A essência de nossa vida cristã é a prática recorrente da virtude da fé. Infundida pela Graça de Deus em nosso batismo, a fé de infusão em si não basta. Impõe-se transformar esta fé original na fé de adesão e de devoção. Não basta o mero conhecimento das verdades divinas ou a simples aceitação das mesmas. Os atos de fé, frequentes, maduros e convictos, pressupõem a nossa adesão interior, de todo coração e de toda alma e a sua profissão exterior, manifestação expressa dessa virtude para glória e honra de nosso Deus. A fé de adesão e a fé de profissão exige-nos superar constantemente a nossa covardia e o mero respeito humano, diante de tantas situações diárias e profissionais. Exige também a busca contínua por um conhecimento pleno da doutrina católica, à luz da maturidade de mentes adultas e cultas nas verdades divinas, desassociadas da mera contextualização infantil do primeiro catecismo ou de enlevos emotivos e superficiais. Exige ainda uma prática de vida cristã, que não se molda por modismos, nem pela tutela intelectual da razão científica (a razão deve estar a serviço da fé), nem pela banalidade dos achismos e nem pela cômoda adaptação da fé católica aos nossos interesses e gostos inconfessáveis. A fé pressupõe o conhecimento da Verdade absoluta para, assim, vivê-la em plenitude por infusão, adesão e profissão.
II - OBRAS DE PENITÊNCIA
Ao morrer na cruz, Jesus Cristo propiciou a reparação completa dos meus pecados, dos teus pecados, dos pecados de todos os homens de hoje e de todos os tempos, não uma vez, mas vezes sem conta, posto que se realizou na Crucificação a plenitude de Deus no amor à humanidade pecadora. Obra de amor e reparação mais que plena, infinita. Sendo infinita a reparação feita por Jesus Cristo, qualquer penitência humana, por maior que seja sua relevância e excepcionalidade, torna-se meramente figurativa e essencialmente insignificante. E isso se aplicaria integralmente a toda a vida ímpar de caridade de uma Madre Teresa de Calcutá, por exemplo: algo de intrínseco valor humano, mas de completa inutilidade para a glória de Deus.
Mas Deus é Deus de misericórdia e, por desígnio singular, associa a pequenez humana aos méritos infinitos de Cristo na obra da redenção. Em Cristo, o sofrimento, a doença, esta frustração momentânea, uma pequena contrariedade, tudo se faz penitência de valor infinito. Sim, de infinito valor, porque, nesta partilha, Cristo entra com o mérito infinito e nós, como membros do seu Corpo Místico, com nossas penitências claudicantes e frágeis, que se tornam, entretanto, instrumentos poderosos para a plena satisfação dos nossos pecados e dos pecados dos outros. Em Cristo e por meio Dele, a vida ímpar de caridade de uma Madre Teresa de Calcutá, por exemplo, teve um valor incalculável para a salvação de um número incontável de almas.
Ao longo de uma vida inteira, Deus espera pela sua oração, por uma obra de caridade, pela sua renúncia ao pecado, pelo sofrimento que você tanto custa a aceitar ou que se revolta por não entender. Que obra de penitência você tem a oferecer no dia de hoje para satisfação a Deus pelos seus pecados de sempre e pelos pecados dos outros?
III - POR QUE CRER EM DEUS?
Porque Deus, sendo ‘Aquele que É’, é a Primeira Causa de Tudo. E, portanto, a Causa de eu, você e outras seis bilhões de pessoas estarmos aqui e agora neste mundo. E a Causa deste mundo, e de outros tantos mundos que possam existir, e do Universo que possa abranger quantos universos você seja capaz de imaginar. A Causa Primeira é Deus, Único e Verdadeiro, Infinito e Eterno. E tais atributos são irreversivelmente óbvios para Quem é Deus, porque senão Deus não seria Deus. Porque existe a Causa das Causas, Deus é Único, Infinito e Eterno. E por que a Verdade é a Sabedoria de Deus, existe somente a Verdade em Deus e o Nada. E Deus, pela sua infinita santidade, é todo misericórdia.
Nós, pobres criaturas, criados à imagem e semelhança de Deus, também queremos ser deuses, senhores das causas passadas, donos das verdades lavradas pelo livre arbítrio. Nem Deus pode fazer o que fazem os deuses que queremos ser. Deus não pode fazer o Nada, que Dele não provém, em que Ele não atua e, assim, Deus não pode pecar. De posse do conhecimento mais ermo, envaidecidos das mais tolas crendices da ciência humana, somos capazes de adotar premissas da razão para negar a Verdade, limitar o Infinito e destituir a Causa como premissa. E, assim, negar a própria existência da Causa, da Verdade, de Deus.
Há uma relação direta entre a incredulidade do inferno e o livre pensar de que Deus é uma utopia. Incredulidade e utopia morrerão juntas na eternidade para estes crentes de suas próprias deidades, quando a Verdade Absoluta e o Nada Absoluto forem, então, as únicas causas e premissas do seu conhecimento. O que se perdeu e o que nunca será reparado. Por que se perdeu Deus Infinito, a reparação nunca acontecerá, nunca. Se não fosse infinito, o inferno não seria o Inferno.
Uma pessoa torna-se membro da Igreja quando recebe o sacramento do Batismo e somente poderá ser separado dela por cisma (negação ou contestação da autoridade papal), por heresia (negação de alguma das verdades de fé proclamadas pela Igreja) ou por excomunhão (exclusão da Igreja por manifestar matéria gravemente ofensiva à doutrina da Igreja, sem posicionamentos de arrependimento e reparação). A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, em que Cristo é a Cabeça, o Espírito Santo é a alma e cujos membros somos nós, os batizados como Filhos de Deus. Por razões de cisma, heresia e ou excomunhão, a pessoa está 'fora da Igreja' e, portanto, destituída da graça da salvação eterna.
Estas observações são particularmente relevantes neste momento, em que o bispo de Bauru/SP infligiu a pena da excomunhão a um padre de sua diocese, em face da natureza e contumácia dos graves delitos por ele cometidos, há tempos. O sacerdote, diante de pena tão terrível, diz-se sentir 'honrado' em recebê-la. Diante da imperiosa característica de contenção do escândalo que se insere tal censura, inúmeros fiéis participam da 'última missa' do sacerdote, mobilizam-se em sua defesa de formas diversas, difamam a Igreja e se sentem consternados com a 'posição radical' do bispo diocesano. Quantos pecados, quanto escândalo, quanta heresia; e quantos se condenando por meros e tresloucados apegos humanos, consumidos em erros doutrinários de gravidade extrema. A Igreja sangra sob a loucura e a insensatez dos seus próprios filhos...
X - O JUÍZO PARTICULAR E A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
IV - Questões e Respostas sobre a Sagrada Eucaristia
(tradução de Catholic Cathechism, do Rev. W. Faerber, Tan Books & Publishers, 1993)
Questão 272. O que é a Sagrada Eucaristia?
A Eucaristia é o corpo e o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo sob as aparências do pão e do vinho. Outros nomes: Santíssimo Sacramento do Altar, Ceia do Senhor, Corpus Christi, Sagrada Hóstia, Pão dos Anjos, maná dos Céus, Viático.
Questão 273. Como é que Jesus Cristo está presente na Sagrada Eucaristia?
Jesus Cristo está presente na Sagrada Eucaristia como ele está no céu. Jesus está presente realmente, não figurativamente, não como um símbolo. Ele está presente realmente, não como imagem, não como figura. Ele está presente essencialmente, como Deus e como homem.
Questão 274. Quando Jesus prometeu o Santíssimo Sacramento?
Jesus prometeu o Santíssimo Sacramento após o milagre dos pães e dos peixes: "... O pão que eu vos darei é minha carne para a salvação do mundo ...Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós... Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida" (João 6: 52, 54). Leia João 6:25-70.
Questão 275. Quando é que Jesus instituiu o Santíssimo Sacramento?
Jesus instituiu o Santíssimo Sacramento, na véspera de sua morte, na Quinta-feira Santa.
Questão 276. Como é que Jesus instituiu o Santíssimo Sacramento?
Jesus tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: "Tomai e comei, isto é o meu corpo." Ele então pegou o cálice com vinho, abençoou-o e deu-o aos discípulos, dizendo: "Bebei dele todos vós, pois isto é o meu sangue... Façam isso em memória de Mim".
Questão 277. O que aconteceu quando Jesus disse: "Este é o meu corpo", "Este é o meu sangue"?
Quando Jesus disse: "Este é o meu corpo", "Este é o meu sangue", o pão foi mudado em seu corpo, e o vinho em seu sangue. (Transubstanciação = variação de uma coisa em outra coisa).
Questão 278. Que poder que Jesus deu aos apóstolos quando Ele disse: "Fazei isto em memória de Mim"?
Quando Jesus disse: "Fazei isto em memória de Mim", Ele deu aos seus apóstolos o poder de mudar o pão e o vinho no Seu corpo e sangue. Os apóstolos foram os primeiros sacerdotes católicos.
Questão 279. Quem recebeu dos apóstolos o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo?
Os bispos e sacerdotes receberam dos apóstolos o poder de mudar o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo.
Questão 280. Quando os bispos e sacerdotes mudam o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo?
Os bispos e sacerdotes mudam o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo na Santa Missa.
Questão 281. Após a consagração, o que está sobre o altar, no lugar do pão e do vinho?
Depois da consagração, no lugar do pão e do vinho sobre o altar, está o corpo e o sangue de Jesus Cristo.
Questão 282. O que resta do pão e do vinho depois da consagração?
Somente as aparências do pão e do vinho permanecem depois da consagração.
Questão 283. O que se entende por 'aparências do pão e do vinho'?
Pelas aparências do pão e do vinho, entende-se tudo aquilo que os sentidos percebem como sendo do pão e do vinho: cor, sabor, etc.
Questão 284. Sob quantas aparências Jesus está presente na Sagrada Eucaristia?
Jesus está presente em duas aparências: pão e vinho.
Questão 285. Jesus está presente por inteiro em cada aparência?
Jesus está presente por inteiro em cada aparência.
