QUINZE HORAS SANTAS (Pe. Mateo Crawley-Boevey)


A devoção ao Sagrado Coração de Jesus foi a missão de vida do sacerdote peruano Mateo Crawley-Boevey e, neste propósito, ele foi o autor de numerosas Horas Santas, orações especialmente devotadas à adoração do Santíssimo. Nascido em Arequipa, no Peru, em 1875, filho de pai inglês e mãe espanhola, mudou-se ainda jovem com toda a  família para o Chile, onde entrou, em 1891, para o noviciado dos Padres dos Sagrados Corações em Valparaíso.

Ainda no início de sua vida religiosa, viveu um fato singular, certamente uma antecipação profética de sua missão. Ao remexer velhos papéis abandonados, por inspiração sobrenatural, descobriu uma estampa admirável do Sagrado Coração de Jesus, que representava Nosso Senhor como rei, tendo o mundo na mão esquerda e um cetro real na mão direita (semelhante à figura abaixo). Tratava-se de esmerado trabalho de um artista francês, encomendado pelo grande presidente do Equador e fervoroso católico, Dom Gabriel García Moreno, por ocasião da consagração religiosa e civil do seu país ao Sagrado Coração, feito em 1873 (García Moreno foi assassinado apenas dois anos depois, pelas forças revolucionárias). Para evitar profanações pelos revolucionários, a pintura havia sido transladada do Equador para o Chile em segredo.


Ordenado em 1898, o padre Mateo Crawley iniciou imediatamente um intenso apostolado na sua congregação e outras instituições. Uma doença de natureza desconhecida penalizava enormemente as suas funções. Em 24 de agosto de 1907, ao fazer uma peregrinação ao convento da Visitação em Paray-le-Monial, onde no século XVI ocorreram inúmeras aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, obtém uma cura instantânea e a certeza absoluta de sua vocação apostólica: levar o mundo ao Coração de Jesus. Nesta missão, recebeu não apenas o apoio, mas a intimação pessoal do próprio Papa Pio X.

Começou o seu apostolado pelo Chile e, em seguida, pelo Peru e o Uruguai. Em 1914, à época da primeira Guerra Mundial, retorna à Europa onde inicia sua cruzada apostólica pela Espanha e, em sequência França, Portugal, Itália, Suíça, Holanda, Inglaterra, Irlanda e Escócia, pregando a entronização do Sagrado Coração de Jesus em todos os lares e o reinado de Nosso Senhor no mundo, como resposta à progressiva descristianização da sociedade e ao secularismo reinantes. Suas idéias, expostas em vários documentos e horas santas, foram utilizadas pelo próprio Papa Pio XI na elaboração da sua encíclica Quas Primas que, em 1925, instituiu a festa de Cristo Rei. 

Em 1934, por ordem do Papa Pio XI, redireciona o seu apostolado do Sagrado Coração para o Extremo Oriente e, durante anos, faz pregações na China, Japão, Índia, Ceilão, Manchúria, Coreia, Hong Kong, Malásia e Filipinas. Em 1940, vai para o Havaí e, em seguida, para os Estados Unidos e para o Canadá, onde permanece durante os anos da II Guerra Mundial. Em 1946, ficou seriamente doente, enfermidade que o prostrou na cama naquele país por longos 10 anos. Após uma melhora súbita, retornou ao Chile onde, então, uma nova doença custou-lhe a amputação de uma das pernas e a sua morte, em 4 de maio de 1960, aos 85 anos de idade. 

Por mais de 50 anos, entre 1907 e 1960, ele havia sido o grande Apóstolo do Sagrado Coração e pregado a milhões de pessoas a excelência dessa devoção, promovendo as suas famosas Horas Santas e incentivando laboriosamente os lares e as famílias consagradas ao Sagrado Coração que não deixassem Nosso Senhor solitário, especialmente nas quintas-feiras que antecedem a primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração. Quinze destas Horas Santas, escritas pelo padre Mateo Crawley-Boevey, algumas para cada primeira semana do mês e algumas de natureza especial, estão apresentadas a seguir.

HORA SANTA DE ANO NOVO


(Esta Hora Santa poderia servir especialmente para começar o Ano Novo, segundo o verdadeiro espírito do Sagrado Coração de Jesus, e para consagrá-lo à sua glória. Este mesmo método poderia também ser muito útil em determinadas ocasiões, em certas horas decisivas e solenes 'do ano ou da vida', como, por exemplo, nas vésperas de um casamento ou como preparação imediata para ingressar no convento, ao abraçar a vida religiosa. Poderia, assim mesmo, ser de grande proveito 'durante os exercícios de um retiro', para iniciar nele uma etapa de vida espiritual nova e mais intensa). 

Eis que se levanta com a aurora do Ano Novo o verdadeiro Sol de paz, de esperança e de amor: o Coração Divino de Jesus, Sol de uma nova vida para sua glória e nossa felicidade. Glória a Ele nas alturas, glória a Ele e só a Ele aqui na terra! Adveniat, adveniat, adveniat regnum tuum! Venha a nós teu reino de paz, de amor e de justiça! É preciso que o ano que começa marque uma nova etapa de triunfo no avanço vitorioso, social e íntimo do Coração de Jesus. E agora, ponhamo-nos em Sua presença soberana, mediante um ato de fé e de profunda adoração. A dois passos de nós está o Mestre muito amado. Seu Coração nos chama, nos aguarda, quer nos falar com santa intimidade. Escutemos aquela voz cujas harmonias deliciosas inundam de júbilo a eternidade do céu. 

(Que se tenha grande recolhimento, pois o Senhor não fala a corações dissipados ou distraídos)

Jesus 

'Pax vobis!' Que minha paz seja com todos vós, filhinhos Meus! Vo-la trago grande e formosa para vossas almas que sofrem, que lutam, para todos os de boa vontade. 'Pax vobis!'. Sim, vo-la trago Eu mesmo para vossos lares de luto pela dor, feridos pelas desgraças, patrimônio obrigatório deste vale de lágrimas. 'Pax vobis!' Vo-la trago para a sociedade doente em cujo seio viveis, pois bem sei Eu quanta necessidade tem de se renovar no espírito de meu Evangelho, de ser em espírito e em obras a herança de Meu Coração sacrossanto. Vo-la trago para vossa pátria. Oh! Pedi-Me que ela chegue a ser para Mim a Jerusalém de Meus amores, a Jerusalém do Domingo de Ramos.

'Pax vobis!' Trago-vos Minha paz profunda, celestial e vitoriosa, para a Igreja sempre combatida. Rogai por Ela, pedi, filhinhos Meus, que encha os celeiros de Meu Pai celestial com uma colheita rica e escolhida de almas e de famílias. Vinde, amigos da alma, aproximai-vos; não temais como os apóstolos: aproximai-vos mais, bem mais. Procurai a ditosa intimidade do Coração de vosso Rei, de vosso Irmão, de vosso Amigo. Não temais. Eu sou vosso Jesus. Sim, aproximai-vos com tal intimidade que possais tocar as chagas de Meus pés e de Minhas mãos; aproximai-vos e penetrai na chaga do Meu lado. 

Oh! Ponde nela com confiança a mão querida, e mais: entrai profundamente nela com a alma e ficai aí; abismai-vos para sempre nesta ferida, morada vossa no tempo e na eternidade. Eu não mudei filhinhos Meus; não: sou o mesmo doce Jesus, bom, misericordioso, nascido da Virgem Maria, vossa Mãe. Sou realmente filho seu; somos, pois, irmãos muito queridos: não Me temais. E agora, sem receios e com um coração aberto, dócil e agradecido aceitai, na alvorada deste Ano Novo, como obséquio e garantia de Meu amor, como lição de Minha sabedoria, um pensamento sério, uma reflexão austera e doce ao mesmo tempo e que vos peço coloqueis como fundamento sobrenatural do caminho que se inicia hoje.

Para recolher com fruto, consoladores Meus, este ensino que condensa todo o Meu Evangelho, para que seja realmente proveitosa para este ano e para a vida, esvaziai, antes de qualquer coisa, o coração, aliviai a alma de tudo o que for terreno e saboreai, em seguida, a lição que quero dar-vos, num grande recolhimento de espírito. Ouvi-Me, almas amadíssimas, filhos de Meu Sagrado Coração, meditai esta palavra, vo-la propõe vosso Deus: 'Um ano transcorrido quer dizer um ano menos na vida do tempo, e um ano mais próximo do abismo de vossa eternidade'. Oh! Meditai durante esta Hora Santa na vaidade de tudo, absolutamente de tudo o que não seja a permanente realidade que sou Eu, Jesus! 

(Muito lento e entrecortado) 

Tudo passa e morre, menos Eu. 
Caducidade da juventude, flor que vive um dia e morre. 
Caducidade da ambição, fumaça que se esfuma e passa. 
Caducidade da alegria humana, fulgor que brilha e desaparece como um relâmpago. 
Caducidade da fortuna dourada e versátil que nos escapa. 
Caducidade de uma situação brilhante, que muda de improviso e que se quebra. 
Caducidade dos prazeres, embriaguez que mata, desassossega e foge. 
Caducidade de toda harmonia terrena, de toda beleza criada, que engana e perece. 
Caducidade do amor humano, que muda, fere e depois esquece. 
Caducidade da sabedoria do século, que falsifica tudo e se converte em trevas. 
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, exceto a realidade, que sou Eu, vosso Jesus. 

E se duvidais, ponde, filhos Meus, um ouvido atencioso àquela voz misteriosa dos séculos que jazem sepultados em sua história de glórias e mentiras. Onde estão? Foram só ontem, e já não mais são! Sua voz eloquentíssima não é senão o eco da Minha. Com eles, Eu vos digo: vaidade das vaidades, é tudo o que é terreno, tudo o que não seja a realidade verdadeira que sou Eu, vosso Jesus. Milhares e milhões de homens jovens, valentes, arrebatados vertiginosamente do palco da vida pela tempestade de fogo de mil guerras fratricidas, gritam-vos e previnem, com a eloquência de suas cinzas aventadas, que não sejais fiéis à terra.
Nela tudo é vaidade. Sim, tudo o que não é a divina Realidade, que sou Eu, vosso Jesus. E como esses exércitos de soldados, aquele outro exército mais numeroso ainda dos feridos na alma; aqueles tronchos do coração, que são as viúvas e os órfãos, os desamparados e os sepultados vivos sob os entulhos de suas esperanças e ideais. A caravana imensa das almas, dos corações náufragos do lar e da sociedade; todos... Oh! Todos eles, com um gemido dilacerador e que não engana, gritam-vos com insistência: Vaidade das vaidades, tudo caduca e é terreno, tudo o que não é a divina Realidade, que sou Eu, vosso Jesus!

(Breve pausa) 

Contudo, não quero ver-vos amargurados em excesso, filhos Meus, e menos ainda não quereria, ó não, ver-vos desanimados. Porque se é verdade que o mundo não é senão vaidade, sabei-o, meditai-o: Eu venci o mundo com a suprema e ditosa Realidade de Minha Pessoa e de Meu Amor. Coragem, pois, e adiante, adoradores Meus, levantai muito ao alto os corações e o pensamento, pois aqui mesmo, no meio deste aglomerado de ruínas, Eu sou, para vós todos, a Realidade eterna das almas que me adoram e me amam. 

Sim, a única Realidade imutável, divina, imortal, sou Eu. E Eu quis que esta Realidade suprisse tudo. Que Deus vos baste! Crede-o assim, amigos de Meu Sagrado Coração, convencei-vos disso nesta Hora Santa. O mundo, por desgraça, não raciocina assim: Eu não lhe basto. Daí que sendo Rei e Senhor, se me preterem. Quão rara vez sou Eu o Amor, o primeiro no coração e no lar! Não vós, filhinhos Meus. E já que para vós sou a Realidade, que enche tudo e que supre tudo, quero que me o digais aqui, ante meu altar, com palavras da alma. 

Amigos fidelíssimos do Coração de Vosso Salvador; meditai constantemente na vaidade efêmera da juventude, primavera que dura mal uma manhã de sol, e que em seguida morre. Mas, como compensação divina, imensa, que esperais, o que me pedis? 

(Todos) 

A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 

Consoladores de Meu Divino Coração, meditai constantemente na vaidade da ambição falaz e traiçoeira que embriaga, fere e desaparece depois. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis?  
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Apóstolos de Meu adorável Coração, meditai constantemente na vaidade dos gozos terrenos, que, como o relâmpago de luz ou como o orvalho, duram um instante e se desvanecem. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Confidentes de Meu Divino Coração, meditai constantemente na vaidade da sorte que perverte tantas almas e que se escapa para não voltar. Mas como compensação divina imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Discípulos muito amados de Meu Sagrado Coração, meditai constantemente na vaidade dos prazeres sensíveis que afagam um instante, que produzem embriaguez de morte e perdem cedo sua doçura. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Adoradores fervorosos de Meu amante Coração, meditai constantemente na vaidade da beleza criada e transitória que apaixona tão facilmente como desaparece e morre. Mas em compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Reparadores de Meu entristecido Coração, meditai constantemente na vaidade tão funesta do amor terreno, que, sendo por natureza inconstante, fere como uma rajada e foge como a brisa. Mas como compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis?  
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 
Filhos prediletos de Meu Divino Coração, meditai constantemente na vaidade da sabedoria humana, que com toques de luz fictícia semeia tantos erros, luz sinistra que estoura frequentemente em furacão. Mas em compensação divina, imensa, que esperais e o que Me pedis? 
A realidade suprema que sois Vós, Jesus. 

Oh, sim, Vós, Senhor e somente Vós, a ditosa, a imutável e eterna Realidade! Com ela, isto é, convosco, a vida, já de por si tão vazia de toda paz, tão pobre de verdadeira beleza, nos será suportável, não obstante as tumbas, as ruínas e os joios semeados ao longo do caminho. Ah, mas sempre convosco, Senhor Jesus! Este ano que começa não nos inquieta, Mestre, apesar das mil vicissitudes azaradas que traz consigo; mas temos a nosso lado a Vós, Jesus! Bem sabemos, Senhor, que não podemos pretender viver num paraíso terreno, murcho, perdido para sempre. Mas que importa, nem nos faz falta, já que em Vosso Coração, Amor dos amores, recuperamo-lo com usura! Oh, sim, Vosso Coração o vivifica, o ilumina, dignifica-o todo, Senhor, e isto para a eternidade!

(Peçamos, com fervor e humildade de coração, a luz que nos faça compreender e apreciar a graça que o céu nos outorga com o novo ano. Mas peçamos, sobretudo, a graça de sabê-lo aproveitar devidamente para glória do Divino Coração e pelos interesses eternos da alma). 

(Pausa) 

As almas 

A Hora Santa, Jesus adorável, Vós mesmo a pedistes, como a hora das divinas confidências com o Vosso Coração adorável. Deixai-nos, pois, em consequência, abrir-Vos a alma; deixai-nos contar-Vos tudo, Senhor, pois sentimos a necessidade imperiosa de esvaziar nossas almas na Vossa, aqui, a Vossos pés, ante o Sacrário! 

Bem podem, Jesus, os vaidosos, os sensuais, os mundanos e os frívolos seguir sonhando sobre as ruínas lamentáveis de suas quimeras insensatas. Entretanto, nós, pobrezinhos e ao mesmo tempo mais ricos do que eles, porque mais favorecidos por Vossa graça, tão gratuita como esplêndida, queremos protestar-Vos que, deixando o mundo de lado apenas Vós nos satisfazeis e nos bastais. E alentados pelo dom de Vosso Coração adorável, propomo-nos determinadamente começar uma vida nova com este Ano Novo, vivendo mais e mais desenganados e desprendidos dos falsos bens e dos prazeres enganosos da terra. Por isso, Jesus, desde esta alvorada, ao iniciar um ano que nos aproxima à vossa eternidade, arrojamo-nos entre Vossos braços e, com fé da alma, protestamo-Vos que, daqui em diante, não queremos outro bem que não Vós mesmo Jesus.

Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, Vos prometemos que, na doença ou na saúde, aceitaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 

(Todos) 

Aceitaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, prometemo-Vos que, na pobreza ou na abundância, louvaremos somente o Vosso Coração. 
Louvaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, Vos prometemos que, na tristeza ou na alegria, procuraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 
Encontraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, prometemo-Vos que, na prosperidade como na Cruz, adoraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 
Adoraremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 
Ó vem nos visitar, Mestre, com a aurora deste Ano Novo e, ao receber-Vos, prometemo-Vos que, na vida como na morte, aclamaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus! 

(Três vezes) 

Aclamaremos somente o Vosso Coração, Senhor Jesus. 

Jamais se vai em vão Àquele que é a Bondade incriada. Vede, a dois passos, já está Jesus. Chamemo-Lo e aqui está almejando extravasar a vida de Seu Coração adorável nos nossos. Recolhamos com santa avidez suas palavras! 

(Que se tenha um grande silêncio: o silêncio das almas.) 

Jesus 

Com que poderei pagar-vos, amigos muito amados, fidelíssimos, o bálsamo que vosso amor soube pôr em Minhas feridas? Obrigado! Meu coração vos abençoa! Sabeis apreciar esta palavra? Sabeis quem é Aquele que vo-la dirige? Ah, sou Eu mesmo; Eu, vosso Deus e vosso Rei, vosso Pai e vosso Amigo; sou Eu, Jesus, que vos fala! Vede como Me acerco a vós! Sim, Meu coração adorável é o sol de ventura que para vós se levanta sobre a colina deste altar, trazendo-vos suas luzes e seus ardores como presente de Ano Novo! Vede, chego-Me a vós, esbanjando graças; venho em procura vossa para cumular-vos, para enriquecer-vos, se possível fosse, até Me empobrecer; sim, Eu mesmo, depositando em vós todos os Meus tesouros...

Aproximo-Me a vossas almas, como uma nuvem carregada com um dilúvio de graças, que quisesse derramar em profusão e sem medida sobre vós e vossos lares, a fim de que este ano que começa seja um ano de bênçãos e de graça. Mas para isso espero uma palavra ainda de vossa parte. Abri, abri de par em par o Tabernáculo de meu Sagrado Coração e pedi sem temor de importunar, pedi confiantes! Que graça solicita que Eu vos conceda, que favor esperais do tesouro de Minhas misericórdias infinitas?

 (Todos) 

Para nós, Vosso adorável Coração. 
Para Vós, Jesus, imensa glória.

Não duvido, filhinhos, da sinceridade do coração; mas esta generosidade vo-la dita talvez o entusiasmo que vos infunde Meu Sacrário. Mas quando vos afasteis daqui, uma vez à distância e em plena luta contra o mundo frívolo, me dirão então outro tanto? Ah, sobretudo para essa hora de refrigério, que força divina de vitória reclamais? Falai-Me todos!
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Mas se o mundo se empenha em afastar-vos de Meu peito, em arrebatar-vos de Meus braços... E se, em sua tirania, ousasse exigir-vos que escolhais definitivamente entre seus prazeres vãos e Minha Lei, dizei-Me, amigos, que tesouro escolheríeis?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Mas suponde que o mundo não desista, que a luta recrudesça e que por causa de vossa fidelidade tenhais que sofrer cruzes e açoites. Com que grito da alma chamaríeis então em socorro vosso?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Ó que formosura cristã, que nobreza divina a vossa! Mas dizei-Me com toda intimidade: esses sentimentos animam também aos vossos? Em seu lar querido, pensam e falam todos assim? Se assim não for, reclamai para eles minha graça: que pedis para eles em depoimento de Meu amor?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória.
Por que essa tristeza, filhinhos Meus? Talvez tendes no lar algum enfermo da alma a quem amais muito, mas que não ama a Mim? Pobrezinho! Eu quero salvá-lo, ele não pede, mas vós pedis por ele. Que desejo quereis para o lar?
Para nós, Vosso adorável Coração.
Para Vós, Jesus, imensa glória. 
Acreditai em Meu amor e Eu os salvarei em recompensa a vossa fé e à prece desta Hora Santa, deliciosa. Ah. mas pensai também em vós: dia chegará, e talvez muito cedo, em que a morte baterá a vossas portas. Para essa hora suprema de justiça, que galardão esperais de Minha sentença? Reclamai-o agora mesmo: que esperais de Minha misericórdia?
Para nós, Vosso adorável Coração. 
Para Vós, Jesus, imensa glória. 

(Aqui pode entoar-se um cântico ao Sagrado Coração)

(Mesmo que os Príncipes da Corte celestial ofereçam ao Rei dos Reis presentes dignos do Paraíso, Jesus, apaixonado pelos humanos, pensando em seus pequeninos, toma o caminho da Terra e sai ao nosso encontro, suas mãos divinas acumuladas com presentes do Céu. Traz-nos, especialmente, três imensos e riquíssimos tesouros, oferenda valiosa de seu amável Coração. Quereríeis meditar uns instantes no valor inestimável desses tesouros? Façamo-lo considerando brevemente três quadros, três cenas do Evangelho. Oremos meditando! Meditemos amando!) 

 l. Dom de Luz 

Recordais o que dizia o cego? 'Senhor, fazei que eu veja!'. Bem mais cego do que este desventurado, Nicodemos, cego da alma, cala e teme. Ó com que fulgor vitorioso deverá brilhar os olhos de Jesus, olhando com doçura a Nicodemos na primeira conversa misteriosa! Imaginais a turvação que a proximidade estreita e as palavras do Mestre divino provocariam na alma tímida desse cego, temeroso de se curar? Mas, quão forte, quão irresistível devem ser as atrações do imã dos olhos e do Coração de Jesus! Cada palavra sua era uma seta de luz que o traspassava, conquistando-o. Com infinita suavidade, o Sol divino avança, penetra nos abismos desta alma reta. Mas apesar de sua retidão, de sua boa vontade, teve certamente um primeiro momento de surpresa, de resistência secreta, de luta. Era tão forte nela o respeito humano! 

O Mestre condescende: seu Coração é suavíssimo. Enceta-se uma primeira entrevista à noite na qual ficaram, face a face, a sós, Jesus e Nicodemos. Ao separarem-se, o Salvador deve ter dito a Nicodemos: 'Já sabes que te amo; irei, pois, a tua própria casa!' E, nesta segunda entrevista, lutaram frente a frente as trevas e a luz. As palavras de Jesus despedem fulgores, sóis de clareza que brotam de seu peito, passando por seus lábios. E pouco a pouco, essas clarezas penetram e depois dissipam as nuvens de trevas. Lenta, mas profundamente, transpassam a alma do rabino, derretem os seus gelos, incineram a rocha. Vede: o Sol, Jesus, triunfou; Nicodemos, vencido, adora-O! Que ensino! Na medida em que o famoso rabi, Nicodemos, esquece-se e se desprende de seus preconceitos, de suas próprias idéias e paixões; na medida em que morre para si mesmo, uma luz, uma imensa luz invade todo o seu ser. Quando Nicodemos apaga suas luzes, o Senhor acende a Sua. Essa será também nossa própna história. Não seremos os verdadeiros filhos da luz senão na medida em que saibamos desprender-nos, por uma perfeita imolação de espírito. A luz não chega ao fundo de uma alma senão pela cruz de Jesus. Mas, graças também às nossas próprias cruzes!

Repete-se, pois, com ligeiras variantes, a história de Saulo no caminho de Damasco: a misericórdia do Senhor nos surpreende no caminho de trevas, assalta-nos, joga-nos por terra, obriga-nos a morder o pó. Só então, humilhados e na Cruz, somos capazes de ouvir e de compreender no fundo de nossas almas estas palavras de luz inefável: 'Eu sou Jesus de Nazaré!' Ó se entre estes amigos do Senhor tivesse algum que lhe tema demasiado, que por isto vacila em aproximar-se, que se aproxime sem receios, que procure a proximidade, a intimidade do Mestre! Ah, sobretudo, que não resista ao apelo amoroso que lhe faz Jesus nesta Hora Santa... 

Que se tendo as doces exigências de seu Amor, tomasse a fuga, o caminho extraviado de Damasco, o Amor dos amores sairá a seu encontro, e o ferirá no coração e, por esta ferida de amor, penetrará a luz! Ó mil vezes felizes aqueles a quem fustiga e fere Jesus; felizes as almas a quem o Senhor faz chorar! Por estas lágrimas lhes revelará um dia o esplendor de sua beleza soberana. Eterna e divina história: esta chuva de lágrimas, chuva saudável, purifica e ilumina o céu das almas, arranca a venda das escamas que, embaçando os olhos, impedia-nos de ver às claras a Jesus. Então, sim, a alma que chorou se encontrará frente a frente com Jesus, e este lhe dirá: 'Olhe-me, sou Eu a luz! Segue-me e não andarás nas trevas!'

(Breve silêncio) 

(Todos: três vezes) 

Senhor, fazei que eu Vos veja!

(Três vezes) 

Senhor, Deus de luz, fazei que eu Vos veja! 

(Três vezes) 

Em minha cruz e por minhas penas, quero Vos ver, Jesus!

II. Dom de Misericórdia 

Para melhor apreciar este dom, o de mais aplicação prática à nossa vida, façamos algumas considerações sobre a belíssima parábola do Bom Samaritano, aplicando-a ao caso do Coração de Jesus com relação às almas. Esta história é tão realmente a nossa!

(Com devoção) 

Em uma curva do caminho jaz por terra, ferido, despojado, um pobrezinho. Viajantes sem coração vão e vêm; mas todos passam indiferentes, desditosos, a seu lado: justificam-se de tal indiferença declarando-se a si mesmos irresponsáveis da desgraça desse homem. Olham-no sem deter-se. E continuam sem alterar-se, calmos, seus caminhos. Já que o desgraçado jaz por terra e está ferido, culpa sua deve ser, parecem dizer-se interiormente todos, à medida que passam. E se é culpado, pois deve sê-lo, que expie seu pecado!

Tal é a justiça que pretende fazer o mundo! Mas eis que, por fim, alguém se detém: Quem será? Uma luz suavíssima parece irradiar-se dele, e lhe precede. Vede: já está junto ao ferido. Que beleza de majestade dulcíssima, conquistadora, envolve toda sua pessoa! Ó que compaixão tão profunda revela seu   olhar e daí, bondade indizível, arrebatadora, relampeja pelo seu rosto, de formosura mais do que humana! Ao vê-lo, dir-se-ia que é um homem que vai prorromper em soluços.

Ó dir-se-ia melhor que é um Deus de uma ternura, mais do que imensa, infinita! Quem pode ser senão... Jesus! ó, sim, é Ele! Chama-se a Si mesmo o Homem-Deus de todas as dores, e nós lhe chamamos o Homem-Deus de todas as misericórdias. Aparece como Senhor da majestade no caminho dos seus anjos e se apresenta como o Senhor de todas as ternuras no caminho dos mortais, dos homens, seus irmãos. Contemplai-O; inclina-se para o ferido; ajoelha-se ao seu lado. Vede; dá-lhe de beber como refrigério suas preciosas lágrimas, e o envolve nas dobras de sua própria túnica. Ah, esse Senhor não é bom; não, Ele é a Bondade encarnada! Observai-O ainda; tomou-o entre Seus braços; estreita-o com ternura, e, rico e ditoso com o tesouro do pobre ferido, corre, voa...

Entretanto, abraçando-o, começa a reanimá-lo, a dar-lhe nova vida ao calor de seu amante Coração! E daí, o que fará em seguida? Conduzi-lo talvez a uma hospedaria? Ah, não! Leva-o à sua própria casa: dá-lhe seu lar. Uma vez nela, não chama gente mercenária que o cuide, nem se atreve, em seu imenso amor, a confiá-lo aos seus próprios anjos. Chama Maria, a Rainha, e o deposita suavemente entre seus braços maternais, pedindo-lhe, rogando-lhe,   que cuide ao filho ferido, como ela cuidou dEle mesmo no berço de Belém. E no cume do Calvário!

Mas ao entregá-lo assim à Sua Divina Mãe, Jesus não se afasta; fica inspirando desvelos e ternuras ao lado da Rainha do Amor Formoso; não dá trégua ao seu Coração de Salvador, que desvela noite e dia sobre o ditoso desventurado. Observai com que misericórdia, ajudando à celestial enfermeira, venda Ele mesmo com Suas mãos criadoras as feridas; vede como põe nelas o vinho e o azeite de seu sangue e o bálsamo extraordinário dos Seus beijos! Vede como o lava e purifica nas águas do Seu adorável Coração!

E uma vez convalescente, dá-lhe roupagem de príncipe! E quando são, retém-o em seu palácio, senta-o em sua mesa. Mais, bem mais ainda; trata-o como amigo íntimo, como filho amado, e um dia o declara e constitui Seu herdeiro! Não é verdade que esta é a vossa história? Ó quão verdadeiro é que não há senão um só Jesus, um só; mas Ele nos basta! Por   isto, cedendo ao impulso de nossa imensa gratidão, cantemos e aclamemos a compaixão e a misericórdia infinita do Coração do Salvador.

(Ponde a alma inteira em cada palavra) 

As almas 

Ó, Jesus adorável, Rei, Irmão e Amigo, cremos, ó sim, que Vós baixastes do céu para trazer-nos a vida e para no-la dar superabundante. Cremos que viestes em procura dos enfermos gravíssimos e sem remédio, daqueles que já pareciam como náufragos abandonados.Sim, viestes para eles, sobretudo, para curá-los e, uma vez curados e embelezados por Vossa graça, para devolvê-los ao Pai que Vos confiou. Ai!, com sentimentos de humildade e de arrependimento devemos e queremos reconhecer, Mestre adorável, que fomos nós as ovelhas extraviadas, o filho pródigo, a dracma perdida, a cana rachada, o estopim fumegante, o credor rebelde,  servidor culpado e a rocha empedernida que recusou a semente, regada com o Vosso sangue!

De joelhos, pois, e chorando nossas culpas, Vos dizemos: Perdão, Jesus, Salvador! Perdão, Jesus, ó Bom Pastor! Perdão, ó Pai de misericórdia infinita pelo inúmero de infidelidades de nossa vida passada!. Perdão! Pecamos, Senhor, abusando do tesouro inesgotável de Vossa paciência e bondade. Perdão! E para pagar agora mesmo a compaixão e a caridade com que nos tratastes sem merecermos, quereríamos arrebatar-Vos essa mesma misericórdia, fazendo violência ao Vosso doce Coração em favor de tantos outros que não Vos conhecem e Vos ultrajam.

Lembrai-Vos, Jesus, que Vós mesmo no-lo destes como irmãos nossos! Olhai-os compassivo, Mestre, em luta desesperada e sem fruto, entre os espinhos do mundo e seus pecados. Escutai-nos, pois, benigno, ó amável Salvador!. Tende piedade, Senhor, daqueles meninos pequeninos ainda, mas cuja inocência já pereceu, agastada num lar sem fé e de desventura! Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Rei, sede Jesus para todos eles!

(Todos)

Sede Jesus para todos eles!

Tende piedade, Senhor, de tantos jovens que, em plena luxúria, já são ramos separados, mortos da árvore da vida de teu Divino Coração! Olhai compassivo a tantos que se revolvem no lodaçal de sensualismo e do pecado, sem jamais voltar a Vós um Olhar suplicante! Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Irmão: sede Jesus para todos eles!
Sede Jesus para todos eles!
Tende piedade, Senhor, de tantos lares infelizes que lutam, cantam e choram, sem as luzes nem os consolos da fé, sem a graça e fortaleza de teu santo amor! Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Amigo: sede Jesus para todos eles!
Sede Jesus para todos eles!
Tende piedade, Senhor, da caravana incontável de cegos voluntários. E também de tantos outros que jamais tiveram, nem no lar, nem na escola, a graça inestimável de ouvir-Vos, de conhecer-Vos. Não esqueçais a tantos que Vos conhecem mal de nome, à grande distância, e que não sabem, pobrezinhos, quão doce e bom sois sempre Vós. Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo-Salvador: sede Jesus para todos eles!
Sede Jesus para todos eles!
Tende piedade, Senhor, dos agonizantes, e muito especialmente daqueles que não foram perversos, senão débeis e ignorantes. Inclinai-Vos, em particular, para aqueles que tiveram caridade com os pobres e os doentes; ó fazei-lhes Vós a mesma caridade. Pela Rainha do Belo Amor, tende piedade de todos eles! Coração de Cristo agonizante, sede Jesus para todos eles! 
Sede Jesus para todos eles! 

(Pedi pela conversão dos vossos entes queridos) 

III. O Dom do Sagrado Coração 

Como se os inapreciáveis dons de luz e de misericórdia não bastassem para provar-nos a Vossa liberalidade, eis que Jesus se propõe resumir toda a sua generosidade no dom inefável e sublime de Seu Sagrado Coração. Para explicar-nos tanta beleza, acerquemo-nos, uma vez mais, ao Evangelho, já que tanto a sabedoria como a eloquência humana ficam apequenadas e extremamente pobres para nos dar uma visão completa. 

Contemplemos aquela cena cuja soberana formosura comoveu os anjos que foram testemunhas dela, na Última Ceia. Jesus acaba de instituir a divina Eucaristia. Uma sombra de infinita tristeza, quase de agonia, nubla a sua fisionomia adorável. É que vê aí a Judas; o ingrato tem já em seu poder a soma que recebeu para entregar o seu Senhor. Dirias que João, o predileto, adivinhou tudo, lendo esta história de perfídia nos olhos de seu Amigo Divino. E como quem se oferece para pagar com acréscimo, para consertar essa infâmia, vede como se aproxima, como se estreita a Jesus. E mais, com uma confiança espontânea e singela, descansou amorosamente sua cabeça sobre o Coração de Jesus.

Ah, e certamente Jesus, comprazido e consolado, recompensou essa intimidade reclinando seu adorável Coração no de João, seu apóstolo. E seu amigo! Nesse momento de glória, confiou-se a ele, sem dúvida, deu-se a ele por inteiro. E desde então, Jesus e João se uniram com vínculo eterno. Além da vida e além da morte! Credes que João tinha direito a tanto privilégio? Verdade é que era puro e casto de espírito e de coração, mas ainda mal se tinha então começado a amar. Não tinha tido ainda, por verdadeiro, nem tempo nem oportunidade de provar ao seu Mestre com obras de martírio quanto O amava. 

Ah, mas Jesus, dono de Seu próprio Coração, tem o direito soberano de adiantar-Se, de amar primeiro, de dar gratuitamente mais amor! Em realidade, este é um mistério tal que nos abisma e confunde. É preciso ser Jesus para amar desta forma, para oferecer gratuitamente um dom semelhante. E que só Ele nos pode fazer! Mas, se desalentados vos dissésseis que tanto favor foi a recompensa à inocência de João e que as almas de lírio, como a do apóstolo predileto, são muito bem contadas... E que não podendo apresentar nem a sua pureza e nem a sua generosidade, devêsseis renunciar ao dom do Coração de Jesus.... 

Ó refaçais este pensamento e ponde os olhos jubilosos e assombrados em outro quadro, que completa o primeiro, que o realça. Jesus agoniza no Calvário! A Seus pés, acercado de João e, mais próximo ainda da Rainha Imaculada, está... Madalena! A um lado, a inocência conservada, e do outro, a inocência recuperada! E ambos, João e Madalena, por testemunha a Rainha Imaculada, recebem igualmente, em testamento supremo, o Coração de Jesus!

Quem dos dois recebeu a melhor, a ótima parte? Quem? Ninguém o sabe, ninguém o saberá aqui embaixo senão Jesus. E por que não seriam ambos iguais em fortuna? Por que? Em todo o caso, esse silêncio eloquentíssimo não é senão o apelo constante e reiterado que, com ligeiras variantes e com tonalidades diferentes, chama a uns e a outros, a inocentes e a penitentes, e os urge para que em caravana imensa, incontável, avancem resolvidos e confiadamente pelo caminho do Calvário, para o Tabor de glória eterna.

Ó concluamos assim esta Hora Santa dando rédea solta ao nosso júbilo, à nossa confiança e gratidão. Que a nossa última prece tenha a cadência de um verdadeiro hino, cântico de louvor, de ação de graças e de amor, ao Coração de Jesus Sacramentado! 

Abençoastes-nos, Jesus amado, como não abençoastes jamais as flores dos campos à Sua volta e nem os lírios dos vales de Vossa Pátria, e em pagamento fomos nós os espinhos de Vossa coroa! 
Porém, não Vos canseis de nós; incensai-Vos que sois Jesus para estes pobres desventurados.
Abençoastes-nos, Jesus amado, como não abençoastes jamais as mesas, as vinhas e os jardins de Samaria e da Galileia, e nós Vos pagamos tantas vezes sendo a cizânia plantada em Vossa Igreja!
Porém, não Vos canseis de nós; incensai-Vos que sois Jesus para estes pobres desventurados.
Ó Jesus amado, Vosso Coração nos abençoou como não abençoou jamais as aves do céu nem os rebanhos de Belém e Nazaré. E nós Vos pagamos fugindo do Vosso redil e temendo a brandura de Vosso cajado amorosíssimo!
Porém, não Vos canseis de nós; incensai-Vos que sois Jesus para estes pobres desventurados.

Ó neste dia venturoso, deixai-nos, porque fomos ingratos convosco Jesus Sacramentado, deixai-nos oferecer-Vos um hino de louvor em tom inspirado ao Profeta-Rei; em sua lira cantamos a Vós junto com a Mãe do Belo Amor. 

Espíritos angélicos e santos da corte celestial: louvem ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 

(Todos) 

Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 

Sol, lua e estrelas: espargi vosso manto de luz sobre este Tabernáculo, mil vezes mais santo que o de Jerusalém, cheio da majestade de sua doçura. Louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e   Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Fulgor da alvorada, orvalho da manhã, luzes do crepúsculo: glorificai a majestade do silêncio do Rei e do Sacrário. Louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Oceano aprazível, oceano em tempestade, profundidades viventes do abismo: proclamai a onipotência do Cativo deste altar; louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Brisas perfumadas, tempestades devastadoras, flores, torrentes e cascatas: cantai a formosura soberana de Jesus Sacramentado. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Neves eternas, selvas, vulcões, colinas e vale: engrandecei a magnificência do Deus aniquilado do altar. Louvai ao Senhor na misericórdia infinita com que nos cumulou. Hosana ao Criador, convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 
Criação toda inteira: vinde pressurosa em nosso auxílio, vinde a suprir nossa impotência; os humanos não sabem cantar, louvar, nem agradecer; vinde e com cantares de natureza afoga o grito de blasfêmia, conserta o sopro, a indiferença do homem ingrato com a misericórdia infinita de Jesus-Eucaristia. Hosana ao Criador convertido em criatura e Hóstia por amor! 
Hosana ao Divino Prisioneiro do amor! 

Em reparação de tantos que Vos esquecem, que amemos mais, que amemos com amor mais forte do que a morte! Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino! 

Salve Rainha invocando a Rainha do Belo Amor. 
Pai Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino! 


Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

(Hora Santa de Ano Novo, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

 HORA SANTA DE JANEIRO


Eis aqui o Coração que tanto amou os homens! Contemplai-O, filhos meus, carregado de opróbios nesta Hóstia em que Ele, entre chamas de caridade, palpita por vós. Somente por vós! E não suportando por mais tempo os ardores que O consomem, quis entregar-se ao mesmo mundo que o tem traspassado com o dardo da ingratidão e do desprezo. Este é o supremo e o último recurso da minha redenção.

Aqui tendes o meu Coração; Eu o dou a vós, eu o entrego a vós sem reservas, em troca do vosso, ainda que pecador e ingrato. Ó como tenho sede, uma sede imensa de ser amado, neste Sacramento do Altar, onde tenho sido até agora o rei do silêncio, o monarca do esquecimento. Mas agora é chegada a hora dos meus triunfos. Venho reconquistar a terra; sim, hei de subjugá-la, apesar do inferno, e salvá-la-ei por meio da onipotência do meu Coração. Aceitai-O, eu vos rogo...estendei-me as mãos e a alma para receber este supremo dom de minha misericórdia redentora. Venho trazer fogo à terra, fogo da vida, de um amor sem limites, fogo de santidade, fogo de sacrifício, e hei de querer que não se inflame?

Ponde os olhos em meu peito ferido. Aí tendes o Coração que vos tem amado desde os padecimentos de Belém; e mais... até às humilhações e obscuridades de Nazaré e, muito mais ainda, até às agonias cruentas do Calvário. É este o mesmo Coração que deixou de bater no Gólgota, é o mesmo que segue amando na luz inextinguível do altar da Santa Eucaristia. E vós não me amais! Por isso, estou triste até a morte...Por isso, me corrói até à agonia que a vinha dos meus amores tenha produzido os espinhos que circundam meu Divino Coração. Arrancai-os, pois, nesta Hora Santa e amorosa, nesta hora feliz para vós e também para este Deus-Prisioneiro, que invoca amor, que espera amor, que pede amor desde o Sacrário.

Desfaleço de tanta caridade... acercai-vos e sustentai-Me nesta agonia sacramental de vinte séculos. Sede meus anjos consoladores! Ó vos amo tanto, tanto... e vós não Me amais o bastante, vós que sois os meus amigos, vós que sois os meus escolhidos. Ai! E o mundo desconhece todas as minhas finezas, rechaça as minhas ternuras, desdenha e profana as minhas misericórdias. Estou triste até a morte... Vinde, este é o coração que jamais deixou de vos amar; vinde, aceitai-O como penhor de ressurreição. Filhos meus, vinde e dai-Me em troca os vossos corações, as vossas almas, as vossas vidas, os vossos pesares e alegrias. Sede vós todos Meus, todos! Eu vos perdoo, mas deveis amar-Me! Tomais esta decisão de uma vez, assumis que sou vosso rei e que aceitais, reconhecidos, o dom incomparável do meu Sagrado Coração!

(pausa)

(certamente somos indignos desse dom mas, diante da oferenda de tão grande misericórdia, vamos aceitá-lo com gratidão e humildade, para nos santificarmos por meio dele e lhe darmos glória)

As almas

Senhor Jesus, não nos atrevemos a Vos oferecer os nossos corações espezinhados. Mas tomai-os, porque eles são vossos mas, em troca, dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

(todos em voz alta)

Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

Por amor à Virgem Maria, dai-nos, Jesus, nas horas de fervor, quando sentimos os desejos veementes de amar e de sofrer como os santos...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor a São João, dai-nos, Jesus, nas horas tão raras de paz, quando desfrutamos da doce tranquilidade de uma consciência pura ou que nos foi perdoada...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos vossos três amigos de Betânia, dai-nos, Jesus, nas horas de pesar e de tristeza, quando recaem sobre as nossas almas as tormentas da dor...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos Apóstolos privilegiados do Tabor e do Getsêmani, dai-nos, Jesus, nas horas de alegria ou de provação...
Dai-nos para sempre vosso Divino Coração!
Por amor à arrependida Madalena e às mulheres compassivas de Jerusalém, dai-nos, Jesus, nas horas da fraqueza humana ou quando nos inspira a graça do arrependimento...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor à obra de vossa Igreja, dai-nos, Jesus, nas horas do combate, quando ela nos conclama o tributo do nosso zelo e também do nosso sacrifício...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor aos santos Bernardo, Agostinho e Francisco de Sales, Matilde e Gertrudes, felizes precursores desta admirável devoção, dai-nos, Jesus, nas horas das nossas melhores disposições quando Vós nos exigis maior fervor...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor de vossa esposa e primeira apóstola, Santa Margarida Maria, dai-nos, Jesus, em todos os momentos da nossa vida e sobretudo na agonia final da nossa morte...
Dai-nos para sempre o vosso Divino Coração!

Ó ofertai-nos vosso Coração como uma fonte de vida, como um oásis de descanso, como uma projeção do céu... E, apesar de nossa indignidade, que ele possa ser nosso, ó Jesus, com todos os vossos tesouros de luz, de paz, de fortaleza pois, neste santuário divino, queremos aprender a Vos amar e dar-Vos glória! Jesus, vós já nos destes a Cruz... nos destes a vossa Mãe... nos destes o vosso Sangue...dai-nos agora e por toda a eternidade, Senhor, o paraíso do vosso Coração! Com ele, não desejamos mais nada, nem no céu e nem na terra.

(pausa ou canto de um hino)

(vamos pedir fidelidade e generosidade de modo a responder à graça desse dom incomparável do Coração do nosso Salvador. Vamos suplicar que esta Hora Santa nos envolva com uma grande luz que nos faça capazes de apreciar a beleza e a infinita bondade de um Deus, que nos oferece a fonte de sua própria vida para nos dar uma vida nova. Vamos nos humilhar e nos prostrar e, sobretudo, amar Aquele que nos amou tanto. Ouçamos a Sua voz...)

Jesus

Vós me chamais Senhor e Mestre, e dizeis bem, porque Eu o sou. Mas ouçais: estou feliz por Me tornar escravo do homem aqui no Tabernáculo por amor de homem ingrato. Já vos ocorreu alguma vez que, ao chamar-vos para o meu altar, ansiosamente pedindo o vosso amor para vos resguardar no tesouro do meu Coração, na busca de todos vocês, pequenas flores dos campos, grãos de areia do deserto, Eu, Senhor do céu e Mestre da terra procurei o meu prazer ou olhei para o meu consolo?

E por quê? Ah! Porque eu vos amo, meus pequeninos, com um amor tão grande que, de certa forma, Me impus uma necessidade divina por vós, de tal sorte que, sem o vosso amor, o Meu coração sofre. Ó, sim, acreditais nisso: sem vós, que tantas vezes esqueceis de mim; sem vós, que, muitas vezes, preferis as vaidades do mundo a Mim; sem vós, os filhos pródigos do meu Coração; Eu, Jesus, não poderia viver após ter provado este amor, ainda que fosse o amor de uma única alma fiel! Ah! Preciso estar no Céu na companhia eterna dos homens redimidos pelo meu Sangue de modo que a minha glória seja completa! Não vos esqueçais disso: as mais belas jóias da coroa do seu Salvador devem ser as almas resgatadas dos vossos irmãos. Elas me custaram tanto!

Reconhecei isso durante esta Hora Santa, pelo menos vós, meus filhos amados, porque o mundo se recusa a acreditar que eu vos possa amá-los em tal medida; eu preciso que vós reconheceis isso. Portanto, para o meu consolo, para o meu triunfo de amor, para a glória que me é devida, aceitai o presente do meu Coração, aceitai este tesouro do paraíso porque vós estais convictos em Me render este testemunho de fé no meu amor; porque vós acreditais firmemente que eu, Deus dos Tabernáculos, criei o coração do homem para torná-lo um tabernáculo vivo, o éden de todos os meus deleites.

Sou Deus desde toda a eternidade e meu Coração precisa de vós agora. Preciso de vós, meus irmãos! Venham, meu amigos fiéis, aproximar-se de meu coração, porque eu estou cansado e triste, estou ferido de amor. Não tardeis, Eu padeço com o desejo de encontrar um abrigo de extrema ternura, de fé ardente e de ardorosa caridade em todas as vossas almas. Enchei-vos de alegria, pois sou Eu, Jesus, que vos digo: Tenho fome de vós!

Falai comigo agora. Abri, abri vossas almas para Mim e, mais que tudo, dizei que Me amais realmente, que Me amais com um amor sem medida!

(aqui viemos falar com Ele, abrir nossas almas a Ele, oferecer a Ele as nossas almas incendiadas de amor. Que confissão Jesus nos fez: dizer-nos que precisa de nós, suplicando por nosso amor que Lhe é devido! Vamos responder com uma profissão ardente de nosso amor, pois é o nosso coração que precisa dEle.)

As almas 

Ó Jesus, ao ver-Vos tão acessível e tão benigno, ao contrário do Apóstolo que exclamou: 'Afasta-te de nós, porque somos pecadores', queremos correr ao vosso encontro para estreitar os laços da ditosa intimidade que une os nossos corações ao vosso Coração.

(lento e com grande devoção)

Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando os governantes renegarem a vossa lei e amaldiçoarem o vosso nome. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando as multidões incensadas por poderes satânicos profanarem os vossos santuários a clamarem pelo vosso Sangue. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando os sábios enganosos do mundo, cujo orgulho tendes paciente mas firmemente condenado, cobrirem de insultos e ultrajes a vossa Santa Igreja. Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando milhares de cristãos ignorarem a vossa pessoa adorável e vos afligirem com a espada da indiferença. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando tantas pessoas boas e virtuosas medirem com avareza o vosso amor e vos darem a sua confiança com absoluta mesquinhez e ninguém vos consola em sacrifício e santidade. 
Lembrai-vos que somos vossos, que somos consagrados à glória do vosso Divino Coração! 
Vinde, Jesus, vinde refugiar-se e deleitar em nossos corações, quando a deslealdade, a amargura e a tibieza das almas predestinadas vos oprimirem, estas almas que, por vocação, deveriam ser inteiramente vossas e santas. Nesta hora de tanta desolação, mais do que nunca, lembrai-vos que somos vossos; volvei a nós os vossos olhos tristes e suplicantes e não vos esqueçais que, como vossos filhos, estamos consagrados para sempre à glória do vosso Divino Coração! 

No altar do nosso sacrifício, vamos cantar a vossa glória: viva o Vosso Sagrado Coração, e que venha a nós o vosso Reino! 

(se sentirmos remorso por alguma falta íntima, por alguma recaída no pecado, especialmente por uma falta de generosidade, que fere gravemente Nosso Senhor, peçamos o Seu perdão; Ele sabe tudo, mas quer uma nossa manifestação de amor e de arrependimento. Não nos deixemos abater pelo desânimo; ouçamos mais uma vez as palavras do Divino Mestre).

Jesus

Meu maior desejo, meus pequeninos, é vos ver saborear a minha vida. Eu a dei a vós com o meu Sangue e quero que a vivais. Eu a dou a vós como fonte de uma nova vida com o meu Coração. Quero viver em vós porque vós precisais de Mim para curar vossas debilidades e vossa consciência perturbada, para vos sustentar na fraqueza de vossos propósitos, para confirmar as vossas boas predisposições. Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou a fortaleza!

(lento e com grande devoção) 

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando deveis suportar o peso das tentações violentas. Não percais vosso equilíbrio, desmaieis, não cedais às insinuações do inimigo. Sede fortes. Amparai-vos em minha graça. Não me abandoneis, para que não fiqueis sozinhos na luta. Permanecei unidos a Mim, de modo que possais manter vossas almas na paz. Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou a vossa vitória!

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando, curvados sob o peso do pecado, vossa consciência vos censurar; quando a ameaça da minha justiça vos oprimir como o peso esmagador de um rochedo. Levantai-vos outra vez, não choreis sem esperança de culpa pelas vossas quedas. Vinde, vinde todos, os necessitados, os enfermos, os pecadores... Sejais meus, filhos de minha grande misericórdia! Vinde a Mim, vós que sois os predestinados de minha eucaristia. Eu sou o perdão de Deus, Eu sou tão somente Amor!

Saboreai a minha vida. Eu a dou a vós com o meu Coração. Eu a dou a vós, para quando estiverem imersos numa profunda nuvem de tristeza e de amargura, pesando sobre o vosso oração. A vida é triste e cheia de incertezas. Mas não vos revoltais ou percais o precioso tesouro de vossas lágrimas; não vos desesperais no perigoso e obscuro caminho das lamentações. Vinde, vinde todos, não tardeis mais. Vinde ser vós os predestinados de minha eucaristia. Eu sou o bálsamo que cura todas as feridas. Eu sou o vosso grande Consolador. Eu sou o vosso Jesus!

(Jesus nos dá o seu Coração, não apenas para nele buscar o nosso consolo mas, acima de tudo, nos fortalecer, para infundir uma vida nova em nós, e para nos dar novas provas de sua grande misericórdia. Vamos agradecer este grande dom. Vamos suplicar a Jesus que nos deixe o seu Coração como um pleito de amor durante esta vida, na hora da morte e por toda a eternidade)

(pausa)

As almas

Obrigado, Senhor Jesus, por vossa misericordiosa ternura que nos permitis afastar de todo mal, vós nos ofereceis o remédio soberano do vosso coração. Obrigado, Jesus, pelo interesse incompreensível que tendes por nossas preocupações, quando vós deveríeis esquecê-las, como um justo castigo pela nossa própria negligência e por todas as nossas muitas ofensas. Obrigado, manso e humilde Jesus do Sacrário! E agora, Senhor, como prova de reconhecimento sincero e em reparação pela nossa ingratidão e dos nossos semelhantes, nós desejamos durante esta Hora Santa, dedicar-nos, com toda a solicitude ansiosa de um amor ardente, aos vossos interesses mais caros e mais sagrados. Adorável Jesus, são tantos os conspiradores que tramam o deicídio por blasfêmia e pela negação pública e social de vossa divina realeza! São tantos os falsos conciliadores que vos condenam por um silêncio hipócrita, os que desdenham pronunciar o vosso nome ou, o que é ainda mais doloroso, os que fingem não vos conhecer!

Eles não consideram dignar a Vós, Senhor, nem mesmo um olhar de relance; eles flagelam a vossa Sagrada Face; vós não sois um desconhecido, um fantasma ou uma lenda do passado, mas eles têm a malícia de vos desconsiderar, em favor da salvaguarda, como dizem eles, da liberdade de consciência e da paz social, por razões de justiça e pelo bem-estar das nações civilizadas em marcha em direção ao progresso. Neste sentido, vós sois condenado ao exílio e à morte!

