sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

VERSUS: VIDA PRESENTE X VIDA ETERNA


Um homem rico perguntou ao Senhor: 'Mestre, o que devo fazer para ter a vida eterna?' (Mc 10, 17). Ele temia morrer e era forçado a morrer. Ele sabia que uma vida de dor e de tormentos não é vida, e que se lhe deveria antes dar o nome de morte. Apenas a vida eterna pode ser feliz. A saúde e a vida neste mundo não a garantem, tememos demasiado perdê-las: chamai a isto 'temer sempre' e não 'viver sempre'. Se a nossa vida não é eterna, se não satisfaz eternamente os nossos desejos, não pode ser feliz, nem sequer é vida. Quando entrarmos nessa vida, teremos a certeza de aí ficar para sempre. Teremos a certeza de possuir eternamente a verdadeira vida sem qualquer temor, pois encontrar-nos-emos naquele reino sobre o qual se diz: 'E o Seu reino não terá fim' (Lc 1, 33).
(Excertos do 'Sermão 306', Santo Agostinho)


Recordemos outra vez a lição que nos dão os santos; para eles, a verdadeira vida era a vida eterna e a vida presente não era mais que uma sombra. Para eles, a vida eterna era um livro imenso, de que a presente vida era o prefácio, a introdução. Para eles a vida eterna era a pátria verdadeira  e a vida na terra, um 'vale de lágrimas'. Alegravam-se também eles com os raios do sol; escutavam e deliciavam-se com o trinado das avezinhas; lutavam para cumprir o seu dever. Para o cumprirem tão heroicamente como o faziam, tiravam forças do pensamento da vida eterna, tinham nostalgia do Céu. A nostalgia do Céu compele a praticarmos verdadeiros heroísmos. Esta nostalgia faz-nos esquecer as lágrimas e juntar as mãos na oração, para vencermos os ímpetos da cólera, perdoando aos inimigos. Só assim podemos sorrir no meio dos sofrimentos; sabemos que todas as nossas lágrimas caem nas mãos de Deus. Estejamos certos que, por maiores que sejam as tribulações e por mais sombrio que se nos mostre o céu, a luz da vida eterna penetra através da mais escura cerração.

(Excertos da obra 'Jesus Cristo Rei', Mons. Tihamer Toth, 1956)