Questão 286. Jesus está presente por inteiro em cada partícula das aparências do pão e do vinho?
Jesus está presente por inteiro em cada partícula das aparências do pão e do vinho.
Questão 287. Quanto tempo Jesus permanece presente no Santíssimo Sacramento?
Jesus permanece presente no Santíssimo Sacramento até que as aparências permaneçam.
Questão 288. O que devemos fazer estando Jesus presente no Santíssimo Sacramento?
Por Jesus estar presente no Santíssimo Sacramento, devemos prestar adoração ao Santíssimo Sacramento (Genuflexão, Hora santa, Devoção das Quarenta Horas).
Questão 289. Por que Jesus instituiu o Santíssimo Sacramento?
Jesus instituiu o Santíssimo Sacramento:
1. Para honrar a Santíssima Trindade (Missa);
2. Para ser o alimento das nossas almas (Comunhão).
V - MISERICÓRDIA E JUSTIÇA DE DEUS
Em que medidas se conciliam a misericórdia e a justiça de Deus? Sendo Deus infinitamente misericordioso, como poderia Ele permitir a perda das almas? Que justiça implica em condenar eternamente uma alma por pecados cometidos pela fragilidade humana em períodos tão curtos de tempo? Como conceber, então, a ideia do inferno? Estas questões perpassam a mente de muitíssimos cristãos e tais inquietações são legítimas na medida em que sejam aceitas como uma busca das verdades autênticas da sã doutrina católica. Tornam-se graves ofensas a Deus quando incorporadas pelo descrédito puro e simples ou pela soberba de submeter a sabedoria divina aos ditames da mera percepção humana.
Se fosse possível falar em um 'atributo maior' de Deus, este certamente seria a misericórdia. Para a salvação de uma alma, Deus faz o possível e o impossível. Se fosse possível falar em um 'atributo essencial' de Deus, este certamente seria a justiça. Deus abomina o pecado. A misericórdia de Deus não tem os laivos da compaixão humana; a justiça de Deus não se pauta por provas e contraprovas, mas de toda a Verdade que habita o coração humano. A misericórdia de Deus é a medida infinita de Sua justiça. A justiça de Deus é a medida infinita de Sua misericórdia.
Se Deus pudesse ser 'mais infinito" em misericórdia do que em justiça, ele seria consequentemente 'menos infinito' em Sua justiça em relação à Sua misericórdia e, assim, não seria Deus, que é infinito em todos os seus atributos. Em Deus, a misericórdia e a justiça são infinitas e, mais ainda, infinitamente conciliáveis porque temperadas pela infinita sabedoria do Criador. O Infinito não tem mais nem menos, não tem caráter relativo em instância alguma. Em Deus, somente age e atua o Absoluto em tudo e em todos.
Se fosse possível falar em um 'atributo maior' de Deus, este certamente seria a misericórdia. Para a salvação de uma alma, Deus faz o possível e o impossível. Se fosse possível falar em um 'atributo essencial' de Deus, este certamente seria a justiça. Deus abomina o pecado. A misericórdia de Deus não tem os laivos da compaixão humana; a justiça de Deus não se pauta por provas e contraprovas, mas de toda a Verdade que habita o coração humano. A misericórdia de Deus é a medida infinita de Sua justiça. A justiça de Deus é a medida infinita de Sua misericórdia.
Se Deus pudesse ser 'mais infinito" em misericórdia do que em justiça, ele seria consequentemente 'menos infinito' em Sua justiça em relação à Sua misericórdia e, assim, não seria Deus, que é infinito em todos os seus atributos. Em Deus, a misericórdia e a justiça são infinitas e, mais ainda, infinitamente conciliáveis porque temperadas pela infinita sabedoria do Criador. O Infinito não tem mais nem menos, não tem caráter relativo em instância alguma. Em Deus, somente age e atua o Absoluto em tudo e em todos.
À condição humana do pecado, insere-se o domínio do livre arbítrio. O caráter relativo da condição humana é expresso pela capacidade de cada homem optar livremente pelas consequências de suas ações e omissões. O livre arbítrio pode ser espada ou escudo, pode ser caminho ou atalho, pode ser luz ou trevas. A escolha é intrinsecamente pessoal. Tais escolhas são confrontadas a cada dia com uma superabundância de graças e misericórdias dos céus, muito mais do que podemos imaginar, muito além do que seria inconcebível aos limites da compaixão e da caridade humanas. Tais escolhas, incensadas pelo nosso sim ou não à infinita misericórdia de Deus durante toda a nossa vida, serão, ao final de nossa peregrinação terrestre, medidas, provadas e ponderadas no cadinho da justiça infinita de Deus.
Uma vez perpassado o Juízo Particular, perpassam igualmente os atributos da misericórdia e da justiça de Deus à nossa condição humana. Não há mais a mobilidade do livre arbítrio, nem a mobilidade das graças, não há mais tempo para nada, apenas o SIM ou o NÃO definitivos, irremediáveis, eternos. A alma humana, então, se une ou se separa definitivamente de Deus no minuto inicial da eternidade. Para o Céu ou para o Inferno, para todo o sempre.
Uma vez perpassado o Juízo Particular, perpassam igualmente os atributos da misericórdia e da justiça de Deus à nossa condição humana. Não há mais a mobilidade do livre arbítrio, nem a mobilidade das graças, não há mais tempo para nada, apenas o SIM ou o NÃO definitivos, irremediáveis, eternos. A alma humana, então, se une ou se separa definitivamente de Deus no minuto inicial da eternidade. Para o Céu ou para o Inferno, para todo o sempre.
VI - Questões e Respostas sobre a Santa Missa
(tradução de Catholic Cathechism, do Rev. W. Faerber, Tan Books & Publishers, 1993)
Definição: A Missa é o sacrifício perfeito do Novo Testamento em que Jesus Cristo se oferece à Santíssima Trindade sob as aparências do pão e do vinho. A Missa é um sacrifício de adoração, agradecimento, expiação e petição.
290. O que é um sacrifício?
Um sacrifício é um dom visível oferecido a Deus.
291. Por que o sacrifício é oferecido?
O sacrifício é oferecido para adorar, agradecer, suplicar as graças e reparar a Deus pelos nossos pecados.
292. O que é necessário para um sacrifício?
Para um sacrifício é requerido:
(i) um presente visível (vítima, hóstia);
(ii) um sacerdote;
(iii) um altar.
293. Qual é o sacrifício perfeito?
O sacrifício perfeito é o sacrifício de Jesus na cruz.
‘De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição, e para sempre, os que Ele santifica’ (Heb 10, 14).
294. O sacrifício da cruz ainda é oferecido?
O sacrifício da cruz é ainda oferecido em cada Missa.
‘Do levantar ao pôr do sol, meu nome será grande entre as nações, e em todo lugar será oferecido ao meu Nome um sacrifício e uma oferenda pura.’ (Mal. 1, 11).
295. Como Jesus se oferece na Missa?
Jesus se oferece na Missa como sacrifício incruento à Santíssima Trindade.
296. Quando Jesus instituiu o santo sacrifício da Missa?
Jesus instituiu o santo sacrifício da Missa na Última Ceia. ‘Fazei isto em memória de mim’ (Lucas 22,19).
297. Quem é o sacerdote real na Santa Missa?
O sacerdote real na Santa Missa é Jesus Cristo.
298. Como a Missa é dividida?
A Missa é dividida em:
(i) parte de preparação e instrução (missa dos catecúmenos);
(ii) parte do sacrifício (Missa dos fiéis).
299. Quais são as partes principais da Missa?
As partes principais da Missa são:
(i) o ofertório
(ii) a consagração
(iii) a comunhão.
300. Quem são aqueles especialmente beneficiados pela Santa Missa?
São especialmente beneficiados pela Santa Missa:
(i) o sacerdote que celebra a Missa;
(ii) aqueles para os quais a Missa é oferecida;
(iii) todos os que participam da Missa.
301. Por que a Missa é oferecida?
A Missa é oferecida:
(i) para se honrar a Santíssima Trindade;
(ii) para se distribuir as graças obtidas por Cristo na Sua morte na cruz.
VII - Questões e Respostas sobre a Sagrada Comunhão
(tradução de Catholic Cathechism, do Rev. W. Faerber, Tan Books & Publishers, 1993)
302. Quais são os efeitos da Sagrada Comunhão?
Os efeitos da Sagrada Comunhão são:
1. unir-nos mais intimamente com Cristo;
2. aumentar a graça santificante em nós;
3. enfraquecer nossas más inclinações;
4.fortalecer-nos na prática de todas as virtudes;
5. purificar-nos de nossos pecados veniais;
6. preservar-nos dos pecados mortais;
7. dar-nos um penhor (garantia) da vida eterna.
"Aquele que come a minha carne e bebe o Meu sangue, permanece em mim e eu nele" (Jo 6: 57). "Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6: 55).
303. Como devemos receber a Sagrada Eucaristia para obter as graças deste sacramento?
Para obter as graças deste sacramento, devemos receber a Sagrada Eucaristia dignamente.
304. Quem recebe a Eucaristia dignamente?
Recebe a Eucaristia dignamente aquele que a recebe no estado de graça santificante. Os pecados veniais não nos tornam indignos de receber a Santa Comunhão, mas diminuem as graças recebidas.
305. Quem recebe a Eucaristia indignamente?
Recebe a Sagrada Eucaristia indignamente quem, de forma consciente, a recebe em estado de pecado mortal.
306. Por que uma comunhão indigna constitui um crime terrível?
Uma Comunhão indigna constitui um crime terrível, porque é um sacrilégio terrível.
"Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor" (I Cor.11:27)... "Pois aquele que come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação" (I Cor. 11: 29).
307. Quantas vezes devemos receber a Santa Eucaristia?
Devemos receber a Santa Eucaristia com freqüência. A Igreja recomenda a comunhão diária. Para receber a comunhão diária há dois requisitos:
1. estar-se livre de pecado mortal;
2. possuir uma reta intenção.