Isso não, ó rei de amor, mil vezes não! Então, eles terão de nos crucificar também junto convosco! Aqui, reunidos como em um cenáculo e vivificados pelo fogo de um novo pentecostes da vossa divina eucaristia, protestamos contra esse deicídio legal, contra esta apostasia da nossa época. Inflamados por ardente zelo à glória de vossa causa, vos aclamamos Conquistador e Rei do Amor diante os vossos inimigos. E, uma vez que sois rei e conquistador por direito divino, que sois um Deus fiel, vos ousamos suplicar que nos possais prometer novamente a vossa vitória final, já prometida aos vossos exércitos que combatem sob o lema: 'Venha a nós o Vosso reino, ó Sagrado Coração de Jesus!". Sim, Jesus, vós reinareis sobre nós e somente vós, Jesus Crucificado!

Aproximai-vos mais, ó doce Mestre, e aqui entre nós, cercado pelos vossos filhos, vem receber de nossas mãos a coroa da realeza, que aqueles que não são nada além de pó da terra e se clamam poderosos, quiseram arrebatar de Vós, porque reconhecendo as profundezas de vossa humildade, acreditam que podem injuriar-Vos de sua pretensas alturas! 

Avançai triunfante neste encontro fervoroso de verdadeiros irmãos. Não escondeis as feridas das vossas mãos e dos vossos pés. Não limpeis a vossa sagrada face a a vossa cabeça ensanguentada. Ah e não fecheis a ferida do vosso peito. Que seja assim, ferida aberta e sangrenta, coberta com a púrpura do amor e com com a túnica de opróbrio. Sem vos transfigurar, ó Jesus, tal como fostes, o mesmo Jesus daquela noite terrível da Quinta-feira Santa, apresentai-vos a nós e vinde receber o hosana dessa guarda de honra que se mantém em vigília pela glória de Cristo Jesus, nosso Rei!  

(todos em voz alta)

Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei!  

Os reis e os governantes poderão calcar aos pés as tábuas de vossa Lei mas, ao sucumbirem das alturas do poder ao túmulo do esquecimento, vossos súditos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os legisladores defenderão que o vosso Evangelho é uma ruína e que é preciso eliminá-lo em favor do progresso mas, ao sucumbirem ao túmulo do esquecimento, vossos adoradores seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os maus ricos, os orgulhosos, os mundanos, dirão que a vossa Moral é de outro tempo, que vossas intransigências denigrem a liberdade da consciência mas, ao sucumbirem nas sombras do túmulo do esquecimento, vossos filhos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os interessados em acumular cargos e dinheiro, vendendo falsas liberdades e grandeza às nações, chocar-se-ão com a pedra do calvário e da vossa Igreja mas, ao descerem aniquilados ao túmulo do esquecimento, vossos apóstolos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os arautos de uma civilização materialista, longe de Deus e em oposição ao vosso Evangelho, morrerão um dia envenenados por suas maléficas doutrinas e, ao desaparecerem no túmulo do esquecimento, amaldiçoados pelos próprios filhos,vossos consoladores seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Os fariseus, os soberbos e os impuros envelhecerão estudando a ruína, mil vezes decretada de vossa Igreja mas, ao desparecerem no túmulo de um eterno esquecimento, vossos redimidos seguiremos exclamando:
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Oh! sim! que viva o vosso Sagrado Coração, mesmo depois que os poderes diabólicos das trevas forem dissipados dos lares, das escolas, dos povos, e tragados para sempre pelo abismo, vossos amigos continuaremos exclamando pelos séculos dos séculos: 
Viva o Sagrado Coração de Jesus, nosso Rei! 
Viva  o vosso Sagrado Coração no triunfo de vossa eucaristia e de vossa Igreja! Amor e glória para sempre ao vosso Sagrado Coração! 

(pausa ou canto de um hino)

Senhor, temos que nos despedir mas, ao vos deixar neste altar, confiamo-Vos à adoração dos vossos anjos e aos louvores da vossa Mãe Imaculada. Nós nos retiramos, Jesus, mas deixamos os nossos corações imersos na chaga aberta do vosso Lado. Antes de nossa despedida, neste dia mais belo que todas as auroras, permiti uma última oração, Senhor e nosso Salvador, nosso Amigo e Irmão; permiti, ó Deus aniquilado, recordarmos aqueles infelizes que não se encontram aqui aos vossos pés, que não se arrependeram de viver pelos atalhos de uma vida de pecado; ó Deus aniquilado, pelos que vos abandonaram...

(lento e com grande devoção)

Vós sois tão doce, Jesus Eucarístico! Dai a vossa luz triunfante a tantos cegos que não querem ver as maravilhas do vosso amor e nem reconhecer que Vós sois o único Caminho. Concedei este milagre de luz por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão terno, Jesus Eucarístico! Dai a paz a tantos extraviados que querem buscar as alegrias sedutoras do mundo, um mundo que, cantando, vende lágrimas e morte. Sede para eles a esperança! Concedei este milagre de ternura por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão compassivo, Jesus Eucarístico! Saciai esta fome de amor, de amor sem medidas, que causou a perda de tantos filhos pródigos. Eles sofrem, eles padecem longe do vosso Altar, a única fonte de felicidade. Levai-os para junto de Vós. Que eles possam reconhecer, Jesus, que Vós, e somente Vós, sois a paz e o amor! Concedei este milagre de piedade por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração! 

Vós sois tão amoroso, Jesus Eucarístico! Saciai  esta fome de amor, de amor sem medidas, que causou a perda de tantos filhos pródigos. Eles sofrem, eles padecem longe do vosso Altar, a única fonte de felicidade. Levai-os para junto de Vós. Que eles possam reconhecer, Jesus, que Vós, e somente Vós, sois a paz e o amor! Concedei este milagre de piedade por amor à vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração!

Tu és tão amoroso, Jesus Eucarístico! Suavizai as lágrimas de desespero derramadas por aqueles que, sofrendo as dolorosas decepções desta vida, sem o auxílio da vossa graça, envenenaram toda a sua existência. Longe das alegrias do gozo terrestre, mais longe ainda do paraíso eterno, estes infelizes estão mergulhados em um abismo de sofrimento sem fim. Acercai-vos destes infelizes, ó Jesus - Hóstia! Procurai-os, ide ao encontro deles, falai para eles aquelas palavras que estremecem a terra e fazem brotar torrentes e oceanos infinitos de júbilo inefável nos domínios eternos. Concedei esse milagre de amor por vossa Mãe Imaculada e para a glória de vosso Sagrado Coração!

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhais dado?
O que sei, que vós não me tenhais ensinado?
O que posso fazer, se vós não me possais ajudar?
E o que eu seria, se não fosse unido a Vós?
Perdoa... perdoa os meus erros cometidos contra Vós!
Vós me criastes sem que eu o merecesse,
e me redimistes sem que eu vos pedisse;
muito insististes em criar-me,
e muito mais em me redimir;
Seríeis menos poderoso
ou menos generoso em perdoar-me?
Pois todo o vosso Sangue derramado
e a acerba morte que padeceste;
não foi em favor dos anjos que Vos adoram, 
mas por mim e pelos pecadores que Vos imploram... 
Se eu vos tenho negado, deixai que eu vos louve,
Se eu vos tenho injuriado, deixai que eu vos ame,
se eu vos tenho ofendido, deixai que eu vos sirva,
pois, para viver sem vos amar,
e amar sem sofrer por vós,
Ó Jesus, o que seria a morte sem Vós?


(pausa)

(fazer menção aqui daqueles em cuja conversão se está particularmente interessado)

E agora, Senhor, levai-nos até as profundezas do Vosso Sagrado Coração, lá onde guardais o tesouro de lágrimas da vossa Mãe; não permitais que outras criaturas nos roubem daí, Jesus, forçando-nos a abandonar este éden conquistado. Chamai-nos para Vós, Jesus manso e humilde, em nossas horas de hesitação perigosa entre o mundo e a vossa Lei; mandai-nos ir até Vós e que, por meio da vossa misericórdia inefável, possamos receber a graça de conhecer mais intimamente os doces encantos deste Coração de Jesus, nosso irmão, nosso amigo, nosso Salvador e rei de Amor; de vos conhecer, Deus da caridade e habitar no vosso Coração para todo o sempre. Portanto, Adorável Mestre, escrevei sem demora, neste exato momento em que vos adoramos diante deste amado Sacrário, escrevei nossos nomes no tempo e na eternidade do vosso Sagrado Coração! 


Senhor, com dulcíssima rigidez, mantende os vossos filhos, vossos amigos mais íntimos,  retidos na celeste prisão de Vosso Sagrado Lado; daí vos pedimos viver em adoração e amor; daí nós queremos viver e morrer cantando eternamente a glória e a inefável misericórdia do vosso benigno Coração! Venha a nós o vosso Reino!

Pai Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.
Pai Nosso e Ave Maria pelo nosso país.

Senhor Jesus, nós fomos capazes de velar uma hora convosco no Getsêmani e felizes permaneceríamos preso neste Sacrário se vosso amor nos consentisse! Nós nos retiramos, levando a paz, muita paz, consolações divinas e uma vida nova. Ah, e acima de tudo, nos despedimos com a imensa alegria de ter dado a Vós, nosso amado Mestre, provas de fé, de desagravo e de amor como vós pedistes, entre lágrimas, à vossa confidente, Margarida Maria. Acolhei, pois, manso e humilde Jesus, a nossa última oração:

Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a perseverança da fé e da inocência das crianças que Vos recebem na Sagrada Comunhão; sede para ela um Amigo!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o consolo dos chefes dos lares cristãos; sede para eles a própria Vida!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o amor para tantos que sofrem e para os pobres que labutam com dificuldades; sede para eles um Rei!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o alívio e a doçura aos aflitos e àquelas almas mergulhadas na desolação; sede para eles um Irmão!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a fortaleza para as almas em tentação e para as almas fragilizadas; sede para eles a Vitória!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o consolo e a perseverança das almas tíbias; sede para eles o Amor!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o centro da vida da Igreja Militante; sede para ela o Lábaro triunfante!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede o anelo ardente e vitorioso dos vossos apóstolos; sede para eles o Mestre!
Triunfai, Coração Agonizante de Jesus... e sede a santidade e um céu antecipado para as almas na Sagrada Eucaristia, um paraíso de amor; sede para elas Tudo!

E, enquanto não chega o dia eterno e venturoso de cantar as vossas glórias, deixai-nos, ó doce Jesus, sofrer, amar e morrer sobre a chaga aberta do vosso Lado, murmurando junto à ferida do vosso Coração de Amor, as palavras do vosso triunfo: 'Vinde a nós o vosso Reino!'

(cinco vezes, em honra às cinco chagas de Jesus)

Divino Coração de Jesus!

(todos)

Vinde a nós o vosso Reino!

Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus e ao Puríssimo Coração de Maria

Eu vos dou e vos consagro, Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, meu corpo, minha alma, minha vida, minhas ações, aflições e sofrimentos, de forma que tudo em mim se faça para a maior honra, amor e glória ao vosso Sagrado Coração. Assumo a firme proposição de me entregar a Vós sem reservas e tudo fazer por vosso amor, renunciando a todas as coisas que vos possa ofender ou desagradar. Tomo-vos, pois, como única fonte do meu amor, como proteção à minha vida, como esperança da minha salvação eterna, como remédio para a minha fragilidade e inconstância, como expiação para todos os meus pecados e como refúgio seguro na hora da minha morte.  

Sede, ó Coração de Amor, a minha justificação junto a Deus Pai, apartando de mim os dardos de sua ira santa. Em vós ponho a minha esperança, temeroso da minha malícia e fraqueza, mas confiante na vossa suma bondade. Fazei desaparecer em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro amor seja impresso tão profundamente no meu coração que eu nunca mais possa ser capaz de me apartar ou de esquecer de Vós. Dignai-vos gravar o meu nome no vosso Sagrado Coração, para que toda a minha felicidade e glória possam consistir em viver e morrer como vosso servo e apóstolo!

E a vós, Coração de Maria, unido tão íntima e indissoluvelmente ao Coração de Jesus, desejo que, depois do vosso Filho, possais ocupar o primeiro lugar no meu coração que, de ora em diante, consagro também a vós. Vós sereis sempre a fonte de minha veneração, do meu amor e da minha confiança. Prometo buscar, com todas as minhas forças, conformar os meus sentimentos e anelos aos vossos e seguir fielmente, por toda a minha vida, as vossas virtudes. Mãe Santíssima, dignai-vos abrir o vosso Coração para mim e aí me receber junto aos vossos filhos verdadeiros e fieis. Alcançai-me a graça que me é necessária para fazer do meu coração a imitação do vosso, como ele próprio foi a imitação do Coração de Jesus. Livrai-me dos perigos, consolai-me em minhas tristezas, ensinai-me a obter o bom proveito de todos os bens e de todos os males desta vida; protegei-me em todos os momentos e, especialmente, na hora da minha morte.

Sagrados Corações de Jesus e Maria, eu me consagro inteiramente ao Vosso serviço! Fazei com que eu possa viver, agora e sempre, como vosso servo fiel e vosso verdadeiro filho! Amém.

(cinco vezes, em honra às cinco chagas de Nosso Salvador)

Sagrado Coração de Jesus! Vinde a nós o vosso Reino!

(três vezes)

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

(uma vez)

São José, rogai por nós!
Santa Margarida Maria, rogai por nós!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória pelas intenções do Santo Padre e da Santa Igreja, para se ganhar as indulgências dessa santa devoção.


(Hora Santa de Janeiro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey, tradução integral pelo autor do blog)

 HORA SANTA DE FEVEREIRO


Ditosa solidão do Sacrário! Como descansa a alma assim, entre as sombras do santuário, aos pés de Jesus Cristo, que é a Luz! Deixemos, sequer por um momento, o mundo de vaidades e falsidades, e aproximemo-nos ao Paraíso do Coração Sagrado de Jesus. Ele está aqui e nos chama. Roguemos-Lhe confiantemente que feche os olhos a todas as nossas culpas e que nos abra, nesta Hora Santa, a chaga de seu peito, na qual salva os pecadores, donde santifica os bons e na qual adoça as amarguras da vida e os horrores da morte. 

(Pausa) 

(Pedi-Lhe que aceite esta Hora Santa como uma oração de reparação por todas as nossas famílias) 

(Lento) 

O céu interrompeu seu cântico de glória, os anjos se estremeceram de emoção ao ver Jesus Cristo chorar por amor do homem! Nesta Hóstia, guardou Maria este lamento, para nós, os amigos, os fieis que agora Lhe adoramos. Oh! Se cada lágrima de Jesus houvesse sido vencedora de uma alma! Se cada gemido seu houvesse conquistado para sempre uma família! Todavia, é tempo para dar a Ele a posse desta terra ingrata, que Ele veio redimir. A Hora Santa apressará o seu triunfo. 

(Façamos, pois, uma santa violência ao Coração abandonado do Mestre, para que apresse seu reinado no vencimento decisivo de seu amor. Falemos a Ele sem mais demora e com todo fervor de nossas almas) 

'Jesus amado, atraídos a Vós por Vossos clamores, compadecidos por Vossa solidão e sedentos da vinda do Vosso Reino, ei-nos aqui, ó Divino agonizante do Getsêmani, tristes com a Vossa mortal tristeza, esquecidos deste mundo que Vos esquece, aqui nos tem, pobres de fé, enfermos de espírito, irrequietos da vida, decepcionados da terra, doentes e caídos; aqui nos tem reclamando nossa parte de agonia e de dor na dor e na agonia de Vosso doce Coração! 

Abre-nos nesta Hora Santa Vossa ferida preciosíssima, a fim de nos dar nela uma esperança e um consolo que Vos aliviem. Ah! E amanhã, com a Vossa graça, Vos daremos uma glória imensa, no triunfo social de Vosso Sagrado Coração. Apressai-Vos, Senhor, e reinai, em lembrança de Vossa agonia crudelíssima do Horto!

(Meditemos a solidão e as angústias do Getsêmani e do Sacrário) 

Almas piedosas, penetremos em espírito naquele jardim tão cheio de pérfidas sombras para Jesus Cristo. Ah! que firmeza de fé tão consoladora nos alenta e nos alumia! Aquele que está na Hóstia, mudo, silencioso, mas sempre agonizante e redentor, é o mesmo Nazareno que desfaleceu entre as oliveiras, ao peso de angústias infinitas. Surpreendamo-LO, o quereis? Surpreendamo-IO em sua agonia eucarística, pois temos mais direito que os anjos. 

Vede-O, está moribundo e, ó dor, está sempre sozinho. Seus inimigos fazem um complô. Os indiferentes têm preocupações da terra e não têm nem amor nem tempo para o pobre Jesus Cristo. Os amigos, os apóstolos de sua predileção, com exceção raríssima, estão fadigados do combate e muitos dormem, enquanto o Mestre aguarda desamparado e triste, a morte e a traição. Não vós, crentes, que estais nesta hora, compartilhando a amargura de sua solidão, adoçai-a com um cântico, cuja suavidade lhe faça esquecer a ingratidão do homem. 

(Façamos uma solene ação de graças e, todos de joelhos, bendigamos ao Senhor pela inesgotável grandeza de Seu amor) 

(Lento e com devoção) 

As almas 

Por haver-nos prevenido com o dom gratuito e preciosíssimo da fé... 

(Todos em voz alta) 

Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 

Pelo tesouro da graça e pela virtude da esperança naquele céu que é o término das dores desta vida... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Pela arca salvadora de vossa Igreja, perseguida e sempre vencedora...
Graças infinitas ao Vosso amável Coração!
Pela piedade incompreensível com que perdoais toda culpa, nos sacramentos do Batismo e da Santa Confissão.. 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Pelas ternuras que esbanjais às almas doloridas que, sofrendo, vos bendizem em suas penas e na Cruz... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Pelos prodígios santos de Vossa caridade na conversão maravilhosa dos mais empedernidos pecadores... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Pelos bens da paz ou da prova, da enfermidade ou da saúde, da fortuna ou da pobreza, com que sabeis resgatar a tantas almas... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Pelos singulares benefícios a tantos ingratos, infelizes, que abusam de situação, de dinheiro e de talentos, que somente a Vós, Jesus, Vos devem... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Pelo obséquio que nos fizeste ao nos confiar à honra e à custódia de Vossa Mãe, o Coração de Maria Imaculada...
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
Por vossa Eucaristia sacrossanta, por este cativeiro e por Vossa companhia deliciosa, prometida até a consumação dos tempos... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração! 
E enfim, por aquele inesperado Paraíso, que quisestes nos revelar na pessoa de Vossa serva Margarida e pelo dom maravilhoso, incompreensível, de Vosso Sagrado Coração... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração!

(Meditemos na prisão de Jesus Cristo na Quinta-Feira Santa, continuada na Santa Eucaristia) 

Havíeis pensado alguma vez nesta frase, insondável no mistério de caridade que até assusta: 'Jesus cativo, Jesus encarcerado por amor no Sacrário'. Olhai-O através dessa grade; atrás daqueles muros do tabernáculo, está Jesus Cristo prisioneiro, conquistado pelo seu próprio Coração. Assim, há vinte séculos, na Quinta-Feira Santa, pela noite, se deixou conduzir de mãos atadas, do Horto da agonia à prisão em que Lhe ousou colocar o iníquo juiz.

E essa noite vergonhosa, horrenda na solidão e desamparo do Mestre, e longe de todos os que Ele amava, se prolonga em todos os Sacrários da Terra. A blasfêmia, a negação, a indiferença, a impureza, a soberba, o sacrilégio... todo esse clamor deicida, toda essa torrente de lama e de ignomínia, tem o triste privilégio de subir até o seu rosto e profaná-lo com o beijo do traidor. E Jesus Cristo não se vai! É o Cativo do amor! Está aí, envolto no ultraje humano; está aí, sentado no banco dos réus... tem um grande delito: ter amado, com paixão de Deus, ao homem! Vede-O, como este assim lhe paga, com esquecimento e solidão!

As almas 

Oh, amabilíssimo Cativo, encarcerai também estas almas, que querem compartilhar a solidão de Vossa prisão. Vos pedem que seu cativeiro, como o Vosso, seja eterno e Vos suplicam para isso que lhes dê por cárcere, na vida e na morte, o abismo insondável de Vosso peito ferido. Sim, lançai-nos nele a todos, como reféns pelos grandes pecadores, por aqueles que renegam Vosso altar e blasfemam contra Vossa Cruz! Queremos que se salvem para Vós, e pela glória de Vosso nome. Redimi-os, Jesus Sacramentado, cabalmente a estes, os carrascos deste Gólgota, em que viveis perdoando suas ofensas!

Divino Salvador das almas, coberto de perturbação, me prostro em vossa presença, e dirigindo minha vista ao solitário tabernáculo, sinto oprimido o coração, ao ver o esquecimento em que tanto vos têm relegado os redimidos. Porém, já que com tanta condescendência, permitis que, nesta Hora Santa, una minhas lágrimas às que verteu Vosso humilde Coração, Vos rogo, Jesus, por aqueles que não rogam, Vos bendigo por aqueles que Vos maldizem e com todo o ardor de minha alma, Vos louvo e adoro, com esta grande súplica, em todos os Sacrários da terra. Aceitai, Senhor, o grito de expiação que um sincero pesar arranca de nossas almas afligida: elas Vos pedem piedade. 

Por meus pecados, pelo dos meus pais, irmãos e amigos... 

(Todos em voz alta) 

Piedade, ó Divino Coração! 

Pelas infidelidades e os sacrilégios... 
Piedade, ó Divino Coração! 
Pelas blasfêmias e profanações dos dias santos... 
Piedade, ó Divino Coração! 
Pela libertinagem e pelos escândalos públicos... 
Piedade, ó Divino Coração!
Pelos corruptores da infância e da juventude...
Piedade, ó Divino Coração!
Pela desobediência sistemática à Santa Igreja... 
Piedade, ó Divino Coração!
Pelos crimes nas famílias, pelas faltas de pais e dos filhos... 
Piedade, ó Divino Coração! 
Pelos atentados cometidos contra o Romano Pontífice... 
Piedade, ó Divino Coração!
Pelos transtornadores da ordem pública, social e cristã... 
Piedade, ó Divino Coração!
Pelo abuso dos Sacramentos e o ultraje ao Vosso Santo Tabernáculo... 
Piedade, ó Divino Coração!
Pela covardia dos ataques da imprensa, pelas maquinações de seitas tenebrosas... 
Piedade, ó Divino Coração!
E por fim, Jesus, pelos bons que vacilam, pelos pecadores que resistem à graça... 
Piedade, ó Divino Coração!

(Pausa) 

(Meditemos na condenação de Jesus, e em sua ignomínia ao ser tratado como louco: mistérios de caridade e de dor que se perpetuam no Sacramento do Altar). 

Calemos um breve instante, e que se faça silêncio no fundo desse pobre tabernáculo. Ai! o mundo, entretanto, segue e seguirá condenando em seu clamor de culpa ao Prisioneiro do Altar e, se consente em libertá-IO, é somente para exibi-IO como louco, para levá-IO depois ao deserto do esquecimento humano e daí à morte injuriosa em uma Cruz. Porém, ouvi ao mesmo Jesus, exposto aí onde O podeis ver, como quando lhe apresentou Pilatos ao povo enfurecido: o Homem-Deus quer queixar-se docemente a vós, seus amigos. Escutai-O, crentes fervorosos, como lhe ouviu São João, no pulsar angustioso de seu Coração despedaçado: 'Falai-nos Vós, Mestre!'. 

(Lento e com devoção) 

Jesus 

Alma tão querida, olhai minha fronte, marcada com a sentença de morte, fulminada por uma de Minhas próprias criaturas. Meu amor é infinito, o vosso tem sido pobre, a sentença Me deste também vós. Olhai Minhas mãos atadas por aqueles que pedem vergonhosa liberdade. Não tendes vós, às vezes, vossas horas de licença e pecado? Minhas cadeias, as forjastes também vós. Olhai-Me, coberto com um manto branco de insensatez; tenho amado tanto, e o mundo me condena como louco; sim, o fui de amor no Meu Calvário; e o sou na Hóstia do altar, não vos envergastes nunca da loucura redentora de Jesus? Não Me tendes ferido com respeito humano também vós? 

Olhai-Me desprezado, porque quis dar a paz ao mundo. Olhai-Me desamparado. Sou vergonha dos sábios, sou refugo dos grandes, sou risada dos povos, sou o réu dos governantes; porém, para todos, quando choram seu pecado, para todos sou Jesus! Dizei-Me: e vós não tendes sido infieis, ou não Me tendes ferido nunca? Não Me tendes abandonado em Minha Paixão? Respondei-Me; eu quero dar-vos, nesta Hora Santa, o ósculo da paz, e do perdão. Respondei-Me! 

(Breve pausa) 

As almas 

Que tenho eu, ó Divino prisioneiro, que Vós não me haveis dado? 
Que sou eu, se não estou ao Vosso lado? 
Que mereço eu, se a Vós não estou unido? 
Perdoai-me os erros que contra Vós tenho cometido! 
Pois me criastes sem que o merecesse; 
E me redimistes sem que Vos pedisse; 
Muito me fizestes em me criar; 
Muito em me redimir; 
E não serieis menos poderoso em me perdoar 
Pois o muito sangue que derramastes, 
E a morte atroz que padecestes, 
Não foi pelos anjos que vos louvam, 
Senão por mim e demais pecadores que Vos ofendem. 
Se Vos tenho negado, deixai-me reconhecer-Vos; 
Se Vos tenho injuriado, deixai-me louvar-Vos; 
Se Vos tenho ofendido, deixai-me servir-Vos; 
Porque é mais morte que vida, 
A que não está empregada em Vosso santo serviço.

(Pausa) 

(Consideremos a solidão da Sexta-Feira Santa, prolongada em todos os Sacrários) 

Que sombrio devia ser no Calvário, e também no Sepulcro, o anoitecer da Sexta-Feira Santa! Lá, na montanha, no Gólgota, as manchas de um sangue divino pisoteado com furor. Mais abaixo, na cova da tumba, a inércia, o silêncio e o frio da dureza e da morte. Aí tendes nesse altar o Gólgota; aí tendes a tumba no Sacrário! Contemplai e dizei se não é verdade que Jesus Cristo segue sendo a vítima do homem. 

Lá fora, ruge a tempestade da negação e a blasfêmia. Estamos agora reparando esse ultraje, num momento de oração mas, dentro de um instante, terminada à Hora Santa, fechadas as portas deste templo, ficará Jesus sozinho com os seus anjos, naquele sepulcro e esperando que a alvorada lhe traga o eco de um clamor humano. Ah, e se soubéssemos a vida de recordação, de súplica permanente por nós, a vida de perpétua imolação do Coração de Jesus Cristo nessa Hóstia! Que Ele mesmo nos diga.

(Com devoção) 

Jesus 

'Meus filhos: estou angustiado, estou ferido, venho chorando uma imensa desventura; de longe chego com o Coração atravessado; aqui Me tendes lançado ao leito da agonia como um desgraçado moribundo! Tendes me rechaçado porque dizes que é justo e que não necessitais de Mim; dizeis que morreis tranquilo, sem deixar que Eu vos abrace e vos perdoe; tendes expirado sem olhar a Minha Cruz, sem bendizerdes Minhas chagas; morrestes sem Me aceitardes. E vos havia amado tanto! Havia-vos redimido com o Meu sangue, e não tivestes para Mim nem o último suspiro, nem o seu último olhar! Vós, que me amais, consolai-Me dessa ferida, adoçai-a, orando com fervor pelos pobres moribundos!'

(Pedi pelos agonizantes) 

Aproximai-vos. Deixai-me sentir o calor do afeto de vossas almas fidelíssimas. Tenho aguardado, em vão, que um lar me dê a hospedagem que se dá ao último e ao mais pobre peregrino. Tenho chamado, oferecido a Minha paz, necessitavam-na tanto! E aqui me tendes, chego com a amargura do rechaço; entretanto, quanto sofre essa família desgraçada! Não há felicidade nela, não há consolo, nem resignação, nem amor... 

(Breve pausa) 

Dai-Me vosso amor, prestai-me o fervor de vossas orações, oferecei-Me o holocausto de vossos sacrifícios, para vencer a tantos obstinados, que lutam contra a ternura do Meu Coração, que os persegue sem descanso. Contai os espinhos de Minha coroa: eles poderão enunciar os consolos e as flores de carinho, rechaçados pelas almas queridas de vosso próprio lar, por tantos seres muito amados de vossos corações e do Meu. Oremos juntos para que vença neles a paciência e a misericórdia de meu Coração, que os espera aqui, na Santa Eucaristia! Tenho sede de ver-Me rodeado nessa Hóstia pelos pródigos vencidos, pelas ovelhas recuperadas, pelos filhos convertidos pela doçura da censura, por minhas lágrimas, pelas graças especiais concedidas nas primeiras Sextas-Feiras e aqui, na Hora Santa. Que aguardais? Pedi, ó sim, pedi com fé! Pois este vosso Deus quer vingar seu cativeiro, fazendo a felicidade do mundo. Clamai à ferida de meu peito, e se abrirá de par em par meu Coração. Pedi, pois, quero ser Jesus, cumprindo convosco  as Minhas promessas! 

(Pausa) 

As almas 

Ó bom Jesus, escondido em Vossas dores, confundido por Vossa solidão e Vossas tristezas, tenho esquecido meus pedidos e as necessidades de minha alma pobrezinha! Adivinhai Vós as fraquezas do Vosso servo, e curai suas feridas mais secretas. Meu lar também espera nesta Hora Santa a bênção de Vosso Coração agonizante; não suprimi nele, se assim é Vossa vontade; não esgotais o manancial de lágrimas de minha família atribulada: mas aproximai-Vos aos meus e ensinai-lhes a padecer amando, tendo os olhos em Vossos olhos celestiais, e protegidas suas almas combatidas em Vossa alma divinamente angustiada! Que minha casa seja Nazaré e Betânia em Vosso Coração, Senhor Jesus! 

E olhai, amabilíssimo Mestre; abençoai também desde a Hóstia as pessoas de nosso lar que nos foram roubadas pela morte; lembrai-Vos de nossos mortos, e dai-lhes já o descanso eterno do vosso céu. Temos padecido com essas ausências dilaceradoras, mas, ao ver-Vos agonizar também por nosso amor, dizemos, conformados: 'Faça- se a Vossa vontade!'. Não Vos esqueçais deles e lembrai-Vos também, ó bom Nazareno, daqueles que no mundo vivem eternamente órfãos, dos esquecidos pelos homens no banquete da vida, de tantos que a terra menospreza em sua soberba, e que padecem fome de amor e de justiça. Vós sabeis como fere aquele desdém dos irmãos. Rogo-Vos, pois, que vos apiedais deles, em Vossa grande misericórdia! 

(Pausa) 

Teria que pedir-Vos muito mais em minha indigência, mas tudo isso o remediarás Vós, que velais pelas flores e as avezinhas do Santuário. Quero que os últimos momentos desta Hora Santa expirem no esquecimento de mim mesmo, e Vos leveis somente as minhas ânsias incontáveis, minha aspiração apaixonada por Vosso triunfo no Reinado de Vosso amante Coração. 

Sim, para todos estes aqui que Vos amam, Vossos interesses são os nossos; queremos, todos, Vosso Reinado. Pedimos, pois, Senhor, que cumprais conosco as promessas que fizestes à Vossa confidente Margarida Maria, em benefício das almas que vos adoram, na formosura indizível, na ternura inefável, no amor incompreensível do vosso Sagrado Coração! Por isso, gemendo com a vossa Santa Igreja, Vos suplicamos pela Virgem Mãe, Vos exigimos pela honra inviolável de Vosso nome, que estabeleçais já, que apresse o Reinado de Vosso amante Coração! 

(Todos) 

Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 

Prontamente, Jesus, sim, reinai agora, antes que satanás e o mundo Vos roubem as almas e profanem em Vossa ausência todos os estados de vida... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração!  
Apressai-Vos, Jesus, e triunfai no lares; reinai neles pela paz inalterável, prometida às famílias que Vos têm recebido com hosanas... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
Não demoreis, Mestre muito amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras, que somente Vós prometestes remediar... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
Vinde, porque sois forte, Vós, o Deus das batalhas da vida, vinde nos mostrando Vosso peito ferido, como esperança celestial na agonia da morte... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
Sede Vós o êxito prometido em nossos trabalhos, somente Vós a inspiração e recompensa em todas as obras... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
E Vossos prediletos, isto é, os pecadores, não esqueçais que para eles, sobretudo, revelastes a ternura Incansável de Vosso amor... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração!  
Ah, são tantos os tíbios, Mestre, tantos os indiferentes a quem deveis inflamar com esta admirável devoção! 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
'Aqui está a vida', nos dissestes, nos mostrando Vosso peito atravessado... permiti, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade a que aspiramos... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração!  
Vossa imagem, a pedido Vosso, tem sido entronizada em muitas casas; em nome delas Vos pedimos que seguísseis sendo, em todas, o Soberano e o Amigo muito amado...
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
Ponde palavras de fogo, persuasão irresistível, vencedora, naqueles sacerdotes que Vos amam e que Vos pregam como São João, Vosso apóstolo amado...
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
E aos que ensinam esta devoção sublime, a quantos publiquem suas inefáveis maravilhas, reservai-lhes, Jesus, uma fibra de Vosso Coração, semelhante àquela em quem tende gravado o nome de Vossa Mãe... 
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 
E, por fim, Senhor Jesus, dai-nos o céu de Vosso Coração a nós que temos compartilhado Vossa agonia na Hora Santa, por essa hora de consolo e pela Comunhão das primeiras Sextas-Feiras, cumpri conosco Vossa promessa infalível; nós Vo-lo pedimos na agonia decisiva da morte...
Venha a nós o reinado do Vosso amante Coração! 

(Pausa) 

Devemos nos separar, Jesus, pois vai terminar a hora mil vezes doce e santa em vossa inefável companhia. Ó vinde oculto em minha alma, ao ninho do lar, onde sereis Esposo, Pai, Irmão, Amigo, o Rei da família. Vinde! E ao nos despedir, deixo aqui ante Vosso Coração Sacramentado, o meu ser inteiro, no clamor de uma última prece; escutai-a, Jesus benigno! 

(Com devoção) 

Quando os anjos do Vosso Santuário Vos bendizer na Hóstia sacrossanta e eu me encontre em agonia... seus louvores são os meus. Lembrai-Vos do pobre servo de Vosso Divino Coração. 
Quando as almas justas da terra Vos aclamem incendiadas no amor e eu me encontre na agonia... suas dores e suas lágrimas são as minhas... Lembrai-Vos do pródigo vencido por Vosso Divino Coração.
Quando os sacerdotes, as virgens do templo e os Vossos apóstolos, Vos aclamem soberano, Vos preguem às almas e Vos entronizem nos povos e eu me encontre na agonia... seus céus e seus ardores são os meus. Lembrai-Vos do apóstolo de Vosso Divino Coração. 
Quando a vossa Igreja ora e geme ante o altar, para resgatar convosco o mundo e eu me encontre na agonia... seu sacrifício e sua prece são as minhas. Lembrai-Vos do fiel amigo de Vosso Divino Coração. 
Quando na Hora Santa, Vossas almas presenteadas, amando, sofrendo e reparando, Vos façam esquecer perfídias e traições e eu me encontre na agonia... seus colóquios contigo e seus consolos são os meus. Lembrai-Vos deste altar e desta vítima de Vosso Divino Coração. 
Quando Vossa divina Mãe Vos adorar na Sagrada Eucaristia e reparar ali os crimes sem conta da terra e eu me encontre na agonia... suas adorações são as minhas. Lembrai-Vos do filho de vosso Divino Coração.
Mas, não, Senhor, me esqueçais se quiser; tal que, na minha morte, me deixeis esquecido para sempre, na chaga venturosa de Vosso amável Coração. 

(Pausa) 

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhais dado? Despojai-me de tudo, de Vossos próprios dons, mas abrasai-me na fogueira de Vosso ardente Coração! Que sei eu, que Vós não me tenhais ensinado? Esqueça eu a ciência da terra e da vida, mas Vos conheça melhor a Vós, ó Divino Coração! Que valho eu, se não estou a vosso lado? Que mereço eu, se a Vós não estou unido? Uni-me, pois, a Vós com vínculo que seja eterno; renuncio a todas as delícias de Vosso amor, a fim de possuir perfeitamente este outro Paraíso, o de Vosso terno Coração! E nele sepultai, ó sim, os erros que contra Vós tenho cometido e castigai e vingais-Vos de todos eles, ferindo com dardo de incendiada caridade a mim que tanto Vos tenho ofendido. 

E se Vos tenho negado, deixai-me reconhecer-Vos na Eucaristia em que Vós viveis. 
Se vos tenho ofendido, deixai-me servir-vos em eterna escravidão do amor eterno porque é mais morte que vida a que não se consome no amar e fazer amar o Vosso esquecido, o Vosso amante, o Vosso Divino Coração. 
Venha a nós o Vosso Reino! 

Pai-Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai-Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai-Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações. 

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino! 

Ato Final de Consagração 

Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, olhai-nos prostrados humildemente diante de Vosso altar; Vossos somos e Vossos queremos ser, e a fim de estar mais firmemente unidos a Vós, eis aqui o dia em que cada um de nós se consagra espontaneamente ao Vosso Sagrado Coração. Muitos, Senhor, nunca Vos conheceram; muitos Vos desprezaram, ao desobedecer Vossos mandamentos; compadecei-Vos, Jesus, de uns e outros e atraí-os todos ao Vosso Santo Coração. Sejais Rei, ó Senhor, não só dos fieis que jamais se separaram de Vós, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei com que voltem logo para a casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome. Sejais Rei para aqueles a quem enganaram com opiniões errôneas e, desunindo a discórdia, trazei-os ao porto da verdade e à unidade da Fé, para que logo não reste mais que um só rebanho e um só Pastor. 

Sejais Rei dos que ainda seguem envoltos nas trevas da idolatria e do islamismo. A todos dignai-Vos atrair à luz de Vosso Reino. Olhai, finalmente, com olhos de misericórdia, aos filhos daquele povo, que em outro tempo foi o Vosso predileto (judeus); que também desça sobre eles, como batismo de redenção e de vida, o sangue que reclamou um dia contra si. Concedei, Senhor, à Vossa Igreja segurança e liberdade; outorgai a todos os povos a tranquilidade da ordem. Fazei que de um a outro polo da Terra ressoe somente esta aclamação: Venha a nós o Vosso Reino! 

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Fevereiro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

HORA SANTA DE MARÇO


Adoramo-Vos, Coração de Jesus Sacramentado, em união com os nove coros de Vossos anjos, que Vos engrandecem no Paraíso. Bendizemo-Vos, Coração de Jesus Sacramentado, em união com as legiões de serafins e de santos que Vos adoram em Vosso solitário Tabernáculo. Glorificamo-Vos, Coração de Jesus Sacramentado, em união de amor e de reparação fervente com Maria Imaculada e Rainha do Céu nas alturas, e a Soberana do céu terreno de Vossos Sacrários. 

Ó sim, em união com Ela, sobretudo, viemos cantar, Jesus, Vossas misericórdias infinitas e a chorar Vossas agonias místicas, os pecados de ingratidão do mundo e Vossas solidões na Hóstia! Em união com Ela, queremos nesta Hora Santa percorrer a Via Dolorosa, para convertê-la, com as glórias da Imaculada e com os nossos consolos, no caminho de Vossas vitórias, e para fazer de Vosso Calvário o Tabor de triunfo de Vosso adorável Coração. 

Jesus amado, depois de vinte séculos, não Vos conhecemos ainda o bastante em Vossa Santa Eucaristia; perdoai e aceitai em desagravo a visão amorosa de Maria Santíssima, as adorações de seu Coração de Mãe. Jesus benditíssimo, não obstante Vossas liberalidades e as maravilhosas invenções de Vossa ternura, não Vos amamos ainda com a generosidade sem limites com que devêramos corresponder-Vos. Perdoai e aceitai, em compensação de nossa frialdade, os fogos divinos que abrasaram as entranhas e a alma de Maria Santíssima no dia da anunciação venturosa. 

Jesus - Hóstia, amor de nossos amores, vida de nossa vida, apartai vossos olhos formosíssimos de nossos culpados desvios, de tantas indiferenças, de tantos desmaios em nossos propósitos de virtude, em nossas promessas de santidade. E perdoai em obséquio à Mãe, cujo Coração Imaculado Vos oferecemos em reparação de caridade e em homenagem da mais fervorosa adoração. 

Jesus Divino, em honra, pois, da Imaculada, em agradecimento aos cuidados da Virgem, em obséquio à encantadora nazarena, rogamo-Vos, Senhor, que esqueçais os incontáveis esquecimentos de Vossa lei em que incorreram estes filhos Vossos, que vêm chorar suas faltas e as de tantos irmãos culpados no cálice de ouro do Coração de Maria Santíssima. Recolhe nele nosso pranto de arrependimento e prometei-nos reinar, Jesus, com mais intensidade de fé, de amor, de humildade e de pureza em nossas almas, em nossas famílias, na sociedade inteira, pelo amor e os martírios da Virgem Mãe.

(Pausa) 

(Dizei a Jesus em silêncio eloquente que O amais muito, mas que desejais amá-lO mais, imensamente mais ainda, em resposta ao seu Coração, que solicita os nossos. Mas já que nossa pobreza é tão grande, ofereçamos o dom incomparável, quase divino, do Coração de Maria. Ah! E pedi a Ela que ao se oferecer por nós nesta Hora Santa, consiga-nos a graça infinita de amar com santa paixão e de fazer amar, com zelo infatigável, o Coração de seu Filho Salvador). 

Voz de Maria 

Ninguém mais do que Ela tem certamente o direito de falar das intimidades do Coração de Jesus e de suas próprias angústias redentoras. Escutemo-La com filial carinho:

'Eu Sou, desde o dia da anunciação do anjo, a mãe do Amor Formoso, e quero que as almas se abrasem nas chamas de minha caridade. Nesta hora mil vezes sublime e venturosa, desde o dia 25 de março (Festa da Encarnação do Verbo), em que Jesus e eu formamos uma só corrente de vida, pensei em vós, que Me chamais vossa Mãe; e dizeis a verdade, porque eu o sou...'

(Lento e com devoção) 

Como tal gemi, solucei filhos Meus, queimando com Minhas lágrimas ardentes a face de Jesus Infante, em Belém inesquecível. Ao acalentá-lO então, ao contemplá-lO Deus e meu filho entre os meus braços, ao beijá-lO em sua fronte divina, eu Lhe oferecia, prevendo com inteira certeza o deicídio de séculos e mais séculos, que destroçaria, com o dardo do pecado, o Coração de vosso Salvador. Eu, sua Mãe, levantava-O ao alto e ao Pai, rogando-Lhe, com martírios da alma, que aceitasse-O pela redenção dos filhos ingratos... 

(Com devoção) 

Beijei as suas mãos, que me acariciavam, e marquei suas chagas com os meus beijos. Pus meus lábios em seus pés, curando de antemão com os meus ósculos as feridas dos ferros inclementes. Ungi a sua fronte com as minhas lágrimas e, sobretudo, pus minha cabeça, torturada com pensamentos de agonia, e depois minha boca, abrasada de sede de mais amor, em seu lado ardente, celestial. E nesse Getsêmani de deliciosas amarguras, aí Jesus e eu, sua Mãe, resolvemos, amando e padecendo, a ressurreição de tantos pródigos do lar, de tantos renegados da Cruz e do altar. 

(Pausa) 

Ó noite de paz e de tortura salvadora a que envolveu em suas trevas o berço de Jesus! Extática e de joelhos, Maria Santíssima velava o repouso do menino, do Eterno, e meditava em outra Belém, com outro berço de repouso aparente e de perpétuo sacrifício: o Sacrário, contemplado à distância. Através dos séculos, via a Virgem amante e dolorosa esse portal permanente, indestrutível, onde Jesus Infante nasceria milhões e milhões de vezes entre as sombras de um altar humilde, para ser aprisionado em seguida no cárcere inerte, mas dulcíssimo, de incontáveis Tabernáculos. Em cada um deles, o Deus-Prisioneiro, Jesus, infinitamente pequeno, segue cochilando, enquanto o seu Coração Divino vela sobre nós e enquanto, sobre seu Berço-Sacrário, vela a rainha dos seus amores, a Virgem Maria. 

(Pausa) 

As almas 

Ó sim, Jesus - Eucaristia, ao lado do dourado cibório que Vos aprisiona está vossa Mãe; Ela nos presenteia a Vós nesta Hóstia Sacrossanta! Louvai-a, Senhor, em Vosso nome, já que Vós também Lhe deveis o ter realizado Vosso anseio de encontrar Vossas delícias entre os filhos dos homens. Cantai-Lhe com os anjos do Vosso Santuário, engrandecei-a com os anjos de Vosso Paraíso, glorificai-a, com os filhos, com os desterrados que a chamam por sua Mãe, gemendo neste vale de lágrimas. Ah! Em obséquio a ela, a quem não podeis negar nada, dai-nos, Senhor, o reinado do vosso Coração em Vossa Santa Eucaristia. Não queirais permitir que fiquem defraudadas Vossas esperanças e as de Vossa Mãe, sempre onipotente na causa da Vossa glória.

(Com intensa devoção)

Reinai, Jesus Sacramentado, entre os afligidos, como um consolo, naquele Pão consagrado de cada dia, que nos dá a Rainha das Dores...
Reinai, Jesus Sacramentado, entre os meninos, como uma proteção de inocência perfeita e de sinceridade, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a Rainha das Virgens...
Reinai, Jesus Sacramentado, entre os pobres e desamparados, como um alento em tantas penalidades, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a humilde Rainha dos pastores de Belém... 
Reinai, Jesus Sacramentado, entre os sacerdotes, como um fogo em amor de santidade e zelo, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a Rainha dos Apóstolos... 
Reinai, Jesus Sacramentado, nos lares, como virtude de fé vivíssima nas almas dos pais e dos filhos, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a Rainha do Éden de Nazaré... 
Reinai, Jesus Sacramentado, no Episcopado, em Vosso Vigário, em Vossa Igreja, com um Pentecostes de caridade abrasadora, mediante aquele Pão consagrado de cada dia, que nos dá a Rainha onipotente do Cenáculo... 

Jesus amabilíssimo e adorável do Belém dos Sacrários, pagai os desvelos, os ósculos de ternura, os abraços, as lágrimas de Vossa Mãe, seus delíquios de amor junto ao Vosso berço, coroando Maria Imaculada com as glórias e os triunfos de Vosso Coração Sacrossanto. 

(Pausa) 

Queixas de Maria 

Sua voz dolorida é a de uma Mãe cruelmente ferida, que pede compaixão aos filhos fieis, pela decepção dos outros, dos pródigos que, no mesmo lar, oprimem com amarguras seu Coração Santíssimo. A história de Jesus de Nazaré não é uma história antiga; é, hoje em dia, uma triste história de dores que cercam o Filho e sua Mãe de agudíssimos espinhos. Que nos fale, pois, a Virgem Dolorosa: 

'Uma terra estranha, uma terra de gentios, de inimigos, brindou com um asilo ao meu Filho-Deus lá no Egito. O deserto mitigou seus ardores e seus oásis tiveram mananciais e refrigérios que nos negaram os ingratos, os preferidos nazarenos. Ai, como feriu o Coração de Vosso Deus esse desdém de soberba, essa inveja inflamada dos de sua própria casa! Aí onde deveriam aclamá-lO batendo palmas, tramaram com ira contra Ele, e procuraram pedras para ultimá-lO, e um horrendo abismo para precipitá-lO com a sua glória.

Choramos juntos, Jesus e Maria, os desvios dos nossos, o desprezo altivo e injurioso daquela Nazaré de tantos e de tão suavísimas recordações. A solidão nos fez silenciosa companhia. E o ódio nos teceu, nesse terreno de ternuras, nossa primeira coroa de espinhos. Aí onde eu, sua Mãe, contemplei-O, menino e adolescente, aí onde cantei a sua formosura divina, num coro com os anjos, vi-O amaldiçoado, e tive de chorar o desconhecimento com que Nazaré recusou ao manso Redentor.

Ai! Sua pena e a minha se afundavam, pensando nas idades por vir, prevendo que tantos filhos alijados, que tantos cristãos soberbos e renegados, desconheceriam a sua voz, no seio mesmo de Israel e da Igreja, a lei de graça e a verdade do Senhor Jesus. Ó sim! Vi-os fugindo do cercado do pastor, longe e esquecidos do lar do Pai celestial. Vós, filhos meus, porque sois os irmãos menores de Jesus, meu Primogênito, e que viestes em procura de seu Coração Divino, consolai-O em seu desamparo. Tomai o meu amor, minhas finezas e os meus sacrifícios e ponde-vos na mesa do altar, como um holocausto de reparação cumprida. Vossa Rainha vos pede para Ele uma íntima prece. Eu, a Imaculada, a Virgem-Mãe, quero repeti-la convosco...' 

(Digamo-la em união com Maria) 

(Lento e com devoção) 

As almas 

Jesus de Nazaré, retornai e ficai encadeado, como Rei, entre nós! Não cedais, mil vezes não, ao clamor de um mundo mau, que Vos arroja e Vos fere com desprezo de altivez satânica. Retornai e ficai encadeado, como Rei, entre nós. São muitos, Senhor, os que amaldiçoam Vosso nome e negam o Vosso Evangelho; mas, vede, estamos tão resolvidos, somos tão Vossos os que Vos suplicamos, que não deveis sair jamais de nosso lado; retornai, pois, e ficai encadeado, como Rei, entre nós. Que faria o mundo sem Vós, que sois a sua paz; sem Vós, que é o Céu? Que faria eu, senão gemer entre correntes por Vos ter desterrado, sendo Vós a liberdade? Os desgraçados que assim ousaram Vos ofender, não souberam o que fizeram, perdoai-lhes. Salvador benigno, retornai e ficai encadeado, como Rei, entre nós. 

Ah! Os mesmos que, como os nazarenos ingratos, Vos arrojaram de Vosso solo e de Vossa casa, estranharão um dia o calor do Vosso Coração, que salva e que perdoa; recordarão que Vós, que só Vós, dissestes a verdade, ensinando a justiça e esbanjado a misericórdia. E então, muitos desses mesmos Vos chamarão e Vos rogarão com lágrimas para que volteis. Retornai Jesus, retornai então perdoando, e ficai para sempre encadeado, como Rei, entre nós. Sim, para sempre; não partais, não nos deixeis jamais. Mestre; por isso viemos, em nome de todos os ingratos da terra, e para eles e para nós Vos pedimos: 

(Todos em voz alta) 

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 

Viemos procurar-Vos em nome de muitos enfermos da alma, de muitos que vacilam entre dois abismos: o do pecado e o do inferno, e para eles e para nós, Vos pedimos: 
Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 
Chegamos aos Vossos pés em nome dos agonizantes, que na vida Vos falaram mal, que em sua juventude Vos feriram e Vos esqueceram. Pobrezinhos, precisam de clemência infinita; e por isto, para eles e para nós, Vos pedimos: 
Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 
Aproximamo-nos do Vosso Sacrário em nome de tantos pais que esqueceram os seus deveres para convosco, em nome de tantas mães que padecem de amarga incerteza pelo porvir eterno do esposo e dos filhos; para eles e para nós, Vos pedimos: 
Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 
Viemos, cheios de confiança em Vossa misericórdia, a pedir-Vos, sem vacilações, grandes prodígios e aqueles milagres de ternura, prometidos à Hora Santa e à Comunhão frequente e cotidiana; viemos pedir Vosso reinado na conversão de muitos e dos grandes pecadores; para eles e para nós, Vos pedimos: 
Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 
Aqui nos tendes, Senhor, trazidos pela Vossa Mãe; inspirados por ela, viemos pedir-Vos pelas boas almas, por vossos Apóstolos, pelo sacerdócio, pelos corações que Vos estão consagrados e que Vos fizeram promessa de viver em santidade; para eles e para nós, Vos pedimos: 
Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 
E, enfim, ó Deus Sacramentado! Viemos em demanda do enorme triunfo, universal, decisivo, do Vosso Coração em Vossa Santa Igreja, em Vossa Eucaristia, em Vosso Evangelho, em Vosso Vigário. Para os meninos e dirigentes, para os ricos e os pobres, para os cristãos, os hereges e os gentios, para todos, Jesus, para todos, e em especial para nós, Vossos amigos, pedimo-Vos: 
Vosso Coração Divino, Senhor Jesus! 
Nos dai -O hoje, Senhor, em nome e por amor ao Coração de Maria Imaculada. 

(Pausa) 

Ensinos de Maria 

Uma Hora Santa é uma solene meditação de amor que se leva a Jesus Cristo. Que caminho pode nos levar a Ele que não seja o de Maria Santíssima, sua doce Mãe? E, nestes dias em que nos rodeiam as trevas tão espessas da ignorância e do pecado, tenhamos atencioso o ouvido às insinuações desta amável soberana. Que nos ensine, pois, os perigos do deserto. Ela, que o atravessou levando sobre o seu peito virginal, são e salvo, o Filho do Seu Coração Imaculado. Ouçamos...

