domingo, 29 de maio de 2016

'EU NÃO SOU DIGNO QUE ENTRES EM MINHA CASA'

Páginas do Evangelho - Nono Domingo do Tempo Comum


Neste domingo, a liturgia da Igreja nos faz retomar a caminhada do Tempo Comum, na revelação diária dos tempos de salvação pelas promessas de Cristo e na vivência cotidiana dos mistérios do Senhor (encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão). As palavras e os ensinamentos de Jesus, sempre tomados à luz dos Evangelhos, são proclamados a cada domingo e reverberam por toda a nossa vida como caminho seguro e pleno de nossa santificação.

Naquele dia, quando 'entrou em Cafarnaum' (Lc, 7,1), logo após ter proclamado o sermão das bem-aventuranças, Jesus vai defrontar-se com uma profunda e sincera manifestação de fé de um oficial romano, o que lhe vai causar admiração. Sim, admiração do próprio Filho de Deus; não pela fé do homem em si, posto que esta é virtude inata ao próprio Deus, mas pela infusão pura e espontânea de tão elevada graça na alma de um gentio (pagão). Tal confissão admirável de fé propiciou o próprio testemunho público do Senhor: 'Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé' (Lc, 7,9) que, imortalizada pelo Evangelho, foi inserida como manifestação corrente na Santa Liturgia da missa como modelo de súplica ao Senhor em face da nossa indignidade humana diante os sagrados mistérios da comunhão eucarística: 'Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo'.

Aquele homem vai ser o primeiro testemunho de que a salvação e o reino de Deus se abre à humanidade inteira, aos judeus e aos gentios, a todos os homens que professem como Única Verdade o Evangelho de Cristo, fora do qual não existe salvação: 'Se alguém vos pregar um evangelho diferente daquele que recebestes (de Jesus), seja excomungado'  (Gl 1, 9). Aquele centurião, homem de posses (pois podia até mesmo construir e doar uma sinagoga pra os judeus) e de grande autoridade (pois tinha muitos soldados e empregados sob suas ordens imediatas), não tem um nome, mas a glória do anonimato se revela nas suas atitudes extremadas de fé, humildade e confiança diante do Senhor. 

E Jesus concede o milagre da cura ao empregado, sem ter entrado na casa do centurião, solícito às súplicas do homem que O encontrara antes pela fé. A mesma fé que nos invoca o Senhor: 'Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o recebereis' (Mt 21, 22) e que reverbera pelo Tempo Comum, como instrumento definitivo da graça divina para a nossa plena conversão e santificação como filhos de Deus.