308. Como devemos nos preparar para a Sagrada Comunhão?
Para se preparar para a Santa Comunhão, devemos:
1. fazer uma boa confissão para purificar-nos de todo pecado mortal;
2. estar em jejum, ou seja, não fazer usos de alimentos ou bebidas durante uma hora antes da comunhão, à exceção de água que pode ser tomada em qualquer momento.
"Cada um examine a si mesmo antes de comer deste pão e beber desse cálice" (I Cor.11:28).
VIII - O SACRAMENTO DO BATISMO
Nascemos com a plenitude da natureza humana e com uma alma sobrenaturalmente morta. Herança do pecado original, primeiro pecado da humanidade, pecado primeiro de Adão. E pecado gravíssimo, pois apagou na alma do primeiro homem a graça santificante, ou seja, a presença viva de Deus na alma humana. E como Adão era o todo o gênero humano naquele evento crucial, as consequências do pecado original foram incondicionalmente herdados por todos os seus descendentes, por toda a humanidade, até o último homem sobre a face da terra.
Esta herança perdida no primeiro homem, pode ser restaurada por completo em qualquer outro ser humano por meio do sacramento do batismo instituído por Jesus. O batismo concede-nos a primeira graça santificante, perdoa-nos o pecado original (e todos os demais pecados porventura existentes), redime toda a pena associada a todos os pecados existentes e cometidos, torna-nos cristãos, membros da Igreja, herdeiros do céu e passíveis de receber todos os demais sacramentos. Com o batismo, não somos mais peregrinos da terra a caminho do céu; somos bem mais do que isso: somos do céu e ainda estamos cristãos no mundo.
O batismo nos reveste de Cristo, ou seja, torna-nos co-participantes com Cristo de toda as graças divinas e, somente pelo batismo, podemos ser herdeiros com Cristo na vida eterna. Nas palavras de Jesus: 'Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo. Aquele, porém, que não crer, será condenado' (Mc 16, 15-16). Portanto, o batismo não apenas nos inclui, de forma definitiva e absoluta, na vida espiritual, mas nos contempla com contínuas e incessantes graças e privilégios espirituais para a consumação plena de nossa santificação. O batismo é a forja que nos torna filhos de Deus.
IX - A EXCOMUNHÃO
Uma pessoa torna-se membro da Igreja quando recebe o sacramento do Batismo e somente poderá ser separado dela por cisma (negação ou contestação da autoridade papal), por heresia (negação de alguma das verdades de fé proclamadas pela Igreja) ou por excomunhão (exclusão da Igreja por manifestar matéria gravemente ofensiva à doutrina da Igreja, sem posicionamentos de arrependimento e reparação). A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, em que Cristo é a Cabeça, o Espírito Santo é a alma e cujos membros somos nós, os batizados como Filhos de Deus. Por razões de cisma, heresia e ou excomunhão, a pessoa está 'fora da Igreja' e, portanto, destituída da graça da salvação eterna.
A excomunhão, prevista no Direito Canônico, constitui uma pena de caráter medicinal ou de censura imposta pela Igreja, relacionada à pronta suspeição e interdição de um delito ou pecado de extrema gravidade, cometido por uma ou mais pessoas batizadas, bem como à mitigação do escândalo correspondente e à imediata e contundente correção do responsável (ou responsáveis) pelo fato cometido. Além do fato consumado, a imposição da pena da excomunhão implica necessariamente a natureza contumaz dos delitos praticados. Assim, impõe-se sempre que o rito da excomunhão seja precedido pela advertência formal feita por autoridade constituída da Igreja, pela oportunidade ampla de reparação, pelo pleno conhecimento dado ao delituoso da gravidade dos fatos cometidos, bem como da imperiosa necessidade da retratação e de arrependimento pelos atos cometidos. É na contumácia (obstinação) dos fatos e ações delituosas cometidas pela pessoa que se impõe à mesma a validade da censura gravíssima da excomunhão.
A excomunhão pode ser imposta latae sententiae (aplicável a partir do momento em que o delito foi cometido) ou ferendae sententiae (aplicável à pessoa a partir do momento em que foi imposta). No primeiro caso, incorrem todos aqueles que, por exemplo, participam voluntariamente de um aborto e a excomunhão resulta automática no próprio fato de se cometer tal delito (embora, em alguns casos e por razões que se impuserem oportunas, tais excomunhões possam ser também declaradas formalmente). No segundo caso, ao contrário, a excomunhão exige a caracterização formal do delito por meio de um decreto do bispo diocesano ou por sentença judicial (cf. cânon 1341 e seguintes).
A excomunhão não caracteriza uma expulsão da Igreja, simplesmente porque esta ação não pode apagar o elo batismal que nos uniram indelevelmente, um dia, à Santa Igreja. Um excomungado está separado, mas não expulso da Igreja e, embora passe a ser réu de inúmeras proibições (ver restrições impostas pelo cânon 1331, dadas abaixo) e, por esta razão, continua sujeito igualmente às leis da Igreja (um católico excomungado comete pecado mortal ao cometer adultério, como qualquer outro católico). E, é sempre bom lembrar, a excomunhão poderá ser revista e cessada, nos termos constantes do Direito Canônico.
§1 - Proíbe-se ao excomungado (Cânon 1331):
1. Possuir qualquer participação ministerial na celebração do Sacrifício Eucarístico ou em quaisquer outras cerimônias de culto;
2. Celebrar os sacramentos ou sacramentais e receber os sacramentos;
3. Desempenhar ofícios, ministérios ou cargos eclesiásticos ou realizar atos de regime.
§2 - Quando a excomunhão foi imposta ou declarada, o réu:
1. Se quiser agir contra o que é prescrito no §1, deverá ser rejeitado ou deve cessar a cerimônia litúrgica, a não ser que obste uma causa grave;
2. Realiza invalidamente os atos de regime, que conforme o §1,3 são ilícitos;
3. Está proibido de gozar dos privilégios que anteriormente lhe foram concedidos;
4. Não pode obter validamente uma dignidade, ofício ou outra função na Igreja;
5. Não tem para si os frutos de uma dignidade, ofício, função ou pensão que tenha na Igreja.
O §1 se refere ao excomungado em geral, sem oferecer maiores especificações. Portanto, diz respeito a todos os excomungados, sejam latae sententiae ou ferendae sententiae. Por outro lado, o §2 refere-se apenas àqueles que foram excomungados ferendae sententiae (excomunhão imposta) ou latae sententiae declarada; excluem-se aqueles que incorreram em excomunhão latae sententiae não-declarada.
X - O JUÍZO PARTICULAR E A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
A vida é o tempo de cada homem na terra. E a única coisa certa da vida, como se diz sempre, é a morte. É um momento singular, espantoso, impossível de ser caracterizado com absoluta certeza. Não basta o coração não bater, não basta constatar que já não existe a respiração, não basta a dormição dos sentidos. Por isso, a absolvição e a unção dos enfermos podem ser aplicados mesmo após a morte aparente. Nós simplesmente não sabemos exatamente quando a alma abandona o corpo pelo qual se manifestava. A morte é a separação do corpo e da alma. Com o rigor mortis ou o início da coagulação do sangue, podemos ter certeza que a pessoa realmente morreu. E os homens morrem uma só vez (Heb 9, 27).
No momento exato da morte, no instante singular em que a alma abandona o corpo, ela é julgada por Deus e tem o veredito definitivo do seu destino eterno. Este evento, o mais terrível e o mais importante da história de qualquer homem, é o chamado Juízo Particular. A alma não tem 'que ir a algum lugar' e nem 'esperar um tempo' para se ver como Deus a vê e ser julgada, simplesmente porque espaço e tempo não existem mais. Por isso, no instante da morte, a alma livre do corpo humano se projeta no Céu, no Inferno ou no Purgatório, ou seja, para a Visão Beatífica, para a condenação eterna ou para a purificação final dos eleitos do Pai.
Não há ressurreição da carne após a morte. De todos os homens falecidos, de todas as histórias de vidas que se acabaram, a Igreja fala apenas e tão somente de suas almas e postula a crença na 'gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo que há de vir' como essencialmente distinta em relação à condição humana imediatamente após a morte. E, ainda mais, a Igreja reconhece a magnitude desse mistério na Assunção de Nossa Senhora, em que a glorificação corporal da Virgem Santíssima constituiu, por um extraordinário desígnio divino, uma antecipação da glorificação que está destinada a todos os demais eleitos de Deus.
A ressurreição da carne é o triunfo ou a danação do ser humano em sua totalidade, corpo e alma. A felicidade eterna é recompensa do triunfo conjunto do corpo e da alma do homem pela sua salvação; a danação eterna é a impenitência final do corpo e da alma que se condenaram juntas. Este momento em que as almas e os corpos se reencontram para a eternidade é um evento que não se aplica a um homem em particular mas a humanidade como um todo. Então, somente poderá ocorrer ao final do mundo, ao final da história universal, e mediante um Juízo Universal aplicado a todos os homens de todos os tempos, em contraposição ao Juízo Particular aplicado a cada homem que existiu.
Neste último dia (Jo 6, 39-40.44.54;11,24), não haverá mais mundo, nem humanidade, nem tempo. Apenas a eternidade e a consumação dos séculos para os homens, em corpo e alma, santificados na glória de Deus ou condenados à separação eterna de Deus. Nas palavras das Sagradas Escrituras:
'Assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida. Cada um, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, haverá o fim, quando Ele entregar o reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder' (1Cor 15,22-24).
'Em verdade, em verdade, eu vos digo: vem a hora – e é agora – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem, viverão… Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a voz do Filho do homem e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem cometido o mal, para uma ressurreição de condenação' (Jo 5,25.28s).
'Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida, nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor nos ares' (1Ts 4,16s).
XI - O PECADO MORTAL
Do Catecismo da Igreja:
Do Catecismo da Igreja:
1855. O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior.
O pecado mortal é o ato maligno da soberba na rejeição a Deus. O pecador perde a graça divina, torna-se réu da condenação eterna e maldito entre os homens. A gravidade de um único pecado mortal tem a magnitude do inferno inteiro, pois faz perder todos os méritos naturais e sobrenaturais adquiridos em uma vida inteira. Nada, absolutamente nada, mantém-se em pé, tudo se torna incomensuravelmente vão. O que valem tantas missas assistidas? Nada. Orações, sofrimentos, penitências, jejuns, boas ações, devoções? Nada. Todos os bons pensamentos, gestos de caridade, defesas da fé cristã, dores e injúrias ainda que sofridas em nome de Cristo? Nada. Pois o pecado mortal, um único pecado mortal, traz em si o flagelo da morte espiritual: no pecado mortal, é a alma que morre.