'Filhos do meu amor e das minhas angústias, escutai-me: Não há senão um mal grave e imponderável, só um, e é perder a Jesus, cujo Coração é a vida, o amor e o paraíso! Eu, sua Mãe, perdi-O durante três dias em Jerusalém, e minha alma padeceu agonias inenarráveis. Ai, sabê-lO ausente; viver longe dEle, não O ver, não O sentir, não O possuir, depois de tê-lO estreitado sobre o coração, depois de tê-lO visto sorrir e chorar, depois de ter-l„he entregado toda a alma num beijo de carinho... que suplício horrendo!

Mas que poderei dizer-vos se vos contar as dores da Minha alma maternal, destroçada na tarde da Quinta-Feira Santa com a suprema despedida? Que dor superou a minha dor, quando o amanhecer da Sexta-feira Santa trouxe-Me a visão de suas ignomínias, de sua flagelação e de seus escárnios? Sangue e espinhos, blasfêmias, ódio e gritos de morte; tal foi o quadro de desolação infinita que Deus Pai quis por ante os meus olhos de Mãe, a mais triste e dolorida de todas as mães da terra.

Dizei, vós que me amais, dizei-Me nesta Hora Santa, se é possível, se conheceis uma dor semelhante a essa dor. Filhinhos meus; não queirais saber jamais quão mortal é essa angústia. Jesus é vosso; eu, Maria, vo-lO entreguei; é inteiramente vosso; não queirais jamais, jamais, perdê-lO pela culpa grave. Os que conservastes ainda a pureza batismal, a inocência, ó não O magoeis com a cruel lançada do primeiro pecado mortal, que rasga o lado do amabilíssimo Jesus. Essa primeira hora de orgulho, de prazer, na contramão de sua lei; esse primeiro pecado grave, atravessa com dardo de fogo o seu Coração terníssimo! 

Mas... Se já tivésseis caído, se vos tivésseis manchado, eu vos conjuro a que laveis com lágrimas essa afronta queimante do rosto de Jesus. Recobrai-o, filhos meus; vinde, vinde cedo, abraçai-vos a Seus pés e não O deixeis jamais. Ele vos ama tanto! Amai-O! E em especial ouvi-Me vós, mães de um lar, que deve ser o templo santo de Jesus, cuidai que o esposo e que os filhos não percam, por indiferença vossa, a companhia deliciosa de meu Filho-Deus. Que reine sempre neles. Sim, que fique, eternamente com o pai, com a mãe, com os filhos do lar cristão que O adora; que fique nos dias de inverno e de pesar, nas horas de primavera e de alegria. Almas queridas, amarrai-vos com paixão divina a Jesus Cristo, deixai que Ele vos encarcerem para sempre, sobre o Coração, entre seus braços. Ah não O percais jamais! 

(Digamo-lo nós mesmos ao Senhor Sacramentado) 

As almas 

Jamais Vos abandonaremos, Jesus; com o auxílio de Vossa graça e de Vossa Mãe, jamais! Mas como nossa fragilidade é tanta, rogamo-Vos, Salvador amado, que não nos deixeis longe de Vossa mão, que Vós também Vos acorrenteis a nós, pela Vossa grande misericórdia! 

(Lento e com devoção) 

Coração de Jesus, não nos deixeis nos abismos de tentações que nos assediam, como feras famintas do inferno; não consintais que nós Vos percamos. 
Coração de Jesus, não nos deixeis nas grandes debilidades do coração humano, tão propenso às seduções do amor terreno; não consintais que nós Vos percamos. 
Coração de Jesus, não nos deixeis no desespero de nossos males, porque Vós bem sabeis que certos sofrimentos adoecem de morte a alma; não consintais que nós Vos percamos. 
Coração de Jesus, não nos deixeis nas desolações e solidões em que, com frequência, abandonam-nos as criaturas que não sabem amar como Vós amais, e que são indiferentes às nossas penas ou não podem aliviá-las; não consintais que nós Vos percamos. 
Coração de Jesus, não nos deixeis no abismo de nossas constantes recaídas, naquelas prostrações de nossa débil vontade, tão inconstante, no propósito de amar-Vos com verdadeiro sacrifício; não consintais que nós Vos percamos. 

(Breve pausa)

Por amor da Virgem Mãe, Vos conjuramos que permaneçais, Jesus, sempre ao nosso lado, não queirais jamais dormir durante a tempestade, na barca tão frágil de nosso paupérrimo coração, que hoje em dia Vos ama. 

(Todos em voz alta) 

Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nos momentos de amargura... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nos dias de debilidade moral... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nos momentos de vacilação e incerteza... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nas horas de fastio e de cansaço... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nas ocasiões tão frequentes de esquecimento de nós mesmos... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nos dias de desalento em Vosso serviço... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nas horas de fragilidade e de queda... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nos momentos de dúvida perigosa ou de temível ilusão... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Nos dias de doença e nos perigos de morte... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 
Em nossos derradeiros instantes, nas convulsões da suprema agonia... 
Coração de Jesus, em Vós confiamos. 

Jesus, amor de nossa Vida e amor de nossos amores, confiamos nossa existência, nossas tribulações e a esperança final de nosso céu, em vosso benigno, em Vosso doce, em Vosso misericordioso Coração.

Dores Inenarráveis de Maria 

Suas agonias foram mais amargas e mais profundas do que o oceano; as lágrimas de sua alma virgem, maternal e mártir, se convertessem em luz, formariam muitos sóis. Que Ela mesma nos diga. Falai-nos Vós, Maria Santíssima, Rainha dos mártires! 

'Minhas dores são inenarráveis, porque não são minhas; são as agonias do Coração de meu Jesus que inundam, como um mar embravecido, meu coração de Mãe. É a dor infinita de um Filho-Deus, que torturou minha alma com aflições sem medida. E como não ia ser assim quando vi banhado em sangue, coberto de injúrias, vexado com maldições, pisoteado pelos soberbos, escarnecido pelo lodo dos caminhos o Meu Senhor, o Filho das minhas entranhas, o Meu Deus e o Meu tudo!

Vi-O através de minhas lágrimas; vi-O, por iluminação do alto, na via, perpetuamente dolorosa de séculos e mais séculos, sempre ofegante, sempre desolado e triste, sob o madeiro infame de todas as perfídias. Vi-O à distância, concluída a sua vida terrena e a paixão de seu Calvário; vi-O arrastado sempre pelas multidões, despojado de sua realeza, coroado de espinhos, burlado em sua soberania, cuspido naquele rosto que é o encanto de todos os bem-aventurados. Vi-O, filhos meus, na subida íngreme desse Gólgota perpétuo, seguido pelos hipócritas, pelos impuros, pelos sacrílegos, pelos traidores, pelos blasfemos, e todos, com ira na alma, com fel nas palavras, xingavam-nO, a Ele, que abençoava entre soluços e que perdoava agonizando.

Vi-O, ó dor!, procurando com o olhar, desde milhares de Sacrários empoeirados, desde a prisão do Tabernáculo, quase sempre solitário, procurando à distância os olhos do amigo, do irmão, da esposa, do consolador e do apóstolo; e quantas vezes, quantas, não encontrou senão o silêncio, o esquecimento e a solidão e a frieza, que renovou a profunda ferida do seu peito destroçado! Ah, e O vi morrer, e morrer inutilmente, esterilmente, para tantos infelizes pecadores, para tantos filhos renegados de seu Templo, de sua Cruz e de sua Lei! Pelo menos, vós, seus amigos, que trazeis o lenço de pureza e de carinho da amantíssima Verônica, vós, que O conheceis de perto, subi comigo, sua Mãe, subi até o seu lado aberto, e coloqueis aí, num beijo apaixonado, a alma, excitada em viva caridade. Vinde, choremos juntos tantas desventuras; vinde, e amemos, em nome de um mundo que lhe deu a morte com a apostasia da perversa ingratidão. 

(Pausa)

(Não esqueçamos; a história da horrenda noite da Quinta-Feira Santa, do pretório, da Via Dolorosa, é uma história escrita hoje com caracteres de culpa deicida e é culpa nossa. Pecaram nossos pais, pecaram os carrascos, e nós seguimos recaindo no pecado. Ah! reparemos e lavemos, se preciso for, com sangue, nossa própria afronta. Digamos a Jesus Sacramentado uma palavra de amoroso desagravo). 

As almas 

Senhor, lembrai-Vos que dissestes que viestes dar a vida e a dá-la com superabundância inesgotável; pedimo-Vos, por Maria Imaculada e pelo Vosso Coração piedoso: 

(Todos em voz alta) 

Que não sejais nosso Juiz, e sim, nosso doce Salvador! 
Senhor, lembrai-Vos que dissestes que viestes em procura das ovelhinhas desgarradas de Israel. Ah! Não as desampares entre os espinhos do caminho extraviado; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e pelo Vosso Coração piedoso: 
Que não sejais nosso Juiz, e sim, nosso doce Salvador! 
Senhor, lembrai-Vos que prometestes celebrar no lar de Vossas ternuras a chegada do pródigo arrependido, com cantares e festejos de anjos; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e pelo Vosso Coração piedoso: 
Que não sejais nosso Juiz, e sim, nosso doce Salvador! 
Senhor, lembrai-Vos que, convidado à mesa de Vossos inimigos, dos pecadores, aceitastes o convite para conquistá-los, em seguida, com palavras de ternura e de esperança; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e pelo Vosso Coração piedoso: 
Que não sejais nosso Juiz, e sim, nosso doce Salvador! 
Senhor, lembrai-Vos que procurastes sempre com marcada preferência aos mais caídos, e que Madalena, a Samaritana, o Bom Ladrão e tantos culpados, saborearam a suavidade infinita de Vosso Evangelho; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e pelo Vosso Coração piedoso: 
Que não sejais nosso Juiz, e sim, nosso doce Salvador!  
Senhor, lembrai-Vos, por fim, em Vossa vida de Hóstia redentora, que perdestes a vida terrena por perdoar ao homem, e que expirastes convidando ao céu de Vosso Pai a um ditoso desgraçado que adoçou a Vossa agonia e comprou o Vosso Paraíso com uma só palavra de arrependimento humilde; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e pelo Vosso Coração piedoso: 
Que não sejais nosso Juiz, e sim, nosso doce Salvador! 

Que assim seja Jesus, em especial para aqueles que souberam consolar-Vos na Comunhão Reparadora e na belíssima prece da Hora Santa. Cumpre com eles e os seus as Vossas promessas de misericórdia. 

(Pausa) 

Triunfos de Jesus e Glórias de sua Mãe 

O filho de Maria é Deus em sua morte e deve ser Deus em seu triunfo. Os resplendores, que cobrem o sepulcro despedaçado, envolvem sua Cruz, sua Igreja e seu Tabernáculo e glorificam a Virgem Maria. Mas esse triunfo do Senhor Crucificado é um triunfo secreto e misterioso, é uma vitória, íntima como a graça e como as almas. Assim é como esse Deus, realmente presente mas oculto nessa Hóstia, vai dominando todas as tempestades do inferno. Todas morrem diante o humilde Sacrário. E essa grande vitória, irremovível, eterna, é também a vitória e a exaltação da mulher puríssima de Maria Imaculada, unida a Ele, como nas supremas angústias do Coração do Filho, nas inefáveis alegrias de sua glória e do seu triunfo. Terminemos, pois, esta Hora Santa com uma prece de louvor e com um hosana de júbilo. 

As almas 

Jesus adorável, já é chegado o tempo em que vejamos convertido o Vosso altar no Tabor de Vossas glórias, pois com este fim revelastes a Margarida Maria as magnificências de Vosso vitorioso Coração. Vosso Vigário e o sacerdócio, acendidos em novo zelo; Vossa Eucaristia, amada e recebida com a veemência de um amor inusitado; a prática da Hora Santa; a consagração dos lares, convertidos em Vossos templos; tudo, enfim, ó Deus Sacramentado! Tudo nos está dizendo com dizer eloquentíssimo que o lábaro de Vosso Coração avança, recuperando o mundo que derramou Vosso sangue. 

Afiançai, pois, Senhor, Vosso reinado, e avançai mais e mais, ó Rei dos amores! Rogamo-Vos, em nome de Maria Imaculada, em cujos braços Vos encontramos sempre exequível e sempre ao nosso alcance. Coração de Jesus, Vós sabeis tudo; Vós sabeis que Vos amamos; perdoai, pois, e derramai pelo mundo inteiro as graças prodigiosas com que alentais e confirmais esta sublime devoção; pelo Coração Imaculado de Maria: 

(Todos) 

Venha a nós o Vosso Reino! 

Coração de Jesus, Vós sabeis tudo; Vós sabeis que Vos amamos; perdoai, pois, e dilatai até os últimos confins da Terra o fecundo alento de regeneração cristã que ofereceis às almas neste amor incomparável; pelo Coração Imaculado de Maria: 
Venha a nós o Vosso Reino! 
Coração de Jesus, Vós sabeis tudo; Vós sabeis que Vos amamos; perdoai, pois, e afiançai a realeza de vossa suavíssima ternura no lar, em todas as famílias que Vos estão dizendo que sois a sua paz e o seu céu antecipado; pelo Coração Imaculado de Maria: 
Venha a nós o Vosso Reino! 
Coração de Jesus, Vós sabeis tudo; Vós sabeis que Vos amamos; perdoai, pois, e alentai aos apóstolos que almejam coroar-Vos com um diadema de almas, de muitas almas pecadoras, conquistadas com vossa caridade infinita, inesgotável; pelo Coração Imaculado de Maria: 
Venha a nós o Vosso Reino! 
Coração de Jesus; Vós sabeis tudo; Vós sabeis que Vos amamos; perdoai, pois, e cumpri com a Vossa Igreja as solenes promessas de vitória feitas à Margarida Maria, como bênção e recompensa deste querido e fecundo apostolado; pelo Coração Imaculado de Maria: 
Venha a nós o Vosso Reino! 
Coração de Jesus; Vós sabeis tudo; Vós sabeis que Vos amamos; perdoai, pois, e, em obséquio à Virgem Mãe, dai aos trabalhos e às palavras de Vossos apóstolos a virtude irresistível de entronizar-Vos onde quer que tenha uma alma ou um lar que precise de Vossa grande misericórdia; pelo Coração Imaculado de Maria: 
Venha a nós o Vosso Reino! 

Sim, estabelecei-O, Senhor, na família, no povo, no governo, no ensino, reinai por Vosso Coração Divino! Conjuramo-Vos pelas lágrimas de Vossa Mãe. Nós Vo-los exigimos pela honra da Virgem Imaculada, rainha do mundo e da Igreja universal, Rainha por Vosso Sagrado Coração! 

Pai Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações. 

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino! 

Ato Final de Consagração 

O divino fogo que viestes atear na terra, acendeu-se, Jesus amado, em nossas almas e, tomados por Ele, já não sabemos pedir nem desejar senão a Vossa glória. Vós o dissestes ao revelar as maravilhas de Vosso Coração; Ele é o supremo e o último recurso de redenção humana. Apoiados, pois, em Vossas revelações, viemos ao Vosso altar em busca de palavras de vida eterna, e ao Vosso Coração adorável, ardentemente desejosos daquelas águas que devem regenerar o mundo, inflamando-o em vossa caridade. 

Ó, sede Rei dos ingratos, que Vos olham como um Soberano derrocado em suas almas infelizes; reconquistai-os, Jesus, pelo Vosso perdão. Sede Rei dos apóstatas, que Vos olham como Monarca de escárnios, e que riem, desdenhosos, ao quebrar o cetro de Vossa divina realeza; voltai-lhes a luz perdida e vingai-Vos de suas ofensas, perdoando essas traições. Sede Rei das multidões sublevadas por aqueles sinedristas, Jesus, que Vos aborrecem. Acalmai esse oceano rugidor de almas pervertidas, desorientadas; imperai por Vosso Evangelho e vontade no coração do povo pelo Vosso Sagrado Coração. 

Sede Rei de tantos bons, mas tímidos e apáticos, que temem exagerar no tributo de amor acendido que Vos devem. Derretei o gelo, sacudi a sonolência maligna em que vivem tantos, enquanto o mundo Vos julga e Vos condena. Sede Rei nos lares, ó sim; transladai a eles Vossos exemplos, inspirai Vós uma vida de trabalho, de amores e de penas das famílias que Vos brindaram o assento de honra entre os pais e os filhos. Sede Rei, enfim, nos Sacrários; rompei já o silêncio de Vosso cárcere um hino imenso, universal, de famílias, de povos e nações, hino de amor que diga, do um a outro confins da terra redimida: Aclamado seja o Divino Coração, por quem atingimos a salvação! A Ele, só a Ele, a glória e a honra pelos séculos dos séculos! Venha a nós o Vosso Reino! Amém. 


(Cinco vezes, em voz alta) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

 Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Março, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

 HORA SANTA PARA A QUINTA-FEIRA SANTA


Jesus foi jogado em um calabouço na noite da Quinta-Feira Santa, depois de ter sido preso no Jardim das Oliveiras; o Sacrário é a nova prisão em que o próprio Jesus se colocou, por amor a nós, até o fim dos tempos.

Observação. Esta Hora Santa é especialmente dedicada para reparar o grande pecado daquele público numeroso que pretende a aliança híbrida, impossível, da piedade e de uma mentalidade mundano-social pecaminosa. Há aqui uma lição de amor verdadeiro e de reparação solene, mas também uma lição, misericordiosa e severa, às vezes, para tantos católicos que rezam e confessam no templo, mas que violam a Lei do Senhor em sua vida social.

Já que não podemos surpreender ao Verbo, como São Paulo, na magnificência de sua glória inacessível, surpreendamos ao Rei dos céus na glória de seu calabouço na Quinta-Feira Santa à noite. Vede a cena que encheu de estupor aos anjos: como palácio, um sótão-cárcere; por trono, uma cadeira; por diadema, a dor; por cetro, a chacota; por corte, os soldados, ébrios de vinho, uma horda ébria de ódio mortal. Alvo das iras, dos sarcasmos e dos golpes, manso, majestoso e humilde, com olhos suplicantes e face de angústia, banhado em sangue, mas sedento de mais dor, está Jesus.

E assim, neste mesmo cárcere de amor e de gloriosa ignomínia, vos surpreendemos, Senhor, nesta noite depois de vinte séculos. Vosso Coração fez o milagre de perpetuar indestrutível o calabouço da Quinta-Feira Santa. Não trocaram, ó Rei dos Reis, nem os enfeites de vossa majestade escarnecida, nem os grilhões de amor que vos aprisionam, nem a corte que vos ultraja, nem menos ainda mudou Vós, Jesus, Amor dos amores, imutável em vosso propósito de ser nosso cativo até à consumação dos tempos. Quem quer trocar a rebeldia do pecado em cativeiro de caridade somos nós. Por isso: Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!

(Todos)

Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!

Rei-Cativo, ponde cadeias de fé em nossa triste liberdade, e convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado.
Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!
Rei-Cativo, ponde cadeias de amor em nosso ingrato coração, e convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado.
Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!
Rei-Cativo, ponde cadeias de graça em nossos sentidos rebeldes, e convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado.
Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!
Rei-Cativo, ponde cadeias de fortaleza em nossa vontade tão inconstante, e convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado.
Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!
Rei-Cativo, ponde cadeias de santo temor em nosso espírito orgulhoso, e convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado.
Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!
Rei-Cativo, ponde cadeias de ternura e de piedade em nossa natureza tão frágil e inconstante, e convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado.
Convertei-nos a Vós, Jesus Sacramentado!

Ó sim, convertei-nos de escravos de um mundo que, cantando, vende morte; convertei-nos, Jesus, em escravos vossos, pois vossa servidão é mil vezes mais gloriosa e mais fecunda que reina. E agora, Mestre adorado, olhai através das grades de vosso cárcere esta legião de amigos fidelíssimos; são os que faltaram no Getsêmani e aqui reparam o beijo abominável de Judas e seus sequazes. Ah!, reparam, sobretudo, a ausência dos que, na hora da agonia, dormiam e que, na hora da traição, fugiram.

Não chameis nesta Hora Santa aos vossos anjos; baste-lhes a vossa gloriosa eternidade; reservai para esta legião de amigos as confidências íntimas de vosso Coração Sacramentado. Ó, falai-nos, Jesus-Hóstia, com ternura de Pai, com intimidade de Irmão; falai-nos com abandono de Amigo, com súplicas e queixas de Cativo, com o império de Senhor.

(Todos)

Falai-nos, Jesus, e viveremos!
Falai-nos, Jesus, e Vos amaremos!
Falai-nos, Jesus, e triunfaremos!

Somente Vós tendes, Mestre, palavras de vida, de amor e de verdade. Calem-se as criaturas, para ouvir-Vos a Vós, e somente a Vós. Abram-se os céus para escutar-Vos, Divino Verbo, a Vós, e somente a Vós. Falai-nos já, Jesus, Amor de nossos amores.

(Escute a voz que parte deste calabouço divino; ouça-lhe com o amor e dor com que lhe ouviram os anjos, na noite espantosa da Quinta-Feira Santa)

Voz de Jesus 

'Filioli', filhinhos; 'amici mei', meus amigos: Aqui tendes o Coração que vos ama mais além dos abatimentos de Belém e Nazaré. Muito mais além da crucificação do corpo e da alma, do Calvário. Este é o Coração que vos ama até ao extremo limite, até à sublime loucura que me tem encadeado para sempre no calabouço do Sacrário; aqui, na Hóstia, esgotei minha inesgotável caridade. Ai! E aqui esgota também o homem sua imensa ingratidão!

Pais e mães que haveis sofrido às vezes tanto, partido o coração, pelos filhos que mimastes; somai todas as vossas amarguras e medi, se podeis, a minha, que é um mar, comparada com a gota, que é a vossa. Aproximai-vos, os tristes, os desenganados, os feridos no próprio lar, os espancados pela injustiça, os despedaçados pela morte ou desgraças. Aproximai-vos, os deserdados da felicidade, os que arrastam uma alma em farrapos, os que haveis saboreado o cálice de todos os duelos, de todas as crueldades da vida. Acudi todos, vinde e vede que a torrente de vossas desventuras não é senão uma lágrima, apenas uma, do oceano que verteu vosso Deus neste calabouço em castigo de ter amado a um mundo que Lhe fere como nunca feriram os filhos mais ingratos.

Aqui se Me esquece, como jamais esqueceram os mais desleais dos amigos. Aqui se Me pospõe e desdenha, como jamais foi desdenhado nem posposto o último vilão. E Eu Sou Jesus, o Salvador do mundo. Minha alma, por isso, está triste até à morte.

(Lento)

Desde este cárcere contemplo a multidão imensa, os milhares de redimidos com meu sangue, que jamais, jamais, comungaram. Viveram ao Meu lado, nossas casas se tocaram; dei-lhes pão, lar, bem-estar; mas jamais vieram em busca deste Pão divino que Eu Sou. Ai dor! Esses filhos morreram de fome, vizinhos à casa de seu Pai. Ó quantas almas samaritanas que têm falado alguma vez comigo, almas que tenho chamado, que tenho buscado com milagres, almas que têm chegado até ao fundo do Sacrário; quantas dessas almas não quiseram beber as águas vivas que do meu lado aberto saltam até a vida eterna!

E aquelas outras, tão numerosas, que saborearam alguma e muitas vezes as delícias de meu Coração Sacramentado, que puseram os lábios na ferida de meu peito, e que depois, ai! Me esqueceram para sempre. Não têm voltado já faz longos anos. Seu desamor Me mata.

E, enfim, os incontáveis aturdidos na correria do mundo; os que, a duras penas, distraem de tarde em tarde uns breves instantes para este Deus Sacramentado Ah, os me dedicam mui contados e muito depressa; não têm tempo para Aquele que lhes dedica uma eternidade! E será, talvez, alguém desta tripla caravana de ingratos, um membro querido de vosso lar? Chorai por ele aqui, pedi por ele, amai por ele.

(Unamo-nos em uma oração que repare, que console o Senhor e que salve a tantos anêmicos de alma, débeis de vida divina e cristã, por falta de Eucaristia)

As almas

Jesus Sacramentado, Rei dos séculos e Senhor do mundo desde o Sacrário, não permitais que alguns dos nossos pereçam de sede a dois passos de vosso Coração, fonte de águas vivas, não consintais que desfaleçam de fome, rechaçando-Vos a Vós, o Pão consagrado e vivo descido do céu.

(Lento e com grande devoção)

Sem considerar, Jesus, sua ignorância, que Vos rechaça; nem sua debilidade, que Vos elimina, mas considerando unicamente Vossa infinita piedade e a reparação de fé e de amor que por eles Vos oferecem estes vossos amigos, conjuramo-Vos, Senhor Sacramentado, a que os salveis: ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

(Todos)

Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Recordais, Jesus Infante, as ternuras com que no presépio Vos cuidou vossa Mãe? Recordais o primeiro sorriso, o primeiro abraço, o primeiro ósculo de imenso amor de Maria? Se a amais sempre como o Filho-Deus, por Ela, por Maria, atraí as almas que queremos ao Sacrário. Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

(Todos)

Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Recordais, Jesus Infante, que nos braços de Maria recebestes as adorações de pastores e de reis? Recordais esse Trono de vosso peito imaculado, onde se queimou à vossa glória o mais rico incenso de adoração reparadora? Se a amais sempre como o Filho-Deus, por Ela, por Maria, atraí as almas que queremos ao Sacrário. Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Recordais, Jesus Infante, aquele vosso céu de Nazaré, vossas orações quando pequenino, sobre os joelhos de Maria, seus cantos ao lado de vosso berço? Recordais ainda quando surpreendestes já então as suas lágrimas naqueles olhos virginais? Se a amais sempre como o Filho-Deus, por Ela, por Maria, atraí as almas que queremos ao Sacrário. Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Recordais, Jesus adolescente, o afã amoroso com que essa Rainha Imaculada Vos buscou três dias? Recordais o fulgor de seu olhar, as palpitações de imenso júbilo de vosso Coração, ao encontrar-Vos a Vós, seu único tesouro? Se a amais sempre como o Filho-Deus, por Ela, por Maria, atraí as almas que queremos ao Sacrário. Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Recordais, Jesus Rei e Salvador, vossa despedida de Maria na Quinta-Feira Santa? Recordais sua dor ao encontrar-Vos a caminho da morte? Recordais o que disse Ela com seu olhar nos estertores já da agonia? Se a amais sempre como o Filho-Deus, por Ela, por Maria, atraí as almas que queremos ao Sacrário. Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

Ó dai-lhes de beber do cálice de vosso amor!

(Se alguma alma em especial vos interessa, as nomeie e peça sua conversão)

Que laço tão misterioso quão inquebrantável, que correntes e grades retenham todo um Deus, prisioneiro do homem, desleal e ingrato. Qual é o segredo divino deste mistério dos mistérios, qual a razão determinante deste milagre dos milagres?

'Respondei-nos, Jesus, Vós mesmo, já que nem os anjos nem os homens podem nos dar a chave de tão profundo mistério. Respondei-nos, Divino Prisioneiro. Dizei-nos por que edificastes este cárcere e o fizestes indestrutível; dizei-nos por que, tendo um Paraíso, sois Vós mesmo a Sentinela e o Cativo, sendo assim Vós o responsável deste viver solitário, desconhecido e profano no calabouço do Santo Tabernáculo? Quem Vos prendeu? Quem Vos detém?'.

Voz de Jesus

O delírio, a loucura do Meu amor! Meu Coração se prendeu! Por amar-te, Me encarnei; por amar-te, Me entreguei na Cruz. Sabe, alma querida, que, por um prodígio maior de caridade, fiquei na Hóstia; somente por amor, sou o Cativo do Sacrário.

(Muito lento e entrecortado)

'Sou vosso Deus e tu, uma criatura pecadora; para ti, pobrezinha, poeira rebelde, fiquei na Hóstia somente para ti. Ó dai-Me, pois, o coração ferido, dai-o a Mim e toma o meu!

Sou vosso Deus e tu, um enfermo, um leproso voluntário. Para ti, porém, vermezinho que vives de soberba, fiquei na Hóstia; somente para ti. Ó dai-Me, pois, o coração ferido, dai-o a Mim e toma o meu!…

Sou vosso Deus e tu, um náufrago do Paraíso, um desgraçado, culpável em sua desgraça. Para ti, ramo desgarrado, e que foi maldito, para que revivesses, com secura eterna, fiquei na Hóstia, somente para ti. Ó dai-Me, pois, o coração ferido, dai-o a Mim e toma o meu!

Ah! Querias tu saber qual era a força que me arraiga à terra que bebeu o meu sangue? Já o sabes: o Amor! Quer saber agora qual é a mais amarga de minhas dores? Ouça-Me, e soluce ao ouvir-Me: Amar e não ser amado pelos meus! Os meus! Os agraciados e preferidos, sim; os muito meus, os que se dizem meus seguidores fiéis e meus amigos, não me amam! Amais tanto, tanto aos de vosso lar, mas, mais que a eles, nem sequer como a eles, não amais, ó não, a este Deus de amor, a Mim, a vosso Jesus.

Amais tanto aos que vos amam, vos dais a eles, vos desvelais por provar-lhes um amor, às vezes extremado. Para eles, ternura e delicadezas e generosidade; para eles, atenções e nobreza e gratidão Ó não é esse, não, o amor que brindais a este Deus encarcerado por amor. Assim não Me amais a Mim, vosso Jesus.

Sois bons com os pobres, com os órfãos; tendes amor para os desatendidos e os desamparados; tendes ternura e piedade e lágrimas para todos, próximos e estranhos. Ah!, mas assim, com tanta nobreza e profundidade; assim com essa doação desinteressada do coração, assim não amais a este Órfão de amor, a este Peregrino, desterrado voluntário dos céus. Assim não Me amais a Mim, o Pobre Divino de Belém, o mendigo Encarcerado do Sacrário. E eu sou Jesus, o Deus de Amor!

Estou ferido e a ferida é profunda e grande; como é profundo e grande o desamor com que Me pagam os de minha própria casa. E já vedes: minha queixa é um lamento amável; esta reprovação, uma carícia de meu Coração que quer enternecer e conquistar os vossos. Ó dai-me mais amor, ao menos vós, meus amigos, dai-me amor mais verdadeiro! Sede! Abraso-Me em uma sede devoradora.

Sede! Tenho sede de ser amado com amor mais generoso, com amor de sacrifício na observância de minha Lei. Sede! Quero ser amado, muito mais amado; provai-o a Mim no aborrecimento do mundo mundano, que é o carrasco cruel e implacável que Me crucifica no tempo, para crucificar-vos, filhinhos, numa eternidade de desventura! Desfaleço de amor e de angústia neste Horto de minha agonia mística e sacramental. Sustentai-Me em vossos braços melhor que os anjos. Ó dizei-Me com fogo da alma que Me amais muito e que me amareis deveras!'.

(Não deixeis que o texto minta, nem sequer que exagere; o que dizem as palavras, comprovai-o com palpitações do coração).

As almas

Jesus adorável, cheios de confusão, mas também de grande confiança, reconhecemos que nossa ingratidão não tem medida maior que o vosso infinito amor. Temos pecado, vossos amigos; temos pecado por desamor, e com essa culpa de rancor vos temos ferido mais cruelmente que vossos inimigos com a ferocidade de seus golpes deicidas. Mas, porque sois Jesus, quereis, sem dúvida, perdoar nosso desamor quando vos desprezamos, Senhor, a mesquinhos interesses de bem-estar, de afetos e de gozos terrenos. E em prova que apagais e esqueceis, consolado, nossa culpa, aceitai pelas Mãos de Maria Imaculada nossa dor, em vez de uma grande promessa. Vo-lo diremos neste grito espontâneo do coração: 'Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!'

(Todos)

Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!

Em recordação agradecida às vossas lágrimas de Belém, Vos amaremos chorando e em reparação por aqueles que não apreciam o valor cristão de vossos prantos: 'Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!'
Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!

Em recordação terníssima de vossa coroa de espinhos, Vos amaremos quando nos coroais com elas e em reparação por tantos cristãos que vivem de uma febre louca de prazer: 'Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!'
Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!

Em recordação de vossas dores e amarguras secretas, Vos amaremos quando nos presenteais com esses mesmos dissabores e em reparação pela falta de conformidade com que se as recebe de ordinário de vossas mãos: 'Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!'
Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!

Em recordação do muito que sofrestes da parte de vossos eleitos e amigos, Vos amaremos quando nos fizerdes beber algumas gotas desse cálice e em reparação pela rebeldia com que protestamos por esta prova: 'Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!'
Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!

Em recordação comovida de tantos séculos de abandono, de solidão e ingratidão, suportados com infinita doçura no Sacrário, Vos amaremos muito quando permitirdes que nos tratem os irmãos, como sois tratado Vós na solidão do Tabernáculo; e em reparação por essas afrontas e pelo rancor com que nós protestamos quando descarregais por uns instantes essa Cruz sobre nossos ombros: 'Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!'
Queremos pagar-Vos, Jesus, amor com amor!

(Silêncio e oração íntima)

Aproximamos do final desta Hora Santa. Às onze da noite, há vinte séculos, sofria Jesus o ultraje da parte do primeiro tribunal, que O recebeu como recebeu a fogueira acesa a lenha seca que cai em suas chamas. Momentos depois, à meia noite, jogado num calabouço e entregue à brutalidade de soldados infames, se desenvolve na semi-obscuridade dessa masmorra uma das cenas mais desonrosas e cruéis de toda a Paixão. Ali foi flagelado no Coração, e, mais que suas vestes, estão rasgadas em farrapos a sua alma. 

Esta dor e esta ignomínia aterrorizam e paralisam com pavor o espírito do cristão. Ademais, há nesta noite espantosa um mistério tal de dor íntima que ninguém pode revelar senão Ele, o Divino Encarcerado. Pois então que nos conte aqui, Ele mesmo, a agonia de seu Coração na mesma noite em que, desencadeado o poder das trevas, quis vingar no calabouço de ignomínia, as maravilhas que faria o Senhor, através dos tempos, neste outro calabouço sacrossanto. Ouçamo-lo, trêmulos de emoção, sobressaltados.

Jesus

Por que Me pedis, filhinhos e amigos, que vos conte, como história antiga, uma paixão e uma agonia de afrontas que se renova hoje e que perdura neste calabouço do Altar? O outro desapareceu faz século; neste do Sacrário, são os meus que Me torturam o Coração; naquele foram mercenários e inimigos que afrontaram meu rosto adorável.

As almas

Mas, Senhor Jesus, deixai-nos perguntar-Vos com a ânsia de vossos apóstolos na última Ceia: Quem são aqueles desventurados amigos, que convertem mais vosso Sacrário em masmorra de tortura? Porque, nós que aqui estamos Vos seguiríamos até à morte. Seremos, porventura, nós, Senhor?

Voz de Jesus 

Todos estão perdoados hoje mas, ó dor, não o estais sempre! Há quem se senta à minha Mesa, sim, há quem come de meu prato e bebe de meu cálice; há filhos e irmãos e discípulos, há amigos que tenho amado muito, e que despedaçam meu Divino Coração! Não ponhais o pensamento ao ouvir-Me esta queixa nos blasfemos de língua em miseráveis subúrbios. Ah, os há mais enfurecidos: a blasfêmia social, que é o escândalo social; esse é o chicote que abre fendas em minha carne e mostra a descoberto meus ossos!

Aonde e por qual caminho de lama me levam certas almas cristãs que comungam pela manhã e que me flagelam pela tarde? Eu sou um Deus de santidade! Quem disse, quem, que é lícito o despudor, chamado artístico, despudor pecaminoso sempre na cena teatral? Eu maldigo o nefando! É tristeza infinita para meu Coração que almas crentes desdenhem como escrúpulos frívolos o que é infração mortal e grave de minhas leis de castidade!

Pagar a cena indecorosa, a desenvoltura de pobres infelizes que não sabem o que fazem; pagar atitudes equívocas e quadros provocativos de pecado, entre 'obras de arte': ai!, que um público cristão e consciente, pague e aplauda na cena, o que seria crime de pensamento ou de desejo na consciência, escândalo no lar; isso é mais que pagar minha flagelação; isso é alentar, com dinheiro cristão, a crueldade de meus carrascos. Esses dinheiros estão manchados com meu sangue! Ai daqueles por quem se fomenta o escândalo!

Tende-Me piedade vós que, por situação e fortuna, tendes o caminho semeado de flores e seduções; vós que poderíeis ser norma e lição viva de exemplo, ou ser, pelo contrário, causa que arrasta a muitas almas ao abismo. Banhado em meu sangue, chorando, Jesus flagelado vos pede piedade!

Tende-Me piedades vós que, gastando classe e pompa; vós que, influindo de muito acima, aceitais em hábitos, em modos e em modas, licenças de carne descoberta, com que flagelais a minha que é divina; vós influentes que patrocinais, com selo de elegância e de bom tom, as sensualidades sociais, refinadas, os instintos menos castos, o fervor de sangue, que será amanhã perdição de muitas almas. Banhado em meu sangue, chorando, Jesus flagelado vos pede piedade!

Tende-Me piedade vós, grandes, nobres e ricos, em cujos salões não se deve jamais tolerar diversões e danças a enfeites que eu condenei ao destroçar os ídolos pagãos, ídolos que tantos filhos meus, que comungam, pretendem reconstituir com licenças pecaminosas de vida social, estas Me açoitam o rosto. Banhado em meu sangue, chorando, Jesus flagelado vos pede piedade!

Tende-Me piedade, vós, mães e esposas de ascendência cristã e de influência social, a quem outras imitam e seguem: não temais exagerar marcando com severidade a lei do pudor, a formosura da modéstia das filhas que vos confiei para minha glória. Ó não cedais ao mundo pervertido e corruptor! Eu mando, e somente Eu, em vossas casas. Eu julgarei aos pais e aos filhos, segundo o marco de minha Lei. Não esqueçais que eu maldisse o mundo. Eu sou o Senhor no tempo, no salão e na rua, na vida e na morte. Eu… e jamais o mundo! Banhado em meu sangue, chorando, Jesus flagelado vos pede!

Gozadores da vida, almas débeis, seduzidas pela sereia do prazer, pela deusa versátil da vaidade. Almas sedentas de sensações, enfermas de vertigem social; corações bons, mas complacentes em excesso, sem caráter; consciências fáceis e acomodatícias a todo vento de opinião, de moda e de doutrina, detende-vos à borda de um abismo. O cercado é meu Evangelho; o critério seguro, o de minha Lei e de minha Igreja. Detende-vos! Não passeis sobre a minha Cruz ensanguentada! Sabei, somente Eu vos amo. Amai-Me também com um coração leal e inteiro. Estendo-vos os braços, para vos dar abrigo; rasgo a ferida de meu Peito; entrai por ela, roubai-Me, amigo, o Coração enamorado, levai-O sem devolução, que seja todo vosso no tempo e na eternidade; mas tende-Me piedade. Banhado em meu sangue, chorando, Jesus flagelado vos pede piedade!

(Um breve instante de silêncio)

(Depois de ouvir esta queixa divina, tão tristemente fundada e por isto tão amarga, não nos resta senão responder com um gemido de arrependimento humilde a esse Jesus que pede compaixão desde o calabouço do Sacrário).

Voz da alma

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tendes dado?
Que sei eu que Vós não me tendes ensinado? Que valho eu se não estou a vosso lado?
Que mereço eu, se a Vós não estou unido?
Perdoai-me os erros que contra Vós tenho cometido.
Pois me criastes sem que o merecesse. E me redimistes sem que Vo-lo pedisse.
Muito fizeste ao me criar, muito em me redimir, e não sereis menos generoso em me perdoar.
Pois o muito sangue que derramastes,
E a acerba morte que padecestes,
Não foi pelos anjos que Vos louvam,
Senão por mim e demais pecadores, que Vos ofendem.
Se Vos tenho negado, deixai-me reconhecer-Vos;
Se Vos tenho injuriado, deixai-me louvar-Vos;
Se Vos tenho ofendido, deixai-me servir-Vos.
Porque é mais morte que vida
A que não empregada em vosso santo serviço.

Senhor Jesus, não peçais piedade a vossos filhos! Recordai-lhes tão-somente vossos direitos; refrescai em nossa mente a soberania de vossa Lei, e mandai, porque sois Rei da sociedade. Esta Vos elimina e Vos proscreve pouco a pouco, com a suavidade e a cautela perigosa com que a tela do crepúsculo vai cobrindo o sol. Nós, sim, culpáveis, Vos pedimos piedade.

Como os vossos anjos, como Madalena, como Verônica, foram recolhendo as gotas de vosso sangue sobre as pedras e nos instrumentos de suplício; assim, Jesus flagelado, estes vossos íntimos amigos, sem negócios culpáveis, visitam agora em espírito aqueles lugares e vestíbulos elegantes, aqueles salões suntuosos, aqueles cenários de teatro, salpicados com a púrpura de vossas veias; cortinas, escadarias ricas, tapetes preciosos, decorações e bastidores, trajes leves e curtíssimos, atavios de luxo, marcados com as contas de vosso sangue, como o átrio de Pilatos, como o vosso horrendo calabouço… Piedade, Jesus, pelos amigos culpáveis e como vingança de misericórdia e em prova de que perdeis: Enviai fogo do céu, fogo de amor.

(Todos)

Enviai fogo do céu, fogo de amor!

Piedade, Jesus, para aquelas famílias, boas no fundo, mas arrastadas em sua debilidade por exigências paganizantes do grande mundo. Como vingança de misericórdia e em prova de que perdoeis: Enviai fogo do céu, fogo de amor!
Enviai fogo do céu, fogo de amor!

Piedade, Jesus, para aquelas mães demasiado condescendentes no enfraquecimento do pudor e modéstia de suas filhas, piedade para as filhas que, não más, mas aturdidas por sua juventude e vencidas pela vaidade ou o que dirão, são, sem pensá-lo, um chicote cruel em vossas costas. Como vingança de misericórdia e em prova de que perdoeis: Enviai fogo do céu, fogo de amor!
Enviai fogo do céu, fogo de amor!

E agora, Jesus, ao nos despedirmos de vosso cárcere-Sacrário, ao Vos deixar confiado à vossa Mãe e aos anjos nesse Horto de agonia e de glória, permitais que nos despeçamos com um hino à Eucaristia. Este é, Jesus, o dom de vossos dons, confiado à terra para lhe dar vida imortal, à hora mesma e na mesma noite em que ela preparava o complô e a sentença de morte para Vós, seu Rei manso, o Cristo da paz.

Aproximai-Vos, ó Rei-Cativo, Jesus Eucaristia, aproximai-Vos às grades de vossa prisão de amor e escutais sorridente, entre lágrimas de consolo; escutai, amoroso e comprazido, o salmo vibrante de louvor, de reparação, de amor, que queremos entoar em nome da Igreja e do mundo ao vosso Coração Sacramentado. Oremos juntos, irmãos!

Abençoastes-nos, Jesus amado, como não abençoastes jamais, ao vosso passar, as flores dos campos e os lírios dos vales de vossa pátria, e em troca, temos sido nós os arbustos e os espinhos de vossa coroa. Mas não Vos canseis de nós; lembrai-Vos que sois Jesus para estes pobres desterrados.

Abençoastes-nos, Jesus amado, como não abençoastes jamais as messes, as vinhas e os jardins de Samaria e Galileia, e nós Vos temos pago sendo tantas vezes a cizânia culpável de vossa Igreja; mas não Vos canseis de nós, lembrai-Vos que sois Jesus para estes desterrados.

Ó Jesus amado! Vosso Coração nos tem abençoado como não abençoastes jamais as aves do céu, nem os rebanhos de Belém e Nazaré, e nós Vos temos pago fugindo de vosso redil e temendo a brandura de vosso cajado amorosíssimo; mas não Vos canseis de nós; lembrai-Vos que sois Jesus para estes pobres desterrados.

Ó nesta hora venturosa, deixai-nos, porque temos sido ingratos convosco, Jesus Sacramentado; deixai-nos oferecer-Vos um hino de louvor no tom inspirado do Profeta Rei; em sua lira, Vos cantamos com a Mãe do Belo Amor; espíritos angélicos e santos da corte celestial, bendizei ao Senhor na misericórdia infinita com que nos há cumulado: Hosana ao Criador, convertido em criatura e em Hóstia por amor.

(Todos)

Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Sol, lua e estrelas, desdobrai o vosso manto de luz sobre este Tabernáculo, mil vezes mais santo que o de Jerusalém, cheio de majestade de sua doçura; bendizei ao Senhor na misericórdia infinita com que nos há cumulado: Hosana ao Criador, convertido em criatura e em Hóstia por amor.
Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Fulgor da alvorada, orvalho da manhã, relâmpagos de luz cadente do crepúsculo, glorificai a majestade do silêncio do Rei do Sacrário; bendizei ao Senhor na misericórdia infinita com que nos há cumulado: Hosana ao Criador, convertido em criatura e em Hóstia por amor.
Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Oceano calmo, oceano em tempestade, profundidades viventes do abismo, proclamai a onipotência do Cativo deste altar: bendizei ao Senhor na misericórdia infinita com que nos há cumulado: Hosana ao Criador, convertido em criatura e em Hóstia por amor.
Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Brisas perfumadas, tempestades devastadoras, flores das profundezas, torrentes e cascatas, cantai a formosura soberana de Jesus Sacramentado; bendizei ao Senhor na misericórdia infinita com que nos há cumulado: Hosana ao Criador, convertido em criatura e em Hóstia por amor.
Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Neves eternas, selvas, vulcões e messes, colinas e vales, exaltem a magnificência do Deus aniquilado do Altar; bendizei ao Senhor na misericórdia infinita com que nos há cumulado: Hosana ao Criador, convertido em criatura e em Hóstia por amor.
Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Criação toda inteira, vem, acode apressada em nosso auxílio; vem suprir nossa impotência; os humanos não sabemos cantar, bendizer nem agradecer; vem, e com cantos de natureza, afoga o grito de blasfêmia, repara a indiferença do homem ingrato, cumulado com a misericórdia infinita de Jesus Eucaristia: Hosana ao Criador convertido em criatura e em Hóstia por amor.
Hosana ao Divino Prisioneiro do Amor!

Pai-Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes.
Pai-Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores.
Pai-Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o vosso reino!

(Hora Santa sobre o Calabouço de Jesus na Quinta - Feira Santa e a Prisão do Sacrário, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

 HORA SANTA DE ABRIL


Em uma Hora Santa como esta, hora de silêncio e de oração íntima, Jesus-Eucaristia confiou os desejos ardentes do seu Coração a Margarida Maria, sua discípula e primeira apóstola. Ó que momento de ventura, que solene instante aquele, em que a terra voltou a ressoar a súplica ardorosa do Deus-Homem proclamada nas planícies da Samaria e nas montanhas da Galileia, lamentando e implorando o nosso amor como fez no Getsêmani e no Calvário! Sim, naquela noite em Paray-le-Monial, uma noite radiante e gloriosa, Ele nos pediu o nosso amor e nos deu em troca, não os tesouros que já nos havia dado; ó não, Ele nos ofereceu mais que o Céu ou os tesouros redentores do Calvário... Ele nos deu pra sempre o seu Adorável Coração!

Cantemos: 'Hosana no mais alto dos céus!' De ora em diante, o Coração de Jesus é nosso por inteiro! E que também o pobre, o doente, o triste, o fraco, possam cantar: 'Hosana aqui também na terra!' O Coração de Jesus é nosso aqui nesta vida e será nosso além das sombras da morte! Hosana! Oremos, meus irmãos, e se realmente amamos Jesus, vamos dar a Ele um grande louvor de fé e caridade, para que nos revele, nesta Hora Santa, os providenciais desígnios do seu Sagrado Coração! Senhor, aqui estão os vossos amigos fieis e mais íntimos; revela-nos, pois, como confidentes privilegiados, vossos veementes desejos e o triunfo de louvor que encerrastes nesta sublime devoção.

Dizei, ó Mestre, o que pedis? Dizei-nos, com a autoridade do vosso soberano direito, o que exige a realização dos vossos planos? Vós que contemplais os recessos mais íntimos dos corações, vede as almas dos vossos amigos sedentas pelas vossas palavras! Vós nos honrastes com a vocação de consoladores do Vosso Sagrado Coração. Queremos, então, oferecer-Vos, em cada coração, um leito perfumado de rosas, onde possais descansar vossa cabeça exangue! Sim, aceitai este nosso consolo; aceitai nossos braços estendidos como suporte frágil de vossa santa agonia como aceitastes o consolo do anjo na agonia do Getsêmani!

Jesus, olhai para nós nesta noite com maior amor do que olhastes para Verônica, pois Vos oferecemos algo muito mais rico que um véu, nós vos oferecemos as nossas almas! Estamos sozinhos convosco, Senhor, vossos amigos fieis e e de confiança, aqueles que velam esta hora junto ao Vosso Coração agonizante. Abri os Vossos lábios divinos, dizei-nos, ó Mestre Amado; porque somos aqueles que agora circundam o Gólgota do Vosso altar, para implorar a graça, a honra e, mais que isso, a glória imerecida de carregar, como amorosos Cireneus, a vossa cruz...

Coração de Jesus, neste momento de confidência íntima, dizei-nos sobre o vosso desejo de propagação do Vosso reino espiritual e de vossa entronização neste mundo rebelde... Ordenai, Senhor, que morramos por Vosso amor e nós morreremos... Falai-nos por meio da ferida do Vosso lado, que está conquistando o mundo, especialmente durante os últimos três séculos, pela ternura e misericórdia. Que as criaturas guardem silêncio e que apenas Vós, ó Jesus, nos possais falar na Eucaristia... e assim viveremos! 

(Pausa) 

(Pedi a Jesus a grande graça de ouvir a sua divina voz)

Voz de Jesus 

Aproximai-vos, alma querida; sou Eu, não temais! Vede! Eu próprio me despojei do esplendor da majestade que teria vos feito tremer. Olhai para mim! Venho a vós ainda mais pobre do que sois. Venho sozinho e despojado de tudo. Eu mantive apenas a glória das minhas chagas, e nenhum outro tesouro que não seja meu Coração que vos amou tanto. Olhai-me de perto, o Nazareno que nasceu em um estábulo, o filho de pessoas simples, que quer vos conhecer. Eu era um pobre, um humilde artesão na oficina de José, o carpinteiro; que caminhava com os pés descalços e vivia uma vida de simplicidade e trabalho duro por amor aos mais humildes e fracos. Quero reinar sobre eles, eu nasci e escolhi reinar sobre eles!

Ó sim, eu gostaria que os pobres, os trabalhadores, e todos os que sofrem e labutam, aceitem o benigno e consolador reino do meu Coração Divino. Anseio vê-los aos meus pés completamente conquistados pela minha manjedoura e pela minha cruz. Eu reivindico para mim, como minha herança escolhida, a multidão dos que choram, dos que sofrem por fome da verdade e sede da justiça. Ó dia feliz que há de vir quando eu finalmente vê-los ajoelhando-se e cantando diante de Mim a sua fé, a sua esperança, o seu amor! 

Vós todos, meus amigos íntimos, estejam prontos para esta grande Páscoa; estejam prontos para o trono e a coroa deste dia glorioso. Implorai esta graça aqui diante do altar; orai sem cessar em obtê-la... ó, trazei-me de volta aquelas almas que me foram roubadas pelos renegados que, por seus esforços malignos, insistem em me roubá-las para sempre! Fazei com que os pobres venham até Mim; entronizai-me em vossas casas; porque eu sou Jesus, aquele divino Pobre de Nazaré, vosso amigo.

(Pausa) 

As almas

Sim, Jesus, Vós reinareis entre os pobres; aqueles que venceram pela bondade do Vosso Sagrado Coração Vos proclamarão como Rei! Recebei a oração em Vosso louvor que ressoará neste momento das profundezas silentes do Vosso Tabernáculo. Pelas lágrimas que Vós derramastes na humilde gruta de Belém:

(Todos, em voz alta) 

Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!

Pelas lágrimas que Vós derramastes em segredo na vossa muito amada Nazaré...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas lágrimas que Vós derramastes por ocasião da morte do Vosso amigo Lázaro...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas lágrimas que Vós derramastes pela ruína do vosso povo e da vossa pátria ingrata...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas lágrimas de sangue que Vós derramastes no Jardim do Getsêmani, mil vezes venturoso...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas lágrimas amargas que Vós derramastes pela traição de Judas...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas lágrimas de tristeza profunda que Vós derramastes pela tripla negação de Pedro e pelo abandono dos Vossos Apóstolos...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas lágrimas de desolação que Vós derramastes ao ver a Vossa Mãe esmagada pela tristeza no caminho do Calvário...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!
Pelas últimas lágrimas que Vós derramastes na despedida desta terra, especialmente pelos mais pobres, os vossos amigos...
Reinai, Coração de Jesus, sobre os vossos amigos, os pobres!

(Pausa) 

Voz de Jesus 

Almas amorosas, meu coração vos abençoa pela consolação destas súplicas ardorosas! Sim, Eu triunfarei pois Eu sou rei. Eu vim para salvar o mundo, sujeitando-o ao amor do meu Coração. Como um mar tempestuoso, este mundo ingrato me rejeita com furor; na minha barca, a Igreja, eu perpasso pelos séculos, oferecendo aos homens a calma, a liberdade, a paz. Ai de mim! A tempestade redobra a sua fúria; há governantes que desejam o naufrágio da Igreja, a arca da salvação... São muitos os ricos, os sábios e os poderosos que, seguindo o exemplo do Sinédrio iníquo de Jerusalém, conspiram contra Mim, trabalhando para destruir o meu sacerdócio e para arruinar a minha Igreja. Meu Vigário é perseguido...

