segunda-feira, 22 de abril de 2024

SOBRE A VIRTUDE CRISTÃ DA ESPERANÇA

Rezo para que, nesta Páscoa, o Senhor repita aos seus amigos: 'Por que estás tão deprimido, tão desanimado e por que está o teu coração perturbado?' Pois digo então a vós: Regozijai-vos porque há trevas e perseguição no mundo. Alegrai-vos porque há trevas e perseguições no mundo. Não disse o Mestre que, como o perseguiram, assim perseguiriam os seus seguidores? Teremos perdido a virtude cristã da esperança? Por que razão a nossa conduta deveria ser diferente daquela dos cristãos do primeiro século da nossa era? Também eles olhavam o mundo com desconfiança, esperando o seu fim a qualquer momento, precedido da vinda de Jesus Cristo e do julgamento. Mas aguardavam-no com coragem; procuravam as coisas mais altas com fé na Ressurreição.

Hoje, pelo contrário, há uma maioria de pessoas que procuram mais a segurança do que a felicidade na Ressurreição. Eles são, ou nós somos, como aqueles que, numa viagem marítima, se preocupam mais com o colete salva-vidas do que com a beleza do mar ou que, numa viagem aérea, se interessam mais pelo pára-quedas do que pela beleza do céu de Deus... Mas digamos com São Paulo: 'Se Cristo não ressuscitou, somos os mais miseráveis do mundo'. Como podemos acreditar que Deus reserva aos seus inimigos todas as satisfações e alegrias, e aos seus filhos todas as dores e sofrimentos? 

Estamos condenados a dependurar os braços nos salgueiros chorosos, a cantar apenas lamentações tristes, enquanto os filhos de Satanás riem e triunfam? Não! Vamos até Deus e o chamemos de 'Pai', como seus filhos por adoção, o que não é o mesmo que por escravidão. Não tenhamos medo! Estejamos plenamente convencidos de que Aquele que entrou no túmulo era a própria Verdade e que a Verdade, pisoteada, ressuscitará irresistivelmente... Que aqueles que acreditam na Ressurreição não percam o ânimo! Lembrem-se de que a Igreja, tal como Jesus, não só tem uma vida contínua, como também sobreviveu a milhares de crucificações e a outras tantas ressurreições... 

Não desanimeis! Lembrai-vos de que o vosso Rei, embora pareça ausente por vezes ao conceder ao mal as suas horas, vence sempre a competição. Dizei então como São Paulo: 'A tribulação ou a angústia? A fome, a nudez, os perigos, a perseguição, a espada? Estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as virtudes, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer criatura nos poderá separar do amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor'.

(Venerável Fulton Sheen)