1857. Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: 'É pecado mortal o que tem por objeto uma matéria grave, e é cometido com plena consciência e de propósito deliberado'.
O pecado mortal requer primariamente matéria grave em termos de desordem moral em relação a Deus (blasfêmia, sacrilégio, desespero de salvação), ao próximo (assassinato, roubo, calúnia) ou a nós mesmos (suicídio, adultério, homossexualismo): 'Acaso não sabeis que os injustos não possuirão o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes possuirão o Reino de Deus' (Cor. VI, 9-10).
O pecado mortal requer o conhecimento explícito do caráter gravemente pecaminoso do ato em si e de sua contraposição à lei de Deus. Em outros termos, presume da condição de malícia e da voluntariedade de se cometer o pecado. O pecado mortal requer finalmente o consentimento da vontade, entendida como a livre proposição de se praticar uma ação contrária à Santa Vontade de Deus.
Três condições complementares; se faltar alguma delas, o pecado não pode ser mortal.
1861. O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um ato é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.
...
1856. O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, torna necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração que normalmente se realiza no quadro do sacramento da Reconciliação.
Exame de Consciência*
1º Mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas
- Creio firmemente tudo o que Deus revelou ou duvidei voluntariamente de algum doutrina da Igreja Católica?
- Descuidei o conhecimento da minha fé, tal como o Catecismo a ensina, tal como o Credo dos Apóstolos, os Dez Mandamentos, os Sete Sacramentos, o Pai Nosso, etc?
- Alguma vez li, com consciência do que fazia, alguma literatura herética, blasfema ou anti-católica?
- Assinei, publiquei, propaguei, emprestei livros, folhetos, revistas ou jornais hostis à Deus e à santa religião?
- Sou membro de alguma organização religiosa não católica, de alguma sociedade secreta ou de um grupo anti-católico?
- Dei ouvido a conversas ou discursos ímpios ou heréticos?
- Tomei parte num ato de culto não católico (sessão espírita, ao culto protestante, ao candomblé, etc.)?
- Abandonei a única Igreja verdadeira que é a Católica para abraçar uma seita falsa?
- Tenho confiança em Deus, na Divina Providência e na divina graça?
- Pratiquei alguma superstição (tal como horóscopos, adivinhação, espiritismo, etc.)?
- Desesperei ou fui presunçoso esperando a salvação sem deixar o pecado?
- Cometi pecados com o intuito de confessá-los mais tarde?
- Amei a Deus e cumpri bem a sua santa vontade?
- Não tenho posto Deus sempre em primeiro lugar na minha vida e procurado amá-l’O sobre todas as coisas?
- Falei mal contra Deus, contra sua Mãe, Maria Santíssima, contra os Santos, contra a Igreja e seus ministros?
- Abusei os Sacramentos de alguma maneira?
- Recebi indignamente algum sacramento?
- Deixei de rezar por muito tempo?
- Tenho rezado fielmente as minhas orações diárias?
- Rezei sem devoção, com distrações voluntárias?
- Omiti algum dever ou prática religiosa por respeitos humanos? Recomendo-me a Deus diariamente?
- Fui culpado de grande irreverência na igreja, como, por exemplo, em conversas, comportamento ou modo como estava vestido?
- Fui indiferente quanto à minha Fé Católica — acreditando que uma pessoa pode salvar-se em qualquer religião, ou que todas as religiões são iguais?
- Dei demasiada importância a alguma criatura, atividade, objeto ou opinião?
2º Mandamento - Não tomar seu santo nome em vão
- Profanei o SS. Sacramento, pessoas, lugares, coisas consagrados a Deus?
- Blasfemei ou disse palavras injuriosas contra Deus, contra os Santos ou contra as coisas santas?
- Jurei pelo nome de Deus falsamente, impensadamente, ou em assuntos triviais e sem importância?
- Jurei o seu santo nome sem necessidade?
- Jurei voto e não o cumpri?
- Pronunciei levianamente o nome de Deus ou falsamente?
- Deixei de cumprir uma promessa feita a Deus?
- Tenho o hábito de dizer palavrões?
- Jurei, sabendo que era falso, o que afirmava?
- Jurei fazer algo injusto ou ilícito? Não reparei os prejuízos que daí advieram?
- Amaldiçoei-me a mim próprio, ou a outra pessoa ou criatura?
- Provoquei alguém à ira, para o fazer praguejar ou blasfemar a Deus?
3º Mandamento - Guardar domingos e festas
- Faltei voluntariamente à Missa num Domingo ou festa de guarda?
- Perdi uma parte principal (ofertório, elevação, comunhão)?
- Cheguei atrasado à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda ou saí mais cedo por minha culpa?
- Fiz com que outras pessoas faltassem à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saíssem mais cedo, ou chegassem atrasados à Missa?
- Estive distraído propositadamente durante a Missa?
- Profanei a igreja por conversas, olhares indiscretos, namoros, por traje indecente?
- Fiz ou mandei fazer trabalho servil desnecessário num Domingo ou Festa de guarda?
- Comprei ou vendi coisas sem necessidade nos Domingos e Dias Santos de guarda?
4º Mandamento - Honrar pai e mãe
- Desobedeci aos meus pais, faltei-lhes ao respeito, descuidei-me em ajudá-los nas suas necessidades?
- Desrespeitei os pais ou superiores falando-lhes asperamente ou respondendo-lhes mal?
- Murmurei contra eles?
- Recusei-lhes a obediência?
- Obedeci de má vontade?
- Descuidei-me dos pais na velhice, na pobreza ou na doença (sustento, últimos sacramentos, remédios)?
- Desejei-lhes mal?
- Deixei de rezar por eles?
- Mostrei irreverência em relação a pessoas em posições de autoridade?
- Insultei ou disse mal de sacerdotes ou de outras pessoas consagradas a Deus?
- Não me preocupei com aqueles que vivem e trabalham comigo?
- Dei mau exemplo a meus filhos ou subordinados, não cumprindo os meus deveres religiosos e civis?
- Tive menos reverência para com pessoas de idade?
- Tratei mal a minha esposa ou os meus filhos?
- Foi desobediente ao meu marido, ou faltei-lhe ao respeito?
Sobre os filhos:
- Descuidei as suas necessidades materiais?
-Protelei por meses ou até anos o Batismo de meus filhos, a primeira comunhão?
- Descuidei-me da educação física, intelectual e principalmente da educação religiosa dos meus filhos?
- Não os mandei à Missa nos domingos, ao catecismo?
- Permiti que eles descuidassem os seus deveres religiosos?
- Consenti que se encontrassem ou namorassem sem haver hipótese de se celebrar o matrimônio num futuro próximo? (Santo Afonso propõe um ano, no máximo).
- Controlei suas leituras, seus divertimentos?
- Deixei de vigiar as companhias com quem andam?
- Deixei de os disciplinar quando necessitassem de tal?
- Castiguei-os com ira?
- Dei-lhes mau exemplo?
- Escandalizei-os, discutindo com o meu cônjuge em frente deles?
- Escandalizei-os ao dizer imprecações e obscenidades à sua frente?
- Guardei modéstia na minha casa?
- Permiti-lhes que usassem roupa imodesta (mini-saias; calças justas, vestidos ou camisolas justos; blusas transparentes; calções muito curtos; fatos de banho reveladores; etc.)?
- Neguei-lhes a liberdade de casar ou seguir uma vocação religiosa?
5º Mandamento - Não matar
- Procurei, desejei ou apressei a morte ou o ferimento de alguém?
- Tive ódio ao próximo? Desejei-lhe mal?
- Procurei vingar-me?
- Discuti ou lutei com alguém sem justiça?
- Desejei mal a alguém?
- Quis ferir ou maltratar alguém, ou tentei fazê-lo?
- Recuso-me a falar com alguém, ou guardo ressentimento de alguém?
- Regozijei-me com a desgraça alheia?
- Tive ciúmes ou inveja de alguém?
- Fiz ou tentei fazer um aborto, ou aconselhei alguém a que o fizesse?
- Mutilei o meu corpo desnecessariamente de alguma maneira (tatuagens, piercings, etc) ?
- Consenti em pensamentos de suicídio, desejei suicidar-me ou tentar suicidar-me?
- Prejudiquei minha saúde por excesso em comida e bebida?
- Embriaguei-me ou usei drogas ilícitas?
- Comi demais, ou não como o suficiente por motivo fútil?
- Deixei de corrigir alguém dentro das normas da caridade?
- Causei dano à alma de alguém, especialmente crianças, dando escândalo através de mau exemplo?
- Fiz mal à minha alma, expondo-a intencionalmente e sem necessidade a tentações, como maus programas de TV, música reprovável, praias, etc.?
- Não tive caridade para com os pobres, doentes e necessitados?
- Seduzi outra pessoa ao pecado ou dei escândalo?
- Não avisei o meu próximo sobre certos perigos materiais e espirituais em que incorria?
- Roguei pragas?
- Provoquei a inimizade entre outras pessoas?
- Maltratei os animais sem necessidade?
6º e 9º Mandamentos - Não pecar contra a castidade / Não desejar a mulher do próximo
- Neguei ao meu cônjuge os seus direitos matrimoniais?
- Pratiquei o controle de natalidade (com pílulas, dispositivos, interrupção)? Aconselhei meios para este fim?
- Abusei dos meus direitos matrimoniais de algum outro modo?
- Faltei à fidelidade conjugal por pensamentos ou ações?
- Cometi adultério ou fornicação (sexo pré-marital)?
- Cometi algum pecado impuro contra a natureza (homosexualidade ou lesbianismo, etc.)?
- Toquei ou abracei outra pessoa de forma impura?
- Troquei beijos prolongados ou apaixonados?