Minha soberania é quase por toda parte oficialmente ignorada. Um furacão de ódio dispersou os meus Apóstolos e os meus amigos. Este ódio tem profanado muitos santuários de retiro e de oração e conspurcado os meus direitos e a minha lei! No entanto, Eu sou e permaneço Rei, porque Eu sou Jesus, o Filho do Deus Vivo! Ah, vós que verdadeiramente amais a glória do meu nome, pelo menos vós, meus amigos, implorais ao Céu pela vitória da Santa Igreja. Não vos esqueçais que a agonia dela também é minha; aqueles que a ultrajam também me ultrajam e ferem o meu Divino Coração!

(Pausa) 

As almas

Senhor, ouvimos o clamor das blasfêmias contra Vós e a Vossa Santa Igreja. Ouvimos também o pranto de dor que oprime o Vosso Coração pela ingratidão de nações que devem a sua cultura e liberdade ao Vosso Santo Evangelho e pela ingratidão dos poderosos que somente o são pela outorga de Vossa autoridade. Perdão, ó rei escarnecido; confundais e converteis os vossos inimigos. Nós Vos pedimos isto de todo o nosso coração: pela pobreza e abandono do vosso maravilhoso nascimento...

(Todos, em voz alta) 

Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!

Pela Vossa fuga para o Egito e pelos sofrimentos do Vosso exílio, sob a perseguição de inimigos implacáveis...
Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!
Por tantos anos passados ​​na vida obscura e venturosa em Vossa oficina de Nazaré...
Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!
Pela Vossa vida de retiro, oração e penitência durante os 40 dias passados ​​na solidão do deserto...
Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!
Pelo desprezo com que os doutores da lei de Israel o trataram e pelos muitos insultos com que receberam o Vossos Evangelho...
Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!
Pelas feridas de ingratidão praticadas por tantos que foram beneficiados com as Vossas bênçãos e mesmo com milagres extraordinários...
Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!
Pela tristeza mortal causada pela cegueira do Vosso povo, que Vos condenou a uma morte de cruz...
Triunfai em Vossa Igreja, ó Sagrado Coração!

(Pausa) 

Voz de Jesus 

Almas fervorosas! Se ao menos Eu pudesse, tão triste e perseguido, encontrar aconchego no coração das famílias, no abrigo seguro dos lares! Ai de mim! Este santuário cairia em ruínas se satanás e o mundo pudessem me desterrar daí, Eu que sou o puro Amor! Perguntai a Lázaro, a Marta, a Maria, aos meus amigos de Betânia, se há mal que não seja sanado, tristeza que não seja adoçada, feridas que não sejam curadas quando Eu, Jesus, estabeleço meu reino de amor em um lar e uma família que me amam e me adoram! Padres que estais vergados por uma vida brumosa e exaustiva sob o peso de tantas ansiedades e responsabilidades, deixai-me entrar em vossas casas! Eu sou o sol que traz paz e temperança; Eu sou a alma de uma nova vida...

Mães sobrecarregadas, que sofrem por vós e por vossos filhos; mães aflitas, como a minha Mãe de ternura, por que vós não me convidais para abençoar a aurora e o crepúsculo, a paz e a tribulação, as alegrias e as lágrimas do vosso amado lar? Vós, que sois as testemunhas privilegiadas da agonia mística do meu Coração no Sacrário, sabeis que o vosso apostolado poderia abrir a Mim as portas das casas que, tantas vezes, são cruelmente fechadas diante de Mim. Vigiai e orai para que os meus direitos familiares e sociais sejam reconhecidos e peçais, apesar de satanás, que o meu Coração possa triunfar e conduzir as vossas famílias!

(Breve Pausa) 

As almas

Jesus, adorável Peregrino, vagando em busca de amor, permanecei, não no limiar de nossas casas: vosso cabelo e roupas estão úmidas com o orvalho da noite. Entrai...Sejais, em espírito e verdade, o Rei das nossas famílias que Vos amam. Sim, Jesus, nosso Esposo; Jesus, nosso Irmão; Jesus, nosso Amigo... Vinde! Reinai em todas as nossas casas, imploramos a Vós! Pelo amor filial que manifestastes à Vossa Mãe Santíssima; pelas ternuras e vigílias do Vosso Imaculado Coração...

(Todos, em voz alta)  

Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!

Pelo afeto que manifestastes ao humilde carpinteiro a quem chamastes de pai, e pela santa intimidade que vivestes com ele...
Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!
Pelo amor de predileção que manifestastes em Vosso coração para com João, o Apóstolo de vossas inefáveis confidências...
Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!
Pela simpatia que manifestastes aos mais apequenados do rebanho, pelas crianças, pelos vossos amigos fieis...
Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!
Pela invejável e deliciosa amizade que manifestastes em Betânia, onde apenas um sofrimento insuportável - Vossa ausência - era sentido...
Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!
Pela delicada bondade que manifestastes no casamento de Caná e por Vossa ternura para com Madalena penitente...
Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!
Pela deferência que manifestastes com Zaqueu e Simão, o fariseu e, finalmente, pela sede de justiça que impusestes na alma da feliz samaritana...
Triunfai nas famílias, ó Rei de Amor!

(Pausa) 

Voz de Jesus 

Um vez que vós viestes me consolar, não terminem esta Hora Santa sem recordar aqui, aos Meus pés, aqueles que são os favoritos do Meu Coração misericordioso: os caídos, os filhos pródigos, aqueles que se desviaram da aprisco. Um sem número deles passam diante desta Hóstia Consagrada sem levantarem os olhos para Mim! Passam os soberbos que insultam o meu aniquilamento; os blasfemos que me cobrem com o seu opróbrio; os apóstatas e os ímpios, que chegam até Mim com a ousadia do sarcasmo nos lábios! 

Ai de mim! Quão grande é a legião dos ingratos, daqueles que me fazem sofrer com a sua indiferença glacial! Quem pode contá-los? Vejo-os do Meu Sacrário; entre eles estão também meus ex-amigos... os traidores e os desleais... E há também crianças! Ouvi-me, mães! Sim, há crianças que traem o Coração de Jesus, o grande amigo delas!

A minha alma está triste até a morte com a perda de tantos pobres pecadores. E, nesta mesma hora, muitos estão em sua agonia final... Portanto, vós, Meus apóstolos, ficai de joelhos e fazei uma fervorosa oração para que sejam fechadas as portas do inferno e que se abra para eles o Céu do Meu Coração, que os espera com o perdão e misericórdias infinitas! Salvai-os! Eles são almas que pertencem a Mim. Eu confio a vós a salvação delas!

(Pausa) 

As almas

Obrigado, ó Bom Jesus, por nos deixar compartilhar convosco a preocupação com estas almas desgarradas. Vamos acolhê-las como nosso tesouro; vamos amá-las pelas lágrimas que elas Vos têm custado! Elas não estarão perdidas para sempre enquanto a Divina Chaga do Vosso Coração não estiver fechada.  Ah, que esta Divina Ferida, fonte do perdão, assim como o Céu, permaneça aberta para elas! Recebei, pois, em Vossa bondade inesgotável, esta oração, que nós Vos oferecemos por meio do Coração de Todas as Dores de Maria, em favor dos miseráveis pecadores e, particularmente, Jesus, não Vos esqueçais daqueles que estão em nossas próprias casas...

(Todos, em voz alta) 

Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!

Por Vossas mãos perfuradas porque nos abençoaram e nos perdoaram...
Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!
Por Vossos divinos pés transpassados, porque deixaram na terra as marcas da paz e da misericórdia...
Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!
Por Vossos lábios que falavam a língua de misericórdia e sentiram uma sede ardente pelas nossas almas doentias...
Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!
Pelos Vossos olhos divinos, iluminados com a luz do Paraíso, que derramaram muitas lágrimas para lavar as nossas faltas e apagá-las para sempre...
Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!
Pelo Vosso Sagrado Corpo, tornado uma chaga viva, para dar vida a um mundo que insiste em transgredir a Divina Lei...
Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!
Pelo Vosso Lado aberto, no qual queremos nos refugiar durante a vida, na hora da morte, e por toda a eternidade...
Convertei os pecadores, ó Sagrado Coração!

(Pausa) 

Voz de Jesus 

Não vos afastais do Meu Sacrário, amigos do Meu Sagrado Coração, sem que Eu vos possa recordar uma queixa pungente, sempre viva, a sangrar da ferida aberta do meu Lado por um pecado... uma ferida maior que todas, pois provocada pelos bons que se dizem Meus amigos! Ó como me ferem cruelmente os que me regulam o seu amor! Ah, se vós soubésseis as lágrimas de angústia que eu choro quando os filhos de minha própria casa tratam-me com cortesia indiferente e uma frieza respeitosa como a um estrangeiro distinto. Eles se atrevem a agir dessa forma para com o Deus de amor, o Salvador misericordioso, que os convida a sentar-se diariamente num banquete de graças abundantes. É um exército inteiro, milhares de almas que seriam santas de pronto, se tivessem mergulhado generosamente no abismo do Meu Coração. Ai, quão pouco o Meu amor é compreendido e quão mal é retribuído por eles...

Todas essas almas pertencem a Mim, por direito, pelo mais sagrado dos direitos, mas a tibieza os abate e paralisa a ascensão dos seus corações. Elas são almas belas, mas não vibram pelos interesses da minha glória. Por falta de generosidade, falta-lhes o zelo em seu amor. Elas me veem padecer na cruz mas, por falta de meditação e oração, não compartilham a minha dor. Elas me veem preso e abandonado em minha prisão eucarística, mas a minha solidão não sensibiliza os seus corações; pelo contrário, isto as aborrece e, assim, elas não conseguem dedicar uma só palavra de ternura para o Deus escondido no altar. Como são infelizes essas pobres almas! Um frio glacial as aniquilam e fere a Mim ao mesmo tempo. E não sabendo o que dizer ao Prisoneiro do Amor, elas se vão e, como os Apóstolos, abandonam-me sozinho com a minha agonia e os meus anjos...

Mas vós outras, almas como Verônica, sedentas pela minha glória, expiais nesta noite a ferida cruel feita em meu Coração pela falta de delicadeza, de generosidade, e de zelo por tantos dos meus próprios filhos! Para dissipar a tristeza que eles me causam, Vós me cantais hinos de amor ardentes e de reparação...por vossa causa, anseio esquecer as ofensas destes meus filhos ingratos! Olhai uma vez mais essa ferida aberta e profunda que me fazem aqueles da minha própria casa... 

Vós que ardeis com um fogo celestial de amor e zelo, tende piedade de mim, vosso Jesus, porque Eu busco em todos os lugares por almas fieis e apóstolos em quem possa confiar, mas não os encontro! Sabeis por quê? É porque Eu ensino, resgato e santifico as almas na cruz. Mas quantos que se dizem meus amigos seguram esta cruz com repulsa! Mas vós, vós que me amais sinceramente, me prestais uma grande consolação... pelo vosso fervor, vosso espírito de sacrifício, vosso desejo de santidade!

(Pausa) 

As almas

Senhor Jesus, eu também tenho sido uma alma tíbia que tem-se mantido distante do Vosso Coração por medo do sacrifício. Eu também tenho receado as santas exigências do vosso amor e ternura; eu também tenho temido prender-me às redes do vosso amor; tenho resistido em me acolher em vossos braços e em render-me para sempre e sem reservas ao vosso Coração vencedor! Ó, Jesus, perdoai tanta covardia!

Perdoai, também, e esqueçais essa culpa de apatia, esta falta de um amor generoso, esta indecisão pelo sacrifício, de muitos dos vossos amigos que estão predestinados à santidade e a uma grande glória. Perdoai-nos, Jesus, e triunfai, santificando os justos! Por vossas primeiras palavras de ternura que, quando criança, fizestes vossa Mãe sorrir de felicidade...

(Todos, em voz alta) 

Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!

Pelas vossas palavras das bem aventuranças no Sermão da Montanha...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas palavras de consolo e de doce intimidade manifestadas a vossos amigos e discípulos...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas palavras de salvação confirmadas aos doze Apóstolos, futuro e esperança de fundação da vossa Igreja...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas palavras de bênção dirigidas às crianças, almas de vossa predileção...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas palavras de caridade e esperança levadas aos doentes, aos aflitos, e aos pobres...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas palavras de confiança imprimidas na alma dos simples, humildes e desamparados deste mundo...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas palavras de despedida, palavras de infinita doçura, proclamadas na noite da Quinta-feira Santa...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!
Pelas vossas sete últimas palavras no Calvário, pelas quais nos legastes o vosso Espírito e nos destes a vossa Mãe...
Reinai e santificai os justos, ó Sagrado Coração!


(Pausa) 

Voz de Jesus 

Eu vim para lançar fogo sobre a terra; e o que mais quero é que possa arder em chamas! Que vós possais tornar realidade este meu desejo; olhai e vede aqui, na Hóstia Consagrada, o Coração que tanto amou os homens, amou-os até o sacrifício perpétuo do altar, da Eucaristia! Por vós, Eu me mantenho acorrentado à terra, mas a terra relegou-me a um outro cativeiro bem diferente: o da indiferença, do desprezo e de uma cruel negligência! Ó nessa prisão Eu sofro mortalmente de frio; onde estão aqueles que foram redimidos? Onde estão as almas consoladas e libertadas da morte; onde estão aqueles que foram alimentados com o pão milagroso no deserto? O que aconteceu com os cegos de alma e os leprosos de coração, curados na fonte milagrosa do meu transpassado Coração?

Ah, lamentai comigo, vós, os meus amigos, que interromperam com os seus louvores o silêncio doloroso desta minha prisão. Eu sou vosso Prisioneiro e viestes me visitar! Ó não me abandonem mais, tornai-me o Cativo de vossos corações amorosos! E, depois, voltai ao mundo e dai a conhecer a todos o meu amor e o abandono no qual me encontro. Trazei-o a Mim... deixai-o vir a Mim, este mundo infeliz, tão carente e ansioso por consolo. Trazei as almas a Mim; excitai nelas a sede pela Santa Comunhão! Pregai a todos a minha Eucaristia e glorificai a Hóstia em que Eu, o mesmo Jesus de Nazaré, de Betânia e do Calvário, estou vivo! Vinde a mim, neste sacramento;, honrar-me sob os véus eucarísticos... amai e fazei o Amor amado!

(Pausa) 

As almas

Ó Jesus da Eucaristia, a nossa única ambição é arrastar as almas, muitas almas, ao Vosso Sacrário e que possamos inspirar nelas tal amor que elas se inflamem em buscar o abrigo eterno do Vosso Sagrado Coração. Para isso, nós colocamos no Coração Imaculado de Maria uma oração que possa enternecer a amargura da Vossa prisão. Ouvi-nos, ó Jesus-Eucarístico: pelo amor inefável que vos fizestes suportar os ultrajes no Jardim do Getsêmani e a iniquidade do beijo de Judas traidor...

Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!

Pela vossa mansidão quando recebestes o golpe cruel que profanou a beleza da Vossa face divina...
Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!
Pela vossa infinita paciência sob a zombaria cruel e a ironia da corte, que padecestes por toda a noite da Quinta-feira Santa...
Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!
Pela vossa doçura admirável diante da ignomínia da flagelação, uma punição reservada para escravos e para a qual a covardia de Pilatos Vos condenou...
Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!
Pelo Vosso silêncio compassivo diante a terrível afronta infligida à Vossa Pessoa divina, quando vestido e tratado como um louco...
Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!
Pela vossa extremada humildade quando fostes submetido à odiosa afronta de equiparação a um criminoso vil e ainda ser preterido em favor dele, por uma multidão...
Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!
Pelo vosso amor supremo quando aceitastes mansamente nos lábios agonizantes, o fel da nossa ingratidão...
Reinai pela Santa Eucaristia, ó Sagrado Coração!

(Pequena Pausa) 

Senhor, apesar de satanás e seus sequazes, Vós reinareis por Vosso Divino Coração; sim, Vós reinareis segundo a vossa promessa. As pessoas serão vossas; Vós as possuireis pelo vosso cetro de mansidão e de misericórdia e, na calmaria ou na tempestade, elas não deixarão de Vos louvar e Vos proclamar como Rei. Apressai, Jesus, a hora do triunfo prometido pelo Vosso Coração que é puro amor!

Senhor, Vós reinareis glorificado pela Vossa Santa Igreja. Ela vai dispor em Vossa Fronte um diadema de almas e Vós sereis exaltado acima de todos os poderes do céu, da terra, e do abismo. Apressai, Jesus, a hora do triunfo prometido pelo Vosso Coração que é puro amor! Senhor, Vós reinareis, louvado e abençoado pelos lares forjados em vossos sofrimentos e santificados pela Vossa Mãe. Vós sereis entronizado neles como Rei; Vós neles permanecereis sempre como Amigo e em cuidados de ternura. Apressai, Jesus, a hora do triunfo prometido pelo Vosso Coração que é puro amor!

Senhor, Vós reinareis, atraindo ao Vosso Coração, fonte da vida, os pecadores obstinados, que insistem em recusar-Vos o tributo do seu arrependimento e adoração. Vós quebrareis as suas cadeias e concedereis a eles a liberdade para torná-los felizes cativos do Vosso amor. Apressai, Jesus, a hora do triunfo prometido pelo Vosso Coração que é puro amor!

Senhor, Vós reinareis na Hóstia Consagrada, Vós vencereis pelo Vosso Sacrário irradiante; Vós dominareis a terra pela onipotência amável da Santa Eucaristia. Sim, graças à Santa Eucaristia, Vós atraireis de novo para Vós, os homens conquistados pelo amor do Vosso sangue derramado, até a morte de cruz, até aos extremos de Vossa imolação eucarística. Apressai, Jesus, a hora do triunfo prometido pelo Vosso Coração que é puro amor!

Pai-Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores.
Pai-Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração em todo o mundo, mediante a comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações.
Pai-Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes.
Pai-Nosso e Ave-Maria pelo nosso país.
Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória pela intenção do Santo Padre.
Pai-Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes.

(Cinco vezes)

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o vosso reino!

(Três vezes)

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

São José, rogai por nós!
Santa Margarida Maria, rogai por nós!
  
ATO FINAL DE CONSAGRAÇÃO

Jesus Amado, o divino fogo que viestes atear na terra acendeu-se em nossas almas, e tomados por Ele, já não sabemos pedir nem desejar senão a Vossa glória e o reinado do Vosso Sagrado Coração. Vós dissestes à Santa Margarida Maria que esta revelação misericordiosa era o supremo e o último recurso para a nossa redenção. Confiantes, pois, em Vossas palavras, viemos ao Vosso altar em busca de graças de vida eterna, e ao Vosso Coração adorável, ardentemente desejosos de beber da água viva prometida à mulher samaritana, água divina que há de regenerar o mundo.

Sede Rei de tantos ingratos que Vos olham como o soberano destronado de suas almas infelizes. Tomai de volta e confirmai o Vosso império sobre eles, Jesus, pelo cetro do perdão. Reinai sobre os apóstatas, que, renovando os ultrajes da noite da Quinta-feira Santa, se locupletam de escárnios e riem, desdenhosos, da Vossa divina realeza. Dai-lhes de novo a luz perdida da fé e Jesus, Misericórdia que sois, vingai-Vos de suas ofensas perdoando-lhes as traições. Sede Rei, ó Jesus, das multidões que, por sórdidos interesses e induzidas ao erro por tantos sinedristas modernos que Vos desprezam, se amotinaram e se insurgiram contra Vós. Acalmai com um gesto de piedade esse oceano de almas pervertidas e desorientadas; reconquistai pelo Vosso Evangelho o coração destes infelizes e fazei imperar sobre eles o amor do Vosso Sagrado Coração!

Sede Rei de tantas almas boas e virtuosas, mas que são, infelizmente, tímidas, mornas, apáticas... que temem exagerar no tributo à dívida de caridade para convosco. Derretei o gelo destes corações, sacudi da sonolência a que se entregam tantos cristãos descuidados, enquanto o mundo se apressa em Vos julgar e condenar. Sede Rei nas famílias, com todo o esplendor da Vossa glória, com toda a munificência do Vosso Amor. Confiai a Vós os lares, a vida de trabalho, os amores e os sofrimentos destas famílias, que Vos outorgaram o lugar de honra e o trono espiritual no seio delas.

Sede Rei, enfim, sede rei nos Sacrários. Ó Jesus, eis que é chegada a hora em que um hino imenso, universal, um hino das famílias, de povos e nações mas, acima de tudo, um hino de louvor e adoração, seja cantado até aos confins da terra para Vos libertar do silêncio da vossa prisão eucarística: 'Aclamado seja o Divino Coração, por quem alcançamos a salvação; para Ele, a glória e a honra pelos séculos dos séculos! Que venha a nós o Vosso Reino!'

(Hora Santa de Abril, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey, tradução integral pelo autor do blog)

HORA SANTA ESPECIAL DOS AMIGOS DO SAGRADO CORAÇÃO


Louvado seja o Divino Coração, por quem temos alcançado a salvação: a Ele glória e honra, pelos séculos dos séculos! Assim seja. Senhor e Amigo, Jesus adorável: eis aqui os Vossos irmãos, que Vos buscam; Vossos íntimos Vos chamam esta noite, com insistência, às portas do Sacrário, desejosos de falar-Vos sem testemunhas, longes da multidão. Querem conversar convosco a sós; têm mais de uma confidência para fazer-Vos. Rogam-Vos, pois, que lhes permitais falar convosco, com a doce intimidade de João, com o abandono e a confiança de Lázaro, de Marta e de Maria, com a sinceridade de Nicodemos... 

Abri-nos, Jesus, abri-nos de par em par as portas do céu de Vosso Coração. Abri-nos... pois, bem sabeis, Jesus, que é a sede ardente de amar-Vos e de Vos fazer amar, que nos arrasta irresistível até os Vossos pés. E Vós que tudo sabeis, sabeis já, que não viemos pedir-Vos que nos façais desfrutar dos resplendores nem das delicias do Tabor. Não viemos pedir-Vos que Vos apresenteis a nós como aos três apóstolos predestinados na Transfiguração de uma majestade de glória. 

Ó não, outra ambição nos traz e é que reveleis, nesta Hora Santa, as belezas de imolação e de agonia, as profundidades da dor de Vosso Coração adorável no patíbulo da Cruz e no calabouço em que morais, ó Deus Sacramentado! Ansiamos, Jesus amado, penetrar nos segredos do Vosso amor sofredor e crucificado. Desejam-no ardentemente os Vossos amigos, pois queremos nos abrasar nas chamas de uma caridade mais forte que a morte. Abri-nos, Jesus, abri-nos a ferida de Vosso lado! Vede que somos os filhos de Maria; somos, pois, Vossos irmãos pequeninos, os cumulados de Vossas graças. 

Desejamos tanto desabafar-nos convosco, falando-Vos o idioma que Vós mesmo ensinastes a Vossos amigos íntimos, quando os chamastes a altas vozes, desde Belém e o Calvário, e, séculos mais tarde, desde o altar de Paray-le-Monial! Não tardeis em abrir-nos, Jesus, não nos deixeis por mais tempo nos umbrais do Sacrário de Vosso doce Coração. Vede que se faz tarde e que anoitece... Vede como as criaturas se afanam por nos dissipar e com que empenho as dores pretendem nos abater e o inferno perturbar nossa paz e nos arrebatar de Vossos braços.

Lembrai- Vos, Jesus adorável, que Vós mesmo nos convidastes a esta Hora Santa, quando a pedistes a Margarida Maria. Recordai, ó Rei de amor que, segundo os Vossos próprios desígnios, é esta a hora de graça por excelência, já que nela oferecestes confiar os Vossos segredos, em retorno das confidências de Vossos consoladores e amigos; confidências recíprocas que lavrarão a eterna intimidade entre Vosso Coração e os nossos.

De joelhos, pois, Senhor, e assustados, não de temor, senão de felicidade e de amor, Vos adoramos, com os Pastores e ainda mais que eles, Vos adoramos em união com a Rainha Imaculada e em seu coração de Virgem-Mãe. E para suprir nossa indigência, nos aproximamos do Sacrário, com os divinos ardores de Madalena, no dia venturoso em que a perdoastes; com a fé de Vossos discípulos no dia de Vossa ascensão gloriosa, e com a caridade de vossos apóstolos na hora de Pentecostes. Com todos eles Vos adoramos, prostrados ao chão, ó Rei Irmão, ó Salvador-Amigo, ó Deus de misericórdia, no Santo dos Santos do solitário Tabernáculo!

E já que nossos lábios apenas sabem balbuciar uma oração, e posto que nossos pobres corações são tão incapazes de amar deveras e de expressar seu amor, encarregamos com filial confiança à Rainha do Amor que Ela Vos fale por nós, Seus filhos e Vossos amigos. Mas conhecendo a Vossa infinita bondade e a Vossa condescendência, Vos rogamos, Jesus, com imensa confiança e com profunda humildade, que faleis sobretudo Vós nesta Hora Santa. 

Muito mais que falar, viemos escutar-Vos, ó Sabedoria incriada! Jesus, Verbo Divino, Palavra eterna do Pai, vibreis, ressoeis uma vez mais nesta terra de trevas. Falai, pronunciando aquelas palavras que embriagam na eternidade das eternidades aos Vossos Santos. Falai, Jesus, nos confiando aquelas palavras de vida que conservou em seu Coração a Virgem-Mãe e que recolheram os Vossos apóstolos para a redenção do mundo. Sim, falai-nos, Mestre, já que somente Vós tendes palavras de vida eterna. Jesus, Amor dos amores, falai aos amigos que Vos escutam de joelhos ardentemente desejosos e comovidos. 

(E agora escutemo-Vos com um grande recolhimento; ouçamos como se o víssemos com os nossos próprios olhos, aí nesta Hóstia Divina. Apresentemos a homenagem de uma adoração fervorosa, num ato de fé ardoroso em sua Presença real, e ao adorá-lo assim, ofereçamos, sobretudo, uma homenagem do coração, isto é, todo o nosso  amor, em espírito de solene reparação)

(Pausa) 

Breve consideração 

Já que não nos é dado suprimir na terra a raça dos traidores e dos carrascos, proponhamo-nos a multiplicar, ao menos, a raça bendita dos amigos fiéis do Senhor Crucificado, a falange esforçada daqueles que, afrontando todos os perigos e todos os opróbrios, O seguiram até ao Calvário.. Quão poucas vezes meditamos na misteriosa e cruel angústia do Getsêmani, agonia mais cruel por certo que a da Cruz. 

Vê por que ao lado do patíbulo, tinto de sangue, de pé, está Maria, a Mãe do Senhor injustiçado. Mãe incomparável e única! E perto dela, a invencível, a fidelíssima Madalena, banhada em prantos; a dois passos está João, o apóstolo amado, e com ele uns poucos, um rebanho reduzido de amigos leais. Mas, ah! não foi assim no Getsêmani... 

A solidão mais angustiosa oprimiu aí e despedaçou o Coração do Divino Agonizante. Separou com predileção aos três favorecidos do Tabor, para que O consolassem. mas estes, vencidos pela fadiga, mais forte que seu amor, estão dormindo. Ó sim, dormem e, entretanto, a uns poucos passos seu Mestre, abandonado e sozinho, luta na convulsões de uma horrenda agonia. Jesus, só e desamparado, sustentando o peso esmagador, mortal, da aflição que provoca a visão espantável de todos os crimes da terra.. 

Ó dor! Se os amigos do Senhor dormem, pois são fracos no amor, não o fazem seus inimigos, zelosos e resolutos em seu ódio. Desta vez a presa ansiada não escapará de suas mãos sacrílegas, e para que essa mesma noite o Rei divino caia prisioneiro em suas redes, velam animados, capitaneados e encorajados pelo único apóstolo que não dorme... Judas! 

Por isso a hora de guarda desta Hora Santa deve ser uma reparação de imenso amor por parte dos amigos fiéis. Ofereçamos como um solene desagravo por tantos amigos desleais, tíbios, apáticos. por tantos que se dizem amigos, que deveriam sê-lo, mas que em vez de amar, vivem de temor e de transações de covardia. São tantos os mesquinhos no amor e que estão longes, muito longe daquela medida de amor com que eles foram amados. Não nos enganemos; a culpa que mais lastima o Coração do Salvador é a que parte, como dardo de fogo, de um coração amigo!

Quão poucos são os verdadeiros amigos do Senhor, os que o conhecem deveras, os que deveras o amam, em paga e em retorno do dom gratuito, da amizade divina que Ele lhes brinda! Frequentemente são os filhos de sua própria casa os que mais O ferem. Cabalmente por isso, em reparação deste grande pecado, agrupemo-nos nesta Hora Santa em companhia da Rainha Dolorosa, de São João e de Margarida Maria, estreitemo-nos ao redor de Jesus Agonizante para recolher, com santa emoção, comovidos no mais fundo da alma, suas queixas amorosas, seus suaves censuras e também suas petições e desejos! Que aquela sede queimante que brotou de seus lábios moribundos reclamando nosso amor ressoe em nossas almas, as comova e nos resolva a apagar a sua sede ardente com a nossa imensa devoção. 

(E agora, para ouvir a sua voz divina, que tudo o mais se cale, que tudo desapareça, tudo, menos Jesus; bebamos ansiosos as suas palavras).

(Muito lento e com devoção) 

Voz de Jesus 

Faz já tanto tempo, tanto, que vivo entre vós e todavia não me conheceis. Sabeis, amigos muito queridos, que uma infinita tristeza oprimia a minha alma e que uma angústia de morte oprime Meu Divino Coração. Eu os confio a vós, tão fiéis, ouçam-me: a amargura de minhas amarguras é provocada por aquela constante infidelidade, aquele desconhecimento tão corrente, aquela inconcebível mesquinhez dos que Eu elegi e amei como amigos de Meu Sagrado Coração. Onde estão? Que têm feito os Meus verdadeiros e íntimos amigos? 

Como no Getsêmani, quando se aproxima a hora das trevas e do combate, olho ao Meu redor, chamo, estendo a mão... e me encontro quase sempre abandonado e sozinho. Ai... quão poucos são em todo tempo aqueles que se resolvem por amor a velar comigo na hora de agonia! Quando os meus amigos se encontram na costa do Calvário, Eu prevejo seu clamor e seus gemidos suplicantes. Eu mesmo me adianto e me ofereço a eles todo amável. Mas quando os traidores vociferam contra mim, quando me oprimem sob o peso da cruz, se chamo em meu socorro os amigos... ai! estes não me ouvem; meus amigos dormem... 

Será verdade então, filhos meus, que o ódio dos meus adversários é mais animado e forte que a caridade de meus amigos? Que tristeza para o meu Coração ver constantemente que enquanto os meus descansam tranquilos, os cruéis preparam afanosos os açoites, os cravos, a coroa de espinhos, a Cruz! Tanto zelo da parte destes para incrementar obstinadamente o exército, já tão numeroso, dos que me abandonam.. tanta abnegação e desprendimento de sua parte ao pagar com largueza as covardias e traições, a gritaria da blasfêmia social e o ultraje legado da autoridade humana contra mim. E, entretanto, Meus amigos dormem, descansam, calam! 

Poderia chamar em meu socorro legiões de anjos, e o Pai as enviar-me-ia; mas não, não na hora das agonias e tristezas. Quero ter muito perto, ao meu lado, amigos capazes de amar chorando; corações como o meu, corações de irmãos que compartilham as dores que por eles sofro. Na hora do Getsêmani, os aguardo, a vós, os amigos! Ai, não queirais abandonar-me então; rodeai-me com amor ardente e fidelíssimo. Oferecei-me o coração como um apoio para o meu Coração agonizante. Minha alma está triste, triste até à morte. Desfaleço e morro porque não me sinto amado pelos Meus... 

(Breve silêncio) 

As almas 

Esse lamento nos parte a alma. Escutai-nos, Jesus! Sabemos que o que Vós afirmais é sempre a verdade e toda a verdade. Mas já que os que estamos diante este altar somos os amigos íntimos que viemos para consolar-Vos e para reparar, falai-nos, Senhor, com absoluta liberdade. Pedimo-Vos, Vos rogamos que formuleis por inteiro a Vossa justa acusação. Não temais, Jesus, o lastimar-nos, dizei-nos sem reticências quais são as faltas que mais Vos ferem da parte dos vossos filhos, explicai-nos aquela amargura que enche o Vosso adorável Coração, pois queremos compartilhá-la e adoçá-la. Falai, Jesus, falai abertamente aos Vossos amigos verdadeiros! 

Voz de Jesus 

Filhinhos! Ó sim, filhinhos amadíssimos! Quero descobrir-vos, em toda intimidade, todo o segredo de minha infinita tristeza. Mas, prometei-me que, ao escutar as minhas queixas e reprovações, longe de separar-vos com temor insensato de meu lado, buscareis, pelo contrário, uma intimidade maior com vosso Amigo do Sacrário. Prometei-me que daqui por diante acudireis com mais confiança ao meu Coração em busca do único remédio para todas as vossas fraquezas. Ao ouvir-me, doce e bom, recordai que aqui, neste trono de graça, sou o juiz da verdade e mansidão, afim de ser amanhã, nos umbrais de vossa eternidade, um Salvador benigno e o Juiz amigo.Ouçam-Me, quereis saber que faltas são aquelas que mais me ferem? 

Falta de generosidade e de gratidão 

Antes de tudo, a mesquinhez no amor de meus amigos, a falta de generosidade! Tenho fome.; não tendes algo para me dar de comer, filhinhos meus? Não tendes porque se preocupar em me comprar pão, como os apóstolos em Samaria, ó não! O pão que desejo ardentemente é o vosso amor! Tenho fome de vós! Mas quero e exijo que esse dom de vós mesmos seja total, sem divisões. Dai-vos a Mim, dai-vos sem reservas. Tenho fome, não de um vosso olhar, não de um sorriso, nem de uma palavra;  tenho fome de vossas almas. Quero que estas Me pertençam como Eu vos pertenço.

Em troca do Meu Coração Divino, quero os vossos e os quero somente para Mim. Tenho-vos dado tanto, ó tanto! E em retorno, que me haveis dado vós? Por que esse prurido de medir-me sempre com o vosso amor, já tão limitado e pobre? Quão distante a minha sorte é a das minhas criaturas! Para elas vossas preferências, para elas tudo! Daí que Eu, vosso Senhor, ocupe com frequência no banquete de vossas vidas o posto do servidor, do pobre e do mendigo. Quanto tempo faz, almas queridas, que aguardo o obséquio do dom total de vós, meus amigos, dom ao qual tenho pleno direito e somente Eu! E depois de esperar longos meses, ainda largos anos, recebo com frequência, não esse dom total senão a migalha pobrezinha que cai da mesa, o que sobra das criaturas, sempre atendidas e agasalhadas...

Os anjos se assombram ao ver que aceito essa migalha, porque me fala de vós, mas, ao levá-la aos meus lábios, explode de pena o coração, e choram os meus olhos. Quanto tempo faz que peço e aguardo que me deem um lugar, e o primeiro, em vossas almas e em vossos lares! Ai! As criaturas mais afortunadas que Vosso Deus ocupam já esse posto de honra. e Eu devo resignar-me a um posto secundário. Se soubésseis como sinto que minha Pessoa Divina molesta, estorva; que me toleram por temor, a Mim, um Deus de amor! 

E a Mim me tendes chamando e esperando um turno que tarde ou nunca chega. Mas porque somente Eu os amo, com amor verdadeiro, sinto-me então no umbral de vossas portas e, com paciência, volto a vos chamar com golpes redobrados, e sigo aguardando com doçura inalterável, porque sou Jesus, a misericórdia infinita, inesgotável. E, entretanto, Eu, que posso dar-me às vossas almas, no banquete que vos tenho preparado de toda a eternidade, vivo das migalhas que me jogam tantos que se chamam meus amigos. Não é, porventura, uma migalha de vossa vida, por exemplo, os breves instantes, os poucos momentos que distraís dos negócios e das criaturas para dar-vos a Mim? E dizer que, em troca desses segundos, vos estou preparando uma eternidade de séculos, um sem-fim de glória!

(Pausa) 

Quereríeis uma prova manifesta, consoladores meus, dessa falta de amor generoso da parte de meus amigos? Ei-la aqui: sua pouca gratidão! Não se paga, assim, por certo, com essa vil moeda aos benfeitores da terra. Para estes, por natural nobreza, por delicadeza de educação ou de sentimentos, para eles, a efusão expressiva de vossa ação de graças. Quanto a Mim, o benfeitor de vossos benfeitores, não me contam sempre nessa categoria e fico excluído! 

Quantos leprosos de alma, sarados por milagre, e que não me agradecem, quantos! Dizei-me, filhos de meu coração, é justo tratar assim a um Deus que vos há cumulado com mil liberalidades e ternuras, que vos há prodigado de torrentes de luzes divinas e consolos inefáveis, que vos há perdoado, que quer seguir-vos perdoando? O que foi feito daquelas solenes promessas de eterna gratidão que me fizestes cada vez que imploráveis com pressa novas graças? - Que faço? - Prodígios de misericórdia?

Ah, sim! Mais de uma vez vos tornais a Mim em busca de milagres. Sabei-o, quero outorgar-vos, mas os reservo para os amigos generosos, que me dão tudo. Reservo- os para aqueles que me arrebatam com a doce violência de sua imensa gratidão. Mas quero perdoar ainda esse pecado vosso, eis aqui a hora propícia do verdadeiro arrependimento, da reparação cumprida e da grande misericórdia. Protestai-me, pois, agora mesmo que, daqui por diante, me amareis todos como amigos verdadeiros; isto é, com nobreza de gratidão e com generosidade a toda prova. Não temais a quem não vos chama e os aguardo senão para vos perdoar e ademais vos enriquecer... Tenho fome de amor, fome do pão de vossos corações. Dai-o a Mimi, ao Deus de caridade, que se goza com o título de irmão e de amigo vosso... 

(Aqui pode cantar-se o Magnificat em ação de graças ao Sagrado Coração, ou qualquer outro hino em sua honra)

As almas


Mestre muito amado, se no cálice de Vosso coração houvesse todavia a amargura de outra queixa contra nós, dai-nos a bebê-la agora mesmo, Jesus, que para isso viemos. Ó sim, essas reprovações suavíssimas desafogam Vossa alma, Jesus; ao brotar como fogo de Vossos lábios, queimam também com divinos ardores e fortificam nossas almas frias e enfermas. Falai-nos, pois, Senhor, e cura nossas chagas, nos mostrando a Vossa do lado. 

Falta de confiança 

Voz de Jesus 

Pequeno rebanho dos meus amores, subi mais e aproximai-vos de meu peito ferido para vos confiar em toda intimidade, a vós os prediletos, outra pena, pena muito profunda; a falta de confiança da parte dos meus amigos! Estes não me amam com o abandono de simplicidade e de paz que tanto aspiro. Dir-se-ia que desconfiam, que receiam deste Senhor de Caridade. 

Não creem o bastante, ó não, em meu imenso amor. Temem- me, estremecem e se afastam. Que dor a minha, ao não sentir-me realmente amado, havendo sido para esses filhos rebeldes um Deus de caridade e de perdão! Que mais poderia fazer todavia para curar esse mal de desconfiança, que faz estragos horrorosos na vinha rica e eleita, no campo de meus amigos prediletos? Como me dói ver que não se atrevem a me considerar, nem ao menos a me tratar como amigo! Ai! Por quê? 

Em vão lhes repito a afirmação do Evangelho, quando disse aos meus apóstolos: 'Não temais, sou Eu. Vós sois deveras meus amigos'. Tudo em vão, pois, tais almas se empenham em resistir a esse chamamento de ternura, e com um sentimento de temor que Eu não aceito, não se atrevem a tomar para si esse título que é minha glória; não querem, não se atrevem a saborear o néctar delicioso de uma amizade que Eu mesmo lhes ofereço. Falta algo, porventura, à obra do meu amor para inspirar a tais alma a confiança, que reclamo? Alma querida, mas desconfiada, ouvi-me: Tenho deixado por vós, há séculos, o manto de majestade que haveria podido justamente vos aterrar e, contudo, seguis tremendo e temendo! 

Ponde os olhos em meu berço na manjedoura. olhai-me nela, pobre, manso e pequeno, menor que vós mesmos, para apresentar-me como Vosso irmão e vos atrair aos meus braços. E, contudo, seguis tremendo e temendo! Vinde, penetrai comigo no casebre humilde de Nazaré: meditai essa vida, simples como a vossa, e muito mais, todavia. Dizei-me: Que encontrais nessa vida de obscuridade, de simplicidade e de trabalho, que espanta? O quê? E contudo, seguis tremendo e temendo! Será, talvez, o esplendor da minha vida pública que vos atemorizais? Por quê? Olhai, pelo contrário, como ao falar, ao estender os braços, ao chamar, as multidões me seguem. Olhai como os pequeninos e os enfermos, os mendigos e os pecadores e todos os desdenhados, todos os leprosos morais, acodem, se precipitam até Mim e disputam a honra e a dita de estar ao meu lado. E vós, alma querida? Bem sabeis que sou o mesmo Jesus, e contudo, seguis tremendo e temendo! 

Se tomasse em conta a vossa desconfiança, não me atreveria, por certo, a vos convidar como Zaqueu, como Simão e Levi, e em união com tantos outros publicanos e pecadores, ao banquete de minha divina misericórdia, pois, talvez por temor, me fizésseis uma desfeita, rechaçando o amoroso convite. Esqueceis então que vim para salvar tudo o que havia perecido: os que jaziam no abismo, os cadáveres dos espíritos, os desfeitos da sociedade, os leprosos de coração? Esquecestes? Credes vós ser um desses desventurados? Deveis por isso mesmo acudir apressadamente. E, contudo, seguis tremendo e temendo! Por quê? Esquecestes,  porventura, as maravilhas de meu amor e de minha ternura, realizadas na Última Ceia? Não vos recordais já de minhas últimas palavras de esperança e de perdão, no Calvário, nas que leguei à minha Mãe, que é a vossa, o supremo testamento da minha caridade? Ó sim, vós conheceis, alma querida, este ditoso testamento. E, contudo, seguis tremendo e temendo!

E, enfim, aqui me tendes na Hóstia mais aniquilado ainda que em meu berço; mais pobre que em Nazaré, mais doce, se é possível, mais paciente, terno e misericordioso que em Samaria, Cafarnaum e Galileia - credes nisso? - mais Salvador, se fosse possível, que na própria Cruz! Aqui, na Sagrada Eucaristia, sou mais que nunca um Deus-Amor e, contudo, seguis tremendo e temendo! Dizei-me, pois, ó dizei-me, alma muito amada, o que mais devo fazer para dissipar os vossos temores, para provocar e alentar a confiança imensa que exijo daqueles a quem chamo de meus amigos? Esta deve ser a prova por excelência de vosso amor! 

Pensai que a virtude que salva é esta caridade. Em Meu Divino Coração esta virtude toma o nome de misericórdia, e no coração de meus verdadeiros amigos, se chama virtude de confiança e abandono. Ah! Sem que vós me declareis, porque Eu sei ler nas almas, leio em vós a razão aparente deste temor; antes que mo digas, vo-lo direi Eu mesmo: são os pecados de vossa vida passada! Pobre alma, empalideceis somente em nomeá-los, e suas recordações vos torturam excessivamente, diminuindo o meu amor. Vossos pecados? Confiai-os ao meu Coração, e não duvideis que já estais perdoada. O que necessitais, em vez de tanto temor, é crer, mas crer com fé imensa em meu amor e amar. Vinde, aproximai-vos, atirai-vos no abismo de ternura de meu amante Coração; não temais. O quê? Arguis todavia que sois miserável? Eu o sei melhor que vós, e por isso dispondes de minha paciência, que não se cansa; de minha bondade, que não se esgota. Aludis também à vossa grande debilidade? Bem sei quão grande é esta, mas por que vos esqueçais que dispondes de minha onipotência, de minha graça, com as quais podeis tudo? 

Quereis todavia — Eu o vejo — justificar vossos temores excessivos com o princípio de Minha justiça? Ah! mas não vos esqueçais nunca que esta será terrível, inexorável, somente para aqueles que, rechaçando o amor e a misericórdia, não se confiaram em Mim. Aproveitai, alma querida; aproveitai com usura a graça da hora presente, hora bendita, de luz, de força e de piedade. Sabei que os vossos pecados que passaram, Eu os joguei no abismo de um eterno esquecimento; já não existem, Eu os aniquilei. Ó fazei-me a honra e dai-me o imenso prazer de crer com fé sem limites que sou Jesus, isto é, o Salvador!

(Pausa) 

Voz das almas 

Estamos confundidos, Senhor Jesus, ao considerar a verdade tão amarga e triste dessas reprovações, por não haver correspondido ao título incomparável de amigos de Vosso Divino Coração. Quantas e quantas vezes ao nos estender, Vós, ó Jesus, os braços, ao nos brindar com o Vosso adorável Coração, nós retiramos os nossos, cedendo a temores que Vos ferem, negando-Vos aquela expansão de dulcíssima confiança a que somente Vós tendes direitos, ó soberano! Perdoa, Senhor, uma vez e para sempre; perdoa essa desconfiança, que não é senão falta de fé em Vosso amor e o desconhecimento da lei da Vossa misericórdia. E em testemunho tão sincero como eloquente de nosso arrependimento, dignai-vos escutar uma prece que regozijará o Coração do Amigo Incomparável que Vós sois: Jesus amado, apesar e por causa dos nossos pecados:

(Todos) 

Cremos com fé imensa em Vosso amor!

Jesus amado, apesar e por causa de nossas ingratidões. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 
Jesus amado, apesar e por causa de nossas debilidades. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor!  
Jesus amado, apesar e por causa de nossas trevas. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 
Jesus amado, apesar e por causa de nossas tentações. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 
Jesus amado, apesar e por causa de nossa pobreza moral. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 
Jesus amado, apesar e por causa de abuso de tantas bondades. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 
Jesus amado, apesar e por causa de nossas grandes covardias. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 
Jesus amado,apesar e por causa de tantas recaídas. 
Cremos com fé imensa em Vosso amor! 

Sim, Jesus misericordioso e dulcíssimo, para Vos provar daqui por diante quanto cremos em Vosso amor, cuja medida ultrapassa infinitamente a nossa miséria, por grande que esta seja, Vos prometemos com toda a alma jogar-nos em Vossos braços e acudir ao Vosso Coração com confiança ilimitada. Cada vez que sintamos o aguilhão de um remorso saudável, iremos a Vós; achegaremos à ferida do Vosso Lado, em vez de retrair-nos e separar-nos com uma distância que desconhece e ofende a Vossa Bondade. Que mais desejais, o que mais reclamais, Senhor, dos Vossos amigos? Falai, Deus de amor!

Falta de intimidade 

Voz de Jesus

Sim, amigos e irmãos, ó sim, quero mais; todavia, não somente um amor grande, senão uma amizade íntima e estreita entre nós. Não temais, pois não sois vós que Me elegestes como o Amigo íntimo, senão Eu, Jesus. Não sois vós quem, por pretensão inaceitável, pedis um título de glória imerecida, não… Sereis Meus íntimos por condescendência Minha. Sou Eu quem se inclina até vós. Eu, quem vos roga que aceiteis a doce intimidade do Meu Divino Coração.

Desde esta Hora Santa, as distâncias que poderiam nos separar ficam, pois, suprimidas por Minha vontade. Mas o que vos espanta, filhinhos Meus, como uma novidade, com esta linguagem? Meditai o que a Minha Eucaristia vos há exortado sempre. Considerai com que abandono e com que perfeita intimidade, suprimidas todas as distâncias, Eu me entrego na Hóstia Santa a vós. Penetrai no mistério augusto do altar; vede como a Minha Sabedoria, em perfeito acordo com a Minha infinita misericórdia, há salvado para sempre e cumulado o abismo insondável que nos separava.

Se, pois, Eu mesmo cumulei tal abismo, conhecendo a fundo a vossa miséria; se, não obstante vossa indignidade e vossos pecados, mantenho o Meu direito de chamá-los Meus amigos íntimos e os faço uma obrigação de descansar confiados na paz e amizade de meu adorável Coração, com que direito recusaríeis este título que é Minha glória e voltaríeis a abrir entre nós um abismo de distância?

Pretenderíeis acaso dar-Me a Mim, vosso Irmão-Salvador, vosso Deus e Mestre, uma lição de justiça austera ou de sabedoria? Por que não há de obter Meu Coração amantíssimo a doce intimidade com que tratais todos a uma mãe, a um irmão, a um amigo íntimo? Eles terão, porventura, esse privilégio, e não Eu, vosso Jesus? Haveis esquecido que sou um Amo zeloso de Meus direitos? Como! Daríeis vossa intimidade a eles e a recusaria ao Amigo Divino dos pobres, dos débeis, dos pequenos e dos pecadores?

Não sabeis, por acaso, que todos estes foram sempre os primeiros convidados ao banquete de Minha intimidade e de Minha ternura? Não termineis esta Hora Santa sem fazer-Me esta grande promessa. Se soubésseis com quais ânsias do Coração aguarda este Deus que não quer escravos entre vós, senão amigos que lhe sirvam com amor e que se deem a Ele em expansões da confiança, na intimidade do abandono! Prometei isso a Mim, filhinhos Meus!

(Sim, prometamos isso num momento de oração e de silêncio. Digamos a Jesus, com o coração nos lábios, que, na realidade, seremos seus amigos, seus íntimos, já que Ele assim o pede. Prometamos a Ele uma amizade sem reservas, com confiança ilimitada, com um perfeito abandono).

E agora, como manifestação solene desta promessa íntima, digamos cinco vezes, em honra das cinco chagas do Senhor Crucificado, três jaculatórias simples, mas belíssimas, em seu significado. Ao ouvi-las, palpitará de júbilo o Coração do Rei Prisioneiro do Sacrário.

(Todos em voz alta)

(Cinco vezes)

Amamo-Vos, Jesus, porque sois Jesus!
Coração de Jesus, em Vós confiamos!
Cremos, Jesus em Vosso amor!

Falta de sacrifício 

Voz de Jesus

Achegai, amigos, vinde vós os preferidos, os cumulados com mercês singulares, vinde e vede se há uma dor semelhante à Minha dor. Há séculos que subo por amor a vós a encosta do Calvário; ai, e quão raras vezes encontro nesse caminho de amargura ao Cireneu-amigo que me alivie o peso da Cruz! Onde estão? Que têm feito na hora da tribulação os que me protestavam seu amor? Quando multiplico milagrosamente os pães é imensa a multidão que me segue. Na apoteose do Domingo de Ramos estão reunidos todos, ó sim, todos os Meus discípulos. Quando rasgo o véu e mostro o esplendor de Minha divindade no Tabor, ah não dormem então os Meus amigos. Estes me são fiéis, e se mostram animados na Ceia!

Mas onde estão, por que emudecem no Getsêmani? Onde estão? Por que desapareceram no Pretório e no caminho do Calvário? Pedís um posto de honra, o direito de sentardes de um lado e de outro do Meu trono no Reino dos Céus, quereis uma virtude fácil e uma piedade acomodatícia. Ah! Tudo isso me prova que não me amais com um amor fundo e verdadeiro, com m amor de Cruz e sacrifício.Quantas e quantas vezes recebo prostestos e promessas que não são senão entusiasmos artificiais, fruto de um amor de fantasia caprichosa, inconstante, e não daquele amor forte como a morte que espero com direito dos Meus! Ah, quantas vezes estes, os melhores do rebanho, temem com pavor a Cruz e receiam de Mim, o Deus Crucificado!

Quantas vezes, ao apresentar-Me a eles como o Homem-Deus das dores, tal como me apresentou Pilatos; quantas vezes, ao propor com doçura aos Meus amigos a glória de acobertá-los com a púrpura divina do Meu sangue e das Minhas dores, ai!, me encontro abandonado por eles! E ficaria sozinho, inteiramente sozinho, se não fosse pela companhia fidelíssima de Minha Mãe, de João e de Madalena! Dizei-me, consoladores Meus, não quereis unir-vos com amor de sacrifício a esse rebanho pequenino, mas esforçado e resoluto, que me seguiu até ao Calvário? Teríeis também vós a vontade de abandonar-me na via Dolorosa? Dai-me o consolo de que vós, os íntimos, compreendeis que Eu nunca sou mais doce e terno, nunca mais amante nem mais Jesus que, quando confiando em vós, vos entrego o tesouro de minha Cruz e de minhas lágrimas, tesouro vosso e meu. E agora, contestai-me: senti-Vos dignos de comer do Meu pão e beber do Meu cálice? Aguardo a vossa resposta.

(Sem vacilação, e pondo em nossa voz as vibrações de um coração leal e pronto a sacrifícios, digamos que sim, que podemos ser contados como seus amigos, como outros Cireneus. Prometamos segui-lO até o Gólgota, com a fidelidade com que haveremos de O seguir um dia no Tabor eterno que o seu Coração nos reserva)

As almas

Sim, Jesus, com a Vossa graça podemos e desejamos beber do vosso cálice. E por isto, Senhor Crucificado, Vos adoramos com adoração mais rendida e amorosa na transfiguração sangrenta de vossa Cruz; por isso cantamos agora a gloriosa ignomínia e a glória dolorosa de reproduzir em nós os estigmas de Vossa Paixão sacrossanta. Bem sabemos que isso é indispensável, Jesus, para Vos seguir de perto e, por isso, pensando desde agora em nossos pesares e preocupações de família, nos possíveis reveses de fortuna, nas cruéis e constantes decepções da vida, Vos dizemos todos, Senhor, pondo o coração nos nossos lábios: Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que nos crucifiquem a enfermidade e as dores do corpo, Vos amaremos ainda mais, Senhor!

