terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

DICIONÁRIO DA DOUTRINA CATÓLICA (XX)


TALMUDE

É o nome dado aos comentários do Antigo Testamento, que desenvolvem e completam os mais antigos comentários feitos pelos rabinos e que são fundamentados pelas tradições orais. Há o Talmude de Jerusalém (3.° e 4.° séculos) e o de Babilônia (5.° e 6.° séculos). É a base da teologia judaica atual e contém odiosas calúnias contra Jesus Cristo e sua Mãe e contra os cristãos em geral. É o grande livro dos judeus, contém todas as suas tradições, é o seu compêndio de teologia moral. Dois grandes centros da influência judaica — Jerusalém e Babilônia — deram origem a duas redações diferentes do Talmude. Nos séculos III e IV os doutores judeus da Palestina, de um modo particular os de Tiberíades, acrescentaram novos comentários jurídicos e casuísticos aos mais antigos comentários da Lei, formando assim o chamado Talmude de Jerusalém, que está redigido em arameu, mas, no entanto, as citações dos doutores mais antigos estão em hebreu. Outra redação do Talmude é a escrita em Babilônia, no século V e VI, em arameu babilônico, conservando também em hebreu as citações dos antigos doutores. 

TEMOR DE DEUS

Princípio que não nos leva a fugir de Deus mas a fugir de tudo o que lhe pode ser desagradável. Deus quer que o temamos, pois disse-nos: 'Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes ao que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo' (Mt 10, 28). Já antes de Jesus Cristo, havia dito: 'Temei a Deus e observai os seus mandamentos' (Ecl 12, 13). E o Apóstolo São Paulo escreveu: 'Obrai a vossa salvação com receio e temor' (Fp 2, 12). Por isso, se estamos na graça de Deus, devemos fugir da ocasião do pecado, com medo de pecar; se caímos em pecado, devemos logo pedir sinceramente perdão a Deus, com medo da justiça divina ofendida. Em muitas circunstâncias da nossa vida, em muitas tentações que nos assaltam, só o temor de ofender a Deus pode impedir a nossa queda, o nosso pecado e a nossa desonra. Por isso o Apóstolo São Paulo nos manda estar firmes na fé e conservarmo-nos no temor (Rm 11, 20).

TEMPERANÇA

É uma das quatro virtudes cardeais, a qual nos dispõe a usar com moderação das coisas necessárias para a vida — comer, beber e uso do Matrimônio — unicamente para satisfazer à nossa conservação e para utilidade do próximo. Os prazeres sensíveis não são um mal; podem, todavia, arrastar à desordem dos sentidos. É a virtude da temperança que os modera, impedindo qualquer excesso. A temperança na comida chama-se abstinência; na bebida chama-se sobriedade; nos prazeres sensuais ou venéreos chama-se castidade.

TEOLOGIA

Etimologicamente, teologia deriva de duas palavras gregas: teos + logos, que significam 'palavra de Deus'. Teologia é a ciência que trata de Deus. A Teologia pode ser natural (Teodicéia), se procede de princípios naturais; sobrenatural se procede de princípios revelados e tira conclusões a respeito de Deus e das coisas divinas. Neste último sentido, a Teologia pode definir-se como sendo a 'ciência que dos princípios da fé, mediante raciocínio reto, tira conclusões acerca de Deus e das coisas que, de qualquer modo que seja, se relacionam com Ele'. Sendo a Teologia uma ciência, é costume dividi-la em: (i) Dogmática, que é o conjunto das verdades reveladas, que todo o cristão deve crer; (ii) Moral, que é o conjunto dos deveres que o cristão tem de cumprir para conseguir a vida eterna; (iii) Ascética e Mística, que trata dos conselhos dados por Deus, para que o cristão chegue a atingir a perfeição da vida cristã e expõe os caminhos por onde Deus conduz as almas à mais elevada santidade.

TEOSOFISMO

Heresia que ressuscita erros grosseiros, tais como o panteísmo, a emanação dos seres da substância divina e a transmigração das almas, através dos corpos, mesmo dos animais, em expiação das culpas de uma vida anterior. A Igreja proíbe fazer parte das sociedades teosóficas, assistir às suas reuniões, ou ler os livros, periódicos e quaisquer outras de suas publicações.

TÉRCIA

É uma das Horas Canônicas do Ofício Divino, que se segue à Hora de Prima e que corresponde às 9 horas da manhã; era a terceira hora do dia, segundo o modo de contar dos antigos.