- Pratiquei a troca prolongada de carícias?
- Pequei impuramente contra mim próprio (masturbação)?
- Consenti em pensamentos impuros, ou tive prazer neles?
- Consenti em desejos impuros para com alguém, ou desejei conscientemente ver ou fazer alguma coisa impura?
- Entreguei-me conscientemente a prazeres sexuais, completos ou incompletos? Havia alguma circunstância de parentesco, de menoridade ou de relação educativa que tornassem mais grave esta desordem?
- Faltei com o pudor ou com a modéstia em meus trajes?
- Fui ocasião de pecado para os outros, por usar roupa justa, reveladora ou imodesta?
- Fiz alguma coisa, deliberadamente ou por descuido, que provocasse pensamentos ou desejos impuros noutra pessoa?
- Li livros indecentes ou vi figuras obscenas?
- Vi filmes ou programas de televisão sugestivos, ou pornografia na Internet, ou permiti que os meus filhos os vissem?
- Usei linguagem indecente ou contei histórias indecentes?
- Ouvi tais histórias de boa vontade?
- Gabei-me dos meus pecados, ou deleitei-me em recordar pecados antigos?
- Estive com companhias indecentes?
- Consenti em olhares impuros?
- Deixei de controlar a minha imaginação?
- Deixei de rezar imediatamente para afastar maus pensamentos e tentações?
- Evitei a preguiça, a gula, a ociosidade, e as ocasiões de impureza?
- Fui a bailes imodestos ou peças de teatro indecentes?
- Fiquei sozinho sem necessidade na companhia de alguém do sexo oposto?
- Mantenho amizades particulares que facilmente me levam à infidelidade e estou disposto a abandoná-las?
7º e 10º Mandamentos - Não furtar / Não cobiçar as coisas alheias
- Tive vontade de roubar alguma coisa?
- Furtei ou roubei alguma coisa? O quê, ou quanto?
- Reparei esses prejuízos causados e restituí o que não me pertence?
- Defraudei a minha família no uso dos bens?
- Gastei de mais para além do que permitem as minhas possibilidades e o orçamento familiar?
- Danifiquei a propriedade de outrem?
- Deixei estragar, por negligência, a propriedade de outrem?
- Fui negligente na guarda do dinheiro ou bens de outrem?
- Enganei o meu próximo cobrando mais que o justo combinado ou favoreço a exploração comercial?
- Recusei-me a pagar alguma dívida, ou descuidei-me no seu pagamento?
- Adquiri alguma coisa que sabia ter sido roubada?
- Lesei o meu patrão, não trabalhando como se esperava de mim, com honradez e responsabilidade?
- Deixei que se produzissem graves prejuízos através do meu trabalho?
- Fui desonesto com o salário dos meus empregados?
- Recusei-me a ajudar alguém que precisasse urgentemente de ajuda, ou descuidei-me a fazê-lo?
- Dei prejuízo ao próximo, usando de peso ou medida falsos, enganando nas mercadorias ou encomendas?
- Desperdicei o dinheiro em jogo?
- Tive inveja de alguém, por ter algo que eu não tenho?
- Invejei os bens de alguém?
- Tenho sido avarento?
- Tenho sido cúpido e invejoso, dando demasiada importância aos bens e confortos materiais? O meu coração inclina-se para as posses terrenas ou para os verdadeiros tesouros do Céu?
- Cumpri rigorosamente os meus deveres sociais, tais como os seguros, os impostos justos e os compromissos assumidos?
- Não ajudo a Igreja com os auxílios necessários e até tirando do meu supérfluo ou dos meus maus gastos?
- Não dou esmolas de acordo com a minha condição econômica?
8º Mandamento - Não levantar falso testemunho
- Disse mentiras?
- Minto habitualmente com a desculpa de serem coisas de pouca importância?
- As minhas mentiras causaram a alguém danos materiais ou espirituais?
- Fiz julgamentos temerários a respeito de alguém (isto é, acreditei firmemente, sem provas suficientes, que eram culpados de algum defeito moral ou crime)?
- Atingi o bom nome de alguém, revelando faltas autênticas mas ocultas (maledicência)?
- Não disse bem dos outros reparando deste modo alguma injustiça realizada ou consentida?
- Caluniei?
- Colaborei na calúnia e na murmuração?
- Revelei os pecados de outra pessoa?
- Fui culpado de fazer intrigas (isto é, de contar alguma coisa desfavorável que alguém disse de outra pessoa, para criar inimizade entre eles)?
- Dei crédito ou apoio à divulgação de escândalos sobre o meu próximo?
- Supus más intenções?
- Jurei falso ou assinei documentos falsos?
- Sou crítico ou negativo sem necessidade ou falto à caridade nas minhas conversas?
- Lisonjeei outras pessoas?
- Violei segredos?
- Abri cartas alheias?
- Fingi doenças, pobreza, piedade para enganar os outros?
- Dei ouvido a conversas contra a vida alheia?
* publicado originalmente em www.montfort.org.br
* publicado originalmente em www.montfort.org.br
XII - OS CINCO 'NÃO' IMUTÁVEIS DA IGREJA ...
Com base nos ensinamentos e documentos doutrinários da Igreja, no Catecismo da Igreja Católica e em Encíclicas Papais, existem cinco questões que são absoluta e irrevogavelmente imorais para a Santa Igreja Católica, contempladas per si como intrinsecamente más, constituindo atos imorais por princípio e de condenação expressa e imutável. As ações intrinsecamente más são aquelas que conflitam com a lei moral, não podendo ser realizadas nunca, quaisquer que sejam as circunstâncias. Resulta, portanto, pecado grave (mortal) consentir, endossar ou promover qualquer uma dessas ações de forma consciente e deliberada, que são as seguintes:
1. Aborto
A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida (do Catecismo da Igreja Católica).
Antes mesmo de te formares no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei (Jr 1,5). Meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda (Sl 139,15).
O aborto é a morte intencional e direta de um ser humano inocente, e, portanto, é uma forma de homicídio. O nascituro é sempre parte inocente, e nenhuma lei pode permitir o sacrifício de sua vida. Ainda que uma criança seja concebida por meio de estupro ou incesto, a culpa não é da criança e ela não deve sofrer a pena de morte pelos pecados terríveis de outras pessoas.
Questões correlatas (e igualmente não-negociáveis) compreendem as tecnologias de reprodução humana, incluindo os métodos de fertilização in vitro e os processos de contracepção e de esterilização.
2. Eutanásia
A eutanásia também é uma forma de homicídio. Nenhuma pessoa tem o direito de tirar sua própria vida e ninguém tem o direito de tirar a vida de qualquer pessoa inocente. Assim, uma ação ou uma omissão que, em si ou na intenção, consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas, a fim de suprimir a sua dor, constitui um ato gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito pelo Deus vivo, seu Criador. O erro de juízo no qual se pode ter caído de boa-fé não muda a natureza deste ato assassino, que sempre deve ser condenado e excluído.
3. Pesquisas com células embrionárias
Os embriões humanos são seres humanos. Uma vez que deve ser tratado como pessoa desde a concepção, o embrião terá de ser defendido na sua integridade, tratado e curado, na medida do possível, como qualquer outro ser humano. Avanços científicos recentes mostram que os tratamentos médicos que os pesquisadores esperam desenvolver, a partir de experiências com células-tronco embrionárias, podem muitas vezes ser desenvolvido usando células-tronco adultas em seu lugar. Assim, não há argumento médico válido em favor do uso de células-tronco embrionárias. E mesmo que houvesse tais benefícios, estes não podem ser justificados mediante a destruição de seres humanos embrionários inocentes.
4. Clonagem Humana
Quaisquer tentativas para a obtenção de um ser humano, dissociando o ato sexual como ato procriador, são contrárias à lei moral, uma vez que eles estão em oposição à dignidade tanto da procriação humana como da própria união conjugal. A clonagem humana envolve também o aborto porque os clones mal sucedidos ou rejeitados (que são seres humanos) são destruídos.
5. 'Casamento' homossexual
O casamento é um ato de união livre entre um homem e uma mulher e nunca entre pessoas do mesmos sexo. Por serem intrinsecamente desordenados e contrários à lei natural, os atos de homossexualidade são gravemente imorais e não podem ser aprovados em hipótese alguma pelos católicos, o que torna o chamado 'casamento' homossexual um acordo objetivamente imoral.
E OS QUE NÃO SÃO IMUTÁVEIS...
Um católico pode e deve ter posições políticas bem definidas. Um católico pode ter posições políticas diversas sobre muitos assuntos: educação dos filhos, investimentos, vida saudável, defesa do meio ambiente, políticas públicas, segurança, etc. Um católico pode ter abordagens distintas a muitos assuntos polêmicos. Assim, pode ser legitimamente a favor ou contra a pena de morte ou a favor ou contra a imposição de um estado de guerra; isso porque a Igreja não estabelece a estas questões um não definitivo e imutável, como às cinco questões apresentadas acima. Evidentemente, a Igreja exorta as autoridades civis a conviverem na paz e a exercer discrição e misericórdia ao impor punição aos criminosos, mas reconhece que a autoridade legítima tem o direito de atribuir a pena capital e o estado de guerra em circunstâncias específicas.
XIII - PODEM EXISTIR VÁRIAS RELIGIÕES QUE SEJAM IGUALMENTE BOAS?
Não; porque não pode haver senão uma única religião verdadeira. Assim como não existe mais que um único Deus, não há mais que uma única forma verdadeira de honrá-lo; e esta religião obriga todos os homens a conhecê-la.
1. Uma religião, para ser boa, deve agradar a Deus. Mas como Deus é a verdade, uma falsa religião não poderia agradá-lo, Ele não poderia aprovar uma religião fundamentada na mentira e no erro.
2. Não pode existir mais que uma única verdadeira religião, pois a religião é o conjunto de nossos deveres para com Deus; e estes deveres são os mesmos para todos os homens. E, de fato, esses deveres surgem a partir das relações entre a natureza de Deus e a natureza do homem. Mas como a natureza de Deus é uma só, e a natureza humana é a mesma em todos os homens, é evidente que os deveres têm de ser os mesmos para todos. Portanto, a verdadeira religião tem de ser única e não pode ser múltipla. As formas sensíveis de culto podem variar; a essência do culto, não.