(Todos)

Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!

Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que nos torturem as angústias, os tédios e as grandes tristezas; Vos amaremos ainda mais, Senhor...
Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!
Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que nos assediem penas muito profundas, penas secretas, e que então nos sintamos abandonados e sozinhos; Vos amaremos ainda mais, Senhor...
Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!
Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que nos lacerem a alma, penas de família e aqueles espinhos que redimem ao mesmo tempo que nos fazem sofrer; Vos amaremos ainda mais, Senhor...
Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!
Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que a tormenta rompa laços muito fortes ou que nos decepcionem os melhores amigos; Vos amaremos ainda mais, Senhor...
Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!
Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que nos fustigue e purifique o rigor da justiça, sempre boa e misericordiosa; Vos amaremos ainda mais, Senhor...
Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!
Quando Vós permitirdes ou mandardes, Jesus, que o vendaval lance por terra nossos projetos e quanto nos faça beber o cálice amargo da injustiça humana; Vos amaremos ainda mais, Senhor...
Vos amaremos ainda mais, Senhor, Hosana ao Rei do Calvário!

(Pausa)

Aproximamo-nos do final desta Hora Santa. Ó aproveitemos os instantes que ainda nos restam, aproximando-nos de Jesus sem temor; nosso posto é o de João na Última Ceia. Não percamos nem uma gota do cálice deste Sagrado Coração, que nos oferece fogo divino e a luz do Céu.

Falta de zelo 

Voz de Jesus

Me abraso, amigos queridos, ó Eu me abraso em uma sede ardente, devoradora, que poderíeis apagar com um zelo ardente e imenso pela Minha glória. Recordai e ponderai os tesouros impagáveis que vos tenho confiado com generosidade inesgotável. E onde estão, amigos Meus, os interesses desse capital sagrado? Onde estão os interesses sacrossantos da Minha glória? Quereríeis saldar a conta e cancelar a dívida do amor que me deveis? Pois então todos à obra; ó dai-me almas, muitas, muitas almas!

Quereríeis com vontade generosa reparar os crimes de tantos desditosos e, ao mesmo tempo, reparar os vossos próprios pecados? Pois então, com denodo de caridade, trabalhai em extender e afiançar o reinado do Meu amor. Tendes verdadeiro interesse de amor, em que o Meu Coração seja ainda mais vosso. Quereríeis estreitar o laço de nossa amizade, obrigando-me assim a enriquecê-los com uma nova e maior efusão de graça e de misericórdia? Pois convertei-vos todos sem demora nos apóstolos de fogo do Meu Sagrado Coração.

Dai-me almas, infinitas almas em retorno ao amor imenso e gratuito que predestinou as vossas. Não penetrareis, não meditareis o bastante os desejos veementes que tem o meu Coração de servir-se de vós, os amigos, para distribuir seus tesouros. Prometei-me, nesta Hora Santa, que sereis daqui por diante os dóceis instrumentos de que Eu me valho para atrair, com força irresistível, as almas, as famílias e a sociedade inteira ao Meu Divino Coração! Se alegardes a vossa incapacidade para desempenhar uma missão de tanta glória, voltai os olhos ao campo dos inimigos e confundidos. Tomai exemplo do zelo que o ódio lhes inspira. Ah, eles jamais alegam incapacidade, jamais! Como! Se eles encontram-se capazes e dispostos para preparar-me um Calvário, vós não o estais para converter esse Calvário em um Tabor?

Se soubésseis quantos oceanos de favores que reservo aos apóstolos zelosos de Meu Sagrado Coração! Sabei-o: todos os seus tesouros infinitos de onipotência e de ternura vos pertencem, todos! Vinde, pois, achegai apressados, fazei-os vossos e distribui-os entre os pobres e famintos, dai-os com generosidade aos ignorantes, aos cegos, a tantos infelizes que nunca receberam o que recebestes vós, que jamais souberam, que jamais ouviram o que estais aprendendo agora de minha boca. Não sabem eles quão bom Eu sou, porque sou Jesus! Ide dizer a eles; recordai que esses mal-aventurados são filhos Meus; são pois, irmãos vossos. Ó tende piedade de Mim na pessoa desses vossos irmãos que estão a ponto de perecer.

O quê? Quereis acaso que, não estando inflamado seu zelo, socorra a outros que compreendam melhor os segredos e os interesses de Minha glória? O tempo é curto, pois é chegada já a hora solene de Minha grande misericórdia; a hora prometida do triunfo e do reinado social do Meu Divino Coração na onipotência de seu amor. Sim, o prometi Eu mesmo e farei honrar o cumprimento de Minha palavra. O mundo, com as suas afirmações, com as suas palavras vazias, passará, mas as Minhas palavras e promessas não passarão jamais. Eu sou a própria Fidelidade. Eu sou o Rei do Amor.

Tenho sede de ser amado. Tomai, pois, do fogo aberto do Meu peito, as centelhas de apostolado e ide, todos, ide convictos a conquistar o mundo, incendiando-o em Minha caridade. Semeai! Ó semeai a doutrina tão pouco compreendida do Meu amor; semeai este fogo! Tenho sede de ser amado; amai-me, Meus amigos, com amor apaixonado, amai-me com amor imenso e consigais que muitos outros me amem também como Eu os tenho amado. Ouvi-me, amigos, reparadores e apóstolos; Eu vos confio o Meu Coração, Eu o dou a vós com os seus tesouros e a sua glória; sabei que quero reinar pela onipotência do Meu amor.

(Respondamos a tão irresistível convite com uma última oração, dita com o fogo que Jesus acaba de colocar no coração de seus amigos, os que, desde hoje, serão apóstolos zelosos do Seu Sagrado Coração)

Oração Final

Rei de amor e de misericórdia, Jesus amado, apoiando-nos nas promessas que Vós mesmo fizestes a Margarida Maria, em favor das almas consagradas ao Vosso Coração, Vos suplicamos nesta hora decisiva que confirmeis o reinado de Vosso Coração adorável. Dignai-Vos, Senhor, interessar mais e mais nesta causa de Vossa glória os ministros do Vosso altar e todos os Vossos apóstolos.

Como poderíamos, Jesus, chamarmo-nos Vossos amigos e ignorarmos a Vossa glória? Vos pedimos, pois, Senhor, em especial uma privilegiada benção para a cruzada que Vos entroniza nos lares, que prega a Vossa realeza social e íntima, obra que, com a benção da Vossa Igreja, tem conquistado tantas almas, devolvendo-as ao Vosso amável Coração. Fazei que esta obra seja em toda parte o grão de mostarda, transformado em árvore gigante e frutuosa, em cuja sombra se abrigam, em todas os lugares da terra, milhares de famílias que, nos sofrimentos e alegrias, entoem ao Coração do Rei-Amigo um hino de eterno amor.

Abençoai, Jesus, com especial ternura este apostolado, afim de que ele realize plenamente os pedidos que Vós mesmo fizestes em Paray-le-Monial; abençoai-o abundantemente, Jesus, para que Vos force ditosamente a cumprir conosco, Vossos apóstolos, aquelas Vossas palavras tão consoladoras: 'Eu quero reinar pelo Meu Sagrado Coração, e eu reinarei!' Abençoai este apostolado com graças de fecundidade, Jesus amado, e fazei que os depositários da autoridade na Igreja bendigam e propaguem esta cruzada, já que por ela abençoareis especialmente as almas consagradas que promovem o reinado do Vosso amor. Senhor, Vossa glória é nossa única glória; Vossos interesses, nossos únicos interesses; Vosso amor, nosso amor supremo pois, segundo a Vossa grande misericórdia, o Vosso Coração é o centro, coração e vida nossa!

E para reforçar nossa humilde petição, Vos suplicamos pela Virgem Imaculada, rainha dos lares consagrados; por Margarida Maria, Vossa confidente e discípula tão amada; e pelas orações, sacrifícios e zelo ardente dos Vossos apóstolos, que Vos digneis realizar, Senhor, em nós e por nós, as incomparáveis promessas do Vosso Sagrado Coração. Reconhecemos que somos miseráveis mas, mesmo assim, dignai aceitar-nos como instrumentos de boa vontade no cumprimento dos desígnios de Vosso amor misericordioso.

Vos prometemos, em troca, Mestre adorável, ser, por todos os meios que estiverem ao nosso alcance e em toda ocasião e lugar, os Apóstolos da cruzada que prega como uma redenção, neste momento sombrio, a Vossa realeza social; ó Jesus, a realeza do Vosso Divino Coração, que pede reinar pelo amor! Obrigado, Senhor Jesus! Ó obrigado pela vocação de glória imerecida ao constituir-nos, apesar de nossa miséria, dispensadores do amor e da glória do Vosso Coração Misericordioso!

Pai-Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes.
Pai-Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores.
Pai-Nosso e Ave Maria pedindo o Reinado do Sagrado Coração mediante a comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada de Entronização do Rei divino nos lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

(Aclamações: duas vezes e em voz alta)

Cremos, Jesus, no triunfo da Cruz.
Cremos, Jesus, no triunfo da Vossa Eucaristia.
Cremos, Jesus, no triunfo da Vossa Igreja.
Cremos, Jesus, no triunfo do Vosso Sagrado Coração.
Reinai Senhor, apesar de Satanás.

(Cinco vezes)

Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

(Hora Santa Especial dos Amigos do Sagrado Coração, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

HORA SANTA DE MAIO


Nós Vos adoramos, Jesus Sacramentado, e Vos bendizemos pois, pela graça de Vosso Coração Divino, estais redimindo o mundo. Salvai-nos nele, como prometestes à Vossa serva Margarida Maria; salvai-nos, nós Vos rogamos, pelo amor de Vossa Mãe Imaculada.

(De joelhos e com grande recolhimento interior, peçamos a Jesus a luz para conhecer o seu Divino Coração e dar graças à sua glória)

(Breve pausa)

(Lento e cortado)

Confidência de Jesus

Não fostes vós que me elegeram. Eu que vos predestinei e vos selecionei entre milhares para que participeis aqui, nesta Hora Santa e sublime de intimidade comigo, das confidências, das ternuras e das graças que vos tenho reservadas em Meu sofrido Coração. Aproximai-vos, estendei-me os braços, arrancai-me os espinhos, dai-me consolo, pois desfaleço de amor e de amargura; aproximai-vos! 

Vos tenho amado tanto e tanto! Se vos encontram aqui na ceia deliciosa de Minha caridade, próximo ao Senhor dos anjos, sentindo os ardores de Meu Coração é porque vos escolhi gratuitamente. Vós sim, que sois meus; fostes os servos e sois, agora, os filhos. Vinde, pois, e comei comigo, à sombra do Getsêmani, o pão das Minhas dores.

Necessito aliviar a minha alma convosco, pois nela há tristezas que os anjos não conhecem, e lágrimas que não correm no céu. Sinto ânsias de falar-vos em dolorosa confidência, a mais intima... Se não podeis penetrar em todo o abismo da minha aflição, não importa; leveis, como Eu, uma fibra de soluço e que, agitada pela tempestade, geme com angústia.

Os espíritos angélicos vêm me apoiar neste horto de agonia, mas vós estais muito mais próximos que eles do mar de minhas tristezas; vós podeis beber as minhas lágrimas, podeis suavizá-las sofrendo a minha paixão e as minhas dores. Desapegai-vos, pois, do mundo, abandonai suas mentiras e as lembranças de suas loucuras, e aqui, aos meus pés, sofrei com o Deus encarcerado, que quer que tomeis parte neste amor doloroso, crucificado, aquele amor que, entre estremecimentos de agonia, deu a paz e deu a vida ao mundo.

(Pausa)

As almas

Fazei, Senhor Jesus, que eu veja; fazei que eu saboreie a amargura dos Vossos sofrimentos infinitos; concedei-me o fervor de penetrar com fé vivíssima dentro da Vossa alma dolorosa! Divino Agonizante, sejais benigno e, mesmo eu sendo um pecador, colocai nesta Hora Santa o cálice do Getsêmani em meus lábios; dai-me de beber em Vosso Coração, pois tenho sede de Vós, ó Jesus-Eucaristia!

(Breve pausa)

Voz dos Sacrário

Vós Me conheceis, filhinhos Meus, porque escutais as minhas palavras de vida eterna e, ao conhecer-me, conheceis ao Meu Pai, pois Eu sou o caminho que a Ele conduz. Mas, ai, pensais que há milhões de irmãos vossos, criados para me adorar, livres para me bendizer, e que levantam contra o céu este grito de blasfêmia: 'Deus não existe'! Até o meu trono de paz, até este altar de mansidão, chega esse grito irado, eco da rebeldia de Lúcifer. Esses mesmos que me negam, vivem do meu alento e vivem da minha bondade, e contudo, me negam a palavra, me expulsam de suas obras. Eu, somente Eu, não existo para eles. Meu nome os perturba, meu jugo suave os espanta, meu Calvário os irrita. Blasfemam contra mim!

(Breve pausa)

Buscam a paz! Que paz pode ter aquele que não adora, que não espera, que não me ama, a mim que sou a vida? Ah! e com que tranquilidade renunciam à minha pessoa em tudo, absolutamente em tudo, seja grande ou pequeno, em sua vida. Eu não tenho parte na ternura de suas mães, no cuidado de seus pais, nem no carinho de seus filhos. Me excluem completamente das alegrias de seus lares. Não me chamam nem para uma lembrança vaga em suas dores, ao chegar alguma morte cruel...

Em seus negócios, em seus projetos, em tantas incertezas e desgraças, me tem relegado ao mais completo esquecimento. Acreditais, meus amados? Eu, o Criador e Redentor, não tenho, em milhares de almas, a parte que em seu coração e pensamento tem os empregados, os animais e as flores de suas casas. Assim me paga o mundo por haver me entregado por seu amor à morte de Cruz, e ainda mais, à imolação na Eucaristia!

(Rezemos em alta voz, com fé ardorosa, um Credo, em reparação solene à negação de Deus e de Jesus Cristo da qual padecem tantos incrédulos infelizes)

(Pausa)

Voz do Sacrário

Levo, desde séculos, um Coração doloroso e cheio de lágrimas; Ai! Quantas almas, cujo preço foi o meu sangue, se condenam! Destinadas a se abrasar nas chamas de Meu amor, caíram já, milhares, ao abismo de outras chamas horríveis, vingadoras! E são Minhas! Ouvi-Me; maldizem, desde o profundo do inferno, o meu berço em Belém, minha pobreza, minhas exortações ao mundo; maldizem esta Cruz, marcada com sangue, em suas consciências!

Maldizem a minha Igreja, que lhes ofereceu os tesouros da Redenção; maldizem a minha Eucaristia, desdenhada por eles, que teriam vivido eternamente, se tivessem se alimentado com o Pão da imortalidade, Meu Coração Sacramentado. Ah! E quantos destes réprobos estiveram algumas e muitas vezes, como estais vós, aos Meus pés! E se perderam! Eu os chamei, corri atrás deles, lhes estendi os meus braços, mas romperam todas as correntes, elegeram o gozar por um instante e, depois, chorar com pranto eterno. E maldizem com eterna maldição!

E foram Meus! Ó dor das dores! Como padeceu a minha alma, no Getsêmani, esta sentença de reprovação irrevogável. E eram todos Meus; minhas eram estas legiões incontáveis de condenados ao suplício de uma cólera infinita! Eu os tive aqui, sobre o meu peito, à beira do abismo de Meu Coração amoroso. E os levaram outros abismos, e para sempre, e são, hoje em dia, lágrimas arrancadas para sempre dos meus olhos, criaturas expulsas para sempre do meu Reino, filhos perdidos, pelos séculos dos séculos, do lar do céu...

(Breve pausa)

Voz da alma

Beijo as Vossas mãos chagadas, Jesus, e por Vossa agonia no horto, livrai estes consoladores de Vosso Coração das chamas do Inferno...

Beijo Vossos pés chagados, Jesus, e por Vossa agonia no horto, livrai estes amigos de Vosso Coração de uma reprovação eterna...

Beijo Vosso peito aberto, Jesus, e por Vossa agonia no horto, livrai estes apóstolos de Vosso Coração do suplicio de maldizer-Vos eternamente...

(Breve pausa)

Voz do Mestre

E sabeis por qual caminho fácil se chega à reprovação final? Ferindo Meu coração com o pecado da ingratidão, abusando da misericórdia deste Deus, que é todo Caridade. Sou Jesus, isto é, Salvador. Vim para os que têm necessidade de médico, de paz e de fortaleza e, sobretudo, para os que necessitam de perdão, de misericórdia, e muito amor. A estes enfermos mostrei a piscina de toda saúde: meu Coração, que tudo absolve!

Ó e desta ternura tantos abusaram! Jamais neguei perdão a quem me pediu com humilde contrição, jamais... Por isso, porque a minha bondade é infinita, porque espero com inalterável paciência o pródigo, porque, ao regressar, esqueço os seus pecados e faço festa para celebrar a ovelha que chega ensanguentada ao redil dos meus amores, por isso, tantos se enchem e se condenam no abuso da absolvição que lhes outorgo. Detei-Vos, filhos Meus, na ladeira deste caminho, e chorai o extravio fatal de tantos irmãos vossos que me ferem, porque Sou Jesus dulcíssimo para com eles!

(Peçamos a Jesus perdão pelo abuso de sua misericórdia, especialmente nos Sacramentos da Confissão e da Eucaristia, dizendo a Ele:)

Que tenho eu, Senhor, que não me tenhais dado?
Que sei eu, que Vós não me tenhais ensinado?
Que valho eu, se não estou ao Vosso lado?
Que mereço eu, se a Vós não estou unido?
Perdoai-me os erros que contra Vós tenho cometido...

Pois me criastes, sem que eu o merecesse.
E me redimistes, sem que eu Vos pedisse.
Muito fizestes em me criar,
Muito mais em me redimir...

E não serás menos poderoso em perdoar-me,
Pois o muito sangue que derramastes,
E a cruel morte que padecestes,
Não foi pelos anjos que Vos adoram,
Mas por mim e pelos demais pecadores que Vos ofendem...

Se Vos tenho negado, deixai-me reconhecer-Vos,
Se Vos tenho injuriado, deixai-me reparar-Vos,
Se Vos tenho ofendido, deixa-me servir-Vos,
Porque é mais morte que vida
A que não está empregada em Vosso santo serviço...

(Pausa)

Jesus

Eu tenho ainda uma outra amável confidência para vos fazer. Todavia, recebei-a com especial carinho, pois quero falar-vos da minha Mãe. Maria jamais esteve ausente do meu Coração e seu nome repercutia nele com especial ternura, nas minhas horas de solidão e agonia. No Getsêmani, ó quantas vezes, pensei nela!

Eu a vi chorar amargamente a morte do Filho e dos filhos. Atado à coluna, despedaçaram a minha carne, e ao fazê-lo, flagelaram também a Virgem Imaculada, que me deu essa carne pura, para ser vosso irmão em seu seio. E, neste mesmo instante, entretanto, os carrascos borrifavam as paredes do calabouço com o meu sangue. Vi, no transcorrer dos tempos, o ultraje que fariam à minha Mãe os que negariam a sua maternidade divina, ofendendo ao mesmo tempo o Filho e a Mãe.

Muitos outros pretendem adorar-me, e a relegam a um glacial esquecimento, que fere ainda mais violentamente o meu Coração filial. Maria é vossa; amai-a, amai-a; ó dai-me um grande consolo nesta Hora Santa, uni as minhas lágrimas às de minha doce Mãe, ao consolar o meu entristecido Coração.

(Peçamos perdão ao Senhor Jesus pela dor causada por tantos católicos indiferentes à sua Mãe, tantos afastados e protestantes que recusam o seu amor a ela e que menosprezam ou negam a dignidade e as prerrogativas da Virgem Maria)

(Breve pausa)

E agora, falai-me vós, cujos nomes tenho inscrito em Meu Divino Coração; falai-me palavras que brotem do mais íntimo de vossas almas, unidas à Minha por laços de dor e de carinho imenso. Se tendes tristezas, contai-me; se sentes tédio da vida e, ao mesmo tempo, temor da morte, dizei-me. Ó falai-me sobretudo dos santos desejos que tendes de me ver consolado e de contemplar-me logo, Rei do Amor, pela misericórdia do Meu Sagrado Coração: falai-me, que vosso Deus vos escuta.

(Pausa)

As almas 

Senhor Jesus, nesta Hora Santa, trazemos aos Vossos pés um pedido amabilíssimo. Apresentamos nossos ombros carregados com as vossas mercês, com a alma cumulada com os vossos favores, enquanto Vós arrastais fatigado, agonizante, a Cruz de nossas iniquidades. Ah! Não é possível, Mestre, que para o pecador destineis principalmente o doce ônus da Vossa munificência e o cálice das Vossas ternuras e que reserveis para Vós o sofrimento da agonia, a amargura dos esquecidos e as perfídias incontáveis da terra.

Partilhai, pois, Jesus Sacramentado, partilhai conosco nesta Hora Santa todas as Vossas tristezas, e mesmo que não o mereçamos, aceitai-nos como Cirineus na via dolorosa que conduz ao monte do Calvário. Desde já Vos agradecemos os desgostos da vida; não só os aceitamos resignados, em expiação justíssima de tantas culpas próprias e alheias, não, Jesus, nós Vos bendizemos pelos espinhos que fizestes brotarem em nosso caminho com fins de misericórdia.

Ai! Não ignorais como se ressente nossa natureza nos combates da enfermidade, da pobreza, da calúnia, da ingratidão, dos esquecimentos, do cansaço da vida, da tristeza, das incertezas... Estamos falando de Jesus de Nazaré, nosso irmão, cujo Coração de carne, ó encantadora e divina fraqueza, ressentiu-se com as debilidades da miséria humana. Vos bendizemos, em particular, Jesus, por aquelas decepções diárias que nos desapegam das criaturas e nos fazem volver a Vós! Com que frequência nos aproximamos delas por um consolo momentâneo ou um rasgo de afeição e, então, por projetos de Vosso amor que não entendemos inteiramente, estes laços são rompidos e nossas almas se desvelam, porque quereis, com divino ciúme, o nosso pobre coração por inteiro para Vós! 

Obrigado, Jesus, por tal amável e divina austeridade! E assim como cuidais, Senhor, com zelo irresistível, da salvação dos Vossos filhos e tirais das Vossas dores a santificação da alma, assim também sabeis corresponder as infelicidades em manancial da fé; em ocasiões da fome e da desgraça, tirais a ressurreição e a vida. Bendito sejais, mil e mil vezes, Coração providente, benigno, salvador, que, de nossas grandes desolações, sabeis produzir eflúvios de paz, doçuras inefáveis e delicias do céu.

Divino agonizante do Getsêmani, Vos bendizemos e louvamos pelas tribulações e provas com as quais nos quereis fazer participantes das glórias do Vosso sangue. Espinhos do Coração Sagrado de Jesus, conformai em mim a coroa que aprisione o meu coração também! Torturas e agonia do Coração Sagrado de Jesus, apagai a minha sede de amor terreno e de aventuras! Cruz bendita e chamas do Coração Sagrado de Jesus, crucificai a minha sensualidade e meu orgulho! Ferida sangrenta do Coração de Jesus, dai-me entrada neste Horto da agonia, do amor e de uma sublime santidade!.

(Pausa)

O anátema de justiça tremenda que Vos arranca tantas almas atravessa o Vosso próprio Coração, Salvador amado e fere também os nossos, ansiosos por Vos glorificar e de ver santificado o Vosso nome e o Vosso Sangue derramado em em toda a terra para a salvação dos justos e a conversão dos pecadores. Ó como ficaríamos felizes ainda que arrebatássemos uma única alma da perdição eterna, com o nosso clamor de desagravo, nesta Hora Santa, para glória do Vosso Coração Sacramentado! Recolhei este pedido, Senhor, e salvai a tantos que estão em perigo de perder-se. Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

(Todos em voz alta)

Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos soberbos que negam e rechaçam a existência de um Deus, Criador do Céu e da terra, e tudo quanto existe...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos infelizes que negam, Salvador amado, Vossa encarnação maravilhosa, que não querem que Vós sejais nosso irmão por natureza humana...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos que propagam estas negações e fazem delas bandeiras de combate, contra Vosso Evangelho e Vossos direitos soberanos...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos que, seduzidos por palavras tenebrosas, apostatam da sua fé e renegam Vosso amor e Vossa lei...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos que conspiram com raiva infernal para a destruição das instituições cristãs e que juraram derrotar-Vos na ruína de Vossa Igreja...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos que em ódio à Vossa pessoa pretendem apagar Vossa Cruz da consciência das crianças, da alma do povo e dos lares...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos que, com aparência de luz e com delicadeza de formas pretendem, sem violência, eliminar, Senhor, Vossa pessoa divina de todas as atividades da vida...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

Aos que por ignorância lamentável, fazem caso omisso de Vossa palavra e vivem tranquilos fora do ambiente da fé e das inserções de Vossa graça...
Convertei-os, Jesus, por Vosso Divino Coração!

E, enfim, Jesus, pelas milhares de almas que, em terras distantes, vivem, se movem e dormem nas sombras letais do paganismo, da heresia e da morte...
Convertei-os, Jesus, pelo Vosso Divino Coração!

(Pausa)

Tendes desejado confiar-me, Jesus, o Coração da Virgem Mãe, a fim de reparar as suas e as Vossas dores pelas ofensas daqueles que pretendem ser cristãos e que rechaçam a Vossa última palavra a São João no Calvário: 'Filho, Nela, em Maria, aí tendes vossa Mãe'. Senhor, a aceito envergonhado, e Vos ofereço em desagravo as dores, as penas, os prantos e as orações de todas as mães que Vos adoram na terra e que aclamam Maria como Rainha. Vós sabeis, Mestre, que amor e sinceridade existem em suas almas de heroínas; Vós sabeis quanto valem, como rezam, como amam, como sofrem... Jesus, pelas lembranças de Maria Imaculada, pelas lágrimas que Vós chorastes ao vê-la chorar em Vossa ausência, nos sofrimentos de Vossa paixão ignominiosa, escutai às mães que se sacrificam aos Vossos pés ensanguentados...

Vede como pedem, com fé ardorosa, a redenção de seus lares. Escutai como Vos aclamam Rei sobre os berços dos seus filhos e sobre o sepulcro dos seus esposos. Elas Vos pedem, Senhor, a vitória decisiva do Vosso Coração, nele confiam todos os tesouros de seu amor. Ai! São tantas as que temem pelo futuro cristão de seus filhos! São tantas as que padecem com eles as tristes conseqüências dos primeiros extravios! São tantas as que veem, em lágrimas, que as diversões mundanas, que as amizades e leituras perigosas, ameaçam a consciência e talvez a eterna salvação dos seus filhos! Vós às confiastes, adorável Nazareno, as almas do esposo e dos filhos, e elas as depositaram, com amor, sobre o altar de Vosso Sagrado Coração!

Ó Jesus, lembrai-Vos nesta Hora Santa de Vossa Mãe, como vos lembrastes dela no Horto das Oliveiras e, por favor às suas ternuras, às suas virtudes e dores, salvai os lares, salvai as famílias! Senhor, se uma só mãe comoveu o Vosso Coração e obteve a ressurreição de seu filho, ouvi o pedido de tantas mães sofridas nesta hora onipotente, santificai o santuário do lar, que Vós mesmos reivindicais como trono, ó Rei de amor!

(Peçamos esta graça com todo fervor de nossas almas)

(Pausa)

Vós solicitastes, amável Prisioneiro do altar, a nossa companhia consoladora nesta Hora Santa. Vossa caridade nos venceu; já vês; viemos, deixando tudo, tudo, para pedir, com santo fervor, a chegada do Vosso Reino. Que esperais, Jesus, para vencer, quando esta é a Hora da misericórdia e do poder irresistível do Vosso amor? Antes, pois, de esconder-Vos na suavíssima penumbra de Vossa prisão sacramental, deixai-nos exclamar com grito de caridade triunfante:

(Todos em voz alta)

Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Apressai-Vos, Jesus, e reinai imediatamente antes que o demônio e o mundo Vos roubem as consciências e profanem, em Vossa ausência, todos os estados de vida...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Levantai-vos Jesus, e triunfai nos lares, reinai neles pela paz inalterável prometida àqueles que Vos tem recebido com hosanas...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Não demoreis, Mestre amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras que somente Vós prometestes remediar...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Vinde, porque sois forte, Vós, o Deus das batalhas da vida, vinde mostrando-nos Vosso peito ferido, como esperança celestial na hora da morte...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Sejais Vós o êxito prometido em nossos trabalhos; somente Vós, a inspiração e a recompensa de todos os nossos empreendimentos...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Para vossos prediletos, quero dizer, os pecadores, não esqueçais que para eles, sobretudo, revelastes as ternuras incansáveis de Vosso amor...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Ai, são tantos os tíbios, Mestre, tantos os indiferentes a quem deveis inflamar com esta admirável devoção...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

'Aqui está a vida', nos dissestes, mostrando-nos o Vosso peito atravessado; concedei-nos, pois, que aí bebamos o fervor e a santidade que aspiramos...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Vossa imagem, a pedido Vosso, tem sido entronizada em muitas casas; em nome delas, Vos suplicamos, permanecei sendo, em todas elas, o Soberano muito amado...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

Ponde palavras de fogo, persuasão irresistível, vencedora, naqueles sacerdotes que Vos amam e que Vos pregam, como São João, Vosso apóstolo amado...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

E a todos que ensinem esta devoção sublime; a quantos publiquem vossas inefáveis maravilhas, reservai-lhes, Jesus, uma fibra similar àquela em que tendes gravado o nome de vossa Mãe...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

E, por fim, Senhor Jesus, dai-nos o céu do Vosso Coração, a estes que compartilham Vossa agonia nesta Hora Santa; por esta hora de consolo, e pela Comunhão das primeiras sextas-feiras, cumpri conosco as Vossas promessas infalíveis; e vos pedimos que na hora decisiva da morte...
Venha a nós o Reino do Vosso Sagrado Coração!

(Pausa)

Senhor Jesus, velamos uma hora convosco no Getsêmani e de bom grado ficaríamos acorrentados ao Sacrário para sempre, se Vosso amor o consentisse. Vamo-nos agora, levando paz, consolos e uma nova vida. Ah! Mas, sobretudo, nos despedimos com satisfação de haver dado a Vós, Mestre, alivio de caridade, desagravo de fé e reparação de amor, que reclamastes, entre soluços, à Vossa confidente Margarida Maria. Atendei, pois, Senhor Jesus, e acolhei com mansidão e bondade a nossa última oração.

(Lento e cortado)

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede a perseverança da fé e da inocência das crianças que comungam; sede, Vós, o Amigo delas!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede a consolação dos pais nos lares cristãos; sede, Vós, a Vida deles!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede o amor da multidão que sofre, dos pobres que trabalham; sede, Vós, o  Rei deles!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede a doçura dos aflitos, dos tristes; sede, Vós, o Irmão deles!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede a fortaleza dos indecisos e dos fracos; sede, Vós, a Vitória deles!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede o fervor e a constância dos tíbios; sede, Vós, o Amor deles!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede o céu ardente e vitorioso dos vossos apóstolos; sede, Vós, o Mestre deles!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede o centro da vida militante da Igreja; sede, Vós, o lábaro triunfante dela!

Coração agonizante de Jesus, triunfai e sede na Eucaristia a santidade e o céu das almas; sede, vós, o paraíso de amor, o tudo para elas!

E enquanto não chega o dia eterno de cantar as Vossas glórias, deixai-nos, dulcíssimo Mestre, sofrer, amar e morrer sobre a celestial ferida do Vosso peito, murmurando aí, na chaga do Vosso amoroso Coração, esta palavra triunfadora: Venha a nós o Vosso Reino!

(Pausa)

Pai Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes.
Pai Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores.
Pai Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Divino Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 
  
Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 
 
Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Maio, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

 HORA SANTA DE JUNHO


Nós vos adoramos, ó Deus Sacramentado, nós vos bendizemos, Redentor do mundo; nós vos amamos, Jesus, na formosura do vosso Coração Agonizante. Somente Vós sois grande, somente Vós sois santo na pequenez da Divina Hóstia. Vós sois o Altíssimo no mistério do sacrifício incruento. Glória, pois, a Vós, que sendo o Deus do Céu, viveis no Getsêmani do Santo Tabernáculo! Glória a Vós, Jesus - Eucaristia, nas alturas dos vossos anjos; louvor a Vós, no coração dos homens! Em nome de todos os homens, e, em especial, em nome de todos os homens que sofrem com amor e fé, nós adoramos as lágrimas, a solidão, o abandono, as angústias, todas as amarguras e agonias do Vosso Sagrado Coração! Cremos que Vós sois o Cristo, o Deus - Homem de todos os sofrimentos.

(Ofereça esta Hora Santa ao Coração de Jesus, ferido e agonizante, como um pleito de resignação e amor, em seu próprio nome e de todos os que sofrem)

(Breve pausa )  

(Lento e entrecortado) 

AS ALMAS

Ó Jesus, nós temos sido arrastados pela força irresistível do Vosso amor e de Vossas lágrimas em direção ao abismo do Vosso Coração! Ó quanta beleza do Céu na Vossa tristeza! Um Céu de consolação e de glória para todos nós! Que mistério insondável e que grande consolo é saber que Vós chorastes! Que divina eloquência brota de Vossa palavra de paz que, ao sair dos Vossos lábios, trêmulos de emoção e entre soluços, sobe do mais íntimo da Vossa alma, triste até a morte! E agora, aqui estamos nós, trazendo aos Vossos pés a oferta não só das nossas próprias dores, mas também os sofrimentos de tantas almas infelizes que Vos adoram. Ó Jesus, Vós conheceis bem este oceano de dores, cujas águas amargas submergiram a Vossa santíssima alma.

Em primeiro lugar, adorável Mestre, pedimos por aqueles que padecem na pobreza ou enfermidades. Mesmo aqui, durante esta Hora Santa, Senhor, entre aqueles que vieram para estar Convosco, ou entre os seus entes queridos, talvez haja algum doente; há certamente alguém pobre... Ó com que grande compaixão Vós tendes sempre olhado os enfermos! Com que ternura Vossos olhos buscaram o leproso, o paralítico, os feridos e os cegos, para curar a todos com um sorriso e uma bênção de amor! E se esses inválidos ou aqueles que sofriam não podiam ir a Vós, Vós íeis ao encontro deles! Seja abrindo um caminho no meio da multidão; seja buscando-os à beira das estradas; a uns simplesmente olhando com amor, a outros, tocando com as Vossas mãos ... a todos curando de corpo e de alma!

Mas hoje, há mais pobres do que doentes. Há muitas pessoas que trabalham duramente e padecem grandes privações; muitos estão sem pão, sem abrigo, sem consolo, sem remédios para ter algum alívio. Mas o que podemos Vos dizer que já não conheceis sobre os sofrimentos dos pobres? Vós, que fostes pobre em Nazaré, que padecestes fome e que, mais do que tudo, tivestes de suportar o desprezo arrogante que o mundo tem por aqueles que não têm nem casa, nem terras, nem dinheiro. Não diziam os acusadores: 'O que pode Ele saber? O que pode Ele pleitear em favor de Israel? O que pode alguém de Nazaré pretender ser, não passando de filho de um humilde carpinteiro?'

Recordai nesta noite, Jesus, de tais humilhações e ponde os Vossos olhos sobre tantos pobres e doentes que padecem! Durante esta Hora Santa, ousamos pedir que Vós possais prodigar a eles o dom da Vossa paz e o doce consolo da vossa bênção, que difunde em profusão milagres de ternura. Jesus, dai a eles o mérito e a recompensa pela Vossa resignação! E, se isso for para Vossa maior glória, dignai-Vos conceder alívio para os doentes, os pobres, e os necessitados; Vós que tivestes desvelo pelas flores do campo e pelas aves da montanha, abençoai com especial ternura, desta Hóstia Consagrada, todos os Vossos filhos afligidos, sobre quem Vos pedimos derramar a água viva e as benesses do Vosso Sagrado Coração!

(Pausa) 

(Lento e entrecortado) 

Lembrai-Vos também, amado Mestre, daqueles que padecem contradições e reveses humilhantes. Senhor, com que amorosa e sábia Providência Vós permitis, muitas vezes, que nossos projetos se desvaneçam como fumaça e, para nossa grande surpresa, depois de muito cuidado e trabalho, colhemos apenas espinhos que machucam. Quantos dissabores e decepções nos esperam nossos humanos desejos! Vós conheceis os inúmeros contratempos que constantemente cercam as famílias e Vós não os impedis porque eles são realmente para o nosso bem e, assim, não detendes a torrente que tende a solapar as sagradas fundações do lares, embora violente o Vosso Sagrado Coração. Guardais o silêncio do Sacrário quando somos ameaçados por males que, de um modo misterioso, haverão de trazer a redenção para aqueles que amamos.

Vós nos vede chorar! Ó, sim, Vós compartilhastes todo o nosso desgosto e, embora aparentemente ausente, estais muito perto de nós naquelas horas negras de agonia, horas de Getsêmani, que todos os todos os homens deverão passar, para reviver a Vossa própria agonia, Estais sempre ao nosso redor; e ainda que nem sempre sentimos a Vossa doce presença, sabemos que estamos acolhidos nos Vossos braços. Sim, Jesus, por uma feliz experiência, conhecemos as finezas do Vosso coração; e é por isso que nos prendemos sem hesitação, mesmo diante das mortificações mais amargas de nossas vidas, às doces batidas desse Coração que nos ama! Aceitai, Senhor, por estes sofrimentos, amorosa reparação à mortal desolação que vislumbrastes no Jardim das Oliveiras, e a súplica de acolher em Vosso Coração, os corações de todos os que sofrem...

(Todos em voz alta) 

Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!

(Breve pausa ) 

Amado Mestre, são tantos os que aguardam em leitos de agonia a visita do Médico Celestial...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Muitas crianças doentes, Senhor, perderam as suas mães; muitas pessoas idosas e sem abrigo vão morrer sem nenhum cuidado além do amparo da Vossa infinita misericórdia...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Muitos dos Vossos filhos pobres já sofreram durante longos anos sem qualquer ajuda humana, sem qualquer esperança...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Visitai, ó Mestre, as choupanas e os casebres onde reina a miséria; e os cortiços onde pobres mães agonizam, sem outras testemunhas senão criancinhas que padecem de fome...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Com a doce luz que emana do Vosso Doloroso Coração, ilumine as casas que, em lugar da abundância do passado, hoje padecem em silêncio na miséria...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Sejais especialmente misericordioso, Jesus, para com aqueles que sofrem da injustiça humana e com tantos que viram ruir seus projetos de dignidade de vida e de bem estar...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Senhor, não ignoreis tantas pessoas e famílias que sofrem de profundas e contínuas incertezas...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Na luta contínua entre interesses contraditórios e os inevitáveis reveses causados pelos negócios e pelas naturais aspirações da vida, que nunca se concretizam...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!
Vós que sofrestes, Jesus, a ausência de toda consolação humana, tende piedade de tantos corações pobres, doentes e desiludidos, que clamam um momento, pelo menos, de trégua e de descanso...
Acolhei em Vosso Coração todos os que sofrem!

(Breve pausa ) 

Voz de Jesus

Falastes a verdade: quando viveis o sofrimento na terra, Eu estou muito perto de vós. A cruz será sempre a ponte manchada de sangue que uniu os vossos corações aflitos e desiludidos ao Meu Coração Agonizante! Eis-me aqui, meus filhos queridos... Ouvi a vossa oração em favor dos doentes, dos pobres e de todos aqueles achacados pela indiferença humana. Neste exato momento, quantas graças foram derramadas para tantos do Meu trono da misericórdia, onde acolho as suas vidas de trabalho e de cansaço. Continuai a Me falar sobre o que vos doi e vos entristece, Meu coração precisa destas confidências porque os vossos sofrimentos me comovem. Aproximai-vos então, meus filhos e, unidos na mesma angústia e no mesmo sofrimento comum, vamos chorar juntos. Achegai-vos a Mim e derramai o pranto de vossas almas no Meu divino Coração!

(Pausa )

As almas

O isolamento do Vosso Cativeiro e o silêncio do Sacrário revelam ao mundo o pecado mais intensamente sentido pelo Vosso Coração - o pecado da ingratidão.

(Entrecortado)

Ó Jesus, amais e não sois amado; abençoais e sois amaldiçoado; cumulais de favores os homens e sois recompensado com esquecimento ou insultos! Eis, doce Salvador, o pão muito amargo do Vosso exílio voluntário no meio de nós, eis o preço do Vosso sublime cativeiro no Sacrário! Desta forma, o Getsêmani é prolongado através da séculos. Em desagravo, queremos compartilhá-lo convosco, ó Jesus que dissestes: 'O discípulo não é maior do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu Senhor'. Por isso é que nós, também, às vezes somos convidados a provar do cálice de ingratidão. Nós o aceitamos, Senhor, por amor a  Vós e somente por Vós, porque esta bebida é mais amarga do que a morte. Tende piedade, bom Mestre, por aqueles que sucumbem neste momento sob o peso de tantos sofrimentos. Tende piedade dos lares onde outrora habitaram os filhos das esperanças e das alegrias da família, mas que agora estão desolados, porque estes se tornaram a cruz, e sim, até mesmo, a coroa de espinhos para os pais.

Tende piedade de tantas esposas infelizes, cansadas de sofrer por tormentos que lhes ferem a alma. Tende piedade de tantos fieis dedicados e das almas humildes que foram traídas em sua amizades, zombadas e enganadas dentro de suas próprias casas e feridos por aqueles que foram cumulados pela sua caridade e pelos seus favores. O mundo paga no início com palavras e sorrisos e depois com deslealdade e traição. Porque Vos amamos, Jesus na Eucaristia, por este amor, Vos oferecemos e agradecemos por este cálice de amargura, e Vos pedimos perdoar aqueles que reabrem a ferida do Vosso Amoroso Coração - a mesma ferida profunda que nós mesmos abrimos com a nossa tão grande ingratidão!

(Breve pausa )  

(Lento e entrecortado) 

Ó bom Jesus, tende piedade dos que sofrem de solidão e abandono! Quantas vezes, amado Mestre, depois de ter pregado as maravilhas do Vosso amor, depois de ter multiplicado os Vossos milagres na presença de tantas multidões extasiadas, Vós presenciastes aquelas multidões se afastarem com desconfiança e indiferença em suas almas. E Vós ficastes sozinho e abandonado como estais hoje aqui neste Sacrário, abandonado por tantos dos Vossos filhos! Somente o Pai conhece a medida deste Vosso sofrimento, desta terrível deserção. Vós sabeis, ó Jesus, que muitos, muitos mesmo, nunca experimentaram um amor generoso; são órfãos da vida, que vagueiam no deserto do mundo, sempre com saudades do que lhes deveria ser um lar. Vivem sem nenhum afeto e com amargura em seus corações!

O Getsêmani e o Calvário Vos fazem recordar, Meu amável Jesus, a angústia da solidão. Ó quão terrível é clamar e gritar e constatar que o nosso brado se perde no silêncio! Chorar, sofrer, implorar, amar... para apenas permanecer sozinho, sempre sozinho! Ninguém conhece tal terrível desolação do que Vós, ó Jesus! Então, das profundezas da alma que assim sofre, eleva-se algo da terrível angústia que Vós, amado Salvador, sentistes na agonia daquela Quinta-feira Santa: o cansaço, a repugnância, a fatiga de viver! Diante disso, desfalece por completo o pobre coração humano!

São órfãos que precisam de Vós, Senhor Jesus, nestes momentos de suprema angústia: eles precisam do Vosso Agonizante Coração! Se Vós não vierdes em seu socorro, suas almas desesperadas clamarão pela morte! Mas Vós havereis de vir a eles como nós viemos a Vós nesta noite, para compartilhar esta hora de agonia solitária, convosco e com todos que um dia poderão vir a padecer da solidão e abandono dos seus próprios irmãos,..

(Todos em voz alta)

Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!

Se Vós nos provais, permitindo que, algumas vezes, os nossos próprios entes queridos se esqueçam de nós...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Quando a idade e as enfermidades nos deixar isolados, quebrando os laços familiares que acreditávamos ser imutáveis...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Quando talvez algum dia a pobreza visitar a nossa casa - que é também Vossa - e os amigos nos deixarem sozinhos e somente nos restarem a confiança na Vossa Presença...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se os acidentes ou contratempos nos atingirmos e estivermos abandonados por aqueles que amamos..
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se a injustiça humana, grande como é, nos flagelar, não nos abandoneis Senhor Jesus...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se mesmo aqueles que amamos muito, nos abandonar.. nesta hora de cruel ingratidão, vinde, ó Jesus, porque Vós sois a nossa única esperança...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
Se aqueles que receberam o nosso carinho e sacrifícios, nos odiarem algum dia, como Vós mesmo fostes odiado...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
A calúnia dos Vossos inimigos cobriram Vosso divino rosto com opróbrios; quando esta for lançada no nosso rosto e formos humilhados, não nos abandoneis e vinde até nós, Jesus vilipendiado...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!
E nas horas de mortal silêncio em que nos encontrarmos sozinhos, submersos pelo esquecimento e pela indiferença cruel das criaturas...
Dai-nos a companhia e o refúgio do Vosso Sagrado Coração!

(Breve pausa )  

Voz do Mestre

Nunca mais, em vossas horas de solidão e de tomento, estareis longe do Meu coração que vos ama. Sim, que vos ama infinitamente porque vós o amais e sofreis por Ele. Se, quando Eu estava sozinho e esquecido, fostes visitar-Me, se Me consolastes quando estava entristecido por aqueles que se diziam Meus filhos, se tendes tantas vezes quebrado o gelo da indiferença que cerca a minha prisão solitária, como Eu poderia preferir, mesmo que fosse o coro dos anjos, ao apelo de vossas almas que sofrem? Vossas almas precisam descansar em Meu coração para encontrar consolo! Eis aqui este Coração, infinitamente compassivo, para com os vossos sofrimentos: tomai-O, Ele é vosso! Eu, e somente Eu, posso vos retribuir com generosidade divina; não tenhais medo! Eu sei como curar as feridas mais profundas. Vinde; não hesiteis; vinde! Só Eu sei até que ponto a solidão e a ingratidão esmagam a alma. Vinde! Vinde chorar junto a Mim e sereis consolados!

(Pausa ) 

As almas

Em nossos altares, Vosso nome, Jesus, se eleva para alentar todas as nossas adversidades; estais ali como Hóstia, Vítima Consagrada...

(Muito lento e entrecortado ) 

Aqui, nesta Hóstia, Vós sois ignorado e esquecido até mesmo pelos Vossos filhos; habitastes entre nós há tantos séculos com o desejo de continuar seguindo conosco em nossas vidas e ainda não Vos compreendemos! Vós sois amado, mas como um hóspede à distância... quase como um estranho no meio dos Vossos filhos. E, por isso, lamentastes junto à Vossa serva Margarida Maria que a maior de Vossas tristezas é não ser reconhecido pelos Vossos filhos em Vossa própria Casa!

(Breve pausa ) 

Nós Vos agradecemos, amado Mestre, quando nos fazeis sentir o gosto amargo do Vosso Cálice; nós Vos agradecemos... Nossos corações são feridos cruelmente, ó Jesus, quando os nossos entes mais queridos nos ferem e, às vezes, nos condenam, em Vosso Nome, por zelo equivocado ou por motivos que julgam sinceros. Ah, é tão humano julgar os outros! Vós, que tudo conheceis, permitis estas coisas para que possamos colocar toda a nossa confiança em Vós. Vós permitis isso para que possamos reparar também, por meio destes reveses dolorosos, a falta de ternura pelo Vosso Sagrado Coração, mesmo por nós, que somos consagrados à Vossa Glória. Nós Vos agradecemos, então, por estas feridas abertas em nossas almas pela Vossa divina e amorosa mão...

Nós Vos agradecemos também por outra provação - a morte inevitável - que há de vergar sem piedade a todos os mortais; fria e inexorável morte, que nos rouba todos aqueles a quem Vós confiastes ao nosso amor. Lembra-Vos da Vossa tristeza, Jesus, à medida em que aproximavas da casa de Betânia, onde o Vosso amigo Lázaro não habitava mais? Felizmente para nós, Jesus, a fonte dessas lágrimas derramadas na morte do Vosso amigo de coração ainda não secou; sim, os Vossos olhos ainda permanecem marejados pelas lágrimas do Homem-Deus que quis amar com ternura, com todas as emoções e fragilidades do nosso coração humano. Esse Jesus sois Vós, o mesmo Jesus presente na Hóstia, a quem adoramos aqui, de joelhos. Olhai para nós desde o Sacrário e olhai por aqueles que nos deixaram ao longo do caminho e que eram como as fibras do nosso coração. Agora eles se foram de nós e nos deixaram... que separação pode ser tão dolorosa como a separação da morte?

Vós chorastes sobre o túmulo de Lázaro embora soubésseis que haveríeis de ressuscitá-lo em breve. Da mesma forma, apesar da fé viva com que aceitamos as cruzes que Vós nos enviais, permitis que nossas almas sejam esmagadas quando vemos nossos entes queridos partir, para nunca mais voltar. Quando o nosso amor é profundo, essas feridas podem ser cicatrizadas mas, como bem o sabeis, ó Jesus, nunca poderão ser curadas completamente! Jesus, vinde preencher o lugar vazio que a morte impiedosa faz abrir, por Vossa permissão, em nossos corações e lares. Vinde dar alento e resignação aos que ficamos, para que possamos rezar sobre o túmulo dos que partiram. Vinde, Senhor, acalentai a nossa oração pelos nossos mortos tão amados. Que a Vossa luz eterna brilhe sobre eles; que eles possam descansar em paz... no Céu do Vosso Coração!

(Pausa ) 

Antes de terminar esta Hora Santa, pedimos a Vós, Jesus, visitar os recessos mais íntimos das nossas almas, as profundezas do abismo de nossas dores e misérias! Só Vós as conheceis, só Vós!  Como um raio de luz do Vosso olhar doce e profundo, penetrai em nossas almas pois, assim, não há de se quebrar o frágil cristal dos nossos pobres corações. Avançai às últimas profundidades do nosso coração, aos abismos onde se escondem as mágoas e as feridas mais secretas. Curai com as Vossas mãos estas feridas, desconhecidas para todos e que sangram sem parar. Ninguém as conhece, e é melhor que sejam secretas, pois ninguém, a não ser Vós, poderia compreendê-las...

É por isso, Salvador adorável que, passando por certos sofrimentos agudos nesta vida, não choramos, para que o mundo não veja as nossas lágrimas, que não pode compreender. Que alívio podermos, então, falar a Vós, falar livremente e somente a Vós que, na vida sacramental, experimenta amarguras infinitas, sem que ninguém seja capaz de realmente compreendê-las. Só Vós, Senhor, podeis saber tudo, tudo... Lançai Vosso olhar às profundezas das nossas almas, mas que seja um olhar de piedade. Foi no Getsêmani, sob violenta tensão, que jorrou esta fonte de lágrimas, que não fluiu como uma torrente, mas que se irrompeu como um suor de sangue.

(Lento e entrecortado ) 

Ficar em silêncio quando se sente morrer no escondimento, em agonia interior... ficar então em silêncio é como morrer duas vezes. Esta tristeza é bem conhecida por Vós, Divino Sofredor do Monte das Oliveiras! As apreensões das mães, a inesperada separação das almas, os medos mais escuros, os temores dos pais... as angústias e decepções, as incertezas dos sacerdotes, as muitas dores que padecem tantas boas almas, mantendo  intacta para Vós, ó Jesus-Hóstia, a virginal beleza de tantos sofrimentos, que fazem parte todos dessas dores misteriosas! A Hora Santa é a hora das confidências e das consolações... se abrimos nossas almas entristecidas para Vós, Jesus, é menos para reclamar do que para Vos oferecer os maiores tesouros de nossas mais secretas dores e aflições, e todas aquelas amarguras que não têm nomes próprios na linguagem do mundo. Aceitai-as, Senhor, pelas mãos da Rainha das Dores, para o triunfo do Vosso amor!

(Todos em voz alta)

Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!

Sim, Jesus, santificai as contradições que suportamos dos bons e o sofrimento causado a nós pela injustiça frequente dos homens...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai as mortificações que nos imputam aqueles de quem menos as esperamos e que nos causam profundas desilusões...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai, Senhor, qual uma coroa de flores, a lembrança dos nossos falecidos e abençoai-os porque nos deixaram apenas em resposta ao Vosso chamado divino...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai as lágrimas de resignação que temos derramado sobre os túmulos de nossos entes queridos e lembrai-vos particularmente dos pequenos órfãos e das famílias em luto...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Vinde, querido Salvador, para compensar a perda dos filhos pródigos que deixaram as suas casas; eles deixaram um lugar vazio que só Vós podeis preencher...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Olhai, Senhor, os espinhos escondidos em nossas almas e aceitai estes tantos sofrimentos desconhecidos, que piedade humana alguma saberia consolar...
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!
Aceitai as apreensões das mães, o desvelo de tantos pais, os esforços perseverantes e muitas vezes aparentemente estéreis de tantos sacerdotes; vinde, Jesus, tomai sem reservas as nossas almas entristecidas, porque elas são Vossas apenas..
Santificai todas as nossas dores, Sagrado Coração!