TESTEMUNHAIS

São documentos comprovativos, para um aspirante ao estado eclesiástico ou religioso, de ter recebido o Batismo e a Confirmação. Também se dá aquele nome às informações do bispo da diocese de origem e às de outros em cujas dioceses tivesse habitado durante um ano, depois dos 14 anos, assim como às dos superiores de colégio ou noviciado, em que tenha vivido. Tais informações são secretas e conservam se na posse de quem as recebem.

TIBIEZA

Uma alma tíbia é a que cai com facilidade em pecado venial por não lhe dar importância; é a que reconhece ter hábitos viciosos e não se esforça por se corrigir; é a que, praticando a piedade, despreza os meios de progredir; é a que afrouxa no serviço de Deus, quando não sente consolação espiritual. São causas da tibieza: a facilidade em omitir os exercícios ordinários de piedade, o desprezo das pequenas faltas, a ausência aos atos do culto social, o gosto pelas reuniões mundanas e pelas leituras frívolas. Uma pessoa tíbia pratica muitos atos bons, mais por amor de si do que por amor de Deus; daí resulta a perda de méritos sobrenaturais e de graças correspondentes.

TONSURA

É uma cerimônia estabelecida pela Igreja, pela qual o homem batizado e confirmado fica pertencendo ao estado eclesiástico, para que se disponha a receber o Sacramento da Ordem. Chama-se Tonsura, porque a cerimônia consiste no corte de uma parte do cabelo, acompanhado de uma oração recitada pelo bispo que faz a tonsura. A Igreja não dá nenhum poder espiritual ao tonsurado; somente o introduz na classe daqueles que são destinados ao serviço de Deus, no Estado Clerical.

TRANSUBSTANCIAÇÃO

É a conversão de toda a substância do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo, permanecendo somente as espécies do pão e do vinho. A Transubstanciação opera-se no Sacrifício da Missa, no momento em que o sacerdote, representando Jesus Cristo, investido do poder divino recebido no Sacramento da Ordem, pronuncia as palavras da consagração, sobre o pão e sobre o vinho: 'ISTO É O MEU CORPO' ; 'ESTE É O MEU SANGUE'. São as mesmas palavras que Jesus pronunciou e mandou pronunciar; é o mesmo poder, embora comunicado; são os mesmos os efeitos. Em consequência da Transubstanciação, fica na hóstia consagrada o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, sob as mesmas espécies que continham o Pão; o Sangue, o Corpo, Alma e Divindade de Jesus Cristo, sob as espécies do vinho, não ficando nada da substância do pão e do vinho, como exprimem as palavras da consagração. A Transubstanciação é um mistério profundíssimo, mas diz São Gregório de Nissa: 'Quando Jesus vivia na Palestina, o pão e o vinho eram o seu alimento; transformavam-se na sua Carne e no seu Sangue, pela ação e pelo poder dos sucos do estômago, exatamente como acontece com os alimentos que nós comemos. Não tenho pois nenhuma repugnância em admitir que o pão se mude hoje no Corpo de Jesus Cristo, em um ato instantâneo, como efeito da sua vontade'.

TRÍDUO

É uma pregação solene, durante três dias, com o fim de instruir sobre determinado assunto religioso e de afervorar os fiéis em alguma devoção particular.

TRINDADE DIVINA

É o mistério da Santíssima Trindade: três Pessoas em um Deus. Isto quer dizer que há só uma natureza divina e que nessa única natureza há três Pessoas, de sorte que a unidade de natureza não impede a pluralidade de Pessoas. A primeira Pessoa chama-se Pai, a segunda chama-se Filho, a terceira chama-se Espírito Santo. A mesma natureza divina no Pai e no Filho e no Espírito Santo; três pessoas divinas distintas, não à maneira das pessoas humanas que são distintas porque separadas, mas distintas enquanto às relações próprias de cada uma a respeito das outras. Assim o Pai gera o Filho, como semelhantemente a nossa alma gera o pensamento; o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, como semelhantemente da nossa alma e do nosso pensamento procede o amor com que amamos a nossa alma e o nosso pensamento. A alma, o pensamento e o amor são coisas distintas, têm a mesma natureza espiritual e são inseparáveis. A nossa fé na Trindade divina é fundada na Sagrada Escritura. Jesus Cristo mandou batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em nome de um Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, três Pessoas divinas (Mt 28, 19). São João escreve: 'rês são os que dão testemunho no céu: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estes três são uma só coisa' (I Jo 5, 7).

TURÍBULO

É um objeto de metal com correntes que serve para fazer as incensações nos atos litúrgicos.

(Verbetes da obra 'Dicionário da Doutrina Católica', do Pe. José Lourenço, 1945)