3. Toda religião compreende três coisas: dogmas de fé, uma moral a ser praticada e um culto de adoração a Deus. Se duas religiões são igualmente verdadeiras, elas terão de ter os mesmos dogmas, a mesma moral, o mesmo culto e, então, não serão distintas.
Se são distintas, somente podem ser por ensinar doutrinas diferentes em relação a uma dessas matérias; neste caso, já não são igualmente verdadeiras. Por exemplo, pergunta-se 'Jesus Cristo é Deus?' 'Sim', diz um católico. 'Pode ser', diz um protestante racionalista. 'Não', contesta um judeu. 'É um profeta como Maomé', acrescenta um turco... Estes quatro homens não podem estar todos certos; obviamente, um único manifestou a verdade. Então, as religiões que admitem ainda que uma única verdade dogmática diferente, não podem ser igualmente verdadeiras.
O que dissemos do dogma, afirma-se também à moral: não existe mais que uma única moral, uma vez que esta deve estar firmada na mesma natureza de Deus e do homem, que não mudam. O mesmo deve ser dito do culto, ao menos em suas práticas fundamentais.
Quando os protestantes dizem: 'nós servimos o mesmo Deus que os católicos e logo, a nossa religião é tão boa quanto a deles', contestamos: 'certamente você adoram o mesmo Deus, uma vez que Ele é único, porém não O adoram da mesma forma que nós, não O adoram como Ele quer ser adorado. Eis aí a diferença ... Deus é o Senhor , e o homem deve submeter-se à Sua Vontade.
Aqueles que dizem que todas as religiões são boas, não vêem na religião mais que um tributo em homenagem a Deus, e pensam equivocadamente que qualquer tributo a Ele é valoroso. Esquecem que a religião encerra verdades para serem acreditadas, deveres a serem cumpridos e um culto a ser praticado. E, obviamente, não podem existir várias religiões com crenças contraditórias e práticas antagônicas, porque a verdade é uma só, e Deus não pode aprovar o erro.
Primeira Objeção: Todas as religiões são boas.
Acaso todas as moedas são iguais? Não se tem que distinguir entre as verdadeiras e as falsas? O mesmo se sucede com a religião. Como as moedas falsificadas pressupõem a moeda verdadeira, da qual não são mais do que imitações criminosas, da mesma forma, as falsas religiões pressupõem uma religião verdadeira.
Se todas as religiões são boas, então se pode ser católico em Roma, anglicano em Londres, protestante em Genebra e muçulmano em Constantinopla muçulmano, idólatra em Pequim e budista na Índia. Não é isso ridículo? Não se trata de afirmar que o sim ou o não são igualmente verdadeiras no mesmo caso? Dizer que todas as religiões são boas é um absurdo palpável, uma blasfêmia contra Deus, um erro fatal para o homem.
1. Um absurdo. É verdade que, nas diferentes religiões, existem algumas verdades que são aceitas por todos, tais como: a existência de Deus, a espiritualidade da alma, vida após a morte, com as recompensas e as punições eternas. Mas elas se contradizem em outros pontos fundamentais. O católico, por exemplo, argumenta que a missão da Igreja é explicar a palavra de Deus contida na Bíblia, ao passo que o protestante afirma que todo cristão deve interpretar por si mesmo a palavra divina e forjar uma religião à sua própria maneira ...
Poderíamos citar indefinidamente as diferenças conflitantes entre as várias religiões. Mas é claro que duas coisas contraditórias não podem ser verdadeiras, porque a verdade é única, como Deus, e não pode se contradizer. Se a Igreja recebeu de Cristo a missão de explicar a Bíblia, não cabe à vontade de cada cristão interpretá-la à sua maneira ... É um absurdo dizer que o sim e o não podem ser igualmente certos sobre o mesmo ponto. Mas, como o que não é verdadeiro, não é bom, porque a mentira e o erro de nada valem, devemos concluir que não podendo ser verdadeiras todas as religiões, todas as religiões não podem ser igualmente boas. Se alguém chega a conhecer a religião católica, importa ser absolutamente necessário, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.
2. Uma blasfêmia contra Deus. Dizer que todas as religiões são boas, não se trata somente de contradizer o senso comum, mas blasfemar contra Deus. É tomar a Deus por um ser indiferente à verdade e ao erro. Supõe-se que Deus possa amar, com amor igual, ao cristão que adora o seu Filho Jesus Cristo e ao maometano, que O insulta; que deve amar igualmente o Papa, que condena a heresia , e a Lutero, Calvino e Henrique VIII, que se rebelaram contra a Igreja; que abençoe o católico que adora Jesus Cristo presente na Eucaristia, e sorria para o calvinista que zomba desse mistério ... Atribuir a Deus semelhante conduta é negar seus atributos divinos, isto é, é tratar a mentira como verdade, o mal como o bem, e aceitar, com a mesma complacência, o culto e o insulto ... Não é isto uma blasfêmia estúpida?
3. Um erro fatal para o homem. Para alcançar a felicidade eterna, o homem deve seguir o caminho até ela e somente a verdadeira religião é o caminho que conduz ao Céu. Não é uma grande desgraça errar o caminho? ... E se, ao menos, ao término da jornada, se pudesse refazer os passos! ... Mas se se erra pela própria culpa, ter-se-á perdido por toda a eternidade. A indiferença, de se proclamar que podem ser seguidas igualmente todas as religiões, pretende alijar o homem da religião verdadeira, do único meio de alcançar sua meta. É, portanto, um erro fatal.
Segunda Objeção: Um homem honesto não deve mudar de religião e deve seguir a religião de seus pais.
Cada um pode e deve seguir a religião de seus pais, se esta religião for verdadeira; mas se for falsa, tem a obrigação de renunciar a ela para abraçar a verdadeira. Assim, quando se tem a boa dita de nascer sob a verdadeira religião, não se precisa realmente de mudar suas crenças; e deve-se estar pronto para derramar até a última gota de sangue antes de se apostatar dela. Porém, quando não se teve a boa fortuna de nascer sob a verdadeira religião, e se vem a conhecê-la, é absolutamente imperativo, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.
O dever mais sagrado do homem é seguir a verdade desde o instante que a conhece: antes de tudo, temos de obedecer a Deus. Abandonar a falsa religião para seguir a verdadeira é acatar a Vontade de Deus e, portanto, cumprir o mais sagrado dos deveres. Certamente nada merece tanto respeito quanto as crenças de nossos pais; mas este respeito tem os seus limites, os limites da verdade. Ninguém está obrigado a copiar os defeitos dos pais. Se os pais são ignorantes, é necessário por acaso que, por respeito, os filhos permaneçam ignorantes como eles? A salvação é uma questão pessoal, individual, da qual cada um é responsável diante de Deus .
As razões pelas quais se negligencia abraçar a verdadeira religião são: o respeito humano, os interesses temporais e o desejo de seguir as próprias paixões; mas, obviamente, essas causas são ruins em si e devem, portanto, ser sacrificadas para fazer cumprir a Vontade de Deus e salvar a alma.
(Excertos da obra 'La Religión Demostrada', de P. A. Hillaire) Segunda Objeção: Um homem honesto não deve mudar de religião e deve seguir a religião de seus pais.
Cada um pode e deve seguir a religião de seus pais, se esta religião for verdadeira; mas se for falsa, tem a obrigação de renunciar a ela para abraçar a verdadeira. Assim, quando se tem a boa dita de nascer sob a verdadeira religião, não se precisa realmente de mudar suas crenças; e deve-se estar pronto para derramar até a última gota de sangue antes de se apostatar dela. Porém, quando não se teve a boa fortuna de nascer sob a verdadeira religião, e se vem a conhecê-la, é absolutamente imperativo, sob pena de falta grave, abandonar a falsa religião e abraçar a verdadeira.
O dever mais sagrado do homem é seguir a verdade desde o instante que a conhece: antes de tudo, temos de obedecer a Deus. Abandonar a falsa religião para seguir a verdadeira é acatar a Vontade de Deus e, portanto, cumprir o mais sagrado dos deveres. Certamente nada merece tanto respeito quanto as crenças de nossos pais; mas este respeito tem os seus limites, os limites da verdade. Ninguém está obrigado a copiar os defeitos dos pais. Se os pais são ignorantes, é necessário por acaso que, por respeito, os filhos permaneçam ignorantes como eles? A salvação é uma questão pessoal, individual, da qual cada um é responsável diante de Deus .
As razões pelas quais se negligencia abraçar a verdadeira religião são: o respeito humano, os interesses temporais e o desejo de seguir as próprias paixões; mas, obviamente, essas causas são ruins em si e devem, portanto, ser sacrificadas para fazer cumprir a Vontade de Deus e salvar a alma.
XIV - A IGREJA PERMITE A CREMAÇÃO DOS MORTOS?
A Igreja sempre manifestou a recomendação pela prática do sepultamento, na crença da dualidade do corpo e da alma que, separados no momento da morte, deverão se reencontrar em momento posterior. Na cultura das religiões pagãs, a nova dimensão do espírito, após a morte, prescinde de um vínculo com a matéria agora inanimada. Assim, o postulado óbvio seria a adoção da cremação do corpo, tornado inútil na concepção de um espírito que se bastaria por inteiro.
Entretanto, a civilização moderna conduziu a situações práticas que tornam o sepultamento em grande escala virtualmente impossível, seja pela inexistência de áreas livres nas grandes metrópoles e cidades, seja pelos custos elevados naqueles disponíveis. Tais razões impeliram por uma crescente prática da cremação dos falecidos, particularmente nos últimos 20 ou 30 anos. Neste contexto, a cremação está associada a uma necessidade imposta pela sociedade moderna e não por uma crença paganizada, pelo que se torna aceitável pela Santa Igreja.
Esta posição da Igreja é expressa pelo Cânon 1176, § 3, constante do Título III do Código de Direito Canônico de 1983: 'A Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos; mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã'.