(Pausa )  

Voz do Mestre

Filhos do Meu amor, quão doce e consoladora esta hora tem sido, esta hora durante a qual vós tendes mostrado a Mim as mágoas profundas que atormentam as vossas almas, enquanto eu vos deixo penetrar na ferida aberta e ensanguentada do Meu Sagrado Coração. Ah! que semelhança feliz de sofrimento! Como nos assemelhamos uns aos outros, quando estamos de luto no mundo por padecer as amargas aflições da terra! Eis com se vos depara o Getsêmani, assim como foi para Mim um santuário de oração e da redenção perpétua! Amai-vos uns aos outros, como irmãos em sofrimento; amai-vos uns aos outros, Meus amigos, e que os nossos corações possam se encontrar na via dolorosa; amai-vos uns aos outros, Meus filhos, no caminho da Cruz!

(Lento e  entrecortado)

Vinde a Mim, todos os que sofrem na pobreza e na doença. Apressai-vos! Trazei sob Meus Pés a carga de todas as vossas aflições: Vinde a Mim ... e Eu vos darei o consolo das profundezas do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a Mim todos os que sofrem as contradições das criaturas, todos que padecem a injustiça dos homens, todos os que experimentaram reveses da fortuna e transtornos em vossas famílias: Vinde a Mim ... e Eu vos darei refúgio no santuário do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a mim todos os que choram a ingratidão dos amigos, e, sim, às vezes, até a ingratidão dos membros de sua própria família. Não tardeis, porque esta dor oprime e congela a alma; vinde a Mim... e Eu vos darei  o calor das chamas do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a mim, vós que arrastais uma existência intolerável e maçante, vós que viveis no tédio e no isolamento; vós, os esquecidos. Vinde a Mim, vós que tendes sentido, desde o alvorecer da vida, o cansaço do exílio, jogai-vos em Meus braços: Vinde a Mim... e Eu vos darei o consolo do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a mim, vós que sois desprezados e mal compreendidos até mesmo por homens bons; vós, que sois acusados por causa dos esforços que empreendem em favor da Minha Glória; vinde a Mim ... e Eu vos darei o cálice refrescante do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto! 

Vinde a mim, vós que estais de luto, que chorais a perda de um filho, de uma mãe, de uma esposa, de um irmão; vinde sem demora ao meu Sacrário, vós que padeceis em vossas casas das dores da morte e das lágrimas: vinde a Mim ... e eu vos darei a paz inefável do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

Vinde a Mim; levantai os vossos corações a Mim, pois o tempo é apenas uma sombra que passa e o Céu é eterno; vinde, vós que tendes sede de amor e de justiça; Eu sou o vosso Deus e é por vós que tenho padecido os horrores da mais cruel agonia; erguei-vos e tomai, com coragem, o Pão vivo, a Minha Eucaristia, para fortalecê-los na luta: vinde a Mim... e Eu vos darei o Paraíso do Meu Sagrado Coração que vos ama tanto!

(Pausa)

As almas

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me destes, incluindo o tesouro das minha lágrimas? 
O que eu sei que Vós não me ensinastes; acima de tudo, a ciência do sofrimento por amor? 
O que posso fazer se Vós não estiveres ao meu lado; de que vale o meu pranto sem a Vossa agonia na Cruz? 
O que eu sou, se eu não estiver unido a Vós nos sofrimentos do Calvário?

Jesus, por causa da Vossa Cruz e das minhas cruzes, perdoai as minhas faltas com que Vos tenho ofendido tanto! Porque me criastes sem eu ter merecido e, apesar da minha indiferença para com a vossa Paixão, me redimistes sem a minha cooperação. 

Muito fizestes ao me criar, muito mais ainda em me redimir e não sereis menos glorioso em perdoar-me; porque o sangue que derramastes e a morte acerba que padecestes não foram pelos anjos que Vos adoram nas alegrias celestes: foram por mim e por tantos outros pecadores como eu, que gemem em expiação dos seus pecados. 

Se eu Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos na beleza da Vossa agonia na Cruz; se eu Vos ofendi, deixai-me servir-Vos no sofrimento, para a maior glória e triunfo do Vosso Sagrado Coração! Que venha a nós o Vosso Reino!

 ATO DE CONSAGRAÇÃO

Divino Agonizante do Getsêmani, Jesus Sacramentado, dignai-vos unir o vosso Precioso Sangue e os vossos sofrimentos às aflições destes filhos do Vosso Coração; dignai-vos aceitar, abençoar, aliviar as nossas cruzes! Obtende delas maior glória para Vós e para a redenção de muitas almas pervertidas pelos prazeres do mundo. Chamai e amai com especial ternura aqueles que ninguém ama; curai as feridas abertas pela indiferença dos filhos ingratos e dos amigos desleais! Vós que conheceis a fonte das nossas lágrimas, tornai-as menos amargas e santificai-as pela virtude milagrosa da vossa Cruz.

Prisioneiro divino do Sacrário, visitai, com um raio da vossa luz, os aflitos, os amargurados pela vida, os seduzidos pelos prazeres ilusórios. Confortai os abandonados, cuja beleza da alma é tantas vezes desconhecida ou desprezada. Ensinai-nos a ciência de sofrer em paz e com fé e concedei-nos o dom bendito e tão raro de saber consolar. Dai aos nossos sofrimentos uma força divina, uma força irresistível que impulsione o nosso coração ferido em direção ao abismo do Vosso Sagrado Coração. Neste Paraíso, queremos viver e sofrer por Vossa causa e pelo Vosso amor, arrancando dele os espinhos para torná-los o diadema de nossa própria glória. 

Sede o Rei do mundo, Vós que sois o Deus-Homem das dores. Dominai vitorioso sobre o mundo e curai as feridas abertas pela falta de piedade e pela injustiça dos homens. Mestre amantíssimo, Jesus, Divino Consolador de todas as lágrimas, vinde ter conosco quando sofremos; apressai-vos, porque as nossas dores não tardam e tornam-se insuportáveis quando choramos longe de Vós! Não afasteis de nós, Jesus de Nazaré, os espinhos da via dolorosa e nem as desolações do deserto, mas não nos recuseis nunca a Vossa presença adorável, o Vosso divino olhar, as bênçãos de vossas mãos ensanguentadas!

Não vos pedimos que envieis um anjo para nos sustentar nas nossas horas de agonia! Pedimos por Vós, Jesus, somente por Vós, porque nos legastes o direito de compartilhar as Vossas lágrimas com as nossas lágrimas. Dai-nos a paz em nossas tribulações, dai-nos força e, se quiseres, dai-nos o consolo do Cálice do Vosso Coração Agonizante! Pela Vossa Cruz e pelas nossas cruzes, que venha a nós o Vosso Reino!

Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelos agonizantes e pelos pecadores.
Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração, especialmente pela Comunhão diária, a Hora Santa e a entronização do Sagrado Coração nas famílias.
Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelas intenções particulares de todos os presentes.
Um Pai Nosso e uma Ave Maria pelo nosso país.

(5 vezes)

Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino! 

(3 vezes)

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

São José, rogai por nós!
Santa Margarida Maria, rogai por nós!

(Hora Santa de Junho, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey, tradução integral pelo autor do blog)

HORA SANTA DE JULHO


Mil vezes felizes os desgraçados que, ao dobrar um caminho estreito, se encontraram a sós com Jesus! Que bem puderam, esses ditosos afligidos de Jerusalém, de Naim ou Betânia, desafogar a alma nesse celestial instante, com liberdade de súplica e pranto, no coração de Jesus! Assim nos encontramos Convosco nesta Hora Santa venturosa, Jesus de Nazaré e do Sacrário, assim! Olhai-nos: os que aqui estamos somos cabalmente esses ditosos azarados que viemos em busca de Vós, para nos esquecer, por um momento, de nós, aqui aos Vossos pés, à Vossa sombra deliciosa. 

Viemos só por Vós, chegamos em Vossa defesa, porque um clamor de raiva e de blasfêmia nos advertiu que Vossos carrascos não se dão trégua com o propósito de Vos desterrar da sociedade e das almas. E se haveis de sofrer, se haveis de agonizar, se haveis de morrer, Jesus, eis aqui o rebanho que quer ser ferido ao lado e por causa do pastor! Vós o dissestes com amargura de alma à Vossa serva Margarida: 'Quero compartilhar minha agonia, tenho necessidade de corações vítimas!' Disponde, pois, de todos estes, Senhor: amamo-Vos muito, amamo-Vos todos.

(Breve pausa)

Retrocedei, Jesus, o véu de Vosso peito, o Santo dos Santos, e consenti que Vossos filhos contemplemos, nesta Hora Santa, a paixão e ultraje, a dor da sentença dos mesmos que resgatastes com Vosso sangue. Fazei à luz nesse Tabernáculo e permiti-nos seguir-Vos, passo a passo, nesta incruenta Via Dolorosa, que começa nas sombras do Getsêmani e terminará, unicamente, no derradeiro ocaso da Terra. E ainda que não sejamos dignos, permiti que como confidentes e consoladores Vossos, participemos do cálice de Vossos opróbrios e agonias. Deixai-nos, oh amável Prisioneiro do altar, um só e único direito: amar-Vos na ignomínia de Vossa Cruz, nos unir na Hora Santa à Vossa agonia, amar-Vos até à morte e morrer amando com delírio a loucura o Getsêmani incessante de Vosso Coração Sacramentado. 

(Peçamos luz e amor para contemplar a Jesus Cristo na misteriosa paixão do Sacrário)

Jesus
(Pausa)

Vivo, alma querida, envolto no silêncio e mudo, porque estou, aqui onde me vês, perpetuamente encadeado ante os modernos Herodes da terra. Não ouves como se levanta até ao céu seu insolente interrogatório, a Mim, que sou o poder, a verdade e o único Mestre? Calo por teu amor, pensando em ti, a quem redimo com a condenação ignominiosa dos governantes, juízes dos homens, mas não de minha doutrina. Oh!, eles ambicionam autoridade de tirania para descarregá-la em Mim, e Eu sou sua perpétua vítima. Para eles o trono, para Mim o trono da vergonha; para eles o cetro de ouro e Eu sempre com o cetro da zombaria; para eles cortejo de aplausos e incensadores; para Mim a corte do desprezo e os carrascos; para eles diadema e homenagens; para Mim uma coroa de espinhos, para Mim o esquecimento, sempre o esquecimento!

E, se alguma vez, recordam a este Rei nas alturas fictícias da terra, somente Meu Nome atrai a tempestade do ódio, a perseguição e a blasfêmia. Aqui me tens, posto em roupas de réu por um mundo que vive de meu alento. Emudeço porque no Sacrário Sou a encarnação da misericórdia e do amor. E esse desacato à Minha soberania, o desconhecimento de Minha realeza nas leis que regem os povos, é o ultraje direto, blasfemos, à Minha pessoa, a Mim, que vivo abatido, sacramentado entre os humanos. Essa injúria é o desafio a este Jesus-Eucaristia, que te fala desde um altar, convertido com frequência no pretório de Pilatos.

Aqui, alma consoladora, aqui no Tabernáculo, recebo manso as afrontas do escravo e a sentença do vilão; daqui, deste calabouço, em que vivo perdoando, Me tiram unicamente quando os tribunais da terra decretam Me flagelar, para Me apresentar logo,ensanguentado, às iras populares. Como se sente aliviado Meu Divino Coração com vosso desagravo! Esse escárnio dos poderosos, o compensa nesta Hora Santa o amor ardente dos meus; o reparais vós, os ricos humildes e os pobres resignados. Desde aqui, desde o altar, Eu vos bendigo amigos fidelíssimos. Por isso, falai, Meus filhos, exigi milagres de Meu amor, vós, os predestinados de Meu Coração. Falai, sou o Rei das misericórdias infinitas.

(Pausa)
A alma

Senhor Jesus, Vossa alma enternecida pela adesão deste rebanho pequenino, nos oferece agora milagres e perdão. Oh!, sobretudo, o mundo dos poderosos, dos governantes e dos ricos, necessita o grande prodígio de Vossa luz, necessita conhecer-Vos, Senhor Sacramentado, conhecer-Vos nessa Hóstia, e aceitar desde aí a imposição de Vossa realeza salvadora. Pela afronta, pois, que padecestes ante o iníquo Herodes, na mansão dos que se chamam magnatas da terra:

(Todos, em voz alta)

Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
No santuário das leis e nos tribunais tão falíveis da justiça humana...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Na consciência daqueles que influem nos destinos dos povos...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Nos conselhos de tantos governantes, levantados em oposição a Vosso Calvário...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Nas sedições populares explodidas em ultraje a Vossa doutrina redentora...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
No jogo de tantos interesses de soberba e de fortuna, dos azarados gozadores da terra...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
No satânico complô, estourado com sigilo, em ruína de Vosso sacerdócio e de Vossa Igreja...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Na imprudente segurança de tantos bons, na apatia e indolência dos que quiseram adorar-Vos, mas longes do Calvário...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!
Na ambição desenfreada de ganhar alturas e dinheiro, à custa de Vosso sangue e da condenação eterna de tantas almas infelizes...
Cumpri Vossas promessas de vitória, oh Divino Coração!

Jesus

Eu sou a santidade, assim dizeis vós, de joelhos ante esta Hóstia, assim canta o céu, que repete neste templo o clamor da Hora Santa. Sim, Eu sou a santidade, e fui trocado, no entanto, pelo assassino Barrabás. Ah, e ainda sou preterido, muitas vezes, por ódio, por desdém e por esquecimento!

(Pausa)

Que angustia tão cruel a de meu Coração, vexado nesta afronta! Eis-Me aqui, oculto num Sacrário; sou Jesus, o Deus da humildade. O mundo vão vive de soberba, e não perdoa que Eu seja o nazareno escondido, nascido num estábulo. Vede como passam as almas orgulhosas por diante de meu altar, como vão desoladas, sedentas de ostentações, ambicionando estimação e aplausos. Passam e Me pospõem a uma honra falsa. Nesta penumbra de meu templo, vivo relegado; desde aqui vou pregando estas palavras; 'aprendei de Mim, que sou humilde e pobre'. Ah, sim, sou pobre!, pois entreguei os tesouros da terra para vos abrir a vós a imortalidade do paraíso. Sou pobre, sou mendigo; por isso vivo desdenhado do grande mundo, que necessita do ouro e, se não o tem, de seu brilho mentiroso... O que valho Eu para ele, entre as palhas de Belém, na obscuridade de Nazaré, nudez e abatimento do Calvário e da Eucaristia? Que amarga decepção! Me fiz pobre por amor e sou um pobre repudiado, posposto à fortuna miserável deste mundo.

(Breve pausa)

Estou chagado... Minhas mãos, que chamam e bendizem, estão atravessadas; Meus pés, feridos; Minha fronte, destroçada; lívidos, Meus lábios; sem luz, Meus olhos; ensanguentado o corpo; aberto, como larga ferida, o peito apaixonado. Ah, como tremem os mortais ao ver a este Deus perpetuamente ensanguentado! Eles quiseram as delicias de um Éden antecipado no deserto. Quem me pôs assim? O amor que vos tenho... Assim estou, assim vivo no Sacrário, oferecendo paz e céu, mas entre espinhos e na Cruz. E onde estão os amigos, os crentes, os discípulos? Onde? Se foram... Me deixaram, em busca de prazeres; Me legaram ao lodo da culpa. Barrabás, o vilão, vai triunfando pelo mundo, e atrás dele, os soberbos convencidos, os de costumes levianos; atrás de Barrabás, aclamando-o em sua liberdade e em seu delito, os licenciosos, os corruptores da infância, os que mentem aos povos, os que envenenam pela imprensa. Vitorioso Barrabás, lhe dão vitória todos aqueles que me renegam e maldizem nas leis, os políticos que sobem, cuspindo-Me no rosto sua blasfêmia.

Todos estes vão ufanos, livres; o mundo lhes joga flores; para eles palmas de vitória. E aqui, em Meu solitário Tabernáculo, Eu, Jesus, atado por amor, abandonado pelos bons, negado pelos débeis, esquecido dos demais, condenando pelos governantes, flagelado pelas multidões desencadeadas contra Mim. Eu amei aos Meus, sobre todas as coisas do céu e da terra e os de Meu próprio lar Me pospuseram ao pó. Ai!, ao lodo dos caminhos... Decidi vós, Meus amigos, se há afronta mais ardente que a Minha! Considerai e vede se há dor semelhante a esta dor!


(Pausa)
A alma

O discípulo, Jesus Divino, não há de ser mais que seu Mestre. Vós, que nos destes o exemplo, quereis que, seguindo a Vós, nos neguemos, levando com amor a Cruz que salva. Vo-lo pedimos, nesta Hora Santa, com caridade ardente de Maria Dolorosa, Vo-lo exigimos para Vosso consolo e para a Redenção dos pecadores, com o entusiasmo de Margarida Maria; sim, nos abraçamos à Cruz pelo triunfo de Vosso Coração na Santa Eucaristia. Escutai-nos, Jesus, nesta Hóstia; vamos oferecer a Vós a prece do Getsêmani, que é a oração de Vosso sacrifício de aniquilamento no altar. Ouvi-nos, benigno e manso.

(Entrecortado e lento)

Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a glória de sermos preteridos, por Vosso entristecido Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a dita de sermos confundidos, por Vosso amargado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a graça de sermos desatendidos, por causa de Vosso misericordioso Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a honra imerecida de sermos zombados, por Vosso angustiado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a recompensa de sermos desprezados, pela glória de Vosso ferido Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a distinção preciosa de sermos injuriados, pelo triunfo de Vosso Sagrado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a fruição incomparável de ser algum dia perseguidos, pelo amor de Vosso Divino Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a coroa de sermos caluniados, no apostolado de Vosso Sagrado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos a amável regalia de sermos traídos, em holocausto a Vosso Divino Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a honra de sermos aborrecidos, em união com Vosso agonizante Coração.
Amamo-Vos, Jesus; concedei-nos o privilégio de sermos condenados pelo mundo, por vivermos unidos a Vosso Sagrado Coração.
Amamo-Vos, Jesus; outorgai-nos a amargura deliciosa de sermos esquecidos, pelo amor de Vosso Sagrado Coração.
Oh, sim! Suplicamo-Vos: dai-nos a parte que de direito nos corresponde nos vilipêndios e agonias de Vosso Coração Sacramentado. Consolai-Vos, Mestre; cada um destes, pondo em Vosso Lado aberto uma palavra de humildade e confidência, Vos protesta, que Vós sois a única fortuna e seu único paraíso.

(Breve pausa)

Que tenho eu, oh, Divino Coração!, que Vós não me haveis dado?
Que sei eu, que Vós não me haveis ensinado?
Que valho eu, se não estou ao Vosso lado?
Que mereço eu, se a Vós não estou unido?
Perdoai-me os erros que contra Vós cometi.
Pois me criastes sem que o merecesse.
E me redimistes sem que Vo-lo pedisse.
Muito fizestes em me criar.
Muito em me redimir.
E não sereis menos poderoso em me perdoar.
Pois o muito sangue que derramastes,
E a acerba morte que padecestes,
Não foi pelos anjos que Vos louvam,
Senão por mim e demais pecadores que Vos ofendem.
Se Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos,
Se Vos injuriei, deixai-me louvar-Vos,
Se Vos ofendi, deixai-me servir-Vos,
Porque é mais morte que vida a que não está empregada em Vosso santo serviço.

(Pausa)

Jesus

Posto que vós que estais aqui comigo sois meus íntimos, deixai que em vós desafogue Meu Coração, tão amargurado; ouvi-Me. Há nEle uma pena funda, uma ferida que chega até à divisão de Minha alma. Israel, o povo de Meus amores, Israel pediu a sentença, exigiu Minha morte e levantou a Cruz. Israel, por quem Eu flagelei o Egito, Me flagelou. Despedacei suas cadeias e as pus nas mãos de seu Salvador; lhe dei maná no deserto e me teceu uma coroa de espinhos; tirei a água milagrosa da rocha, para aplacar sua sede, e insultou a febre abrasadora de Minha agonia. Baixei do céu, e na arca misteriosa quis morar com eles no deserto. Quantas vezes os tive protegidos sob Minhas asas! E vede-Me, ferido de morte por Israel. 

Por que Meu povo ainda segue Me despojando de Minha soberania? Por que ainda segue tirando a sorte sobre Minhas vestes e atirando ao vento do desprezo Meu Evangelho de caridade e de consolo? Como se agitam as multidões rugindo contra Minha lei! Como povos inteiros, seduzidos pela soberba, romperam a unidade sacrossanta de Minha doutrina, túnica inconsútil de Minha Igreja! Meu Coração soluça dentro de Meu peito desgarrado, ao ouvir, como no átrio de Pilatos, o clamor de tantas raças, de tantas sociedades, que, apontando a Mim neste pobre altar, exclamam: 'Não queremos, não, que esse Nazareno reine sobre nosso povo!'. Eu te perdoo, oh, Israel!

(Breve pausa)

Meu Vigário é perpetuamente vítima dessa multidão enlouquecida; ele é Meu rosto terreno, nele sigo sendo esbofeteado pelos insultador de Minha Igreja. Esse agravo me é particularmente doloroso; ai daquele que põe a mão no Pontífice, o ungido de Meu Pai! Detende seu braço justiceiro, interponde esta Hora Santa, em união com Meu ultrajado Coração, pois quero fazer piedade. Sim, pela apostasia cruel de tantos povos, pela apostasia pública em tantas sociedades, pela descarada afronta a Meu Vigário, pelo ódio aberto e legalizado a Meu sacerdócio, pela iníqua tolerância e os favores de que gozam todos os modernos sinedristas, por todo esse acúmulo de pecados, por essa plebe e essa corte que Me ferem, com uma só voz e uma só alma, pedi piedade a Meu Coração, pedi-Lhe misericórdia.

As almas

Prisioneiro de amor, Jesus Sacramentado, passe nossas orações as grades de Vosso cárcere, como um incenso de adoração e desagravo, que Vos oferecemos pelas mãos de Maria Imaculada.

Ladainha

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus, Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, ...
Deus Espírito Santo, ...
Santíssima Trindade, que sóis um só Deus, ...
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, ...
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, ...
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, ...
Coração de Jesus, de majestade infinita, ...
Coração de Jesus, templo santo de Deus, ...
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, ...
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu, ...
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, ...
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e de amor, ...
Coração de Jesus, cheio de amor e bondade, ...
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, ...
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, ...
Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, ...
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, ...
Coração de Jesus no qual habita toda a plenitude da divindade, ...
Coração de Jesus, no qual o Pai põe as suas complacências, ...
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos, ...
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, ...
Coração de Jesus, paciente e misericordioso, ...
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam, ...
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, ...
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados, ...
Coração de Jesus, saturado de opróbrios, ...
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes, ...
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, ...
Coração de Jesus, atravessado pela lança, ...
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação, ...
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, ...
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, ...
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, ...
Coração de Jesus, salvação dos que esperam em Vós, ...
Coração de Jesus, esperança dos que expiram em Vós, ...
Coração de Jesus, delícia de todos os santos, ...
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
V. Jesus, manso e humilde de coração,
R. Fazei nosso coração semelhante ao Vosso.

Oração

Deus onipotente e eterno, olhai para o Coração de Vosso Filho diletíssimo e para os louvores e as satisfações que Ele, em nome dos pecadores Vos tributa; e aos que imploram a Vossa misericórdia concedei benigno o perdão em nome do Vosso mesmo Filho Jesus Cristo, que Convosco vive e reina por todos os séculos dos séculos. Amém.

(Pausa)

Jesus

Tudo, em meu amor pelos humanos, está consumado já pela Santa Eucaristia, tudo. Oh! mas a ingratidão humana consumou também Comigo, neste maravilhoso Sacramento, a obra da dor suprema. Meus filhos, onde estáveis vós quando no Calvário se Me envolveu no silêncio de uma solidão, mais cruel que a de Minha tumba? Amigos de Meu Coração, que era de vós quando Meus olhos, nublados pelo pranto derradeiro da agonia, não contemplavam senão semblantes iracundos de verdugos? Onde estáveis? E quando, pensando em vós, os predestinados, tive sede de que consolassem Minha alma, infinitamente angustiada, por que então, se umedeceram Meus lábios, abrasado com fel de ausência., de esquecimento, de covardia, de tibieza daqueles mesmo que foram os regalados do banquete de Meu lar? Bem o sabeis: essa não é, por desgraça, uma história de séculos atrás; contemplai-Me nesta Hóstia, e decidi se a ingratidão não é pão amargo e cotidiano deste Deus feito Pão pelos mortais. Quanto e em que vos contristei cárcere voluntário, para que seleis suas portas com o abandono em que se deixa um sepulcro destruído e vazio?

Oh!, vinde, rodeai-Me, estreitai-vos a Meus pés; quero sentir-vos perto, muito perto, na mística agonia de Meu Coração Sacramentado. Hora ansiada, Hora venturosa, a Hora Santa, na qual este Deus recobra Sua herança, o preço do Seu sangue! Eu vos bendigo, porque tive fome e, deixando o repouso, viestes partir-Me o pão da caridade; vos considero Meus porque tive sede e Me destes compaixão e lágrimas; vos abraço sobre Meu peito lastimado, porque estive tristíssimo na solidão desta prisão e viestes fazer-Me deliciosa companhia. Em verdade, em verdade, vos digo que vossos nomes estão escritos para sempre com letras de fogo e sangue no mais recôndito de Meu Coração enamorado. Descansai sobre Ele, como eu descanso agora entre vós, os filhinhos preferidos de Meu amor.

(Pausa)

A alma

Viemos, não para descansar, Mestre, senão para sofrer Convosco, para compartilhar Vosso cálice e para reparar, pedindo o reinado de Vosso Divino Coração. Por isso não nos retiramos de Vosso lado, levando-Vos na alma, sem Vos haver confiado antes um anelo ardoroso, o único anelo de Vossos consoladores e amigos, e dizer-Vos que venhais, que aproximei-Vos triunfador por Vosso Sagrado Coração, que Vos reveles a estes Vossos apóstolos humildes, porque sentem ardores inefáveis, que só Vossa posse e Vosso reinado podem mitigar. Acedei, pois, Jesus amabilíssimo, e nas naturais aflições e sombras da vida.

(Todos, em voz alta)

Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nos afetos caducos e enganosos da terra.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas desilusões da amizade terrena, nas fraquezas do amor humano.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas seduções brilhantes da vaidade, nos obstáculos incessantes do caminho.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas castas e legítimas alegrias dos lares que Vos adoram.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas veleidades da adulação e da fortuna sedutora.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas horas de paz da consciência, nos momentos de um arrependimento saudável.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas tribulações dos nossos, ao ver sofrer os que amamos.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nos desfalecimentos do amor terreno, ao sentir a fadiga do desterro.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
Nas contradições incessantes, nos dias de incerteza ou de quebranto amargo.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.
No momento da tentação e na hora da suprema despedida da terra e da Hóstia Santa.
Vinde!... sentimos sede de Vosso adorável Coração.

(Pausa)

As almas

Ao ver-Vos de perto e tão benigno, longe de exclamar como Vosso apóstolo: 'Apartai-Vos, Senhor; afastai-Vos, porque somos miseráveis pecadores'; queremos, pelo contrário, lançar-nos a Vosso encontro, encurtar as distâncias e estreitar a ditosa intimidade entre Vosso Coração e os nossos.

(Lento e entrecortado)

Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor, quando os soberbos governantes da terra maldisserem de Vossa lei e de Vosso nome.; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor quando as multidões, agrupadas por Lúcifer e os sectários seus sequazes, assaltem Vosso santuário, e reclamem Vosso sangue;. lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. 

Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor; quando gemerdes pelo vitupérios e pelas cadeias com que ultrajam a Vossa Igreja santa, os poderosos e aquele falsos sábios, cujo orgulho condenastes com dulcíssima firmeza; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor, quando milhares de cristãos fizerem pouco caso de Vossa pessoa adorável e Vos lastimem cruelmente com uma tranquila renúncia, que é um punhal de frieza cravado em Vosso peito sacrossanto; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. 

Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor; quando tantos bons e virtuosos Vos meçam com avareza vosso carinho, Vos deem com mesquinhez aborrecível sua confiança e Vos neguem consolo em sacrifício e santidade; lembrai-Vos que somos Vossos, que estamos consagrados à glória de Vosso Divino Coração. Vinde, Jesus, vinde descansar em nosso amor; quando Vos oprime a deslealdade, quando Vos amargue a tibieza das almas predestinadas, que, por vocação, deveriam ser inteiramente Vossas e santas, então como nunca, nessa hora de desolação ímpar, lembrai-Vos que somos Vossos; restitua aqui os olhos entristecidos, suplicantes, não esqueçais que estes filhos estão consagrados para sempre à glória de Vosso Divino Coração.

(Pai-Nosso e Ave-Maria) pelas intenções particulares dos presentes.
(Pai-Nosso e Ave-Maria) pelos agonizantes e pecadores.
(Pai-Nosso e Ave-Maria) pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, à Hora Santa, e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações).

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!

(Lento)

Vós sois, Jesus, o Deus oculto. Escondei-Vos em minha alma, e convertido eu numa Hóstia, noutra Eucaristia humilde, vamo-nos, Senhor, vamo-nos eternamente unidos, como na Comunhão, como na Hora Santa. Vós em meu pobrezinho coração e eu perdido para sempre no abismo de dor, de luz do céu, de Vosso Sagrado Coração: venha a nós o Vosso Reino!

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria

Eu (...) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

(Hora Santa de Julho, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

 HORA SANTA DE AGOSTO


Coloquemo-nos na presença do Deus misericordioso do Calvário... Aqui, a dois passos de nós, nesta Hóstia divina, está Jesus, e este altar é a Gólgota em que segue isentando a um mundo que O desconhece. Acerquemo-nos, e recolhamos, com amor e fé, Suas últimas palavras como o testamento de Seu Coração Agonizante... 

(Fazei com fé viva um breve ato de adoração) 

(Breve pausa) 

Chegados que foram ao cume, crucificaram a Jesus, entre dois malfeitores. Que formoso será o Céu se tão belo e tão sublime é o Calvário, na morte do Senhor Jesus! Vede...  neste instante se tem decorrido o véu de mistério que nos ocultava a Jesus Cristo, a Beleza incriada, o Santo dos santos. Fincai com fé os olhos naquele altar. Este é, oh maravilha!; sim, esse é a verdadeira Gólgota, a montanha da grande expiação. Não temais; levantai vosso olhar, e fixai-a naquela Hóstia. Anjos do Santuário, gemeis em silêncio. Não turveis a mística agonia do Amado. Fincai com fé vossos olhos naquele altar. 

(Cortado) 

Ai! Quão verdadeira foi a palavra do Profeta: 'Da cabeça à planta dos pés, não há parte sã em Seu Corpo sacrossanto'. Sua fronte, ungida pelos beijos de Maria, destroçada por espinhos; abrasados pela sede daqueles lábios que, ao sorrir, evocaram uma aurora de paz divina nas almas afligidas; lívida Sua boca, que teve néctar de doçura para todas as feridas; Seus olhos, que fizeram brotar para o culpado o fulgor da esperança, estão velados pela nuvem vermelha de Seu sangue. Em Suas mãos perfuradas e em Seus pés atravessados, estão escritas a história dos pródigos, a quem perseguiu, sem trégua, o Coração do Bom Pastor. Aí está seguramente nossa história de culpa e de perdão! Oh, que graça tão imensa e tão pouco meditada a desse perdão de Sua ternura! Ouvi-Lhe: quer renovar agora essa absolvição de caridade. Seu corpo, convertido numa só chaga, estremece; gemendo, levanta Sua cabeça; contempla, com olhar de infinita luz e de amor infinito, este mundo que O mata e, deixando falar Seu Coração naquela Hóstia que adoramos, exclama soluçando: 'Pai perdoa-os, pois não sabem o que fazem!' 

(Lento) 

Jesus

Não olhes, Pai, os espinhos de Minha coroa. Eu os procurei, são os abrojos naturais desta terra desgraçada. Perdoa a soberba humana e a ignorância da missão que Me confiaste. Perdoa a Meus verdugos e a Meus amigos covardes. Perdoa as culpas dos grandes, dos pequenos e dos pobres. Não os castigues, que as criaturas são pó e são trevas. Perdoa aos pais e aos filhos: são tantos os abismos do caminho! Esquece as fraquezas, perdoa as perfídias, pois todos são ovelhas Minhas. Pobrezinhas... Não as firas, Pai, pois não sabem o que fazem. 

(Pausa) 
As almas 

E agora deixa-me, Jesus Crucificado, unir-me a Vossa prece. Divino Salvador das almas, talhado de confusão, me prostro em Vossa presença, e, dirigindo meu olhar ao solitário Tabernáculo, sinto oprimido o coração ao ver o esquecimento a que Vos tem relegado tantos dos isentados mas, já que com tanta condescendência permitis que as minhas lágrimas se unam às lágrimas que verteu Vosso doce Coração, rogo-Vos, Jesus, por aqueles que não rogam, bendigo-Vos pelos que Vos amaldiçoam, e com toda minha alma, clamo-Vos e Vos adoro, em todos os sacrários da Terra. Aceita, pois, o grito de expiação, que um pesar sincero arranca de nossos corações afligidos: eles vos pedem piedade. Por meus pecados, pelos de meus pais, irmãos e amigos... 

(Todos, em voz alta) 

Piedade, oh Divino Coração! 
Pelas infidelidades e profanações dos dias santos... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pelas impurezas e escândalos públicos... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pelos que corrompem a infância e extraviam a juventude... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pela desobediência sistemática à santa Igreja... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pelos crimes dos lares, pelas faltas dos pais e dos filhos... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pelos atentados cometidos contra o Romano Pontífice... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pelos transtornadores da ordem pública social e cristã... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pelo abuso dos sacramentos, e o ultraje ao Vosso augusto Tabernáculo... 
Piedade, oh Divino Coração! 
Pela covardia, pelos ataques da imprensa, pelas maquinações de seitas tenebrosas... 
Piedade, oh Divino Coração! 
E, enfim, Jesus, pelos justos que vacilam e pelos pecadores obstinados que resistem à Vossa graça... 
Piedade, oh Divino Coração! 

(Pausa) 

É tão suave o Coração de Jesus Cristo, e dele nos fala esta Hora Santa, aqui a Vossos pés ensanguentados. Acabamos de reclamar piedade pelos pecadores, e ao instante, o eco doce, benigno, de Sua voz, ressoa como música de paz, que anuncia um Céu que se acerca. O malfeitor da direita Lhe falou em nome de todos os caídos. Os que vamos morrer, e talvez muito cedo, ouçamos ao amável Redentor, que nos responde, falando-nos do Céu: 'Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso'. O arrependimento vos abriu já o céu de Meu Coração; aguarda, alma ditosa, que se dissipe o sonho desta vida e cantarás, vos prometo, oh, sim!, cantarás, com os penitentes e os anjos, as misericórdias de vosso Deus. Almas pecadoras que gemeis, refugiai-vos nestas Minhas chagas, que se abriram por vossas culpas; não temais, nunca é tarde para solicitar Minha caridade. Quereis também nomear-Me a vossos irmãos, que lutam e agonizam, falai que para todos Sou vítima, Sou irmão vosso, Sou Jesus. 

(Lento e cortado) 

Coração de Jesus, dulcíssimo com os infelizes pecadores, um pecador Vos fala. 
Coração de Jesus, amabilíssimo com os pobres, um mendigo aqui Vos espera. 
Coração de Jesus, saúde dos doentes, um enfermo Vos visita. 
Coração de Jesus, caminho dos extraviados, um pródigo Vos procura. 
Coração de Jesus, suavidade dos que choram, um desgraçado chama ao Vosso santuário. 
Coração de Jesus, amigo fidelíssimo do homem, um amigo ingrato está aqui, e a Vós chora. 
Coração de Jesus, quietude nas incertezas da terra, uma alma combatida Vos chama em seu socorro. 
Coração de Jesus, fogueira inextinguível de amor, uma alma quer abrasar-se nos ardores de Vossa caridade. 
Coração de Jesus, agonizante, esperança dos moribundos, lembra-Vos dos que nesta mesma hora lutam com a morte. Como o ladrão arrependido, promete-lhes, Jesus, que ao expirar sobre Vosso peito, ficarão contigo neste incomparável Paraíso. Tem piedade dos agonizantes. Envia-lhes, Senhor, o anjo de Getsêmaní, e acerca a seus lábios, que já não podem chamar-Vos, o cálice de Vosso Coração piedoso. Jesus, seja Jesus com os moribundos mais desamparados. 

(Pedi pelos agonizantes) 

(Pausa longa) 

Apoiada na Cruz fixada com o olhar no divino agonizante, está Maria. Ela, que arrulhou com cantares de pomba, rodeada de anjos, a este mesmo Jesus, então pequenino, dormido em Seu colo. Como passaram fugazes os dias de Belém! Dissiparam-se, como um êxtase, os trinta anos de Nazaré inesquecível. Ainda ontem, Ele... sim, esta mesma vítima de amor, Jesus Infante, pedia-Lhe um pequeno pedaço de pão e um abraço maternal. Seus cabelos, coroados ontem com as flores de Seus beijos, empapados hoje no sangue do Filho-Deus. Ah!, Mas Ele é sempre Seu Jesus. Povo que O ama, recebamos de joelhos o legado venturoso de Jesus Crucificado. 

Mulher, aí tens a Vosso filho e a Vossos filhos, Vos dou, são os isentados com Vossas lágrimas; Confio-vos, são os resgatados com o preço do Meu Sangue. E vós, João, apóstolo e amigo pranteado, aí tens a Vossa Mãe, ama-a em Meu nome, consola-a em Minha ausência, recolhe-a em vossa casa e que Ela seja consolo e Mãe de todos, de todas as dores. Almas compassivas que Me rodeais no Calvário deste altar, sabei que Maria é Mãe vossa e é também Minha Mãe: somos irmãos nesta Hora Santa de amorosa Redenção. 

(Pausa) 

As almas 

Que poderei obsequiar-Vos, bom Jesus, em volta do dom sagrado de Vossa Mãe? A recebo com amor da alma, e Lhe dou asilo, sob o mesmo teto pobre que Vós não desdenhaste. E, em volta de agradecimento, ofereço-Vos por Suas mãos virginais as dores destas almas que Vós tanto queres. Pobrezinhas... Em nome dEla, por Maria Dolorosa, rogo-Vos as visites em seus anelos, alente-as em suas incertezas, ilumine-as em suas dúvidas. Ah! Por Ela, pela Virgem Mártir, conjuro-Vos que adoces compassivo as lágrimas de tantas mães, daquelas que choram à beira de uma tumba, sempre aberta, de algum filho; rogo-Vos, por aquelas mães, sobretudo, que padecem mortais angústias pela vida espiritual, pela salvação eterna de seus filhos. E já que o Coração Imaculado de Maria é o altar de Vossas predileções, permite Jesus, que nele Vos ofereçamos uma ação de graças rendida, solene, como desagravo de reconhecimento pela ingratidão humana. Em união de Vossa doce Mãe, dizemos-Vos: 

(Todos, em voz alta) 

Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pelo tesouro da graça e pela virtude da esperança naquele Céu que é termo das dores desta vida... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pela arca salvadora de Vossa Igreja, perseguida e sempre vencedora. 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pela piedade incompreensível com que perdoas toda culpa nos Sacramentos do Batismo e da Santa Confissão. 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pelas ternuras que esbanjas às almas doloridas, que, sofrendo, bendizem-Vos em suas penas e na Cruz.. 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pelos anelos de Vossa caridade na conversão maravilhosa dos mais empedernidos pecadores... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pelos bens da paz ou da provação, da doença ou da saúde, da fortuna ou da pobreza, com que sabes resgatar a tantas almas... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pelos singulares benefícios a tantos ingratos, mal nascidos, que esquecem e que abusam de saúde, de dinheiro e de talentos, que só a Vós, Jesus, são devedores... 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Pelo obséquio celestial que nos fizeste ao confiar-nos a honra e a custódia de Vossa Mãe, o Coração de Maria Imaculada. 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
Por Vossa Eucaristia Sacrossanta, por esse cativeiro e por essa companhia tão agradável neste santo Sacramento 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 
E, enfim, por aquele inesperado Paraíso que quiseste revelar-nos na pessoa de Vossa serva Margarida, pelo dom maravilhoso, incompreensível, de Vosso Sagrado Coração. 
Graças infinitas ao Vosso amável Coração. 

(Pausa) 

Tenhamos calma resignação e paz na Via dolorosa da vida. Quão horrendo foi o martírio de Jesus em Seu patíbulo! Que horrível solidão a do Mestre crucificado, no abandono inconcebível daqueles mesmos que viveram saciando-se no banquete esplêndido de Seu amor, de Sua formosura e de Seus prodígios! Onde estão agora? Ah! Mas há algo bem mais aterrador ainda para Sua alma, negada em todos os opróbrios. Ele mesmo vai dizer-vos no grito de infinita angústia que se escapa do oprimido peito do adorável Nazareno, que já morre: 

Jesus

Deus meu, Deus meu! Por que Vós também quiseste abandonar-Me? Vim para onde Me mandastes, para isentar os que quisestes isentar; não Me receberam, e levantaram numa Cruz a seu próprio Salvador. Pai, faça-se a Vossa vontade. Mas se eles rasgaram Minhas mãos e Meus pés, Vós, por que quiseste abandonar-Me? Não se faça, no entanto, Minha vontade, senão a Vossa! E, pelo sacrifício deste Vosso abandono, salva a todos os que Me confiaste. Que, em Meu Coração ferido, sejamos um, como Vós e Eu somos um no amor. Que acerbo cálice, Pai! Meu Coração estoura, torturado nesta solidão do infinito. Pai, por que quiseste abandonar-Me? 

(Pausa) 

As almas 

Bom Pastor, eu imagino qual é a dor que Vos arranca este clamor de amargura inefável: é a morte eterna do ímpio, que se perde por abandonar-Vos a Vós. Ah, e são tantos os que vivem sumidos no abismo das sombras, sem fé, sem amor, sem esperança! Lembra-Vos, Jesus, deles. Pelo abandono de Vosso Pai, não queiras, Redentor bendito, não queiras abandoná-los. Por eles, pelos descrentes do lar; por eles, pelos negadores do ensino e da imprensa; por eles, pelos aborrecedores de Vosso nome e os verdugos que amaldiçoam Vossa Cruz e Vossos altares, rogo-Vos, com todo o ardor de minha alma. Suplico-Vos, Jesus, que os atraias, que os perdoes, pela mansidão e agonia de Vosso adorável Coração. 

(Pausa) 

(Pedi pela conversão dos ímpios) 

Por que, hoje em dia, esse inusitado movimento de ódio contra Jesus Cristo, o manso injustiçado do Calvário? Por que essa cólera do povo e a blasfêmia oficial das alturas, e o encarniçamento dos sábios em apagar Vosso nome da face da terra? Ai! Gemei, almas ferventes! Seus implacáveis inimigos estão unindo todos os filhos da ingratidão e da perfídia, para atacar as palavras daqueles lábios, que depois de vinte séculos de ignomínia, não se cansam de repetir, desde essa Hóstia uma palavra em que nos lega toda Sua alma dolorida. Recolhei-a com carinho: Tenho sede... Sede abrasadora de sentir-Me amado, sede ardente de viver vossa vida trabalhada, sede incontrolável de dar-vos paz, felicidade. E depois um Céu eterno. Tenho sede de vossas almas, sede queimante de vossas lágrimas; chorai-as em Meu peito. Almas consoladoras, Oh! dai-me de beber e, em pagamento, vos abrirei Meu lado, as fontes da vida. Amai-Me! Tenho sede! 

(Pausa) 

As almas 

Jesus, também nós, cansados na travessia do deserto, sentimos sede daquelas águas vivas que Vós nos prometeste: sede de Vós, que não será apagada senão quando vingar Vosso Reinado no triunfo de Vosso amante Coração. Não nos basta, Senhor, Vossa misericórdia. Vossos interesses são os nossos. Temos ânsias, sede de Vosso Reinado. Pedimos-Vos, pois, que cumpras conosco as promessas que fizeste a Vossa confidente Margarida, em benefício das almas que Vos adoram na formosura indizível, na ternura inefável, no amor incompreensível de Vosso Sagrado Coração. Por isto Vos suplicamos com Vossa Santa Igreja, suplicamos-Vos pela Virgem Mãe, exigimos-Vos, pela honra inviolável de Vosso nome, que estabeleças já, que apresses o Reinado de Vosso amante Coração. 

(Todos, em voz alta) 

Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

As doze promessas 

1ª. Venha, Jesus, sim, reina, antes que Satã e o mundo Vos arrebatem as consciências e profanem em Vossa ausência todos os estados da vida. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

2ª. Adianta-Vos, Jesus e triunfa nos lares. Reina neles pela paz inalterável das famílias que Vos receberam com hosanas. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

3ª. Não demores, Mestre muito amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras que só Vós podeis remediar. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 


4ª. Venha, porque és forte, Vós, o Deus das batalhas da vida; venha, mostrando-nos Vosso peito ferido, como esperança celestial, no transe da morte. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

5ª. Dê-nos o sucesso prometido em nossos trabalhos; só Vós, a inspiração e recompensa de todas as empresas. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

6ª. E Vossos prediletos, quero dizer, os pecadores, não esqueças que para eles, sobretudo, revelaste as ternuras incansáveis de Vosso amor. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

7ª. Ai, são tantos os mornos, Mestre, tantos os indiferentes a quem deves inflamar com esta admirável devoção! 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

8ª. 'Aqui está a vida', disseste-nos, mostrando-nos Vosso peito atravessado; permite, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade a que aspiramos. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

9ª. Vossa imagem foi entronizada, a pedido Vosso, em muitas casas; em nome delas, Vos suplico sigas sendo, em todas, seu amável Dono e um só Soberano. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

10ª. Põe palavras de fogo, persuasão irresistível, vencedora, naqueles sacerdotes que Vos amam e Vos pregam como São João, Vosso apóstolo pranteado. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

11ª. E a quantos propaguem esta devoção sublime, a quantos publiquem suas inefáveis maravilhas, reserva-lhes, Jesus, uma fibra de Vosso Coração, vizinha daquela em que tens gravado o nome de Vossa Mãe. 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

12ª. E por fim, Jesus, dá-nos o Céu de Vosso Coração a quantos compartilhamos Vossa agonia na Hora Santa. Por esta hora de consolo e pela Comunhão Reparadora das Primeiras Sextas-feiras, cumpre conosco Vossa promessa infalível, pedimos-Vos que na hora decisiva da morte... 
Venha a nós o Reinado de Vosso amante Coração. 

(Pausa) 

'Que Minha paz seja convosco!', almas amigas de Meu Coração, pois tive sede e Me destes de beber. Agora sim, confiado à honra de Meu Nome em vosso zelo, posso exclamar: 'Tudo está consumado'. E se algo faltar a Minha obra redentora, completa oh, Pai! o que falta à Minha Paixão com a misericórdia de Meu Coração inesgotável. Devolvo-Vos, Pai, aos que me confiaste; se algum se perdeu, não foi por falta de misericórdia. Peço-Vos, por Minha Cruz e Minha ternura, que incrementes o número dos eleitos, dos santos em Minha Igreja. Consuma Pai, a obra deste Vosso Unigênito Crucificado, glorificando-Me na terra que bebeu Meu sangue. Devolvo-Vos Minha alma e as almas isentadas, mas deixa-lhes Meu Coração, herança dos caídos, dos pobres e de quantos sentem ânsias de crescer em intimidade de amor comigo. 

(Pausa) 

As almas 

Vós o disseste, Jesus, Vosso Coração nos pertence. Consuma, pois, por Ele a Vossa obra, santificando a todos estes que têm vontade de seguir-Vos até o mesmo sacrifício. Aumenta nossa fé, aviva a esperança, com uma medida da caridade que Vos devemos. Consuma, Jesus, Vossa obra no triunfo social de Vossa santa Igreja; confunde aos poderes que a oprimem; desbarata com o Vosso sopro as hostes dos hipócritas, dos soberbos, dos impuros inimigos que a assaltam com furor; fala, Deus de luz, e retrocederão os filhos das trevas, dos erros, das perversas doutrinas; fala, Deus de amor, e será salvo Vosso Vigário; e consumada Vossa obra, do um ao outro confins da terra, será aclamada a doce e irresistível onipotência de Vosso Coração vencedor. Senhor consuma Vossa obra, aliviando os tormentos de um terrível Purgatório; piedade, Jesus, e abrevia o prazo das almas que sofrem justiceira expiação, daquelas, sobretudo, que esperam nessas chamas o orvalho de minhas preces, parentes, benfeitores e amigos, a quem devo o refrigério de meus sufrágios tão amados, benigníssimo Jesus. Vós me os arrebataste. Bendito seja! Dá-lhes Vossa paz, não queiras esquecê-los. 

(Pedi o triunfo do Coração de Jesus em sua Igreja militante e no Purgatório) 

(Pausa) 

Assim, de trevas, vestia a natureza na Hora Santa da primeira Sexta-feira Santa deste mundo. Os cânticos de Jerusalém celestial cessaram; o Céu inteiro desceu, e de joelhos, ante Jesus Hóstia, espera recolher o último gemido do Coração do Homem Deus. Almas crentes, estamos verdadeiramente no cume consagrado do Calvário: é a Hora Santa! Uma grande voz ressoa nas alturas, voz que diz: 'Em Vossas mãos, Pai, encomendo Meu espírito' E inclinando Sua cabeça destroçada, morre de amor Jesus Crucificado. Seu coração o levou à morte. Viva o Seu amante Coração, que nos levou à vida! 

As almas 

Oh, Jesus, amor de meus amores, aceita por mãos de Maria Dolorosa a oferenda de meu ser todo inteiro, de minha vida. Eu não me pertenço, Senhor, sou tudo Vosso! E nesta doação me esqueço de mim mesmo e me consagro pelo triunfo de Vosso Divino Coração. Aceita-me, Jesus, e escuta agora minha última prece: 

(Cortado) 

Quando os anjos de Vosso santuário Vos bendigam na Eucaristia de meus amores e eu me encontre na agonia, lembra-Vos do pobre servo de Vosso Divino Coração. 

Quando as almas justas da terra Vos clamam e Vos chorem, acendidas em amor e eu me encontre na agonia, suas dores e suas lágrimas são as minhas, lembra-Vos do pródigo vencido por Vosso Divino Coração. Quando Vossos sacerdotes, as virgens do templo e Vossos apóstolos Vos aclamam Soberano, pregam-Vos às almas e Vos entronizem nos povos e eu me encontre na agonia, seus ardores e seu zelo são os meus, lembra-Vos do apóstolo de Vosso Divino Coração... 

Quando a Vossa Igreja ora e geme ante o Sacrário, para incensar conVosco o mundo e eu me encontre na agonia, lembra-Vos do amigo de Vosso Divino Coração. Quando, na Hora Santa, Vossas almas pranteadas, sofrendo e reparando, façam-Vos esquecer abandonos, sacrifícios e traições e eu me encontre na agonia, seus colóquios contigo e seus holocaustos são os meus, lembra-Vos deste pobre altar e desta vítima de Vosso Divino Coração. Quando Vossa divina Mãe Vos adore na Santa Eucaristia, e repare aí os crimes inumeráveis da terra e eu me encontre na agonia, Suas adorações são as minhas, lembra-Vos do filho de Vosso Divino Coração. 

Oh, sim! Lembra-Vos desta miserável criatura que Vós tanto amaste; lembra-Vos que lhe exigiste se esquecer de si mesma por Vosso amor. Mas não, Senhor, esquece-me, se queres, com a condição que me deixes esquecido para sempre na chaga formosa de Vosso doce Coração. 

(Pausa) 

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhas dado? Despoja-me de tudo, de Vossos próprios dons, mas abisma-me nas chamas de Vosso Santo Coração. 

Que sei eu, que Vós não me tenhas ensinado? Esqueça eu a ciência da terra e da vida; mas conhecesse melhor a Vós, oh amável Coração! Que valho eu, se não estou a Vosso lado? Que mereço eu, se a Vós não estou unido? Une-me, pois, a Vós com vínculo mais forte do que a morte; renuncio a tudo pelas delícias de Vosso amor, em mudança para este outro Paraíso, o de Vosso terno Coração. E nele sepulta, sim, os erros que contra Vós cometi e castiga e vinga-Vos de todos eles, ferindo mortalmente, com dardos de acendida caridade, a quem tanto Vos ofendeu. E se Vos neguei, deixa-me reconhecer-Vos na Eucaristia em que Vós viveis; se Vos ofendi, deixa-me servir-Vos em eterna escravatura de amor eterno. Porque é mais morte do que vida a que não se consome em amar e em fazer amar Vosso esquecido, Vosso adorável, Vosso Divino Coração. Venha a nós o Vosso Reino! 

