terra, gemendo agora as dores do parto, ousa gritar e impor a uma geração de pecadores que acabou o tempo da semeadura e da colheita. Essa mesma terra que há de renascer vivificada pela infinidade dos frutos bons da Igreja de sempre, da Igreja de Cristo.

Com a vossa bênção, R.

('Cartas a Meu Pai' são textos de minha autoria e pretendem ser uma coletânea de crônicas que retratam a realidade cotidiana da vida humana entranhada com valores espirituais que, desapercebidos pelas pessoas comuns, são de inteira percepção pelo personagem R. As pessoas e os lugares, livremente designados apenas pelas suas iniciais, são absolutamente fictícios).

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

A VIDA OCULTA EM DEUS: O DESEJO DA UNIÃO PLENA COM DEUS

Podemos pedir uma união profunda com Deus, mas com uma condição: que seja oculta. Devemos aspirar a isso. Na união com Deus, existem vários graus e vários estágios a percorrer. Mas impõe-se subir sempre. Podemos crescer constantemente nessa intimidade. Os teólogos, mesmo os mais severos, dizem que uma alma, que já recebeu alguns valores místicos, pode aspirar à sua continuação.

O que pode ser mais perfeito do que essa união, uma vez que a perfeição consiste em se retomar o seu princípio para nela encontrar a sua realização? O que poderia ser mais profundo se tudo acontece no íntimo da própria alma, naquele santuário interior onde Deus habita? O que poderia ser mais puro, visto que essa união supõe harmonia, o afastamento de tudo o que difere dAquele que é a própria santidade e uma vez que se realiza entre dois espíritos? O que poderia ser mais precioso se, por meio dela, Deus se doa à alma com todos os seus tesouros? Onde encontrar, então, mais luz, mais calor, mais energia, mais paz e mais alegria? Mihi autem adherere Deo bonum est - mas para mim o bem é estar unido a Deus (Sl 72, 28).

Sem dúvida, não convém impor-se a Deus; o que só é inútil e prejudicial. Ele convida 'de fato' a quem lhe agrada. Mas espera que nós o busquemos, que peçamos e chamemos por Ele, que preparemos a nossa alma com um amor delicado e generoso, perseverante e despojado; Ele tem o direito de o fazer. Então, esse é o nosso dever Veni Domine Jesu - Venha, Senhor Jesus: velar docemente com Ele e, com Ele, desejar sempre a paz. 

O CONVITE PROVÉM DO INTERIOR DA PRÓPRIA ALMA 

Mas como realmente colocar-me em Vossa Presença? Onde estais? Qual é o caminho que me leva até Vós? E ouço a Vossa resposta: 'Estou dentro de ti! Se queres me encontrar, vem até onde eu habito e, então, dar-me-ei por inteiro a ti!' Sim, 'estás dentro de mim, na parte mais íntima da minha alma!' Se eu pudesse entender essas poucas palavras! Se eu soubesse me despojar de tudo, deixar tudo, para então caminhar até Vós, aproximar-me de Vós, para alcançar pelo menos a  porta do Vosso Santuário, ó Santíssima Trindade! 

(Excertos da obra 'A Vida Oculta em Deus', de Robert de Langeac; Parte II -  A Ação de Deus; tradução do autor do blog)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

VISÕES E REVELAÇÕES - SOEUR DE LA NATIVITÉ (II)

Soeur de la Nativité ou Irmã da Natividade ou Jeanne Le Royer (1731-1798)
 Religiosa Urbanista (Clarissa) de Fougères (França)

O ÚLTIMO JULGAMENTO

'Um dia, quando eu estava em espírito em um campo vastíssimo, Jesus Cristo apareceu sobre um monte e me mostrou um lindo sol fixado em um ponto no horizonte. Então, me disse com tristeza: 'Eis a figura do mundo que passa e que se aproxima o tempo do meu último advento. Quando o sol está se pondo, diz-se que o dia está passando e a noite está chegando. Todos os séculos são como um dia diante de mim. Julgue, portanto, quanto tempo o mundo ainda deve ter pelo espaço de tempo que o sol ainda tem para se por'.

Considerei cuidadosamente e julguei que esse tempo pudesse ser de não mais do que duas horas para o sol se por. Diante da minha resposta, Jesus respondeu: 'Lembre-se de que não devemos falar de mil anos para o mundo; existem apenas para ele alguns poucos séculos de duração'. Senti que ele reservava para si o conhecimento preciso deste número, e não me vi tentada a lhe perguntar mais sobre este assunto, feliz por saber que a paz da Igreja e do restabelecimento de sua disciplina ainda duraria um tempo considerável.