Para os que optam pela cremação por negarem a ressurreição do corpo, a Igreja veta explicitamente as próprias exéquias cristãs, conforme os termos do Cânon 1184, § 1, item segundo: 'Devem ser privados das exéquias eclesiásticas, a não ser que antes da morte tenham dado algum sinal de arrependimento: ... os que escolheram a cremação do corpo próprio, por razões contrárias à fé cristã'.
Estas considerações também constam do ponto 2300 do Catecismo da Igreja Católica: 'Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade, na fé e esperança da ressurreição. Enterrar os mortos é uma obra de misericórdia corporal, que honra os filhos de Deus, templos do Espírito Santo'.
Neste sentido, o tópico seguinte do Catecismo (2301) explicita a posição da Igreja em relação ao manuseio de cadáveres para fins científicos e a doação de órgãos de pessoas falecidas: 'A autópsia dos cadáveres pode ser moralmente admitida por motivos de investigação legal ou pesquisa científica. O dom gratuito de órgãos depois da morte é legítimo e até pode ser meritório'. Esta posição da Igreja está diretamente associada à condição do cadáver que, embora seja merecedor de todo o respeito, não configura a posse dos direitos e da dignidade inerentes à pessoa viva e, neste sentido, é moralmente admissível a utilização do mesmo para fins nobres e úteis, desde que constatada plenamente a morte cerebral do indivíduo.
Para os que optam pela cremação por negarem a ressurreição do corpo, a Igreja veta explicitamente as próprias exéquias cristãs, conforme os termos do Cânon 1184, § 1, item segundo: 'Devem ser privados das exéquias eclesiásticas, a não ser que antes da morte tenham dado algum sinal de arrependimento: ... os que escolheram a cremação do corpo próprio, por razões contrárias à fé cristã'.
Estas considerações também constam do ponto 2300 do Catecismo da Igreja Católica: 'Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade, na fé e esperança da ressurreição. Enterrar os mortos é uma obra de misericórdia corporal, que honra os filhos de Deus, templos do Espírito Santo'.
Neste sentido, o tópico seguinte do Catecismo (2301) explicita a posição da Igreja em relação ao manuseio de cadáveres para fins científicos e a doação de órgãos de pessoas falecidas: 'A autópsia dos cadáveres pode ser moralmente admitida por motivos de investigação legal ou pesquisa científica. O dom gratuito de órgãos depois da morte é legítimo e até pode ser meritório'. Esta posição da Igreja está diretamente associada à condição do cadáver que, embora seja merecedor de todo o respeito, não configura a posse dos direitos e da dignidade inerentes à pessoa viva e, neste sentido, é moralmente admissível a utilização do mesmo para fins nobres e úteis, desde que constatada plenamente a morte cerebral do indivíduo.
XV - HÁ CONCILIAÇÃO POSSÍVEL ENTRE A IGREJA E A MAÇONARIA?
Não há conciliação possível entre a Santa Igreja e a Maçonaria, como pode ser atestado por vários e diferentes documentos, proclamados, em épocas diversas, pela Santa Igreja. Consideremos três destes documentos, como exemplos.
DECLARAÇÃO SOBRE A MAÇONARIA (1983)
Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja à respeito da maçonaria pelo fato que, no novo Código de Direito Canônico, ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior. Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério redacional seguido também quanto às outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.
Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e, por isso, permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas com um juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de Fevereiro de 1981 (cf. AAS 73, 1981, p. 240-241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação. Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de Novembro de 1983.
Joseph Card. RATZINGER
Prefeito
+ Fr. Jérôme Hamer, O.P.
Secretário
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19831126_declaration-masonic_po.html
INCONCIABILIDADE ENTRE FÉ CRISTÃ E MAÇONARIA (1985)
Para dissolver quaisquer dúvidas, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé promulgou um novo documento, datado de 11 de março de 1985, ratificando esta conciliação impossível com base em termos morais, filosóficos e doutrinais:
'Mesmo quando, como já se disse, não houvesse uma obrigação explícita de professar o relativismo como doutrina, todavia a força “relativizante” de uma tal fraternidade, pela sua mesma lógica intrínseca tem em si a capacidade de transformar a estrutura do ato de fé de modo tão radical que [isto] não é aceitável por parte de um cristão'.
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19850223_declaration-masonic_articolo_po.html
Este documento ressalta a peça demolidora do Magistério da Igreja contra a Maçonaria: a Encíclica Humanum Genus de Leão XIII de 20 de Abril de 1884.
ENCÍCLICA HUMANUM GENUS DE LEÃO XIII (1884)
'Não mais fazendo qualquer segredo de seus propósitos, eles [os maçons] estão agora abruptamente levantando-se contra o próprio Deus. Eles estão planejando a destruição da Santa Igreja publicamente e abertamente, e isso com o propósito estabelecido de despojar completamente as nações da Cristandade, se isso fosse possível, das bênçãos obtidas para nós através de Jesus Cristo nosso Salvador … (item 2)
(...) esta sé apostólica denunciou a seita dos maçons, e publicamente declarou sua constituição, como contrária à lei e ao direito, perniciosa tanto à Cristandade como ao Estado; e proibiu qualquer um de entrar na sociedade, sob as penas que a Igreja costuma infligir sobre as pessoas excepcionalmente culpadas ... (item 6)
(…) a doutrina fundamental dos naturalistas, que eles tornam suficientemente conhecida em seu próprio nome, é que a natureza humana e a razão humana deveria em todas as coisas ser senhora e guia. Eles ligam muito pouco para os deveres para com Deus, ou os pervertem por opiniões errôneas e vagas. Pois eles negam que qualquer coisa tenha sido ensinada por Deus; eles não permitem qualquer dogma de religião ou verdade que não possa ser entendida pela inteligência humana, nem qualquer mestre que deva ser acreditado por causa de sua autoridade... (item 12)
(…) abertamente declaram, o que em segredo entre eles mesmos têm por um longo tempo planejado, que o poder sagrado dos Pontífices deve ser abolido, e que o próprio papado, fundado por direito divino, deve ser totalmente destruído... (item 15)
(…) eles não mais consideram como certas e permanentes aquelas coisas que são totalmente entendidas pela luz natural da razão, tais como certamente são – a existência de Deus, a natureza imaterial da alma humana, e sua imortalidade ... a seita permite grande liberdade aos seus membros juramentados por voto, de modo que para cada lado é dado o direito de defender a sua própria opinião, ou de que há um Deus, ou de que não há nenhum ... (item 17)
No final da encíclica, a condenação explícita e duríssima contra a maçonaria é feita associada a uma contundente recomendação aos bispos da Igreja (item 31):
(...) Nós desejamos que o vosso primeiro ato seja arrancar a máscara da Maçonaria, e deixar que ela seja vista como realmente é; e por sermões e cartas pastorais instruir o povo quanto aos artifícios usado pelas sociedades deste tipo para seduzir os homens e persuadi-los a entrar em suas fileiras, e quanto à perversidade de suas ações e à maldade de seus atos ... Pode parecer a alguns que os Maçons não exigem nada que seja abertamente contrário à religião e à moral; mas, como todo princípio e objetivo da seita está naquilo que é vicioso e criminoso, ajuntar-se com estes homens ou em algum modo ajudá-los não pode ser legítimo.
http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_18840420_humanum-genus_po.html
Observação Complementar: a Maçonaria não tem uma 'cara' única, embora as diversas Lojas Maçônicas sejam muitas (e existam entidades ainda mais secretas, além dos graus mais elevados da maçonaria clássica). Basta considerar, entretanto, que o Rotary foi fundado pelo maçon Paul Harris; que o Lions foi fundado pelo maçon Melvin Jones; que a entidade do DeMolay foi fundada pelo maçon Frank Sherman Land e os próprios Escoteiros constituem um grupo fundado pelo maçon Robert Baden Powell. Assim, como instituições co-irmãs da maçonaria, recaem sobre elas as mesmas condenações explícitas da Santa Igreja à maçonaria.
XVI - A ETERNIDADE DAS PENAS DO INFERNO SE CONTRAPÕE À JUSTIÇA DE DEUS?
P. – A eternidade das penas do inferno se contrapõe à justiça de Deus. É injusto castigar eternamente um pecado que durou apenas alguns momentos.
XVI - A ETERNIDADE DAS PENAS DO INFERNO SE CONTRAPÕE À JUSTIÇA DE DEUS?
R. – Nenhum crime se castiga pelo tempo que se leva para cometê-lo, e sim, pela gravidade intrínseca que ele contém. A justiça humana não condena às vezes à prisão perpétua e mesmo à pena capital ao malfeitor que cometeu um crime num instante? Pois levando-se em conta que o pecado - sobretudo o pecado cometido contra Deus com plena vontade e maldade obstinada - encerra uma malícia de certo modo infinita, em função da distância que separa o ofensor do ofendido, torna-se justo que seja castigado também com uma pena infinita. Não sendo possível tal pena em intensidade, tem que ser pelo menos em extensão. Assim pois, a eternidade das penas do inferno não somente não se contrapõe à justiça de Deus, como é um exigência e uma consequência elementar da mesma.
P. – Parece-me muito difícil conceber a malícia infinita do pecado, pois uma criatura não pode realizar um ato infinito.
R. – O caráter infinito do pecado não procede do ato em si mesmo, objetivamente considerado, mas da infinita distância existente entre Deus e o pecador. Ao pecar, livre e voluntariamente, o pecador assume uma condição que o alija e o separa de Deus. E esta separação possui, de fato, uma dimensão infinita e naturalmente irreparável.
P. – O pecador não comete seu pecado prevendo e ratificando essa projeção eterna. A grande maioria dos homens peca provisoriamente, 'por um tempinho', esperando arrepender depois.
R. – Essa esperança de um futuro arrependimento é uma ilusão vã e imoral. Vã, porque o pecador não poderá deixar o seu pecado sem a graça do arrependimento, que Deus não está obrigado a lhe dar e que pode mesmo negar-lhe em castigo por tanta ingratidão. Quem se arrisca a descer em um poço que não pode sair sem que alguém de fora lhe estenda um cabo tende a ficar lá eternamente se alguém de fora - que não tem a obrigação de ajudá-lo em sua louca temeridade - não se dispor a fazê-lo. E é imoral porque se apoia precisamente na misericórdia de Deus para ofendê-lO com maior tranquilidade.