(Pausa) 

Pai Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave-Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave-Maria pedindo o Reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações. 

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino! 

Ato final de consagração 

Jesus dulcíssimo, Redentor do gênero humano, olha-nos prostrados humildemente ante Vosso altar. Somos Vossos, Vossos queremos ser, e a fim de estar mais firmemente unidos a Vós, cada um de nós se consagra espontaneamente ao Vosso Sagrado Coração. Muitos, Senhor, nunca Vos conheceram; muitos Vos eliminaram, ao quebrantar Vossos mandamentos. Compadece-Vos, Jesus, de uns e de outros, e atraia-os a todos ao Vosso Santo Coração. Seja rei, Senhor, não só dos fieis que jamais se separaram de Vós, senão também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; faz que voltem cedo à casa paterna e não que pereçam de miséria e de fome. Seja rei daqueles enganados por opiniões errôneas e desunidos pela discórdia; traga-os ao porto da verdade e à unidade da fé, para que depois não fique mais do que um só rebanho e um só pastor. Seja Rei dos que ainda seguem envolvidos nas trevas da idolatria ou das falsas religiões.

A todos dignai-Vos atraí-los à luz de Vosso Reino. Olhai, finalmente, com olhos de misericórdia, aos filhos daquele povo, que em outro tempo foi Vosso predileto; que também desça sobre eles, como batismo de redenção e vida, o sangue que reclamou um dia contra Si. Concede, Senhor, a Vossa Igreja incolumidade e liberdade segura, outorga a todos os povos a tranquilidade da ordem; faz que do um ao outro polo da terra ressoe esta só aclamação: Aclamado seja o Divino Coração, por quem atingimos a saúde; a Ele glória e honra, pelos séculos dos séculos! Assim seja. 

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. 

Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém.

(Hora Santa de Agosto, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

HORA SANTA DE SETEMBRO

 

Caía a tarde da Quinta-Feira Santa... Junto com as primeiras sombras, os horrores de uma agonia espantável inundavam já o Coração dilacerado de Jesus. O Nazareno Salvador era o Filho do Homem, tinha uma Mãe, única em Sua ternura, divina em Sua formosura! Seu carinho e olhar eram para Jesus mais que o canto dos anjos, mais que a brisa perfumada dos céus. Era Ela a bênção do Pai. E devia deixá-la, por amor aos homens!

Ó Quinta-Feira Santa, dia das despedidas supremas do Mestre! Havia chegado Sua hora: prostrado por terra, de joelhos ante a Virgem Maria, o Filho-Deus lhe pede licença para morrer, para a redenção de Seus verdugos. E entrecortada a voz pelos soluços, descansando Sua cabeça soberana sobre o peito de Sua Mãe, lhe confia Jesus Suas ovelhinhas recuperadas do rebanho. Maria O tem apertado em Seus braços, pondo a lembrança no berço de Belém, e os olhos, milagrosamente iluminados, no Calvário de amanhã.

E essa Rainha chora, ungindo a cabeça do Redentor com Suas preciosas lágrimas; chora, oferecendo ao Eterno Pai essa Vítima, o Cordeiro Imaculado; chora, bendizendo ao mundo, cujo resgate começou no casebre ditoso de Nazaré, e que terminará no dia seguinte em um cadafalso de horror, de sangue e de vergonha. Abraça, delirante de amor, ao Filho, e antes que os espinhos profanem Sua fronte, a beija em nome do céu, porque é Seu Deus; volta a beijá-lO em nome da terra, porque é Seu Rei, e pronuncia um fiat! dilacerador, onipotente... Era já a noite; Jesus confiou Sua Mãe desolada aos amigos de Betânia e aos anjos, e Se separa, levando a alma inundada numa agonia mais amarga que a morte.

(Pausa)

As almas 

Jesus sacramentado, recordai-Vos nesta hora e neste dia incomparável, Vossa primeira angústia crudelíssima: o sacrifício de Vossa Mãe, por amor ao mundo infeliz. Senhor, não somente como Deus que sois, senão como Jesus, o Filho de Maria, Vós penetrais e compreendeis a crueldade mortal das separações da Terra e a dor que provocam as ausências, as despedidas e a morte. Ah!, precisamente porque sois Jesus, viemos, pois, nos desafogar naquela primeira ferida de Vosso Coração, aberta ao Vos despedir de Maria, dolorosa como nenhuma Mãe, desde esse instante.

Vede nela, Jesus, tantas mães, tantas esposas, tantas almas que choram hoje ante o Sacrário, a ausência de seres muito queridos. Quantas chegarão amanhã, sozinhas, ante a Cruz ensanguentada. Sim, virão sozinhas, porque a desgraça, ai!, e talvez a falta de fé, tenham separados do lar ou de vossos templos um irmão, um esposo ou algum filho separados, mas não despedidos, mil vezes não, do Sacrário de Vosso Coração, que é a ressurreição dos caídos. Nele, como num cálice, vêm chorar convosco, neste Getsêmani, as angústias da ausência, muitas mães atribuladas, tantos pais cristãos, muitos irmãos desolados, que reclamam de Vosso Coração a paz, no triunfo de Vosso amor em seus lares, a paz no regresso dos pródigos, a paz na resignação pelas crueldades da morte.

Não importa que soframos nós, Mestre, aqui a Vosso lado; mas que os nossos sejam também Vossos, que Vos adorem, que Vos amem todos, como no dia sem manchas da Primeira Comunhão. Ó, doce Nazareno, recordai as aflições de Maria, ao Vos despedir dela, na Quinta-Feira Santa, não esqueçais o último abraço de Vossa Mãe, e o encargo que Vos fez de velar, com especial ternura, na Eucaristia sacrossanta, pelas mães doloridas e por todos os ausentes do lar.

(Pausa) 

(Pedi aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria que, pela mútua aflição da Quinta-Feira Santa, remediem tantas desgraças morais dos lares; neste dia em que nos obsequiou Seu Coração na Santa Eucaristia, Ele não pode nos negar essa graça).

Com o Coração dilacerado, umedecido o peito e os cabelos com as lágrimas de Sua divina Mãe, sobe Jesus a colina de Sião e chega com os Seus à sala da última Ceia de Sua vida. Está ferido de amor. O choro avermelhou Seus olhos formosíssimos, e se esforça todavia em brotar abundantemente; mas o Mestre o contém prisioneiro em Seu Coração, que já agoniza. 'E como nos houvesse amado sempre com amor sem limites, nessa hora sublime, nos amou com excesso', com delírio infinito: deliciosamente enlouquecido, por Sua própria caridade, se fez Pão, se fez Eucaristia e, indefeso, aniquilado, Se entregou na Hóstia por nós, até a consumação dos tempos: 'Venceu-Vos o amor, que é Jesus. Viva Vosso Coração Sacramentado!'.

(Pausa)

Ao recordar a dádiva por excelência do Coração de Jesus Cristo, Sua maravilhosa Eucaristia, temos exclamado, com ardor da alma: 'Viva Vosso Coração Sacramentado!'. Mas ai!, não é esse, não, o grito de um mundo que herdou a dureza de um povo deicida, e ainda a perfídia do discípulo traidor. Aí tendes a Deus Sacramentado, aí está, decepcionado com milhares de Seus redimidos. Fabricou a prisão do Sacrário, inventou o céu da Hóstia, e Seu povo Lhe pagou com o esquecimento. Seu povo fez silêncio ao redor da Arca Santa, e aí onde O vedes, almas consoladoras, aí O tendes abandonado entre as sombras desse pobre calabouço, sendo Deus, que é a bem-aventurança dos céus.

Chama, e Sua voz se perde no deserto; pede, e Seu reclamo se dissipa no silêncio; Se queixa e Seu gemido é apagado, muitas vezes, com o clamor de Seus filhos, que riem e cantam, despreocupados por completo do Cativo do altar. E o Homem-Deus conheceu esta afronta, e a saboreou em toda sua inefável amargura, ao consagrar o primeiro pão, na Quinta-Feira Santa. Ó sim, o soube, e Seu Coração não vacilou, porque esperava a vós, almas fidelíssimas, porque as via chegar com uma oração de consolo e de vitória, ante Seu altar! Digamo-la com uma só voz, e que essa oração seja a um tempo o desagravo desse ignominioso esquecimento e o pedido imperioso de uma nova época de triunfo para o Coração de Jesus - Eucaristia.

As almas

Com o íntimo fervor com que comungou São João, de Vossa mão benditíssima, e com a fé ardorosa de São Paulo, Vos suplicamos, Jesus Sacramentado, que desperteis nas almas incontáveis desejos de comungar. Conjuramo-Vos, pois, que nos escuteis:

(Todos, em voz alta)

Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Pela primeira Comunhão, distribuída a Vossos apóstolos na Ceia misteriosa da Quinta-Feira Santa...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Pelos protestos de amor e de fidelidade, de Vossos discípulos ao lhes entregar o tesouro de Vosso Sagrado Coração...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Pelo poder maravilhoso conferido aos apóstolos e pela instituição do sacerdócio para a perpetuidade dos mistérios eucarísticos...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia. 

Pela renovação, não interrompida desde então, do holocausto do Cenáculo e da Cruz, no maravilhoso Sacrifício da Missa...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Pelas inesgotáveis bondades de Vosso Coração, nas vitórias outorgadas à Vossa Igreja pelo Sacramento do altar...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia. 

Pelos prodígios incessantes de santificação, operados na recepção frequente e cotidiana do maná sacramentado...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Por Vossa residência fidelíssima de vinte séculos de Sacrário, não obstante o esquecimento, o desdém e o sacrilégio...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Pela sabedoria de Vossa Igreja, ao convidar com santa pressa à recepção frequente e diária da adorável Eucaristia...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

Pela ternura redentora que abriu aos pequeninos de um mundo que se perde, o refúgio de Vosso Coração de Vosso Santo Tabernáculo...
Reinai, Coração Divino, pela Comunhão de cada dia.

(Pausa)

(Pedi com especial fervor o triunfo do Sagrado Coração na Comunhão diária)

Ele que é Senhor do céu e soberano na Terra, é já o divino escravo dos homens; o que nos deu a vida, Se aniquilou, o que rompeu nossas correntes, as tomou para Si, e é, por amor incompreensível, prisioneiro nosso desde o Cenáculo.

Arrastando invisíveis cadeias, interna-se entre os esquecimentos do Getsêmani... e, caindo aí de joelhos, ora e começa a agonizar. Fecunda-se, nesse instante, a tempestade de todas as dores sobre Seu Coração despedaçado, e, em meio de todas as angústias, repete, entre soluços: 'Amo-os, Pai! Feri-Me, mas salvai, perdoai os humanos!'; aumentam as angústias; passaram os carrascos, os blasfemos, os insultadores de Vossa Cruz, os negadores de Vosso Evangelho e de Vosso amor. E tendes repetido: 'Amo-os, Pai!. Perdoai os humanos!'.

Passaram os apóstatas, os infelizes renegados, que pisotearam o altar em que adoraram; passaram a multidão infinita dos covardes, dos que temeram confessá-lO, dos que se envergonharam de seu Rei e Salvador, e tendes exclamado, dolorido: 'Amo-os, Pai! Perdoai os humanos!'. Passaram os perseguidores de Vossa Igreja, os que lutaram mentindo, os sedutores dos povos, os hipócritas, os soberbos; passaram os ruins, os indiferentes de consciência, a turba incontável dos gozadores que profanaram a alma num lodaçal de paixões nefandas e o divino Agonizante tem repetido: 'Amo-os, Pai! Salvai, perdoai os humanos!'. Passaram os sacerdotes tíbios e infiéis, os pais mundanos e culpáveis da perdição de seus filhos; passaram os lares com todos seus delitos, as sociedades com todas suas orgias, os povos e governantes com todas as suas insultantes rebeldias; passaram os que esbofetearam o Pontífice, Seu Vigário, e soluçando e afogando nesse lago insondável de tédios, de horrores e agonias, tendes ainda balbuciado: 'Sim, os amo, Pai, os amo! Perdoai os humanos!'

Ai, como milhares de seitas vieram, enfim, a açoitar sacrilegamente Vosso rosto e transpassar Vosso Coração; os nomes dos malditos..., daquela legião inumerável de réprobos que, ungidos por Vosso sangue e resgatados com Vossa morte, quiseram, no entanto, morrer e maldizer eternamente! Estala, então, o Coração de Jesus num soluço de dor infinita, e essa palpitação violenta rompe Suas veias. Empalidece Jesus; mas, um instante depois, Seu rosto lívido, Seus cabelos desgrenhados, todo Seu corpo estremecido está encharcado em sangue. Cai então com a face sobre o pó, exclamando: 'Pai, é aqui que vim fazer Vossa vontade; mas, se for possível, afasta de mim este cálice!' Estava prostrado por terra ainda quando ressoaram nossos nomes em seu Coração agonizante.

Nos viu, sim, nos viu a nós que estamos aqui presentes, nesta Hora doce e santa de consolo. Baixamos nós com o anjo para sustentá-lO. Sentiu que O fazíamos descansar, desfalecido, entre nossos braços, que O confortávamos com sacrifícios, com ternura, com amor da alma; e desde então nos segue olhando, através de Suas lágrimas e das grades de Seu cárcere, como os amigos, como os confidentes de Seu entristecido Coração. Esse mesmo Coração palpita aí, nessa misteriosa tumba. Calemos, e que os batimentos de Seu coração nos contem Suas aflições secretas, Seus reclamos de amor, Seu desejo de triunfo.

(Pausa)

(Consagrai-vos nesta Hora mil vezes Santa a Seu Sagrado Coração, e jurai-Lhe amor eterno, em Sua Divina Eucaristia) 

Era plena noite: 'Vamos' – disse, de pronto, Jesus despertando os Apóstolos - 'vamos, pois se aproxima o que vai Me entregar'. Um momento mais, e Seu Coração se estremeceu, cruelmente torturado, à vista de Judas, o traidor. Havia-o amado tanto! Havia-o predestinado entre milhares; o fez Seu apóstolo e sacerdote; por um vil punhado de moedas vem entregar o Salvador! Estende-lhe os braços... e aproximando-se do rosto de Jesus, onde o beijou Sua Mãe Imaculada, aí o beija Judas. Dulcíssimo, mas profundamente comovido, lhe diz Jesus: 'Amigo, com um beijo me entregas?' Ai, como não se perdeu, em tantos séculos, essa palavra de infamante reprovação! É que os traidores vivem ainda espiando Seu Mestre. Essa raça perdura, vive de Seu sangue, segue sorteando Sua túnica e negociando Seu Evangelho. E o Senhor Jesus, porque é manso e porque é eterno, cala nesse Tabernáculo, testemunha das promessas que fizeram, monumento acusador das traições.

Beijam-nO e O entregam tantos, ai! que por renegar seu Mestre, recebem postos importantes, situação e moedas vis, sempre cobiçadas. Beijam-nO com perfídia e O entregam os infelizes que se dizem desenganados de Sua doutrina salvadora e que não suportam a santidade de Seu olhar e de Sua lei. Beijam-nO e O entregam tantos tímidos, que temem aos doutores e fariseus que perseguem a esse Deus, que condena a falsidade e toda covardia. E estes Judas são refinadamente cruéis com Jesus, que se aproximam dEle com fingimento de respeito, O traem, segundo dizem, por dever iniludível de sua situação, por honradez de convicção, por delicadeza de consciência.

As almas

Ó nesta Hora Santa, sepulta no esquecimento o ultraje sangrento de tantos que se sentaram em Vosso banquete, que participaram de Vossas confidências, que foram Vossos amigos e depois Vos pospuseram à escória da Terra!

(Todos, em voz alta)

Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pela imensa dor que afligiu Vosso Coração, na traição vilã do apóstolo, que Vos entregou com um beijo de perfídia...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pela decepção sofrida na fuga vergonhosa dos onze discípulos, que haviam jurado amar-Vos até à morte...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pela amargura saboreada na tripla negação de Pedro, pelas lágrimas humildes com que reparou sua presunção e, depois, sua lamentável covardia...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pelo horrível desengano de Vosso povo, que depois de glorificar Vosso nome, aclamou Vossos carrascos e exigiu Vosso sangue...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pela aflição que sofrestes pela ingratidão daqueles que curastes em Vosso caminhos, que recolheram Vossos prodígios e se unirão, no entanto, à turba deicida...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pelo pranto que arrancou de Vossos olhos a maldição daquelas mães, cujos filhos bendissestes; pelo lodo que esses meninos lançaram em Vosso rosto...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pela profunda ferida que Vos abriu o desespero de Judas, ao desconfiar de Vossa misericórdia inesgotável...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pelas tristezas que Vos causaram as inumeráveis deserções previstas no Getsêmani, e que Vos ultrajaram, dilacerando no transcurso dos séculos, a túnica irrepartível da Vossa Igreja...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

Pela agonia mortal sofrida pelas apostasias públicas de alguns ministros de Vosso altar; por esse cruel golpe, pelos gemidos que Vos arrancaram as blasfêmias desses desditosos Judas...
Perdoai as traições, Coração Agonizante de Jesus.

(Desagravai a Jesus por tantas traições de baixo interesse e de covardia)

(Pausa)

'A quem buscais?' – disse Jesus aos soldados, dominando com majestade divina uma dor imensa – 'A Jesus de Nazaré' – contestam a uma voz, os que vinham sedentos de Seu sangue –. Um momento mais, e o dulcíssimo Mestre Se adianta, oferece as mãos, dobra Seu pescoço e cativo dos homens, lhes entrega novamente o enamorado Coração. E vós, a quem buscais, almas fervorosas, nesta noite, aqui neste Getsêmani de Seu Sacrário?

As almas 

Viemos em busca de Vós, Jesus de Nazaré, nesta hora do poder das trevas, da solidão e do pecado. Por isso temos escolhido o momento supremo de Vosso desamparo, ó Divino Agonizante do altar!, para Vos surpreender a sós e ocupar nesta Hora Santa o posto de São João e dos Anjos. Sim, eu sou Vosso proprietário. Prisioneiro desse tabernáculo e de minha alma pobrezinha, eu sou Vosso proprietário, como tenho sido tantas vezes Vosso carrasco. Deixai-nos, pois, nos aproximarmos de Vosso cárcere voluntário e permiti que beijemos Vossas correntes, que bendigamos os ditosos muros de Vosso calabouço; consenti que choremos de amor ao meditar no sublime e incomparável cativeiro do Filho de Deus vivo. Aqui já não foi um pecador que Vos entregou: foi Vosso próprio Coração, o ditoso, o amabilíssimo, culpável desta prisão de amor.

Permiti-nos, pois, Vos ressarcir agora das amarguras de Vosso cativeiro com o clamor de nossa humilde adoração. Aproximai-Vos, Jesus, das portas de Vosso cárcere e recolhe a prece de Vossos filhos fidelíssimos... nos Sacrários todos da Terra, nas Hóstias consagradas do mundo inteiro.

(Todos em voz alta)

Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

Naqueles Tabernáculos inteiramente abandonados e distantes onde ficais largos meses esquecido, entre o pó do altar...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

Naqueles inúmeros templos onde se ofende com irreverência a humilde majestade de Vosso Sacrário...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

No pavimento do Santuário, no pó do caminho, na lama, em que as mãos de um sacrílego profanaram a Hóstia consagrada...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

Nos lábios do que Vos recebe como Judas em seu coração manchado pela culpa...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

No esplendor e pompa com que a Igreja Vos louva nos cultos públicos desse sacramento do amor...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

No feliz retiro dos monastérios, no coração de Vossas esposas virgens, que cantam ao Cordeiro um hino de amor imaculado...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

Em união com todos Vossos amigos que, na adoração perpétua e na Hora Santa, vêm para reparar e para Vos visitar, ó Deus encarcerado!...
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia. 

No peito do moribundo que Vos chamou em seu socorro, nesse coração agonizante que desfalece já, ferido de morte... 
Adoramo-Vos, Coração de Jesus-Eucaristia.

(Pausa)

Não houve noite mais horrenda em suas dores que a noite da primeira Quinta-Feira Santa da Terra. Não tendes porque reconstituir a cena de vinte séculos atrás, almas fervorosas, quando aí tendes Jesus sentando sempre no banquinho dos criminosos, réu de um amor infinito. Aí O tendes, desde então, vendados os divinos olhos pelo pranto que Lhe arranca a tibieza dos bons, dos Seus; aí está, objeto incessante do desprezo dos sábios e dos honrados da Terra: aí segue sendo o ludíbrio sangrento dos que temem em Sua mesma inércia, em Seu silêncio sacramental. 'Vós, que ressuscitais dos mortos' – Lhe diz a incredulidade –'saí, se podeis, dessa tumba'; 'se sois Rei – Lhe dizem os governantes 'se é verdade que palpitas, Deus, nessa Hóstia, adivinha quem Vos feriu'. E O golpeiam com sacrílega legalidade, e profanam Seus templos, e insultam a mansidão de Seu Coração, que cala e que espera sempre perdoar.

Mas é, sobretudo, o pecado de altivez e de soberba o que mais Lhe ultraja na dulcíssima humildade de Seu Sacrário. É a rebeldia de Lúcifer, o orgulho humano, o excremento mais amargo de Seu cálice. Ó neste dia, espera de nós, com direito, um consolo de humildade. Ah!, sim, recebei-o mil vezes, Jesus Sacramentando, em paga de amor, por aquela eterna noite de sacrílega profanação de Vossa pessoa, sofrida na Quinta-Feira Santa.

(Lento e cortado)

As almas

Amamo-Vos, Jesus. Concedei-nos a glória de sermos pospostos, por Vosso entristecido Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Outorgai-nos a sorte de sermos confundidos, por Vosso amargurado Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Concedei-nos a graça de seremos desatendidos, por causa de Vosso misericordioso Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Outorgai-nos a honra imerecida de sermos enganados, por Vosso acorrentado Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Concedei-nos a recompensa de sermos desprezados, pela glória de Vosso ferido Coração...
Amamo-Vos, Jesus, outorgai-nos a distinção preciosa de sermos injuriados, pelo triunfo de Vosso Sagrado Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Concedei-nos o gozo incomparável de sermos algum dia perseguidos, pelo amor de Vosso Divino Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Outorgai-nos a coroa de sermos caluniados, no apostolado de Vosso Sagrado Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Concedei-nos a amável regalia de sermos traídos, em holocausto de Vosso Divino Coração...
Amamo-Vos, Jesus. Outorgai-nos a honra de sermos aborrecidos em união com Vosso Agonizante Coração...
Amamo-Vos, Jesus, concedei-nos o privilégio de sermos condenados pelo mundo, no obséquio de Vosso Divino Coração...
Amamo-Vos, Jesus, outorgai-nos a amargura deliciosa de sermos esquecidos, por amor a Vosso Sagrado Coração...

Se o discípulo não há de ser mais que seu Mestre, Vos suplicamos, Jesus, dai-nos a parte que nos corresponde nos vilipêndios de Vosso Coração Sacramentado. Consolai-Vos de todos eles, Mestre muito amado, pois estes Vossos amigos que, pondo em Vosso Lado ferido, uma palavra de humildade, Vos protestam que Vós sois nessa Hóstia sua única fortuna, seu único Paraíso.

(Breve pausa)

A Quinta-Feira Santa não foi senão a hora de caridade e de agonia daquele dia de séculos que viverá encarcerado nos altares, cativo dos corações, prisioneiro de nossos templos, Jesus-Eucaristia. A Quinta-Feira Santa do Cenáculo e do Getsêmani perpetua-se para glorificação de Jesus até à consumação dos tempos; este Sacramento do amor e da fé ficará conosco até que a última Hóstia se consuma no peito do último homem que agonize.

Ah!, mas esse Sol de amor, o Coração oculto no peito de Jesus e nessa Hóstia, não permaneceu sempre velado a nossos olhos, não... Incontido em Seus ardores de caridade e nos fulgores de luz misericordiosa, pela ferida do Lado nos fala desse Coração Sagrado, com gemidos de pomba e, por fim, se revela, um dia venturoso, em toda a magnificência de Seu amor. E é Ele, o Nazareno divino, é o Mestre da Judeia, apaixonado pelas almas; é o mesmo Agonizante adorável, o mesmo cativo triunfante do Getsêmani; o que aparece ante os olhos extasiados de Margarida Maria, e o que, mostrando-lhe Seu Coração envolto em chamas, lhe diz:

'Eis aqui o Coração que tem amado tanto os homens; tenho podido conter por mais tempo o amor que por eles me devora. Vede que aqui venho, pois, pedir amor por amor, coração por coração; quero trocar Minha vida por vossa vida. Estou triste se Me esquece, se Me ultraja! Quero consolo, tenho ânsias de um solene desagravo numa grande festividade a Meu Coração! Venho exigir para Ele uma homenagem, um culto vitorioso; pois por Ele tenho de reinar! Vinde acompanhar-Me na adoração reparadora; vinde converter  o mundo na Hora Santa. Ah, vinde comungar, vinde, tenho sede de ser adorado no sacramento do altar! Traze-Me as almas, muitas almas e logo, levai-Me ao seio do lar, ao Coração do que padece, ao leito do pecador empedernido e vereis as glórias e os prodígio de Meu amor. Tomai e recebei, nesta Eucaristia, Meu Divino Coração; todo Ele vos pertence; amai-O; amai-O e fazei-O reinar!'.

(Assim falou o Deus de Santa Margarida Maria, assim nos segue falando pela deliciosa chaga de Seu peito. Espera uma resposta nesta noite que, ao esfumar-se, como uma visão do céu, irá confundir-se nas horas de uma eternidade feliz). 

(Pausa)

As almas

Anjo do Gestêmani, São João e Margarida Maria, adoradores felizes do Cenáculo, Virgem Imaculada, aproximai-vos todos, velai e orai conosco, e depositai nossa última prece, não aos pés de Jesus Sacramentado, mas na ferida sangrenta do Seu Lado.

Senhor Jesus, Vós o dissestes, Vós sois Rei; para isso viestes ao mundo; para reinar, estabelecestes o sacrifício perpétuo do altar; para reinar, nos revelastes os tesouros e as aspirações de Vosso Divino Coração;não em vão nos assegurastes, Jesus, que por Ele incendiaríeis em Vosso amor o mundo infeliz. Cumpre, pois, vossas promessas; estabelece já, exigimos, o reinado de Vosso amante Coração.

(Todos em voz alta)

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração

1ª. Já, Jesus, sim, reinai imediatamente, antes que Satã e o mundo Vos arrebatem as consciência e profanem, em Vossa ausência, todos os estados da vida...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

2ª. Adiantai-Vos, Jesus, e triunfai nos lares, reinai neles pela paz inalterável prometidas aos que Vos têm recebido com hosanas...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

3ª. Não demoreis, Mestre muito amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras, que somente Vós prometestes remediar...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

4ª. Vinde, porque sois forte; Vós, o Deus das batalhas da vida; vinde, mostrai-nos Vosso peito ferido, como esperança celestial na hora da morte...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

5ª. Sede Vós o êxito prometido em nossos trabalhos; somente Vós a inspiração e recompensa em todas as empresas...
Venha a nós o reinado de vosso amante Coração.

6ª. E Vossos prediletos, quero dizer, os pecadores, não esqueceis que, para eles, sobretudo, revelastes a ternura incansável de Vosso amor.
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

7ª. Ai! São tantos os tíbios, Mestre, tantos os indiferentes, a quem deveis inflamar com esta admirável devoção..
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

8ª. 'Aqui está a vida', nos dissestes, nos mostrando Vosso peito atravessado. Permiti, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade a que aspiramos...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

9ª. Vossa imagem, a Vosso pedido, tem sido entronizada em muitas casas. Em nome delas Vos suplico que sigais sendo em todas o Soberano muito amado...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

10ª. Colocai palavras de fogo, persuasão irresistível, vencedora, naqueles sacerdotes que Vos amam e que Vos pregam como João, Vosso apóstolo amado...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

11ª. E a quantos ensinem esta devoção sublime, a quantos publiquem suas inefáveis maravilhas, reservai-lhes, Jesus, um espaço vizinho àquele em que tendes gravado o nome de Vossa Mãe...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

12ª. E, por fim, Senhor Jesus, dai-nos o céu de Vosso Coração e a quantos compartilhamos Vossa agonia na Hora Santa, por esta hora de consolo e pela Comunhão das primeiras sextas: cumpri conosco Vossa promessa infalível; Vos pedimos que, na hora decisiva da morte...
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

(Breve pausa)

E reclinados agora docemente em Vosso sagrado peito, deixai-nos dizer-Vos:

Bendizemo-Vos e amamo-Vos, Jesus, por todos os que Vos aborrecem.
Bendizemo-Vos e amamo-Vos por todos os que Vos blasfemam.
Bendizemo-Vos e amamo-Vos por todos os que Vos profanam com o sacrilégio.
Bendizemo-Vos e amamo-Vos por todos os que Vos negam neste Sacramento.
Bendizemo-Vos e amamo-Vos por todos os indiferentes que Vos esquecem.
Bendizemo-Vos e amamo-Vos por todos os bons que abusam da graça.
Bendizemo-Vos e amamo-Vos nesta Eucaristia com o Coração de Vossa divina Mãe, e com a caridade de todos os predestinados.

E se Vos negamos alguma vez, perdoai-nos, ó Deus Sacramentado e, em desagravo, deixai-nos Vos reconhecer no Sacrário em que Vós viveis. Se Vos ofendemos por fragilidade ou por malícia, deixai-nos Vos servir em eterna escravidão de amor eterno, porque é mais morte que vida a que não se consome em amar e em fazer amar Vosso amante, Vosso esquecido, Vosso Divino Coração, na Santa Eucaristia. Venha a nós o Vosso reino!

Pai-Nosso e Ave-Maria, pelas intenções particulares dos presentes.
Pai-Nosso e Ave-Maria, pelos agonizantes e pecadores.
Pai-Nosso e Ave-Maria, pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes)

Coração Divino de Jesus, venha a nós o vosso reino!

Ato final de consagração

Hosana a Vós, Jesus, hosana em reparação dos milhões de criaturas que ignoram por completo Vossa presença real nos Sacrários; em nome de todos eles Vos adoramos, Senhor, e Vos amamos com amor mais forte que a morte!

Hosana a Vós, Jesus, hosana em reparação dos que, crendo neste sublime mistério, vivem tranquilos, sem comungar jamais, desprezando o maná de Vossos altares; em nome de todos eles, Vos adoramos, Jesus, e Vos amamos com amor mais forte que a morte!

Hosana a Vós, Jesus, hosana em reparação dos que creem em Vossa Eucaristia e a profanam com horrendo sacrilégio; em nome de todos eles, Vos adoramos, Senhor, e Vos amamos com amor mais forte que a morte!

Hosana a Vós, Jesus, hosana em reparação dos que, por culpável tibieza, se afastam da mesa de comunhão e Vos recebem somente muito de vez em quando e, com receios de um temor exagerado, que Vos ofende; em nome de todos eles Vos adoramos, Senhor, e Vos amamos com amor mais forte que a morte!

Hosana a Vós, Jesus, hosana em reparação de tantos bons e piedosos, de tantos sacerdotes que poderiam ser santos unicamente dando-se generosamente à devoção de Vossa Sagrada Eucaristia, consagrando-se sem reserva a este amor dos amores, a este culto reparador, incomparável; em nome de todos eles, Vos adoramos, Senhor e Vos amamos com amor mais forte que a morte!

Ó segui, Jesus, revelando as maravilhas de Vosso Coração desde essa Hóstia! Avançai, Deus oculto e vencedor, avançai, conquistando na mesa de comunhão alma por alma, família por família, até que a Terra inteira exclame, alvoroçada: 'Louvado seja o Divino Coração em sua Eucaristia salvadora; a Ele, somente a Ele, nos altares, glória e honra pelos séculos dos séculos; venha a nós o Vosso reino!'.

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus,
composta por Santa Margarida Maria

Eu (...) vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar.

É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade!

Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como vosso escravo. Amém.

(Hora Santa de Setembro*, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

* aplicável também á Quinta-Feira Santa

HORA SANTA DE OUTUBRO


Esta é uma hora três vezes santa, pela proximidade de Jesus Cristo a nossas almas pobrezinhas. A ferida sempre aberta de Seu peito fala-Lhe da terra e O força docemente a atender, ao mesmo tempo em que os cânticos do céu, as súplicas e os gemidos sobem do desterro. Ele avança agora para o abismo de nosso nada, sedento de almas. Avancemos também nós para o abismo de Seu Coração até sucumbir ditosamente nele. Senhor Jesus, faz que compreendamos o dom inefável de Vosso Divino Coração!

(Breve Pausa)
(Pedi-Lhe a luz da fé para conhecê-lO, caridade abrasadora para amá-lO e para fazê-lO amar em Seu Sagrado Coração)

Getsêmani, o horto da agonia mortal do Mestre, não desapareceu. Perpetua-se em cada Sacrário da terra. Ele está aqui, pois, na Hóstia. Nela, Jesus agonizante sente os desfalecimentos de uma angústia suprema e de uma caridade incontrolável. Triste até a morte nesse tabernáculo, Ele anseia, oh, dulcíssima misericórdia!, encontrar uma reparação, descansar em nossos peitos e confiar-nos aí todo o tesouro de aflição e de carinho em que extravasa Seu adorável Coração. 

A terra em que agora o adoramos é terra santa. Aqui está realmente Jesus, o jovem encantador de Nazaré. Jesus, o Mestre compassivo de Tiberíades. Aqui, está Jesus, o Amigo de Betânia. Sim, aqui, a dois passos, está o amável moribundo de Getsêmani, a Vítima adorável do Calvário. Oh, noite mais formosa que a alvorada! À sua sombra, de inefável paz, São João e Santa Maria parecem aproximar-se a este altar para compartilhar conosco o segredo que, ao descansar sobre seu Coração, lhes confiou o Prisioneiro do amor. 

(Pausa) 
(Declarai-lhe em doce intimidade que o amais com toda o alma, com amor de desagravo) 

A sós com Jesus! Que delícia! A sós com Ele, compartilhando Sua solidão e Sua agonia! Mas escutai; lá fora ruge uma tormenta de ódio contra o perseguido Jesus Cristo. O eco dos séculos vai gritando ante as grades de seu cárcere, a blasfêmia horrenda do povo grita: 'És réu de morte... Crucifica-o!' Que mal nos fez esse Deus ensanguentado? Almas piedosas, que desejam consolá-lO, vede-O chegar nesta Hora Santa, pressionado sob o peso de Sua Cruz. Vem ferido na alma, percorrendo uma Via Dolorosa que parece não ter fim. Vem, mas abraçado sempre a Seu patíbulo. Ama-nos tanto! Vede-O. Chega agoniado, perdida a formosura de Seus olhos na formosura de Suas lágrimas. Vem exausto de sangue e transbordante em misericórdia Seu doce Coração. Já está aqui. Oh, mistério inefável! Se compreendêssemos o dom desta aproximação de Jesus, a graça incomparável de sua vizinhança consoladora no Sacrário. Está aí... A um passo... Ao abençoar-nos, à sombra de Sua mão nos atinge.

(Breve Pausa) 

E o que é que procura? Uma trégua às Suas dores. Quer o amor de Seus amados. Que venha então. Ah, sim! Que venha repousar nesta Hora Santa ao calor de afeto de nossas almas compassivas. Os anjos do Santuário escutam abismados uma harmonia triste e misteriosa: é como o eco, nunca apagado, de um divino lamento: o do Getsêmani. É o gemido salvador do Gólgota, que parece repercutir ao renovar-se este sacrifício incruento do altar. Desde o fundo do Sacrário, Seus lábios, encharcados na amargura de todas as ingratidões, nomeiam-nos com bênção de amor a todos os que nesta Hora Santa viemos chorar com Ele a desventura de Seu amor menosprezado. É grande, que imensa é a dor que Lhe atormenta... Mas é maior ainda, é infinito, o amor que o tortura!

Quanta dignidade a deste Salvador! Quer confiar-nos Suas tristezas; está ansioso de desafogar conosco a decepção sofrida com tantos que, tomados de favores, chamaram-se Seus discípulos, e depois O abandonaram. Mais fieis ainda do que São Pedro, que São Tiago e que São João no Horto da agonia, escutemo-IO nós, pois quer falar-nos pela ferida de Seu amante Coração. 

(Pausa mais longa) 
(Solicita com fervor e humildade a graça de escutar a voz do Senhor, que pede e que se queixa) 

(Lento)

Voz do Mestre 

Fazia tanto tempo, alma querida, que vos aguardava aqui na Hóstia para contar-vos o amor que Me devora. Abençoo-vos, porque tiveste compaixão de vosso Deus encarcerado, sumido em amarga solidão. Tinha sede de vós. Por fim vos venci. Admite vós mesmo, sim, repete-me que Meu Coração vos venceu. Assegura-Me em seguida que Me amas. Que vós também sentes sede de Mim, e sede devoradora. 

Longe de Meu lado, vós, que és pó e nada, quantas vezes riste e gozaste. Eu sem vós, Eu, vosso Deus, por recobrar-vos, deixei aos anjos, deixei aos céus, e, depois de trinta e três anos de agonia, expirei num madeiro. Rompeste um dia minhas correntes. E livre de Meus braços pela culpa, ai, como pudeste amar tão triste liberdade? Olhe as mudanças, os disfarces que na terra Me forjei para atar-Me a vosso ingrato coração. Aqui me tens, constituído Prisioneiro ditoso de vosso amor. Como me pagaste? 

Perdoo-vos; mas sereis desde hoje, em desagravo, inteira e eternamente Meu. Filho tão amado, contempla-Me traído e só, só e blasfemado, só e escarnecido, só e sempre abandonado. Como Me fere esse esquecimento, sobretudo o dos bons; como Me magoa a covardia e indiferença dos que se chamam Meus amigos! Tenho aqui o Coração que tanto amou aos homens, e dos quais é tão mal correspondido. Terá dor semelhante a Minha dor? Minha alma está triste até a morte. Acerca-vos, põe os lábios na ferida de Meu lado, e, em reparação de amor, diga que Me amas com todo vosso coração, com toda vossa alma e todas vossas forças. Dá-Me de beber vossa alma. Tenho sede de vossa felicidade.

(Cortado e muito lento) 

Chamei a vossa consciência tantas vezes por Minha graça, e emudeceste. Recordas? Perdoo vosso desdém e vosso silêncio. Esperei muito próximo de vossa alma semanas, meses, longos anos. Supliquei-vos que Me abrisses. E me recusaste... Lembras- vos? Perdoo essa cruel deslealdade. Arrojado de todas as partes, mendiguei um consolo e o albergue de vosso coração. Por respeito humano, por falta de abnegação ou por indiferença, Me negaste-o. Recordas? Esqueço essa perfídia. Quando repartias carinho a todos, pedi para Mim uma centelha desse afeto. Todas as criaturas chegam sempre a tempo, todas. E Eu, alma querida, por que só Eu chego sempre tarde? Por que Me feres? Quando e em que vos tenho contristado? Responde-Me! 

(Breve pausa) 
(Cortado)

Tive fome de dar consolo aos enfermos e aos tristes. Procurei um refúgio nas casas da dor humana. Entrei com ousadia nelas, pois sou o Deus consolador de todas as misérias. E aqui Me têm jogado com ignomínia de centenas de hospitais, da cabeceira dos anciãos e dos berços dos órfãos. Que mal vos fez Minha compaixão e Minha ternura? Oh! Vocês, filhinhos Meus, amai-Me, em reparação de tanta crueldade. Amai-Me muito. Sou Jesus... 

Tive sede de um amor sem mancha: o das flores da infância. Procurei o carinho dos meninos pois, ao baixar do Calvário de Minhas decepções, recordei os lírios e as brisas de Minha Nazaré inesquecível, quando Eu também fui Menino. Oh, dor! Escuta, alma consoladora, como os que se chamam sábios no mundo Me renegam e amaldiçoam. Que mal fiz a vossos filhos? Amai-Me, oh! Amai-Me muito. Sou Jesus... Estive ansioso de fazer-vos felizes, dando-vos a verdadeira paz, que o mundo não possui, e vos roguei que me aceitásseis, como um dos vossos, no íntimo de vosso lar. Quis constituir-Me e ser chamado o Pai, o Esposo adorado, o Irmão inseparável. 

E o lar Me despediu. Mas não irei. Ah, não! Aqui me tendes aguardando com doçura que um pesar me abra, ainda que tarde, sua porta, pois as de Meu Coração jamais se fecham. Eu sou Jesus, a paz e o amor das famílias. Deixai em Minha frente, se quereis, a coroa dos espinhos, deixai-a sangrenta e crudelíssima, mas dai-Me, vo-lo peço por Minha Mãe, dai-Me hospedagem em vossas casas, consenti que Eu reine no lar. Amai-Me na família. Sou sua vida. Amai-Me muito, porque eu sou Jesus...

(Pausa longa) 

E agora, fala-Me vós, alma ditosa; fala-Me em íntima confiança, a este Deus que é todo caridade. Eis-Me aqui, benigno e manso, sou Jesus de Nazaré. Que poderia negar-vos nesta Hora Santa, em que vieste compartilhar Meus abandonos e Minhas agonias? Aqui Me tens; entrego-vos o Coração que tanto vos amou. Não posso conter os ardores do amor que vos professo. Chama-Me, e serei mil vezes vosso. Fala-Me, sou vosso Irmão. Adora-Me, sou vosso Deus. Consola-Me, com todo o amor de vossa alma. 
Eu sou Jesus... 

(Pausa) 

(Enquanto tantos bons dormem, enquanto tantos desgraçados pecam, o Senhor Jesus segue agonizando misticamente no Sacrário. Aproximemo-nos e falemos, em doce intimidade, a Seu Coração que nos aguarda) 

(Lento e sempre cortado) 

Voz da alma 

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhas dado? O que sei eu, que Vós não me tenhas ensinado? O que valho eu, se não estou ao Vosso lado? O que mereço eu, se a Vós não estou unido? Perdoa-me os erros que contra Vós tenho cometido! Pois me criaste sem que eu o merecesse, e me redimiste sem que eu o pedisse. Muito fizeste em criar-me, Muito em redimir-me. E não será menos poderoso em perdoar-me. Pois o muito sangue que derramaste, e a acerba morte que padeceste, não foi pelos anjos que Vos adoram, senão por mim e o restante dos pecadores que Vos ofendem. Se Vos neguei, deixa-me reconhecer-Vos; se Vos injuriei, deixa-me adorar-Vos; se Vos ofendi, deixa-me servir-Vos, porque é mais morte do que vida, a que não está empregado em Vosso santo serviço. 

(Breve pausa) 

Que bem me encontro assim, reclinado maciamente no céu de Vosso peito! E este, só este, o lugar de meu descanso eterno. Este, o Tabernáculo onde escuto Vossas palavras de vida e Vossas lamentações de amor e sacrifício. Deixa de sofrer, Mestre e atende o hino de minha alma, ansiosa de confundir-se, num abraço eterno, com a Vossa; escuta-me, Jesus irmão.

(Lento) 

Coração de Jesus, dulcíssimo com os pecadores: um pecador Vos fala... 
Coração de Jesus, caminho dos extraviados: um pródigo Vos procura... 
Coração de Jesus, suavidade dos que sofrem: um desgraçado chama em Vosso santuário... 
Coração de Jesus, amigo fidelíssimo do homem, um amigo ingrato está aqui e Vos chora... 
Coração de Jesus, bonança nas contínuas vacilações da vida; uma alma combatida Vos chama em seu socorro...
Coração de Jesus, fogueira de santidade no amor, minha alma anseia saciar-se em Vós de amor e santidade... 
Coração de Jesus agonizante, esperança dos moribundos, lembra-Vos dos que nesta mesma hora lutam nas convulsões da morte...
Tem piedade dos agonizantes, os salva segundo Vossa grande misericórdia...
Envia-lhes, Senhor, o anjo de Getsêmani, e acerca a seus lábios que já não podem chamar-Vos o cálice de Vosso Coração piedoso...
Coração de Jesus, lembra-Vos dos moribundos mais desamparados! 

(Pedi pelos agonizantes) 
(Pausa) 

Vossa terna Mãe e Vossa Cruz são testemunhas desta Vossa amabilíssima palavra: 'Vim em procura dos enfermos, dos extraviados, das ovelhas perdidas de Israel'. A Virgem Maria recolheu zelosa, em beneficio dos pecadores, Vossas lágrimas de sangue. Em união, pois, com Ela, boa, misericordiosa, refúgio dos pecadores e caídos, peço-Vos por aqueles que ao ofender-Vos não sabem o que fazem. O mundo lhes condena inexorável; mas Vós, que conheceis a fraqueza humana e que lês tão adentro dessas almas infelizes, Vós, Jesus, tem piedade, tem paciência, tem perdão para com elas em Vosso amável Coração.

Peço-Vos, rogo-Vos, em nome de Vossa Eucaristia, pelos pobres pecadores. Perdoa-os, Jesus, e escreve seus nomes no livro da vida. Divino Salvador das almas, coberto de confusão me prostro em Vossa presença, e, dirigindo minha vista ao solitário Tabernáculo, sinto oprimido o coração ao ver o esquecimento em que Vos têm relegado tantos dos redimidos. Mas já que com tanta condescendência permites que nesta Hora Santa uma de Vossas lágrimas (...) às que verteu Vosso benigno Coração, rogo-Vos, Jesus, por aqueles que não rogam, louvo-Vos por tantos que Vos amaldiçoam e, com todo o ardor de minha alma, Vos clamo e Vos adoro em todos os sacrários da terra. Aceita, Senhor, o grito de expiação que um pesar sincero arranca de nossas almas afligidas. Elas vos pedem piedade; pelos meus pecados, pelos de meus pais, irmãos e amigos. 

(Todos, em voz alta) 

Piedade, ó Divino Coração! Pelas infidelidades e sacrilégios. 
Piedade, ó Divino Coração! Pelas blasfêmias e profanações dos dias santos. 
Piedade, ó Divino Coração! Pela libertinagem e os escândalos públicos. 
Piedade, ó Divino Coração! Pelos corruptores da juventude. 
Piedade, ó Divino Coração! Pela desobediência sistemática à Santa Igreja. 
Piedade, ó Divino Coração! Pelos crimes dos lares, pelas faltas dos pais e dos filhos. 
Piedade, ó Divino Coração! Pelos atentados cometidos contra o Romano Pontífice. 
Piedade, ó Divino Coração! Pelos transtornadores da ordem pública social cristã. 
Piedade, ó Divino Coração! Pelo abuso de sacramentos e o ultraje a Vosso santo Tabernáculo. 
Piedade, ó Divino Coração! Pela covardia dos ataques da imprensa, pelos maquinadores de seitas tenebrosas. 
E, por fim, Jesus, pelos bons que vacilam e pelos pecadores obstinados que resistem à Vossa graça... Piedade, ó Divino Coração! 

(Pausa) 

As doze promessas

Não nos basta, Senhor, Vossa misericórdia. Vossos interesses são os nossos, queremos Vosso Reinado. Pedimos, bom Jesus, que cumpras conosco as promessas que fizestes à Vossa confidente Margarida Maria em beneficio das almas que Vos adoram na formosura indizível, na ternura inefável, no amor incompreensível de Vosso Sagrado Coração. Por isso Vos pedimos com Vossa Santa Igreja, suplicamos-Vos pela Virgem Mãe, exigimos-Vos pela honra inviolável de Vosso nome, que estabeleças já, que apresses o reinado de Vosso amante Coração. 

(Todos, em voz alta) 

Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

1ª. Jesus, reine logo, antes que Satanás e o mundo arrebatem as consciências e profanem em Vossa ausência todos os estados da vida... 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

2ª. Jesus, triunfe nos lares, reine neles pela paz inalterável, aos que Vos receberam com hosanas... 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração.

3ª.  Não demores, Mestre muito amado, porque muitos destes padecem aflições e amarguras que só Vós prometestes remediar. 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

4ª. Vem, porque és forte. Vós, o Deus das batalhas da vida, vem ... mostrando-nos Vosso peito ferido como esperança celestial na hora da morte... 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

5ª. Seja Vós o sucesso prometido em nossos trabalhos, só Vós a inspiração e recompensa de todas as empresas. 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

6ª. E Vossos prediletos, quer dizer, os pecadores, não esqueças que para eles, sobretudo, revelaste as ternuras Incansáveis de Vosso amor.
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

7ª. São tantos os mornos, Mestre, tantos os indiferentes a quem deves inflamar com esta admirável devoção! 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

8ª. 'Aqui está a vida', disseste-nos, mostrando-nos Vosso peito atravessado. Permite, pois, que aí bebamos o fervor, a santidade, a que aspiramos. 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

9ª. Vossa imagem, a pedido Vosso, foi entronizada em muitas casas. Em nome delas Vos suplico sigas sendo, em todas, o Soberano muito amado. 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

10ª. Põe palavras de fogo, persuasões irresistíveis, vencedoras, naqueles sacerdotes que Vos amam e que Vos pregam como São João, Vosso Apóstolo amado. 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

11ª.  E a quantos ensinem esta devoção sublime, a quantos publiquem vossas inefáveis maravilhas, reserva-lhes, Jesus, uma fibra vizinha àquela em que tens gravado o nome de Vossa Mãe. 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

12ª.  E, por fim, Senhor Jesus, dá-nos o céu de Vosso Coração enquanto compartilhamos Vossa agonia na Hora Santa, por esta hora de consolo e pela Comunhão das primeiras sextas-feiras; cumpre conosco Vossa promessa infalível. Pedimos-Vos que na hora decisiva da morte... 
Venha a nós o reinado de Vosso amante Coração. 

(Pedi-lhe que cumpra suas promessas de vitória, que reine nas almas e na sociedade) 
(Pausa) 

No seio de meu lar, bom Jesus, há penas muito fundas e secretas. Se Vós reinasses entre os meus com toda a intensidade de amor que Vós mereces, ah! não haveria em minha casa tantos e tão amargos pesares! Vem, vem! Amigo de Betânia, pois em minha família há alguém que está enfermo e Vós o amais. Quando Vós estais, as mesmas penas são suaves, e ao Vosso lado, os espinhos têm bálsamo de paz. Vem, pois, e não tardeis, amigo de Betânia. Apressa-Vos, porque meu lar está ferido com a ausência de seres queridos que faltam nele: pai, mãe e irmãos, todos crescemos junto ao pé da Cruz. Ah! E depois essa mesma Cruz, por vontade do Céu, foi-nos separando do ninho santo do lar. Tende piedade desses amados ausentes, que trabalham e lutam longe da família, e talvez também longe de Vosso altar. E venha logo a nosso lado, Jesus, amigo doce de Betânia!

(Nomeai os seres queridos do lar, os pródigos por quem vos interessam) 
(Breve pausa) 

Mestre, Irmão, Amigo da alma, Jesus querido, tende misericórdia também dos meus que morreram, daqueles que foram à eternidade em seguimento Vosso. Dormem em paz porque Vos amaram, e porque Vós sois infinito em caridade. Mas, ao ir-se, deixaram-nos sombras e tristezas na alma, espinhos e uma tumba no caminho. Ah! Mas bem sei eu que em Vosso Coração amabilíssimo não pode ter separações; nele, onde está a vida, desaparece a horrível morte. Por isso, Vos peço paz sobre suas tumbas, e aos que ficamos, gemendo neste vale de lágrimas, dá-nos a resignação que levanta, o desapego da terra e o amor ao sofrimento, que nos une inseparavelmente a Vós. 

(Nomeai a vossos mortos tão queridos, inesquecíveis). 
(Pausa) 

Não fechais ainda a preciosa ferida de Vosso lado: tenho que Vos pedir, em especial, pelos que sofrem, por aqueles, Senhor Jesus, que Vos procuram com olhos cansados de chorar. Por tantos a quem a desgraça, os duelos, as decepções, a pobreza, as doenças ou suas próprias fraquezas feriram de morte. Nazareno amabilíssimo, Vós sabeis, por amarguíssima experiência, quão pulsantes são os espinhos do caminho. Consolai, pois, aos atribulados. Tende piedade dos que sofrem. 

(Pedi-lhe força de consolo nas tribulações) 

De mim não Vos falei, porque me confiais sem reservas ao Vosso Divino Coração. Vós, que tanto me amais e que és o único em compreender-me, não ireis seguramente querer esquecer-me. Oh, Jesus: escutai minha última prece, unida sempre à agonia do Vosso Coração Sacramentado! Inclinai-Vos e atendei-me benigno. 
(Cortado e lento)

Quando os anjos de Vosso Santuário Vos louvarem na Hóstia Sacrossanta e eu me encontrar na agonia... Seus louvores são os meus. Lembrai-Vos do pobre servo de Vosso Divino Coração. Quando as almas justas da terra Vos clamam acendidas em amor e eu me encontre na agonia... Seus trabalhos e suas lágrimas são as minhas. Lembrai-Vos do pródigo, resgatado por Vosso Sagrado Coração. Quando Vossos sacerdotes, as virgens do templo e Vossos apóstolos vos aclamarem Soberano, pregarem-Vos às almas e Vos entronizarem nos povos e eu me encontre na agonia..., seu zelo e seus ardores são os meus. Lembrai-Vos do apóstolo de Vosso Divino Coração. 