'O Julgamento do mundo está próximo e meu Grande Dia está chegando. Quanta tristeza! Quantos sofrimentos face à sua chegada! Quantas crianças morrerão antes de nascer! Quantos jovens de ambos os sexos serão engolfados pela morte ao longo do seu curso! Bebês amamentando morrerão junto com as suas mães! Ai dos pecadores que vivem em pecado sem ter feito penitência!' Desgraça, desgraça! Ai do século que há passado!'

Eis o que Deus queria que eu visse sob a sua luz. Comecei a olhar, à luz de Deus, o século que começaria em 1800 e eu vi, por esta luz, que o julgamento não estava lá, e que este não seria o último século. Considerei, sob essa mesma luz, o século a partir de 1900 até o seu final, para ver se seria realmente o derradeiro. Nosso Senhor me deu a conhecer, e ao mesmo tempo me deixou com dúvidas, se tudo isso iria ocorrer no final do século de 1900 ou se no século de 2000. Mas o que vi foi que, se o julgamento viesse no século de 1900, só viria no final do mesmo e, caso avançasse esse século, as duas primeiras décadas do século de 2000* não passariam sem a intervenção do julgamento, como eu o vi na luz de Deus ... 

'Antes da chegada do Anticristo, o mundo será afligido por guerras sangrentas. Povos se levantarão contra povos; as nações, ora unidas, ora divididas, lutarão a favor ou contra o mesmo partido. Os exércitos entrarão em conflitos terríveis e encherão a terra de assassinatos e carnificinas. Essas guerras, internas e externas, causarão enormes sacrilégios, profanações, escândalos e males infinitos. Os direitos da Santa Igreja serão usurpados e ela padecerá de grandes aflições'. 

'Vejo a terra sacudida em diferentes lugares por terríveis tremores, montanhas se desfazendo e levando o terror às vizinhanças. Redemoinhos de chamas, fumaça, enxofre e betume reduzirão cidades inteiras a cinzas. Tudo isso tem que acontecer antes da chegada do homem da perdição. Mas este terror atingirá um número muito reduzido de predestinados, pois o Senhor atrairá muitos deles à sua Presença, para livrá-los das terríveis desgraças que atingirão a Igreja. Isso também 'pelo grande número de mártires; o que diminuirá consideravelmente o número dos filhos de Deus na terra; no entanto, a fé será fortalecida entre aqueles a quem a espada não ceifou'. E ainda pela 'multidão de apóstatas que renunciarão a Jesus Cristo para seguir as causas do inimigo'.

'Será a mais desastrosa das heresias. A fé, no entanto, experimentará uma nova expansão: certas ordens religiosas renascerão em pequeno número; outras serão criadas e seu fervor será muito grande. E muitas dessas ordens durarão até a época do Anticristo, sob cujo reinado todas as comunidades sofrerão o martírio, serão esmagadas e destruídas'.

* Na versão original dos textos proféticos da mística (1817), a versão deste trecho é diferente e não cita especificamente as duas primeiras décadas do século 2000, mas o seguinte: 'mas o que vi é que se o julgamento chegasse no século de 1900, viria apenas no final e que, se este século passar, o de 2000 não passará sem que isso aconteça'.

(Revelações de Jesus à Irmã Jeanne le Royer - Soeur de La Nativité, 1731 - 1798)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

OPORTET - É PRECISO, É NECESSÁRIO...

OPORTET - É preciso, é necessário...


... Passar por muitas tribulações e carregar muitas cruzes nesta vida: 

1. PORQUE Deus assim o decretou; decretou que nos dirijamos ao Céu pelo caminho do sofrimento. Queiramos ou não, está definido. Levemos, pois, voluntariamente, as cruzes que nos venham, posto que é indispensável que o façamos. Rejeitando-as, aumentaríamos o seu peso e seu número, perderíamos o mérito de as havermos levado, bem como a recompensa.

2. PORQUE é justo que o Reino de Deus, que é tão grande e belo, seja conquistado com obras heroicas e sofrimentos; a Cruz é a porta do Céu.