P. – De qualquer forma, o pecador peca num tempo, por que castigá-lo pela eternidade?
R. – Desde o momento em que o pecador coloca seu propósito de vida em uma criatura, ato absolutamente incompatível e que constitui a própria renúncia ao seu fim último sobrenatural, demonstra claramente que se entregaria a esse pecado ainda com maior vigor se pudesse gozar eternamente do prazer que o mesmo lhe oferece agora. Se, por um instante que seja, fugaz e passageiro, aceita a possibilidade de perder a eternidade junto de Deus, quanto mais não se aprazaria em cometer tal pecado se nele pudesse permanecer impunemente por toda a eternidade! Neste sentido, São Tomás dizia, com profunda percepção, que o pecador, ao separar de Deus, peca em sua eternidade subjetiva. Assim sendo, se o pecador ofende a Deus em sua eternidade, é muito justo que Deus o castigue pela sua, como diz Santo Agostinho.
P. – Mas a malícia subjetiva do pecado não depende do grau de conhecimento e voluntariedade com que procedeu o pecador?
R. – Certamente que sim.
P. - E que pecador se dá conta, ao cometer um pecado, do alcance e da transcendência do seu ato? Seria preciso que ele tivesse uma ideia bastante clara da grandeza de Deus e da dimensão incomensurável da eternidade.
R. – O pecado cometido nessas condições teria uma malícia verdadeiramente diabólica. Esse foi o pecado dos anjos rebeldes, cuja malícia era tal que Deus negou para sempre o benefício da redenção que é oferecido, no entanto, ao homem pecador.
P. – Então vós mesmo confessais que o pecado do homem não possui a malícia satânica dos demônios e, portanto ...
R. – Portanto, Deus se compadeceu dele e lhe ofereceu o benefício da redenção, que negou aos anjos rebeldes. Mas, precisamente por causa dessa recorrência voluntária do homem em pecar, mesmo depois de ter sido derramado o sangue do Filho de Deus encarnado para redimi-lo, implica maior ingratidão e também maior malícia subjetiva. E isso é o bastante para que esse pecado, cometido livre e voluntariamente, tenha a força suficiente para afastar o pecador para sempre de Deus como fim último sobrenatural.
P. – Mas por que Deus cria aqueles que sabe que serão condenados?
R. – Entre outras razões que transcendem infinitamente a pobre inteligência humana, há que se dizer que, caso contrário, ter-se-ia uma grande imoralidade, a qual contradiz a santidade infinita de Deus. De fato, se Deus, levado por sua infinita misericórdia, não criasse mais os que não haveriam de salvar-se, resultaria que o homem poderia zombar impunemente de Deus, violando um por um todos os mandamentos da lei divina. Nem sequer precisariam se arrepender de seus pecados, uma vez que Deus teria que os perdoar forçosamente, mais cedo ou mais tarde. Pelo que se poderia ter o caso de um pecador, que depois de sofrer na vida uma pena temporal ainda que bastante longa, eventualmente, entraria no céu sem se arrepender de seus pecados e sem ter pedido perdão a Deus. Quem não percebe que tal coisa seria uma monstruosidade ultrajante, mil vezes mais inconcebível que o fato de Deus criar aqueles que virão a ser condenados?
Por outro lado, uma coisa está bastante clara na teologia da salvação, qualquer que seja a escola teológica a que se pertença: Deus não cria nem criará jamais ninguém para ser condenado por princípio (punição positiva), embora possa prever que alguém possa querer se condenar voluntariamente (punição negativa, em castigo pelo pecado voluntariamente cometido). De quem é a culpa, pois, se o pecador é condenado? Seria o cúmulo da imoralidade pedir contas a Deus por punir com justiça um crime que somente o pecador, por perversão, tem por culpa livre e voluntária.
P. - Mas, por que a pena do pecado deve ser eterna? Não seria suficiente uma pena temporal - ainda que longuíssima - para satisfazer as exigências da justiça divina?
R. – De forma alguma. A obstinação do pecador, perpetuamente agarrado ao seu pecado, obriga a uma manutenção eterna da pena. O pecador não se arrepende nem se arrependerá jamais. Nessas condições, a pena terá de ser necessariamente eterna. Enquanto se estiver em falta, há que perdurar o castigo. Nas palavras de São Tomás: 'A culpa permanece para sempre, porque não pode existir remissão sem a graça, que o homem não pode mais adquirir depois da morte. Portanto, a pena não pode cessar enquanto permanecer a culpa' (Supl. 99, 1).
(Excertos da obra 'Teología de la Salvación', do Pe. A. Royo Marín, tradução do autor do blog)
XVII - SOBRE A POSSESSÃO DIABÓLICA
A possessão diabólica é um fenômeno singular em que um corpo humano é tomado e invadido por uma espírito diabólico, que passa a dominar e a manipular este corpo como se fosse o seu próprio. Há, portanto, duas características intrínsecas à possessão: (i) a presença do demônio no corpo do possuído; (ii) o domínio completo e despótico do demônio sobre o corpo. Esta manifestação pode incluir um ou mais espíritos malignos conjuntamente e possui um caráter periódico indefinido (a manifestação não ocorre o tempo todo, mas em períodos repentinos e específicos). Por outro lado, a possessão é sempre limitada, porque a ação diabólica, por mais virulenta que possa ser, não é capaz de se apoderar da liberdade humana, a qual é sempre preservada por Deus.
São inúmeras as referências de possessões diabólicas nos Evangelhos; no capítulo 5 do Evangelho de São Marcos, Jesus se defronta com um caso de possessão envolvendo uma legião inteira de espíritos malignos:
'Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério, onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar. Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras. Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz: Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus, que não me atormentes. É que Jesus lhe dizia: Espírito imundo, sai deste homem! Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe: Legião é o meu nome, porque somos muitos. E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região. Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte. E os espíritos suplicavam-lhe: Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles. Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se'.
O texto permite a caracterização de alguns elementos típicos da possessão verdadeira: (i) o endemoniado ou energúmeno (outros nomes dados à pessoa possuída) manifesta uma força descomunal, muito além da sua capacidade física normal; (ii) o possuído expressa viva dor e tormento diante do sagrado: 'Conjuro-te por Deus, que não me atormentes'; (iii) o possuído manifesta traços animalescos, como urros, gritos e obsessão por lugares inóspitos. E, principalmente, por aparentar uma comodidade absurda na posse, tende a manifestar uma retaliação violenta em relação à expulsão do corpo possuído ou, em caso consumado, pender por uma 'transferência de posse'. Estes elementos demonstram a gravidade e os riscos extremos do fenômeno da possessão diabólica.
Evidentemente, as possessões não constituem eventos comuns, mas seriam tão raros assim hoje em dia, numa sociedade que se desacostumou por completo com a ideia do pecado? Pois é o pecado grave, tornado uma rotina de blasfêmias e de revolta contra Deus, que constitui a fonte primária das possessões. Muitas vezes, por outro lado, a possessão é o resultado da franca disponibilidade da pessoa à ação diabólica, por meio dos chamados pactos ou concessões da alma ao maligno. Em casos muito particulares ainda, a Providência Divina permite um estado de perseguição maligna em grau muito elevado a pessoas especialmente santas, como atributos e provações extremas para a sua própria ascensão espiritual.
Em função da natureza e do grau de intervenção diabólica presente em um dado fenômeno de possessão, a Igreja faz uso de fórmulas específicas ou adota um ritual completo de exorcismo. Neste processo, incorre uma série de súplicas e orações invocatórias, acopladas a ritos sacramentais, jejum e silêncio, sem quaisquer interpelações ou 'diálogos' com os espíritos malignos. O procedimento final visa não apenas expulsar o demônio do possuído, como também o de não permitir que a ele possa retornar e nem se transmudar para outra pessoa presente, bem como extinguir o pecado ou a possível causa que deu origem à possessão diabólica.
XVIII - A DESCIDA DE JESUS AOS INFERNOS
XVIII - A DESCIDA DE JESUS AOS INFERNOS
Descensus Christi ad Infera
A descida de Jesus aos infernos (ou mansão dos mortos) constitui depósito da fé cristã manifesta explicitamente no chamado Símbolo Apostólico, sendo objeto da mais antiga tradição, expostas num grande número de escritos eclesiásticos de naturezas diversas. No contexto do Símbolo Apostólico, a 'mansão dos mortos' tem uma contextualização muito distinta da concepção moderna, expressando o lugar sombrio (o sheol dos judeus ou o hades dos pagãos) que seria habitado pelos que morreram antes de Cristo.
Inserida no contexto dos mistérios da Morte, Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o descensus ad infera constitui uma expressa manifestação da vitória de Cristo sobre o demônio e de pregação e de libertação dos que morreram justamente: Jesus desceu aos infernos (mansão dos mortos) e não ao inferno (lugar dos condenados) como Mediador e Salvador da humanidade pecadora, para trazer a salvação a todos os justos que viveram e morreram antes de sua morte e ressurreição, inseridos, então, no plano salvífico de sua Redenção, do mesmo modo aplicada a todos os justos que vivem e morrem após a sua Páscoa.
DESCIDA DE CRISTO AOS INFERNOS
'O que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou na mansão dos mortos.
Ele vai, antes de tudo, à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, e agora libertos dos sofrimentos. O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: 'O meu Senhor está no meio de nós'.
E Cristo respondeu a Adão: 'E com teu espírito'. E tomando-o pela mão, disse: 'Acorda, tu que dormes, levante dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: 'Saí!'; e aos que jaziam nas trevas: 'Vinde para a luz!'; e aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te, obra de minhas mãos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, Eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, Eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra, e fui mesmo sepultado abaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.
Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi; para restituir-te o sopro da vida original. Vê nas minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar dos teus ombros os pesos dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso.
Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava voltada contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; Eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.
Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, constituído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade.'
(De uma antiga homilia para o Sábado Santo, século IV)