Quando a Igreja orar e gemer ante o altar, para redimir convosco o mundo e eu me encontre na agonia... , seu sacrifício e sua prece serão os meus. Lembrai-Vos do amigo de Vosso Sagrado Coração. Quando, na Hora Santa, Vossas almas amadas, amando e reparando, fizerem-Vos esquecer abandonos, sacrilégios e traições e eu me encontre na agonia... , seus colóquios contigo e seus consolos são os meus. Lembrai-Vos deste altar e desta vítima de Vosso Divino Coração. Quando Vossa divina Mãe Vos adorar na Sagrada Eucaristia e repare aí os crimes infinitos da Terra e eu me encontre na agonia..., Suas adorações serão as minhas. Lembrai-Vos do filho de Vosso Sagrado Coração. 

Oh, sim! Lembrai-Vos desta criatura miserável, que Vós tanto amastes... recordai que lhe exigiste que se esquecesse de si mesma por Vosso amor. Mas não, Senhor; esquecei-me se quiseres, com a condição que me deixeis esquecido para sempre na chama formosa de Vosso amante Coração. Ah! e cuidai, Jesus, do meu coração; desprendei-o de tudo afeto terreno. Velai por esta alma, encadeada deliciosamente a Vosso Sacrário, e alimentai nela o fogo santo em que Vos abrasas. Oh, abrasai-me, Senhor Jesus. Acendei-me em Vossa caridade, pois almejo amar-Vos até a paixão, até a insensatez, até o delírio, com amor mais forte do que a morte! 

(Pausa) 
(Cortado) 

Que tenho eu, Senhor Jesus, que Vós não me tenhais dado? Despojai-me de tudo, de Vossos próprios dons; mas abismai-me na fogueira de Vosso ardente Coração. O que sei eu, que Vós não me tenhais ensinado? Esqueça eu a ciência sombria da terra e da vida, e em mudança, conheça melhor a Vós, oh, amável Coração! Que valho eu, se não estou a Vosso lado? O que mereço eu, se a Vós não estou unido? Une-me, pois, a Vós, com vínculo que seja eterno. Renuncio a todas as delícias de Vosso amor, com tal de 
possuir perfeitamente este outro Paraíso, o do Vosso terno Coração. E nele sepulta, ó sim, os erros que contra Vós cometi. E castiga, e vinga-Vos de todos eles ferindo com dardo de acendida caridade ao que tanto Vos ofendeu. 

E se Vos neguei, deixai-me reconhecer-vos na Eucaristia em que Vós viveis. Se Vos ofendi, deixai-me servir-Vos em eterna escravidão de amor eterno, porque é mais morte do que vida a que não se consome em amar e em fazer amar Vosso esquecido, Vosso amoroso, Vosso divino Coração. Venha a nós Vosso reino! 

Padre Nosso e Ave-Maria pelas intenções particulares dos presentes; 
Padre Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores; 
Padre Nosso e Ave-Maria pedindo o reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino em lares, sociedades e nações. 

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino! 

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Outubro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

HORA SANTA DE NOVEMBRO


'Eis o Homem'. Tenho aqui o Homem de todas as dores, o Salvador Jesus, diante dessa Hóstia. Dobremos o joelho e O adoremos na suave e vencedora majestade desse mistério. Oh vem seguramente em nossa procura, já que no Paraíso tem legiões de anjos. Olhai-O, acercai-O como Lhe viu um dia Sua serva Margarita Maria. Vem sem fulgores de sol, sem diadema, de mãos atadas, perseguido... Traz a alma abrumada de angústias. Carregados de lágrimas os olhos. Procura um horto de paz onde orar em Sua agonia, e veio aqui, trazendo-nos uma confidência de caridade infinita, e de infinita tristeza. 

Calai, irmãos, e no silêncio da alma, esquecidos do mundo, separados por um momento dos mesquinhos interesses da terra. Ouvi ao Senhor Jesus nesta Hora Santa. Contemplai-O sob a figura dolorida, ensanguentada do Homem, tal como se apareceu em Paray-le-Monial (França) a seu primeiro apóstolo e confidente, para reclamar de Seus amigos um amoroso desagravo. 'Oh, bom Jesus: ao começar esta Hora Santa, deixa-nos beijar com delíquios de amor, com paixão da alma, com embriaguez do céu, a ferida encantadora de Vosso lado, e permiti-nos chegar, por meio desse ósculo ditoso, até o mais recôndito de Vosso divino e agonizante Coração!'

(Apresentai-Lhe o pedido íntimo que quereis fazer-Lhe nesta Hora Santa) 

Voz do Mestre 

Filhinhos Meus, quereis presentear um asilo de amor, um casaco de fidelidade a vosso Deus, perseguido pelo furacão maldito da culpa? É verdadeiro que não vês hoje em dia Meu corpo feito pedaços. Mas crede que não cessaram os crudelíssimos açoites. Não vês também que o pranto inunda Minha face. Com que furor penetram em Minha fronte os espinhos! Não está à vista o pesar mortal e a agonia do Getsêmani; Mas, ai, suas indizíveis amarguras enchem até as bordas o cálice de Meu abandonado Coração.
O pecado não dá trégua às Minhas dores. Como uma torrente de inquietude, Me persegue faz vinte séculos seguindo Meus passos, iracundo... Quer devorar a Obra de Meu sangue; Quer condenar as almas. Que pude fazer por Meu rebanho que não o tenha feito? O sacrifício do Meu corpo, da Minha alma, do Meu Coração; o holocausto do Calvário e da Eucaristia, tudo está consumado. E, contudo, a culpa avança, como hálito do inferno, penetra nas consciências, mata nelas Meu amor. E a glória de Meu nome... 

Abri-me cedo, vocês Meus amigos, abri-me o refúgio carinhoso de vossos corações. Ponde-Me ao aconchego da noite fria, escura, do pecado que envolve ao mundo. Volvei a Mim, filhinhos Meus, envolvei-Me com caridade filial os braços. Não é a recordação do Calvário o que Me fere. É o pecado de hoje que atravessa sem piedade Meu desolado Coração! Vede, estou chorando agora Minhas tristezas; estou desafogando entre vocês a tempestade das Minhas dores. E no mesmo instante, milhares de flechas se fincam na chaga sangrenta de Meu peito! Oh! dai albergue de caridade e de ternura, em vossas almas compassivas, a este Jesus, o eterno ultrajado e perseguido da culpa. 

(Pausa) 
A alma 

Jesus, Rei dos altares e Soberano das almas: vem e assenta Vossos domínios nestes corações. Não serás entre nós o hóspede, senão o Pai e o Monarca. Não o peregrino, senão o Redentor desagravado e o Senhor mil vezes abençoado. Vem... E se é constante a ofensa da culpa, mais constante ainda tem de ser a homenagem de nosso humilde desagravo. Abre Vossa prisão, Senhor Sacramentado, e que os anjos que rodeiam Vosso pobre tabernáculo se unam aos amigos leais de Vossa Eucaristia, para dizer-Vos:

(Todos em voz alta) 

Coração Santo, Vós reinarás! 
Não obstante os esforços desesperados do inferno, que almeja o infortúnio eterno das almas. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Apesar da fragilidade humana, que impele a tantos pela beira do abismo. 
Coração Santo, Vós reinarás!
Não obstante a fúria de tantos inimigos de Vossa moral intransigente e de Vossos dogmas invariáveis. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Apesar dos ataques com que a razão e as sabedorias vãs da terra se alçam para derrubar- Vos do altar. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Não obstante a licença vergonhosa, que muitos pretendem erigir em lei natural da consciência. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Apesar do artificio com que se trama noite e dia na contramão da Igreja, do lar e da infância. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Não obstante a sacrílega legalidade de tantos atentados de lesa majestade divina. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Apesar do ódio dos governantes, excitados pelo poder de Vossa humildade e de Vosso silêncio. 
Coração Santo, Vós reinarás! 
Não obstante os ataques irados da imprensa, das leis e das seitas, poderes conjurados em ruínas de Vossa glória e de Vosso reinado entre os homens. 
Coração Santo, Vós reinarás! 

(Pedi com todo fervor o reinado do Coração de Jesus) 

Voz do Mestre 

Por que, dizei-Me, confidentes muito amados, por que os filhos das trevas são com frequência mais prudentes e esforçados do que vocês, os filhos de Minha dor e da luz? Vede-os a Meus inimigos, perpetuamente afanados em isolar-Me no Sacrário, e depois, em derrubar Meu altar. Não se dão descanso no propósito de anular Minha lei, de dispersar Meu sacerdócio e de aniquilar-Me nas consciências dos homens... 

E vocês... E tantos dos Meus, que fizestes? Como não pudestes velar uma hora comigo? E por cansaço, por preocupações terrenas. Por debilidade de caráter. Por falta de amor a vosso Deus e Mestre, descansastes, enquanto Eu agonizava. Dormíeis calmos, diante o vosso Salvador agonizante e a multidão inimiga que vinha prender-Me. Não teríeis feito assim, seguramente, a vossos pais, a vossos irmãos, aos amigos íntimos de vosso coração. 

E para Mim, só para Mim, por que não tivestes fineza nem resolução no amor? Prometestes-Me generosidade. Abençoei e aceitei vossa boa vontade. E, há pouco, desfalecestes e fui esquecido. Perdoei-vos tantos desvios, esqueci tantos esquecimentos. E vocês, os de Minha casa, viveis com frequência num sopro de calma indiferença que Me magoa cruelmente. Um sonho de apatia, de egoísmo, de desamor por Minha pessoa vos prende. Levantai-vos já; acordai desta indiferença; acerca-se o inimigo que traz o ultraje para o vosso Deus, e para vocês, as correntes e a morte. Chegou a hora milagrosa de uma sincera conversão. Oh! vinde e acompanhai-Me, se preciso fora, até o Calvário! Não queirais abandonar-Me, ovelhinhas Minhas, quando ferido estais o vosso Pastor... 

(Pausa) 

A alma 

Que tenho eu, oh, Deus escarnecido, que Vós não me tenhais dado? Alentai-me, Jesus, e faz que Vos sigais, sem vacilações, nas doces exigências de Vossa graça e de Vosso amor. Que valho eu, se não estou ao Vosso lado? E porque reconheço meu nada e minha impotência, rogo-Vos não queirais deixar-me longe da Vossa mão, não consintais que me afaste por um dia do Sacrário. Perdoai-me os erros que contra Vós cometi. São tantas as fraquezas de meu coração... Perdoai-as e esquecei-as. Pois, o muito sangue que derramaste, e a acerba morte que padeceste, não foi pelos anjos que Vos aclamam, senão por mim e por tantos mornos e indolentes no exercício de Vosso amor, que Vos desolam e Vos ofendem... 

Por isso, nesta Hora Santa, ao renovar os propósitos de fervor em Vosso serviço, consenti que Vos diga com dor da alma: 'Se Vos neguei, deixai-me reconhecer-Vos; se Vos injuriei, deixai-me aclamar-Vos; se Vos ofendi, deixai-me servir-Vos, porque é mais morte do que vida a que não está empregada no santo serviço de Vossa glória e para consolo e triunfo do Vosso Divino Coração. 

(Confessai-Lhe vossa indiferença e pedi fervor perseverante em Seu serviço) 

Voz do Mestre 

Quantos sois os que velais comigo nesta Hora Santa? É verdadeiro que é grande vosso amor. Ah, sim, mas imenso, insondável é o amargo oceano de delitos e de orgias, que, nesta mesma hora, está saturando de tristeza mortal Meu Coração. Que frenesi de pecado; que desenfreio no redemoinho humano que vai passando agora mesmo ante Meus olhos! Oh, que cenas de morte, que espetáculos de inferno. Que vertigem de paixão sensual no teatro! O grande mundo aplaude e ri ante um palco onde a Mim se Me flagela... 

Se soubésseis como Me despedaça a alma dolorida a grande mentira que chamam civilização moderna. Ah, quantas festas de Meus filhos são o escárnio e o Calvário de seu Pai e Salvador! Só vocês, Meus amigos, podeis adivinhar o pesar deste agonizar perpétuo num patíbulo, levantado pelos Meus. Corno se apresentam, à  Minha vista, as grandes capitais... orgulhosas como Nínive... desavergonhadas como a Babilônia. Nelas, meu Evangelho é um exagero intolerável. 

Vocês, Meus consoladores, que penetrastes tão adentro em Minhas tristezas, ponde um bálsamo em Minha ferida. Consertai, vocês, essa embriaguez culpada e aplacai, com uma prece fervorosa, o clamor que, nesta mesma noite, em centenas de salas, de banquetes, de festas, de bailes e teatros, se levanta como um cobertor de lodo, achincalhando a santidade do Meu Evangelho e a tez imaculada da Hóstia. 

A alma 

Oh, sim, Mestre, baixeis de uma vez fogo do céu, que purifique, que perdoe e salve a milhares de infiéis, que vivem sem amor, amando loucamente a matéria e o abominável. Para tantos, que esbanjam dinheiro e juventude na dissipação de prazeres mundanos que Vos ofendem... 

(Todos, em voz alta) 

Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 
Para aqueles que labutam na tolerância aos pecados públicos e na profanação da consciência e dos sentidos... 
Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 
Para os pervertedores de almas, que na imprensa e nos livros se enriquecem, condenando os seus irmãos... 
Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 
Para aqueles que têm o tristíssimo negócio de excitar paixões na cena teatral, onde tudo é permitido, a pretexto de arte... 
Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 
Para tantos débeis que, ignorando sua consciência, cooperam sem arrependimento no escândalo social de modas e teatros... 
Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 
Para tantos que, relaxado o seu critério de cristãos, não veem mal nenhum no atropelo aos Vossos santos mandamentos... 
Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 
Para aqueles que, no trabalho, deveriam evitar ao Senhor gravíssimas ofensas e não o fazem, por timidez ou por afetação mundana...
Misericórdia, e os salve Vosso doce Coração! 

(Façamos um ato de desagravo pelos pecados públicos e sociais com que se ofende a Jesus Cristo no mundo inteiro) 

Voz do Mestre 

Povo meu, herança preciosa de Meu Coração, que te fiz? Ou em que te tenho contristado? Respondei-Me! Desde aqui na Hóstia, contemplo, noite e dia, o lar dos Meus carinhos, o acampamento de Israel de Minhas ternuras, Meus pequenos servos que Me juraram amor eterno. Desde aqui ponho os olhos no coração de Meus amigos, dos que eu quis com predileção. Desde aqui sigo os passos dos que tenho predestinados ao banquete de Meu amor e de Minha glória... 

Ai, quantos deles arrancam de Meus Olhos as lágrimas que chorei sobre Jerusalém, Minha pátria.  Quantos que foram íntimos de Minha alma são ingratos! Quantos gozam longe de Meu lado, muito longe. Os bens de talento, estimação e de fortuna com que os cumulei para fazê-los santos. Seus tronos estão colocados entre os príncipes do reino dos céus! Oh, quantos desses tronos, perdidos por ingratidão, os darei a pecadores arrependidos, que ouviram Meu chamado na agonia!

Para esquecer principalmente esse pecado, o mais amargo, para adoçar o cálice da ingratidão humana, pedi a Meu servo esta companhia deliciosa da Hora Santa; aqui se convertem em lágrimas de bênção, de amor, as que chorei no desamparo dos que eram Meus, na fuga de Meus filhos. Entre o vestíbulo e o altar, gemei, consoladores Meus. Tenho sede dos consolos que Me negam os ingratos de Minha própria casa... 

A alma 

Divino Salvador Jesus, dignai-Vos olhar com Olhos de misericórdia a Vossos filhos que, unidos por um mesmo pensamento de fé, esperança e amor, vêm deplorar ante Vosso Sacratíssimo Coração suas infidelidades e as de seus irmãos culpados. Oxalá possamos, com nossas solenes e unânimes promessas, comover esse Divino Coração e obter dele misericórdia para nós, para o mundo infeliz e criminoso e para todos aqueles que não têm a dita de Vos conhecer e amar! Sim, de hoje em adiante o prometemos todos: 

(Todos, em voz alta) 

Pelo esquecimento e ingratidão dos homens... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por Vosso desamparo no sagrado Tabernáculo... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelos crimes dos pecadores... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelo ódio dos ímpios... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelas blasfêmias que se proferem contra Vós... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelas injúrias feitas à Vossa Divindade... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelas imodéstias e irreverências cometidas em Vossa adorável presença... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelas traições de que és vítima adorável... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pela frialdade da maior parte de Vossos filhos... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelo abuso de Vossas graças... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por nossas próprias infidelidades.. 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pela incompreensível dureza de nossos corações... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por nossa tardança em amar-Vos... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por nossa indiferença em Vosso santo serviço... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pela amarga tristeza que Vos causa a perdição das almas... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelas longas esperas muito próximas de nossos corações... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Pelos amargos desprezos com que és recusado... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por Vossas queixas de amor... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por Vossas lágrimas de amor...
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por Vosso cativeiro de amor... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 
Por Vosso martírio de amor... 
Consolar-Vos-emos, Senhor. 

Oh, Jesus! Divino Salvador nosso, de cujo Coração se desprendeu esta dolorosa queixa: 'Consoladores procurei e não os achei'. Dignai-Vos aceitar o modesto tributo de nossos consolos, e assisti-nos tão eficazmente com o auxílio de Vossa divina graça, que, fugindo cada vez mais, no vindouro, de tudo o que pudesse desagradar-Vos, mostremo-nos, em toda circunstância, tempo e lugar, sermos Vossos filhos mais fiéis e obedientes. Pedimos-Vos, que, sendo Deus, viveis e reinais pelos séculos dos séculos. 

(Pedi-Lhe perdão pelos ingratos, que são tantos...) 

Voz do Mestre   

Não Me pergunteis, almas reparadoras, por que vivo perpetuamente crucificado pelas mãos de Meus escolhidos. O mundo chegou a convencer-se que mereço realmente a vergonha e a morte do patíbulo. Ai! são, em realidade, tantos os sábios, os honrados e os poderosos que repetem com cruel tranquilidade estas palavras de Meus acusadores a Pilatos: 'Se este Nazareno não for um malfeitor, não o teríamos trazido acorrentado! 

Ah, sim! E porque sou um malfeitor para a multidão, desenfreada em moral e em pensamento, condena-Me a autoridade. Porque sou um malfeitor, condena-Me os Tribunais. Porque sou um malfeitor, sou flagelado pela imprensa; tratam-Me como vilão e como louco, por decreto de Meus juízes. Entregam-Me à população, em resguardo aos interesses nacionais. Eles, dirigentes e legisladores, lavam as mãos por razões de liberdade, de civilização e de justiça; condenam-Me ao desterro e à Cruz por vias da mais estrita 'legalidade'... 

Este é o grande delito de hoje, filhos Meus: achincalhar-Me em nome da razão e do direito, proscrever-Me em nome da dignidade e por lei das nações. Sigo sendo verme e não Homem, o verme pisoteado da terra. Oh, vocês os fidelíssimos, aclamai-Me, para aplacar o grito dessa multidão que, desde as alturas, assalta o Meu trono e quer sortear, zombadora, o manto de Minha realeza, abençoai-Me com amor. 

A alma 

Acercai-Vos, dulcíssimo Mestre. E aqui, no meio dos Vossos, estreitando-Vos os Vossos filhos, recebei o diadema que quiseram arrebatar-Vos os que, sendo pó da terra, chamam-se poderosos, porque, em Vossa humildade, creem injuriar-Vos do alto... Adiantai-Vos triunfante nesta calorosa congregação de irmãos. Não apagueis as feridas de Vossos pés nem de Vossas mãos, deixai ensanguentada a Vossa cabeça. Ah, e não fechais, sobretudo, a profunda e celestial ferida de Vosso peito. Assim, Rei de sangue, assim... Jesus, o mesmo da noite horrível da Quinta-feira Santa, apresentai-Vos, descei e recolhei o hosana desta guarda de honra que vela pela glória do Coração de Cristo Jesus, seu Rei! 

(Todos, em voz alta) 


Viva Vosso Sagrado Coração! 
Os reis e dirigentes poderão conspurcar tabelas da Lei mas, ao cair do trono do comando na tumba do esquecimento, Vossos súditos seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Os legisladores dirão que Vosso Evangelho é uma ruína, e que é dever eliminá-lo em beneficio do progresso, mas, ao cair despencados na tumba do esquecimento, Vossos adoradores seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Os ricos, os altivos, os mundanos, dirão que Vossa moral é de outro tempo, que Vossas intransigências matam a liberdade da consciência, mas, ao confundir-se com as sombras da tumba do esquecimento, Vossos filhos seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Os interessados em ganhar alturas e dinheiro, vendendo falsa liberdade e grandeza às nações, chocarão com a pedra do Calvário e da Vossa Igreja. E ao se penderem aniquilados à tumba do esquecimento, Vossos apóstolos seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Os herdeiros de uma civilização materialista, longe de Deus e em oposição ao Evangelho, morrerão um dia envenenado por suas maléficas doutrinas e ao caírem na tumba do esquecimento, amaldiçoados por seus próprios filhos, Vossos consoladores seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Os fariseus, os soberbos e os impuros terão envelhecido estudando a ruína, mil vezes decretada como falsa pela Vossa Igreja. E ao se perderem, derrotados, na tumba de um eterno esquecimento, Vossos escolhidos seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Oh, sim, que viva! E ao fazer fugir dos lares, das escolas, dos povos o anjo de trevas, afundado e acorrentado eternamente nos abismos, Vossos amigos seguiremos exclamando: 
Viva Vosso Sagrado Coração! 

Voz do Mestre 

Amei-vos até o excesso de um Calvário. Chegado ao seu cume, obedeci em silêncio e Me estendi no patíbulo afrontoso. E, desde então, aí estou à mercê de todos os meus verdugos, os sacrílegos. Se tantos dizem que não estou aqui na Hóstia, por que a achincalham e Me ferem? E se creem, por que Me ultrajam neste mistério em que amo com loucura, em que perdoo com inesgotável caridade?

Oh sabei-o: Minhas lágrimas deixaram impressão de dor nos caminhos, onde fui arrastado em milhares de profanações, desde a Quinta-feira Santa. Fui pisoteado com furor; Me arrojaram, entre blasfêmias, às chamas; sepultaram-me no lodo; fui atravessado com punhais em antros onde se trama, com sigilo, na Minha objeção. Ai! paga-se vil dinheiro e não faltam Judas que comunguem, para entregar-Me, com o beijo dessa comunhão, em mãos de Meus mortais inimigos.
O incêndio criminoso abrasou Meu Sacrário. Isto, em troca de ter deixado Meu Coração entre vocês, para abrasar o mundo no incêndio da salvadora caridade. Ah, e quantas vezes os infelizes, que cobiçam o metal dourado em que Me guardo, têm salteado a prisão de Meus amores. E fui arrojado sobre o chão, sem ter uma pedra consagrada em que reclinar Minha cabeça ensanguentada! Foi esta visão de horror a que feriu Meu Coração nas angústias de Getsêmani. Vós que passais, considerai e vede se há dor semelhante a Minha dor!

A alma 

Hosana, glória a Deus nas alturas. Glória, bênção e amor só a Vós, Senhor Sacramentado, só a Vós no incompreensível aniquilamento de Vossa Santa Eucaristia! Que Vos cantem os céus, porque Vós, o Deus do Tabernáculo, és a bem-aventurança do mesmo Paraíso! Que Vos cantem, Jesus-Hóstia, os campos, os mares, as neves e as flores, panorama de beleza criado para recrear Vossos Olhos, cansados de chorar solidão e ingratidões! Que Vos cantem, doce Prisioneiro, as aves e as brisas; que Vos cantem as tempestades; que Vos engrandeçam os soluços do coração humano e suas palpitações de alegria, a Vós, o Cativo do altar. Glória a Deus nas alturas; Glória, bênção e amor a Vós, Jesus Sacramentado, só a Vós, no incompreensível aniquilamento de Vossa adorável Eucaristia! 

(Rendei-Lhe uma completa reparação de amor pelo horrendo crime do sacrilégio com 
que se Lhe fere no altar; se possível, cante-se o 'Magnificat' com a Imaculada, em 
homenagem à Divina Eucaristia) 

Voz do Mestre 

Não vos afasteis, filhos de Meu Coração, sem recolher nesta Hora Santa um desafogo de dor, que só vocês, meus fidelíssimos, sabeis compreender em toda a sua amargura. Não é a profanação deste Tabernáculo o atentado mais cruel na objeção à minha soberania conspurcada; há outro sacrário mais valioso e do que é consciente na rejeição de seu Salvador: é o coração humano. E dizer que o amo tanto... 

Como o profanam milhares de cristãos com o veneno de um amor pagão. Esse coração deveria ser o cálice de todos meus consolos; o altar redentor de um mundo, que é infeliz porque não Me amou com amor de espírito, com o casto amor de Meu Evangelho. Nesse Coração, depositei Minhas lágrimas para purificá-lo. E depois, derramando chamas de Meu inflamado Coração, ofereci-lhe meu amor para acolher as suas ânsias de amar e ser amado... 

E não lhe basta esta infinita dignação de caridade. Procura as criaturas. E a Mim Me esquecem nesse delírio de prazer, que não é nem amor, nem paz e nem vida. A Mim me deixam. E por isso, pobrezinhos, tantos sofrem, rasgada a alma, a fome insaciável das paixões vergonhosas. Os que tendes sede de amar vinde, vinde a Mim: Eu sou o amor que guarda os espinhos para si, e vos dá as suas flores. Os que sentis ânsias, necessidade de serem amados, vinde... E bebei até saciar-vos da fonte do Meu peito. Filhos Meus, dai-Me os vossos corações...
A alma 

Jesus Sacramentado, exercita em nós Vossos direitos, pois somos Vossos reparadores. Vem! Não peças, não mendigues. Vem! Toma com amabilíssima violência o que é Vosso. Toma nossos corações. Sim, são pobres. Vós sabereis enriquecê-los; damos-Vos por mãos de Vossa doce Mãe e de Vossa serva Margarita Maria. Rogamo-Vos que os aceites em demanda urgente do reinado de Vosso Coração Divino. Não queirais eliminá-los porque um dia se mancharam, quando Vós perdoais, esqueceis para sempre... 

A Igreja perseguida, nosso lar tão necessitado, os pecadores, Vosso Vigário, o Purgatório de tortura purificadora, as almas dos justos, todos, todos esperamos Vossa onipotência torrentes de graça. Ah! E em especial lembrai-Vos dos que, como São Gabriel Arcanjo, viemos dar-Vos amável refrigério em Vossa agonia. Aceita seus interesses, suas penas, suas esperanças, sua vida; depositam-no tudo na chaga-paraíso que nos descobriu o soldado. Recolhe agora, Senhor, nossa oração de despedida: 

Coração agonizante de Jesus, estas almas Vos confiam seus espinhos... 
Coração amável de Jesus, estas mães Vos confiam seus esposos e o tesouro de seus filhos... 
Coração amante de Jesus, estes peregrinos Vos confiam seu porvir e todas as suas incertezas... 
Coração dulcíssimo de Jesus, estes pródigos Vos confiam sua debilidade e seu arrependimento.. 
Coração benigno de Jesus, estes Vossos amigos Vos confiam a paz e a redenção de suas famílias... 
Coração compassivo de Jesus, estes enfermos Vos confiam as doenças secretas e íntimas da consciência... 
Coração humilde de Jesus, estes adoradores Vos confiam seus anseios veementes pelo triunfo de Vosso amor na Santa Eucaristia... 

Coração Sacramentado de Jesus, em Vós confia o mundo, que corre desolado a refugiar- se da morte aí onde uma lança abriu as fontes da vida. Vem Jesus!. Seja nosso Rei nas tentações e ciladas que açoitam as sociedades e às almas: domina o furacão desde o Sacrário. Serena o céu ameaçador, com os fulgores de paz e as ternuras de Vosso onipotente Coração. 

Pai Nosso e Ave Maria pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria pedindo o Reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações. 

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso Reino! 

Súplica final ao Sagrado Coração de Jesus 

Esconde-nos, ó doce Salvador, no Sacrário de Vosso lado, chaga acendida de puro amor, e aí estaremos seguros. Elegemos o Vosso Coração por morada, na firme confiança que ele será nossa força no combate, o amparo de nossa fraqueza, nosso guia e luz nas trevas, o reparador de todas as nossas faltas e o santificador de nossas intenções e obras. Unindo-as todas às Vossas, nós as Vos oferecemos a fim de que nos sirvam de preparação contínua para receber-Vos no Sacramento de Vosso amor. 

Para honrar Vossa condição de Vítima neste mistério da fé, vimos também oferecer-nos em qualidade de hóstias, suplicando-vos que sejais Vós mesmos o sacrificador e que nos imoles no altar de Vosso Sagrado Coração. Ah! mas como somos tão culpados, rogamos-Vos, Senhor Jesus, que possais purificar-nos e consumir-nos com as chamas do Vosso Sagrado Coração, como um holocausto perfeito de caridade e de graça, para obter uma vida nova e poder então dizer em verdade: 'Nós nada temos que seja nosso; vivos ou mortos, Jesus é nosso tudo; nossa propriedade é ser inteira e eternamente de seu Divino Coração. Que venha a nós o Vosso Reino!" 

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 

(Hora Santa de Novembro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)

 HORA SANTA DE DEZEMBRO


Aí O tendes; admirai-O com fé viva: esse é Jesus... Nessa Hóstia Divina o viu sua serva Margarida Maria. Ela ouviu sua voz arrebatadora, seus lamentos, os soluços de seu Coração, despedaçado pelos tormentos do amor e da ingratidão humana. Aí O tendes; admirai-O. Esse é Jesus, o Deus terno, doce e misericordioso de Paray-le-Monial. Transportemo-nos em espírito a este lugar humilde e misterioso, e, em companhia da predestinada Margarida Maria, com a face por terra e com a alma cheia de fervores do céu, adoremos a Jesus Cristo, que nos quer falar, nesta Hora Santa, dos anseios, das tristezas, das vitórias e das divinas promessas de seu Sagrado Coração. Aí O tendes, admirai-O com fé viva: esse é Jesus! 

(Pausa) 

(Nesta Primeira Sexta-feira, a última do ano, pedi-Lhe que perdoe muitas faltas, muitas infidelidades, muita indiferença; mas agradecei-Lhe, ao mesmo tempo, em união com Margarida Maria, as inúmeras graças com que vos acumulou seu amável Coração). 

Voz de Jesus 

Primeira Petição: a Comunhão Reparadora 

Levantai os Olhos, filhinhos Meus, e ainda que, confundidos porque sois culpados, olhai-Me sem receio; não temais, pois sou Jesus, que vos ama perdoando. Vinde, quero sentir o calor de vosso abraço; comungai, em nome de tantos que jamais comungam. Se soubésseis que desolação imensa sente Minha alma quando percorro os caminhos frequentados pelos homens, e, com a mão estendida como um mendigo, vou reclamando um coração que se nega! E volto então só com minha angústia a Meu Sacrário. E Me oculto nele, sentindo mil rejeições! Ah! Mas Meu Coração de Bom Pastor, jamais se desencanta dos homens. Saio novamente, rogo e suplico que Me ofereçam uma hospedagem. Às vezes, ao cair do dia, destroçados já Meus pés, encontro um menino, um pobre, que aceita um assento no banquete eucarístico. Almas queridas, é este desamor o que Me fere mortalmente. Quantos são os que vivem uma longa vida sem ter jamais saboreado as delícias de uma comunhão! A Hóstia é, no entanto, a herança, o céu antecipado e exclusivo dos homens.

Tenho sede de amor. Tenho sede abrasadora de ser amado neste Sacramento de amor. Tenho sede infinita de entregar-Me dia a dia a milhares de almas em Minha sacrossanta Eucaristia. Vinde, Meus preferidos, e compensai a ausência de tantos que menosprezam este dom supremo; comungai vocês com comunhão reparadora; deem vós o amor que Me negam; estreitai-Me em nome dos que fogem de Meus braços; aprisionai-Me, fazei-Me todo vosso, em desagravo da culpada ausência de inumeráveis filhos que, atordoados pelo mundo, esquecem que neste Tabernáculo está seu Deus, sob as aparências do Maná sacramentado. Mais do que vosso alento, mais do que vosso sangue, bem mais do que 
vossa alma, Eu, Jesus-Eucaristia, quero ser eternamente vosso. Oh! Vinde sem mais demora, Vinde depressa ante Meu altar e prometei-Me sempre o grande consolo da comunhão reparadora, muito frequente. Sereis insensíveis a meu amor e a meus lamentos? Filhos Meus, respondam-Me... 

(Pausa) 

(Um Deus está bebendo de nossos lábios; respondamos-Lhe com paixão da alma) 

As almas 

Como a corça sedenta procura a fonte das águas, assim, apaixonados pelo Vosso Coração, lançamo-nos a Vós, ó Fonte! Ó Vida! Ó Paraíso, Jesus-Eucaristia! Não é uma mera palavra, Senhor, não: é uma solene promessa a que fazemos nesta Hora Santa, a de viver de Eucaristia em desagravo da ausência dolorosa de tantos filhos Vossos que jamais comungam. Aceitai, pois, nossa prece e, nesse altar, sorri, consolado, ó amável Prisioneiro do Sacrário! Vem... Nós Vos Adoramos, Jesus, neste querido Sacramento. 

(Todos, em voz alta) 

Inflamai nossas almas de sede de Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de amor. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de doçura. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento santificador. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de fortaleza. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de consolo. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de divina esperança. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de vida eterna. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de suavidade infinita. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de paz inefável. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de luz. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento de celestiais delícias. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 
Vem... Adoramos-Vos, Jesus, neste Sacramento, oferenda de glória inacessível. 
Inflamai nossas almas de sede da Eucaristia. 

(Pausa) 

(Não esqueçais: o que acabamos de dizer não é uma palavra que se desvanece com o entusiasmo de um momento: é uma resolução; é uma grande promessa de comungar com suma frequência em espírito de desagravo). 

Jesus 

Segunda Petição: a Celebração de Todas as Primeiras Sextas-feiras 

Vosso amor ardoroso Me alenta. Sinto-Me reconfortado com vossa promessa, e já que ela é tão fervorosa e sincera, atendei ainda, filhos de Meu Coração, um segundo pedido de vosso Deus e Mestre. Quero que Me dediqueis um dia de especial consolo. Quero sentir-vos nele mais perto de Meu Coração Divino; em beneficio vosso, quero acumular-vos nesse dia privilegiado daquelas graças que reservo aos muito fiéis, aos muito que são Meus. Que esse dia de amor e de zelo, de reparação e de consolo, seja a primeira sexta-feira. 

Dedicai-Me este dia com especial carinho, celebrai-o em Meu louvor com particular fervor. Sim, vós todos, que Me compreendeis melhor do que o mundo. Vinde cada primeira sexta-feira à comunhão, vinde visitar-Me, com o amor dos serafins, em Minha Santa Eucaristia, e tomai aí o assento de João, Meu predileto, e falai-Me aí as palavras de Margarida Maria, Minha venturosa confidente. E depois, em silêncio, recolhidos ante o altar, procurando o calor do Meu peito, postos a alma e os lábios na ferida de Meu lado, falai-Me de tudo o que vos aflige e interessa, nomeai-Me aos que amais e que não Me amam, contai-Me vossas ambições de santidade e vossas misérias, confiai-Me vossas amarguras, dizei-Me tudo, tudo.

A primeira sexta-feira será dia de graça até a consumação dos tempos; dia de grande misericórdia.Recolhei-a superabundante para o lar querido, para os pecadores; ah! E neste dia pedi-Me especialmente pelos Meus sacerdotes e apóstolos, rogai por eles, que sejam santos e que santifiquem as almas que lhes confiei. E agora, escutai: Vou dar-vos Minha palavra em garantia de uma infinita recompensa: 'No excesso de Minha misericórdia, prometo-vos, a todos os que comungueis nove primeiras sextas-feiras consecutivas, a graça da penitência final; se isto fazeis, não morrereis em Minha desgraça, nem sem receber os Sacramentos, e, em vossa última hora, encontrareis asilo seguro em Meu Divino Coração' Que respondeis amados Meus a esta palavra que esgota a Minha onipotência, entregando-vos, para o tempo e a eternidade, meu Coração? 

(Pausa) 

(Ainda que nem no céu poderemos pagar tanta generosidade, comecemos ante o altar nossa eterna ação de graças. Falemos a Jesus com palavras de fogo) 

As almas 

Ó, Jesus, por cumprir com o dever de Vos amar, Vós nos podeis oferecer o céu, pois sois Deus. Mas nós, pobrezinhos, que podemos dar-Vos em troca de haver-nos amado gratuitamente e até o excesso da Cruz e da Eucaristia? Quem dera, Jesus, termos neste instante os incêndios de São João, de Madalena e de São Pedro; os heroísmos de holocausto de Margarida Maria, e a caridade incomparável de Vossa Mãe, para saciar- nos de amar, para enlouquecer de amar, para morrer de amor entre as chamas de Vosso 
doce e adorável Coração.

Pedi-nos, Senhor, a celebração de um dia. Quereis que consagremos em especial as primeiras sextas-feiras. Sim, Jesus, ó, sim! Todas elas serão Vossas: da alvorada até o anoitecer, em cada batida de nossos corações haverá para Vós uma palavra, um afeto, um suspiro de gratidão e de consolo. Não Vos pedimos, Mestre muito amado, senão uma graça, que sigais sendo benigno e paciente em suportar-nos, não obstante as muitas e constantes misérias de nossa vontade, tão frágil. Tende piedade, Senhor! Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 

(Todos, em voz alta) 

Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nos desmaios do coração, ao sentir que nos esfriamos em Vosso amor... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nas inevitáveis tentações em que desfalece e vacila nossa fé.. 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nas fadigas que sustentam uma vida de luta e de incessante sacrifício... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, na exasperação que produzem as grandes e cruéis dores da vida... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nos desalentos que provocam certos desenganos dolorosos e inteiramente inesperados... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, nas horas de perplexidade, na angústia de uma penosa incerteza... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, à nossa casa para suavizar pesares íntimos e desgraças que ninguém pode remediar... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando Vos chamamos, Jesus, como o Bom Samaritano, ao leito de um enfermo da alma, que precisa de Vossa grande misericórdia... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 
Quando, enfim, Vos chamamos, Jesus, em nossa última hora para dar-Vos, na Hóstia Divina, nosso último abraço na terra, vinde sem demora, trazendo-nos a vida eterna... 
Não Vos canseis de nós, ó Divino Coração! 

(Breve pausa) 

E como nos pedistes, Senhor, queremos rogar por Vossos sacerdotes, pelos ministros de Vosso altar e Vossos apóstolos. Dai-lhes, amado Salvador, a luz de uma fé muito viva. Dai a eles o dom de uma caridade sem limites. Dai a eles o tesouro de uma humildade a toda prova. Dai a eles, Jesus, resolução de santidade e paixão, zelo ardente por Vossa glória. E já que a messe é grande, aumentai, Jesus, os seguidores realmente santos do campo de Vossa Igreja, e enviai à Vossa messe operários segundo o Vosso Coração. 

(Pedi pelo Soberano Pontífice e oferecei as boas obras da Primeira Sexta-feira de manhã, em especial pela verdadeira santificação dos sacerdotes. E que siga Jesus revelando-nos os Seus desejos; Sua voz, que extasia os anjos do Santuário, assinala-nos um caminho para o Seu Coração. Ouçamo-lO! 

(Pausa) 

Jesus 

Terceira Petição: a Hora Santa 

Todos os que estais aqui, todos vós Me sois particularmente queridos. Vossas almas apaixonadas e compassivas Me ofereceram mel e néctar na hora mais horrenda e angustiante de minha Paixão: em minha agonia do Getsêmani! Eu vos vi então, entre as sombras do Horto. Vós Me amais, ó sim! Amais-Me, certamente, bem mais do que tantos outros irmãos vossos. E por isto tendes um direito maior à minha confiança: sois tão meus ao compartilhar os tédios, abandonos e as torturas de Meu Coração agonizante na Hora Santa! Que consolo imenso Eu sinto ao ver que não se perdeu no esvaziamento a súplica que fiz à minha Esposa Margarida Maria, quando lhe pedi esta hora de intimidade amorosa, em petição de meu reinado e pela conversão dos pobres pecadores! 

Fazei-Me sempre esta guarda de honra e de desagravo. Amai-Me, orai, velai comigo, lavrai meu triunfo na Hora Santa. Fazei-a sempre, fazei-a com fervor de caridade, fazei-a com amor de sacrifício. Quereis abandonar-Me na hora das traições, no momento de saborear o mais amargo de Meu cálice? Não tenho de chamar a legião dos anjos, não: quero chorar o sangue de Minhas veias, rodeado por Meus redimidos, sustentado entre os braços de Meus amigos fidelíssimos. Meu Coração ferido, Meu Coração que chora, o Coração agonizante de vosso Irmão Primogênito, é herança vossa, que não vos será jamais arrebatada, Jamais! Fazei-Me, pois, Cativo vosso na Hora Santa; encadeai-Me a vossas almas, e levai-Me prisioneiro a vossas casas. Para isso vos chamei, amados Meus; com esse objetivo chegastes ante este altar. Avançai! Eu sou Jesus de Nazaré. Aqui tendes as Minhas mãos, Meus pés... Encadeai-Me com gestos de amor. Aqui tendes, tomai Meu Coração: encerrai-o para sempre nos Vossos. E agora, consoladores Meus, que mais quereis, que mais pedis? 

(Todos respondem em voz alta)

Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Esqueceis então vossos interesses terrenos? Que quereis que vos dê, como suprema recompensa? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Não quereis bens temporários de fortuna ou de saúde? Falai-me, que pedis em troca desta Hora Santa? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Filhinhos Meus, tão amados, vossa generosidade me comove profundamente. Não temais; dizei, que posso dar-vos, que tesouro pedis em galardão por vosso generoso esquecimento de si? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Essa é, almas queridas, a linguagem dos santos. Com ela me vencestes. Falai, pois; dizei o que solicitais sem mais demora... 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Ao responder-Me assim vos abandonais sem reserva em Meus braços. Aqui tendes o Meu Coração; disponde Dele. Expressai-Lhe qual é vosso íntimo desejo... 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Mas em tantas penas e dissabores da terra, no desengano do amor das criaturas, não tendes alívio e consolo que pedir-Me? Que alívio, que bálsamo quereis que vos dê? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
E por esse grande desejo de amar-Me, por essa ânsia de dar-Me imensa glória, que pagamento antecipado de justiça Me reclamais aqui na terra? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 
Procurei consoladores e os encontrei em espírito e em verdade. Mas na hora de vossa agonia, quando estejais já por despedir-vos da terra, que Me pedis por ter consolado na Hora Santa a vosso Deus em sua agonia? 
Amar-Vos e dar-Vos glória, ó, Divino Coração! 

(Oferecei ao Sagrado Coração fazer durante toda a vossa vida o belíssimo exercício da Hora Santa, e prometei propagar esta prática salvadora) 

(Pausa) 

Jesus 

Quarta Petição: o Culto ao Seu Coração Divino 

Os inimigos vos cercam, a tempestade vos açoita com furor, filhinhos Meus, a tempestade daquele abismo em que se amaldiçoa a Mim e em que se condenam, com infortúnio eterno, os que quiseram lutar sem os auxílios de Minha graça. Ruge violento e cresce esse furacão, imerso em cólera satânica, que procura a morte das almas. Mas não temais, pois Eu venci ao mundo e o inferno. Ficai em paz. Trago-vos agora um sinal seguro de bonança. Uma certeza de vitória: Meu Coração Divino! Caí de joelhos e tremendo de amor imenso, aceitai-O primeiro. E depois adorai-O, sim, adorai-O pois é o Coração de vosso Deus e Salvador, que vos amou até a loucura do Calvário e da Hóstia.

Suas palpitações de misericórdia e de perdão são as palavras. São os gemidos com que vos suplica que O ameis acima de todas as coisas do céu e da terra. E por Sua cruz e pelos Seus espinhos que O coroa e, sobretudo, pela larga e sangrenta ferida que O tem lacerado, conjura-vos que lhe deis imensa glória. Que O façais conhecer e amar por tantos infelizes, que precisam desta fonte milagrosa de ressurreição.

(Lento e cortado) 

Vinde, pois, os desterrados de um paraíso terreno. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis a paz da alma que almejais. Vinde os enganados pelas miragens de um deserto sempre traiçoeiro. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis as santas realidades de Meu amor, que mata toda sede. Vinde os peregrinos de um caminho, rodeado de abismos de erro e de infortúnio. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis consolos e esperanças, que vos reserva um Deus, que é todo caridade. Vinde os infortunados da vida, que sois tantos, os decepcionados do dinheiro e do apreço dos homens. Não Me temais e entrai por Meu lado, onde achareis luz, calma e delícias ignoradas, no meio de todos os desânimos.

Vinde, vinde logo, Vós que tendes amargurada a alma nos prazeres envenenados da terra, não demoreis; entrai em Meu lado em plena juventude; entrai nele, no entardecer da existência; entrai, não saiais, senão na última hora da vida. E encontrareis aí, recobrando para sempre, um paraíso de eterna paz e de amor eterno. Vinde! São Longuinho (o soldado) abriu as portas de Meu Coração. Eu rasguei mais ainda essa ferida redentora. E chamo os justos, os pecadores, os ingratos, os afligidos e lhes ofereço, nessa chaga, a todos, uma mansão da felicidade eterna. Quem se consagra ao amor de Meu Coração, terá a vida! 

(Pausa) 

As almas 

Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes a vitória aos que combatessem com o lábaro de Vosso Sagrado Coração... 

(Todos, em voz alta) 

Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes a paz aos lares que entronizaram com amor a imagem de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes converter os mais empedernidos pecadores com a misteriosa força de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes santificar as almas dos bons que se consagraram com fé viva ao Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes adoçar as penas das almas afligidas que reclamassem os consolos de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai que oferecestes desfazer o gelo da indiferença religiosa, inflamando o mundo nos ardores de Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 
Piedade, Jesus! Recordai, sobretudo, que oferecestes fazer dormir entre Vossos braços, em sonho de aprazível e santa morte, os amigos, os consoladores e os apóstolos do Vosso Sagrado Coração... 
Lembrai-Vos de Vossas promessas, ó Divino Coração! 

(Se tiverdes alguma intenção particular importante e grave, apresente-a) 

Jesus 

Quinta Petição: o Estabelecimento de uma Festa Soleníssima em Honra ao Seu Sagrado Coração) 

Sabeis, filhos de Meu Coração, por que vos amo tanto e por que Me inclino, com maravilhoso transbordamento de ternura a vós? Ah! Ouvi-Me: por causa da vossa pequenez e miséria, porque a vossa orfandade, pobreza e infortúnio, devo ao vosso irmão... Jesus! O abismo do vosso nada e da vossa culpa atraiu o da Minha misericórdia, e para ele e por ele foi criado assim, de carne, como o vosso, Este Coração que é todo ternura e infinita piedade. Era preciso, pois, que os meninos, os pobres, os tristes, os desamparados, os rejeitados da terra e Este vosso Salvador tivéssemos um dia próprio, um dia grande e único, um dia de regozijos celestiais, em que celebraríamos nossa eterna união por nosso casamento eterno. 

Esse dia incomparável será a sexta-feira seguinte à oitava de Corpus, e será chamado o dia de Meu Sagrado Coração. É Minha vontade que seja esta a grande festa da terra, a festa genuína dos mortais, dos que sofrem, dos que vivem comigo no deserto: vossa festa, filhinhos Meus! Celebrai nessa sexta-feira a grande Páscoa de Minhas misericórdias; celebrai a conquista de uma terra ingrata com as lágrimas e o perdão de vosso Deus. Cantai a Mim nesse dia regozijos de alegria. Cantai a Mim, Rei amável de vossos lares. Ah, sim: cantai a Mim, triunfador da paz e da humildade pelas inesgotáveis ternuras de Meu benigno Coração! 

(Pausa) 

(Prometei celebrar, com íntimo regozijo, ante o altar e em vossos lares, como festa de família, a grande festa do Sagrado Coração) 

As almas 

Oh, sim! Jesus. Queremos cantar agora em Sião, aqui na terra, um hino de ação de graças, um cantar de Eucaristia, que os anjos não saberiam entoar a Vós, porque nem pecaram, nem sofreram. Nem jamais comungaram. Nós, os perdoados, banhados em pranto de amargura e de reconhecimento, queremos dizer-Vos, com os discípulos de Emaús, ao terminar esta Hora Santa e feliz: Ficai conosco, Coração de Jesus! 

(Todos, em voz alta) 

Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos pecadores resgatados. E quando nossa fraqueza e as tentações queiram expulsar-Vos da consciência destes filhos Vossos, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos tristes consolados. E quando o tentador de inevitáveis penas venha a ferir-nos cruelmente, com licença Vossa, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos pobres fortificados em Vossa esperança. E quando as asperezas da vida a façam cansada e muito penosa, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos desvalidos, alentados por Vossas promessas. E quando a terra nos brindar seus frutos naturais de espinhos, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos decepcionados, felizmente alumiados por Vossa graça. E quando a ingratidão nos despedaçar a alma e nos desenganar das criaturas, não nos deixe, Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, em nome de tantos caídos e enfermos, regenerados por Vossa caridade. E quando nossas fragilidades queiram arrastar-nos à morte, não nos deixe, Mestre ! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 
Obrigado, Senhor, por tantos moribundos redimidos salvos na última hora. E quando a agonia nos advirta que se aproxima à hora da justiça inexorável, ó não nos deixe, Redentor e Mestre! 
Ficai conosco, Coração de Jesus. 

Sim, ficai nesse instante de supremo pesar, quando desaparecerem todas as ilusões mentirosas da terra, ao resplendor pavoroso de um tribunal infalível e inapelável. Ah, para essa hora Vos damos procuração, Jesus, recordamo-Vos, desde agora, Vossas promessas, e Vos suplicamos que leiais nossa sentença decisiva naquele livro de amor em que escrevestes, segundo a Vossa palavra, nossos nomes; sentenciai-nos com a benignidade e a ternura de Vosso doce Coração! 

Pai Nosso e Ave Maria, pelas intenções particulares dos presentes. 
Pai Nosso e Ave Maria, pelos agonizantes e pecadores. 
Pai Nosso e Ave Maria, pedindo Reinado do Sagrado Coração mediante a Comunhão frequente e diária, a Hora Santa e a Cruzada da Entronização do Rei Divino nos lares, sociedades e nações.

(Cinco vezes) 

Coração Divino de Jesus, venha a nós o Vosso reino!

Invocação para a Agonia 


Amado e Divino Agonizante do Getsêmani, Jesus Sacramentado, tenho aqui as testemunhas fidelíssimas de Vosso pesar mortal do Horto, que vêm em demanda de uma graça suprema aos consoladores e apóstolos de Vosso entristecido Coração. Senhor, não Vos pedimos saúde, tesouros, nem uma longa vida; suplicamos-Vos que, na dor mortal da agonia, estendei-nos os braços, mostrai-nos a chaga aberta do lado e, ao morrer, nos deixeis exalar, Jesus, o último suspiro de amor, de adoração e de desagravo na ferida celestial de Vosso Sagrado Coração.

Quando nessa hora de recordações se apresente, à nossa mente, a infância, a juventude, a vida inteira com todas suas fraquezas, Jesus amado, recordai-nos Vossas promessas, assinaleis a ferida abrasadora do lado, nos revelais Vosso Coração para aquietar aos que agonizam e aos que, nesse momento decisivo, queremos uma âncora segura e desejamos abraçar Vossa Cruz, pedir-Vos perdão entre gemidos, chamar Santa Maria em nosso socorro e balbuciar Vosso nome! Se nossos lábios não puderem pronunciar Vosso Nome; Vós, Jesus, que trocastes Vossa vida por nossas vidas; Vós, que nos abraçastes na mesa da comunhão; Vós, que nos sorristes consolado na Hora Santa, aproximai-Vos dulcíssimo, oferecendo-nos a ferida abrasadora do Vosso lado, revelando-nos Vosso Coração para aquietar os que agonizamos. 

Lembrai-Vos Jesus de quanto quisemos amar-Vos e não de nossas indiferenças... 
Lembrai-Vos de quanto oramos para salvar almas para Vós, e não de nossos pecados... 
Lembrai-Vos de nossos desejos em entronizar-Vos, como Rei de amor, e não de nossas ingratidões... 
Lembrai-Vos que nossos nomes os escrevestes aí onde ninguém jamais poderá apagá- los... 

Não Vos pedimos gozos da terra, nem afagos de glória, nem amor humano. Suplicamo-Vos que, na hora mortal da agonia, mostrai-nos a chaga aberta do lado e nos deixeis, Jesus, exalar o último suspiro de amor, de adoração e de desagravo na ferida celestial de Vosso Sagrado Coração. Agora e na hora de nossa morte: Venha a nós o Vosso reino! 

Fórmula de consagração individual ao Sagrado Coração de Jesus, composta por Santa Margarida Maria 

Eu (nome) Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser senão para Vos honrar, amar e glorificar. É esta minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar. Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto do meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. 

Sede, ó coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera. Ó coração de amor! Deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade! Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos, ou se oponha à Vossa vontade. Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Suplico, por Vosso infinito amor, que meu nome seja escrito em Vosso coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. 
 (Hora Santa de Dezembro, pelo Pe. Mateo Crawley - Boevey)