3. PORQUE porque Jesus Cristo, nosso Chefe, abriu o Céu com a sua Paixão, Sangue e Morte;

4. PORQUE todos os santos empreenderam este caminho para chegar à felicidade suprema e não há outro;

5. PORQUE os pecados devem ser expiados com as cruzes e os movimentos da concupiscência devem ser reprimidos com a dor;

6. PORQUE esta vida está plena de misérias, de tentações e de perseguições, às quais ninguém pode subtrair-se;

7. PORQUE estamos rodeados de inimigos numerosos e implacáveis que juraram nossa ruína; estes inimigos são os demônios, o mundo e a carne;

8. PORQUE aquele que não umedeceu seus lábios no cálice das amarguras, não merece desfrutar das suas delícias;

9. PORQUE somos culpados e, unicamente com a penitência e as cruzes, podemos obter misericórdia;

10. PORQUE precisamos nos desprender do mundo, desprezá-lo e dirigir as nossas preferências às graças do Céu.

(Cornélio a Lapide)

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

VISÕES E REVELAÇÕES - SOEUR DE LA NATIVITÉ (I)

Soeur de la Nativité ou Irmã da Natividade ou Jeanne Le Royer (1731-1798)
 Religiosa Urbanista (Clarissa) de Fougères (França)

A EXISTÊNCIA DAS SEITAS

'Você gostaria, minha filha, que eu abolisse os escândalos, todos os falsos cultos, todas as seitas que obscurecem minha Igreja e insultam a verdade do único culto que estabeleci.

Seria bom se eu acabasse com o pecado, que é a primeira e sempre recorrente fonte de todas as desordens, o único mal do mundo, o único inimigo da humanidade e do próprio Deus.

Saiba que, em questões de religião como em questões de costumes, o homem deve ser livre para escolher entre o bem e o mal; do contrário, Eu não poderia exercer minha bondade ou justiça.

Na verdade, se o homem não fosse livre em suas ações, ele não poderia nem merecer nem desmerecer, não haveria para ele nenhuma consequência, nem recompensa para esperar, nem punições para temer.

Além disso, um instrumento puramente passivo não pode me render uma homenagem que me honre; sua adoração nunca seria digna de mim.

Da mesma forma, se houvesse apenas uma religião em todos, que mérito haveria em segui-la, quando não haveria escolha a fazer e não se poderia agir de outra forma? 

Se os homens não fossem livres para pecar, o que eles mereceriam se não o fizessem? Livres de concupiscências e tentações, seu estado na terra seria o dos santos no céu, um estado de justiça e não de julgamento, e novamente de uma justiça tão pouco meritória quanto inadmissível...

De acordo com a minha lei eterna, um homem absolutamente senhor de si mesmo deve ser tentado e testado por algum tempo.

É somente com essa condição que fico honrado com a homenagem de seu coração e suas ações. Portanto, fiz dele o mestre de escolher e determinar-se livremente em tudo; e é por isso que permiti que, em toda a infração fosse encontrada, por assim dizer, ao lado do preceito, e que houvesse apenas um passo entre a desobediência e a fidelidade. Isso é obra da minha justiça.

Mas é suficiente para a minha bondade ter fornecido ao homem todos os meios para evitar o mal e praticar o bem; e isso é o que tenho feito com respeito a todos. Nenhuma criatura se perderá, exceto por sua própria culpa'.

(Revelações de Jesus à Irmã Jeanne le Royer - Soeur de La Nativité, 1731 - 1798)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

PROFISSÃO DE FÉ


Não te preocupes muito se alguém é por ti ou contra ti, mas procede e ocupa-te de modo a que Deus esteja contigo em tudo quanto faças. Consegue uma consciência pura, que Deus te defenderá bem. 

Se souberes calar-te e sofrer, verás sem dúvida o auxílio do Senhor. Ele conhece o tempo e o modo de te libertar, e por isso a Ele te deves submeter. É próprio de Deus ajudar e libertar de toda a confusão.

Muitas vezes, é mais útil para a conservação da nossa humildade que os outros conheçam os nossos defeitos e os censurem. Quando um homem se humilha por causa dos seus defeitos, acalma os outros facilmente e satisfaz sem custo os que com ele se iravam.

Deus protege e liberta o humilde, ama-o e consola-o. Inclina-se para ele e dá-lhe grande graça e, depois do seu abatimento, eleva-o à glória. Revela os seus segredos ao humilde, arrasta-o e convida-o docemente para si. E ele, mesmo na confusão, vive em paz, porque se firma em Deus e não no mundo. Não julgues ter adiantado em qualquer coisa se não te sentires inferior a todos.

(Da Imitação de Cristo)